Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (31) em sua página no Facebook, integrantes do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo descrevem com detalhes as represálias que eles vêm sofrendo com a atual gestão do prefeito João Dória, por meio da pasta da Cultura e da subprefeitura regional.
No comunicado, o Movimento Cultural Ermelino Matarazzo ressalta: “é com grande tristeza que informamos que a Ocupação Cultural Mateus Santos foi ameaçada de ser interditada no dia 31 de outubro às 14h pela gestão João Dória!”. A partir deste comunicado, os integrantes do Movimento enfatizam o quanto a medida autoritária do governo municipal pode afetar toda uma rede de coletivos e artistas independentes, e principalmente moradores que usufruem do único equipamento cultural do distrito de Ermelino Matarazzo.
Aprofundando a discussão sobre a perseguição que os artistas que fazem parte da rede de coletivos culturais da zona leste vêm sofrendo, eles recordam o motivo inicial desta situação. “Desde o lamentável episódio no qual o Secretário Municipal de Cultura, André Sturm, ameaçou “quebrar a cara” de um integrante do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo e ameaçou fechar a Ocupação, temos sofrido uma série de ataques. A prova disso é que o próprio secretário de cultura, em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, fez acusações mentirosas: afirmando que a Ocupação é formada por poucas pessoas e que nossos projetos nunca haviam passado por nenhum processo de prestação de contas.”
Numa atitude transparente e que reforça a legitimidade das ações do Movimento, eles listam 2 pontos importantes sobre as suas ações no território, para contrampor o que o atual secretário de cultura, André Sturm anda falando em alguns veículos de comunicação da imprensa paulistana.
1 – A gestão e a programação da ocupação conta com a presença de coletivos, artistas e moradores do bairro. No espaço circulam mensalmente mais de 1.000 pessoas, que desfrutam de atividades diversas (o que pode facilmente pode ser verificado em nossas redes;
2 – Nossos projetos sempre passaram por processos de prestação de contas, o último deles inclusive foi uma auditória incomum do Tribunal de Contas do Município que, cabe destacar, não apresentou nenhuma irregularidade.
Desde o episódio da agressão verbal ao agente cultural Gustavo Soares, várias situações do poder público municipal tentaram comprovar a existência ou a presença de irregularidades em seus projetos de arte-educação.
“Nesse sentido, fica evidente que estamos sofrendo uma clara perseguição política, que iniciou com as ameaças diretas do secretário, passou pela judicialização e agora passa para a ameaça de ser interditada pela Prefeitura Regional. A justificativa apontada é que o prédio está condenado, um argumento mentiroso que é utilizado para justificar a intenção política de interromper as ações culturais desenvolvidas pelos coletivos e artistas que compõe a Ocupação”, reforça o Movimento no comunicado.
Contexto Histórico do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo
O prédio onde está funcionando a ocupação ficou desocupado por aproximadamente dez anos. Foi a ocupação, representada por artistas e coletivos que promoveu o uso social do imóvel, ao mesmo tempo em que conquistou o primeiro espaço cultural para a região de Ermelino, que até então não tinha uma Casa de Cultura – uma luta de mais de três décadas no bairro. Inclusive, antes mesmo do laudo da prefeitura que aponta que o prédio está condenado, realizamos outra avaliação, que atesta a possibilidade de manter as atividades no local e as reformas que são necessárias para melhorar a estrutura.
Confira aqui o vídeo dos artistas do Slam da Resistência que apoiam a existência e resistência da Ocupação Cultural Mateus Santos, administrada pelo Movimento Cultura Ermelino Matarazzo.