Yakissoba do Chico: ao criar o próprio negócio na pandemia, morador emprega 5 filhos

Edição:
Ronaldo Matos

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Conheça a história de Chico, cozinheiro que em meio às diversas crises da pandemia de covid-19 decidiu abrir um delivery de Yakissoba, e com isso trouxe emprego aos seus filhos e hoje consegue passar mais tempo com a família.  

 Ao pensar nos desafios que a pandemia trouxe para sua rotina e da sua família, Francisco Rodrigues, 46, carinhosamente conhecido como Chico, morador do Cidade Ipava, bairro pertencente ao distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, viu a possibilidade de criar um empreendimento diante de um cenário pandêmico, correndo o risco de não dar certo e trocar o que já tinha em mãos pelo que ainda era duvidoso.

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“Começou essa pandemia, a gente estava em casa sem fazer nada, sem trabalhar. Aí tivemos que encarar com a experiência que a gente tem, que é trabalhar com a culinária japonesa, e graças a Deus até hoje estamos aí!”, relata o morador com entusiasmo.

E assim nasceu o empreendimento “Yakissoba do Chico”, que há quase dois anos tem fortalecido e mantido de pé a família Rodrigues, além de gerar renda e emprego para jovens da quebrada.

Chico é casado com Elizabete Maria há quase 30 anos e pai de seis filhos: Renato de 26, Bruno de 24, Thiago de 22, Aline de 21, Jennifer de 16 e Isabelli de 3 anos.

Chico é pai de 6 filhos e casado há mais de 25 anos. (Foto: Flávia Santos)

De seis filhos, cinco trabalham no Yakissoba, o Renato como motoboy, o Bruno como sushiman, Thiago como auxiliar de cozinha, Jennifer como empacotadora e Aline como administradora e gerente.

Além dos filhos de Chico, ele também contratou outros dois moradores do bairro, que atuam como entregadores e auxiliando no atendimento com os clientes.

O pai de família afirma que quando começou o negócio, sua filha Aline incentivou a continuar e não desistir de criar o empreendimento, mesmo entendendo que apareceriam dificuldades no caminho.

Apesar de ter sido criado por necessidade, o que mais motivou Francisco e motiva até hoje é o fato de trabalharem em família. “Para entrar nesse ramo, não dá pra fazer tudo sozinho, tem que trabalhar em família. Aí já junta todo mundo e faz um pacote só!”, exclama o chefe de cozinha.

As dificuldades que a família passou a enfrentar após a chegada da pandemia aumentaram, por isso Chico resolveu achar uma saída. Um dos obstáculos que ele está enfrentando é o fato de todos os materiais e produtos usados no negócio estarem mais caros.

Foto: Flávia Santos

“O filé mignon que a gente pagava $23,00 o quilo, agora estamos pagando $45,00. O salmão que era $30,00, agora eu pago $55,00”, desabafa.

 Além desse exemplo, ele comentou que as caixas de salmão fechadas que ele juntamente com sua equipe comprava e pagava em torno de R$700,00, agora não encontram por menos de R$1.500,00, em boa qualidade.

O chefe de cozinha afirmou que apesar desse aumento dos produtos diante da pandemia, os seus preços no empreendimento não foram recalculados, pois o risco de perderem clientes se tornaria muito maior. Com isso, o lucro é menor e o desânimo se torna bem maior.

“É um desafio a gente continuar trabalhando, porque tem que correr atrás pra conseguir promoções e não encontramos. A gente vai batalhando como pode, às vezes a gente fica até desanimado, só que a gente não pode desanimar, tem que continuar, apesar de não ser fácil” 

conta o pai de família.

Durante a trajetória de quase dois anos do Yakissoba do Chico, esses desafios de aumento nos preços dos produtos os preocupam há cerca de seis meses.

Antes, ele não cobrava a taxa de entrega, em busca de fidelizar ainda mais clientes. Mas com todo esse cenário, precisaram mudar a estratégia e cobrar uma pequena tarifa para conseguirem manter os lucros de pé.

Mas apesar dos desafios, Chico hoje trabalha com sua família e tem mais tempo perto de seus filhos, o que por muitos anos não conseguiu, pois saía muito cedo e chegava muito tarde em casa, trabalhando em dois horários, e isso impossibilitava o contato e a interação familiar.

Agora ele consegue aproveitar o convívio com a filha caçula Isabeli, de 3 anos, participando mais do processo de criação e troca de afeto. “Eu nunca tive tempo em casa, só no dia da folga, mas aí tinha coisa pra resolver e passava rápido, não tinha tempo com eles.” afirma Chico.

No restaurante que ela estava trabalhando antes da pandemia, ele ficou sem receber seu salário por alguns meses, isso fez com que ele resolvesse efetivamente abrir seu próprio empreendimento. Mas a situação foi ficando apertada e ele resolveu se desligar da empresa. “Eu ia trabalhar sempre na esperança de receber”, explica.

Foto: Flávia Santos

Prezando pelo trabalho em equipe e melhor entrega a seus clientes, hoje o Yakissoba do Chico é uma empresa registrada, que está de pé desde maio de 2020 e vem construindo sua história e sua própria essência, seu local de produção fica em cima da casa da família, onde produzem os pratos e o processo de delivery e atendimento digital.

Francisco foi embora para São Paulo com 23 anos, já casado, sem imaginar como seria sua trajetória profissional, é um pai que incentiva seus filhos a desenvolver habilidades e busca todos os dias a melhoria de vida da família, sempre acreditando que esses aprendizados irão fortalecer seus filhos num futuro próximo.

“Isso que eles estão aprendendo agora comigo, vai ajudar eles a saberem o que fazer daqui alguns anos, até porque daqui um tempo eu não vou estar mais aqui. E a história continua”

conclui.

Trajetória 

Nascido no dia 2 de outubro de 1974, na cidade de Graça do Ceará, a história do Chico com a culinária japonesa começou no ano de 1997, quando ele decidiu ir embora da sua cidade natal para São Paulo em busca de um emprego fixo e estabilidade.

No mesmo ano, ele começou a trabalhar num restaurante bem conhecido na época, localizado na Avenida Paulista, onde atuou por 19 anos. Neste local ele começou trabalhando na pia lavando louças, área que atuou por dois anos, ganhando pouco, onde afirma que o trabalho era mais valorizado, dependendo de qual função você exercia naquela época.

Depois desses dois anos, ele passou a trabalhar como ajudante de cozinha, após isso, se tornou cozinheiro e saiu da empresa como chefe de cozinha, e isso tudo aconteceu ao longo de 19 anos de casa.

Após sair desse restaurante, Francisco foi contratado por um outro, também especializado na culinária japonesa, localizado na Lapa, zona oeste da cidade, onde ficou também por 4 anos. Ao todo, o chefe tem 24 anos atuando como cozinheiro.

Antes dos comércios serem fechados na cidade, ele trabalhou durante dois meses em um restaurante de culinária japonesa localizado dentro de um shopping da zona sul de São Paulo. O pouco tempo de casa se deve ao fato de o dono do estabelecimento ter tido dificuldades para parar os salários dos funcionários, devido aos impactos da pandemia do coronavírus.

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