Confira a cobertura do ato realizado no Dia do Trabalhador pelo fim da escala 6×1

No dia 01 de maio, data que marca o Dia do Trabalhador, diversas mobilizações pautaram a importância de lutar por melhores condições de trabalho.
Por:
Kéren Morais e Geovanna Santana

Fim das terceirizações em massa, revogação da reforma trabalhista, combate à precarização do trabalho, valorização do serviço público, mais tempo para o lazer, estudos e descanso foram alguns dos temas abordados no ato puxado pelo Movimento VAT, realizado no dia 01 de maio de 2025, que teve concentração na Praça Oswaldo Cruz e seguiu pela Avenida Paulista, no centro de São Paulo.

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A iniciativa reuniu trabalhadores formais e informais, dentre jovens, aposentados, integrantes de movimentos sociais, sindicalistas e lideranças políticas. O ato também foi uma oportunidade para celebrar conquistas históricas da classe, mas principalmente para reivindicar melhores condições de trabalho.

A mobilização em torno do fim da jornada 6×1 foi o debate central da manifestação. O projeto que pauta a mudança na dinâmica de trabalho é conduzido pelo mandato da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), junto à mobilização do Movimento VAT – Vida Além do Trabalho, que tem Ricardo Azevedo (PSOL-RJ), como representante nacional e pauta a redução de 44 para 36 horas semanais de trabalho.

“O trabalhador está muito cansado. Muitos relatam a nós [do movimento VAT] que não veem a hora dessa escala acabar, pois não têm tempo para nada. Há trabalhador com ansiedade, depressão, em estado de pânico. Todos esses problemas estão diretamente ligados a essa rotina exaustiva”, afirma Alek Silva, morador de Itapecerica da Serra (SP), operador de telemarketing, fotógrafo, ativista e representante do VAT.

“A escala 6×1 não está apenas esgotando fisicamente o trabalhador brasileiro, mas também comprometendo sua saúde mental. Isso mostra que o problema não afeta só o indivíduo, mas prejudica também o sistema como um todo, inclusive [sobrecarregando] o SUS, que precisa lidar com as consequências. Essa pauta é do povo. É uma reivindicação real e urgente dos trabalhadores, especialmente os trabalhadores periféricos que já estão há muito tempo vivendo essa rotina pesada. Estamos lutando por algo básico: mais qualidade de vida e mais tempo para o trabalhador. Acreditamos que vamos avançar, mas é fundamental a gente cobrar nossos parlamentares.” —Alek Silva, morador de Itapecerica da Serra (SP), operador de telemarketing, fotógrafo, ativista e representante do VAT.

Geraldo de Jesus, 60, pintor e morador de São Mateus, distrito na zona leste de São Paulo, conta que costuma participar de atos no 1° de maio e tem a data como termômetro para acompanhar se as coisas estão melhorando. “Minha esposa trabalha sem parar na [escala] 6×1. Ela pega o busão todo dia, vai lá para Santo André, e quase não tem folga. A nossa vida fica bem apertada. Às vezes, a gente até quer sair, viajar, mas como? Não tem jeito, não tem como fazer nada. Inclusive, hoje eu estou aqui e ela não pode, justo no primeiro de maio”, pontua. 

“A gente corre, rala, trabalha duro para tentar conquistar algo a mais, mas com a situação que está e ainda mais com esse governo comandando São Paulo, não vejo nada de bom vindo por aí. A gente tem que manter a esperança, mas do jeito que as coisas estão, a vida fica difícil.”   — Geraldo de Jesus, 60, pintor e morador de São Mateus, distrito na zona leste de São Paulo

Para Lira Ale, professora de artes na rede municipal, a data representa a luta da classe trabalhadora. “A gente vive num sufoco entre não ter emprego ou ter que trabalhar demais e não ter vida, vivendo naquele limite: ou trabalha ou vive, e quando não trabalha, não tem dinheiro pra viver. A classe trabalhadora é quem produz tudo, então é ela quem deve ter as riquezas”, diz. 

“Normalmente, os patrões que impõem a jornada 6×1 são os que mais lucram em cima de trabalhadores mal pagos. E mesmo quem não trabalha em 6×1 vai se beneficiar, pois consome serviços de quem trabalha assim. Há milhões de pessoas nas ruas no mundo inteiro lutando por dignidade e por mais direitos. A classe trabalhadora é a maioria da população mundial. A gente tem força para mudar esse cenário, mas temos que romper com a solidão. A gente tem que lutar junto.”    — Lira Ale, 35, moradora de São Paulo, professora de artes na rede municipal.

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