Durante a 10° edição da Feira Literária da Zona Sul, o empreendedor Pedro Júnior, 34 anos, morador do Capão Redondo, zona sul de São Paulo, mostrou que a trajetória de vida e a construção de auto estima de pessoas negras podem dar sim origem a ideias inovadoras, como a sua marca de bolsas e acessórios afrocentrados Janaluh, que ele apresentou na feira de expositores do evento.
Em entrevista ao Você Repórter da Periferia, Pedro conta como o processo de transição capilar de uma pessoa negra transformou a sua paixão por moda em uma ideia de negócio que valoriza a cultura local e as raízes ancestrais da população negra e periférica.
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VCRP: O que te motivou a entrar no ramo da moda?
Pedro Júnior: Foi uma transição capilar da minha esposa, né? Ela tinha o cabelo liso e passou a ter o cabelo afro, porém 9 anos atrás não tinha acessórios para ela usar, não era tão fácil assim e aí a gente começou a comprar alguns acessórios. Então começamos a vender e automaticamente isso virou um gatilho na gente, onde deixamos de viver o sonho dos outros para viver o nosso.
VCRP: De que maneira você acredita que seu trabalho impacta na vida de quem as consome?
Pedro Júnior: Impacta muito, não só na vida delas, mas como na nossa também, são clientes recorrentes. Muitos clientes compram a nossa bolsa e indicam para outras pessoas pela qualidade, valor e atendimento, e também pela questão da gente ser preto, é muito gratificante. Quando um cliente compra uma bolsa e depois de meses eles voltam indicando ou comprando, sempre dá uma moral pra gente continuar e não desistir.

VCRP: Qual seria seu público alvo?
Pedro Júnior: Depois de muito tempo fazendo curso e observando nossos clientes, compreendemos que a gente atende uma galera com idade média entre 20 a 30 anos, pessoas que já tem uma condição de saberem o que quer.
VCRP: Como foi o processo de sair do seu território para empreender?
Pedro Júnior: É um bagulho muito louco, porque às vezes a gente vive numa bolha achando que não é possível que a gente não vai conseguir chegar, que não é para todo mundo, mas é para todo mundo sim, tem que meter as cara mano, não é fácil e não vai ser uma coisa do dia para noite. É persistência mano. Eu costumo dizer que empreender é persistência, você mata um leão todo dia e você briga com você mesmo. Essa é a verdade. É resistência e persistência.
Esse conteúdo foi produzido por jovens em processo de formação da 8° edição do Você Repórter da Periferia (VCRP), programa em educação midiática antirracista realizado desde 2013, pelo portal de notícias Desenrola e Não Me Enrola.