O poeta Gilmar Ribeiro conhecido como Casulo pelos frequentadores assíduos dos Saraus existentes na periferia de São Paulo, lança pela Editora Filoczar a 2° edição do seu livro “Dos Olhos Pra Fora Mora a Liberdade”.
Além de ser poeta, Casulo é artista plástico e mecânico por profissão, é na sua oficina que a aptidão para a arte faz este homem dar vida até para peças de carros inutilizadas. A partir destas peças, ele cria verdadeiras esculturas poéticas, numa espécie de alusão ao Dadaísmo, movimento artístico moderno do início do século xx, formado por artistas que faziam críticas ao capitalismo e o consumismo, estilo este no qual Casulo define bem a sua linha de raciocínio no poema que está em seu livro: – “A GUERRA – No jogo de cartaz marcadas promovido pela elite, o sangue dos inocentes é servido como vinho para os vampiros capitalistas que disputam o poder”.
O livro “Dos Olhos Pra Fora Mora a Liberdade” teve sua 1° edição lançada em 2009 no Sarau da Cooperifa, mas após o sucesso de vendas na primeira tiragem de 500 exemplares, Casulo se deparou com a cobrança e o estímulo do público que não conseguiu adquirir o livro, resolvendo assim produzir sua 2° edição.
“Eu comecei a freqüentar o “Café Filosófico”, uma roda de poesia que acontece no Centro de Artes e Promoção Social (CAPS), lá tive conhecimento que a Maria Vilani leu meu livro e escreveu um prefácio de 5 páginas falando dos poemas que ela mais se identificou e me inspirou, dizendo para lançar de novo este livro, pois há muita gente que não têm”. Relata Casulo dando detalhes do que seriam os primeiros passos para o lançamento da 2° edição do seu livro.
A produção cultural dentro das periferias do Brasil passou a ter maior êxito com a “produção independente”, que vem agregando valor ao trabalho de artistas da periferia, pois de forma original e criativa, eles enfrentam as dificuldades de um cenário socioeconômico menos favorecido para desenvolver habilidades técnicas e intelectuais que sobressaem à freqüente exposição de mazelas revoltantes do seu cotidiano.
“A produção independente é importante para o artista ter um material na mão para ele correr atrás de um apoio e ir ao sarau, que hoje é um ponto de divulgação de trabalho. Antigamente o artista da periferia não tinha um lugar para mostrar o seu trabalho, hoje em dia o artista chega ao Sarau da Cooperifa ou no Sarau do Binho, sendo possível recitar um poema para 2OO pessoas de uma vez só, com isso, há uma possibilidade dele sair dali e conseguir vender de 5 a 10 livros, então já existe um mercado pra isso, ainda não é o mercado que a gente almeja, mas já é um mercado que consome livros de artistas independentes, através dos Saraus, Centros Culturais e as Escolas que apóiam o movimento da literatura periférica”, afirma Casulo para o Desenrola.