Opinião

Como surgem as ruas?

O cientista social e pesquisador do Centro de Estudos Periféricos, Sandro Oliveira, responde à pergunta feita nas redes sociais do Desenrola.
Por:
Sandro Oliveira

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A noção de rua vem do latim “ruga” que significa “caminho” e pode ser caracterizada como um espaço público urbano de circulação de pessoas, veículos, animais e etc., ao permitir a ligação entre uma origem e um destino, de um ponto a outro nas cidades, metrópoles ou mesmo no meio rural. A rua é o espaço onde o encontro, as trocas e a circulação acontecem nas cidades, já que as cidades representam o centro de aglutinação de pessoas, bens, empresas e instituições, mas também de trocas, culturas, conhecimentos e ideias. A rua representa a passagem, o transitório, o meio de circulação, ao cumprir uma função para os centros urbanos e viabilizar a circulação e o encontro das pessoas seja em acessar centros comerciais, culturais, educacionais, de saúde, etc. Ela pode ser entendida também pela presença de duas ou mais calçadas (passeios e trânsito de pedestres e carruagens, em sua origem na antiguidade) e atualmente pelo fluxo de pedestres, veículos e mercadorias.

De espaço de encontro a espaço para automóveis

Todavia, a rua, como analisou Henri Lefebvre em A revolução urbana, não é apenas um lugar de passagem e circulação, ela é o lugar do encontro, sem os quais não existem outros encontros possíveis nos lugares determinados (cafés, teatro, salas diversas), lugares esses que animam a rua e são favorecidos por sua animação. Na rua efetua-se também o movimento, a mistura, sem os quais não há vida urbana.

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Durante séculos as ruas das cidades tiveram uma dinâmica de vibração e de aglomeração de diversas funções sociais, ao representar até a metade do século XX um movimento de integração da vida social, econômica e política, com cidades estruturadas por meio de poderes políticos, econômicos e sociais que determinam a vida social de seus cidadãos. Com as ações de Le Corbusier em suprimir a rua, tornando-a apenas funcional para certo tipo de circulação, em alguns momentos a rua teve a extinção da vida, quando a cidade teve sua redução à condição de dormitório. Entretanto, a rua ainda mantém funções diversas negligenciadas por Le Corbusier, tais como as funções informativa, simbólica, lúdica, entre outras.

A rua foi passando por modificações ao longo da história. Deixou de ser, em alguns momentos, o lugar de todos os encontros para cumprir a função de circulação de veículos automotores. Na lógica de produção do espaço e produção da mercadoria, 

No Brasil, é comum as ruas serem nomeadas em homenagens a personagens históricos, famílias tradicionais de determinados bairros, nome de bairros, cidades, países, lugares, obras literárias e musicais também. Mas quem decide sobre a nomeação de uma rua? A princípio, qualquer pessoa pode enviar uma sugestão para a Câmara Municipal de sua cidade, e lá os/as vereadores/as discutem projetos de lei para nomear ou mudar nome de ruas, por exemplo. Em última instância, é necessário que um/a vereador/a encaminhe um projeto de nomeação de ruas, e isso não costuma ter barreiras para ser aprovado. Porém, as ruas são de atribuição do município e há uma lei orgânica que rege a sua regulação, ao mesmo tempo em que há cada município precisa ter um plano diretor vigente que contribui para as mudanças urbanas e legais.

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