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Coletivo inicia série de rodas de conversa no Capão Redondo para resgatar ancestralidades da periferia

Edição:
Redação

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Com a presença de moradores, artistas da periferia, ativistas culturais e pesquisadores, o Coletivo Periferia, Cultura e Resgate, formado por um grupo de historiadores, realizou a primeira roda de conversa, cujo tema abordou a “despersonalização do negro na sociedade”.

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Com o objetivo de discutir e estudar as origens africanas e indígenas dos moradores da periferia de São Paulo, o Coletivo Periferia, Cultura e Resgate, formado por um grupo de amigos historiadores, iniciou um ciclo de rodas de conversa no último domingo (31), numa quadra comunitária do Jardim Sonia Ingá, um dos mais de 60 micro bairros que compõe o distrito do Capão Redondo, localizado na zona sul de São Paulo. Em Tupi, Capão Redondo significa “ilha do mato” ou “uma porção de árvores isoladas no meio de um terreno”.

Além da roda de conversa que estimulou importantes debates e gerou conhecimento sobre a despersonalização do negro na sociedade, luta de classes, identidades e raízes afro e indígenas, o coletivo promoveu importantes atividades culturais, como oficinas de turbante, stencil, mandalas, apresentações musicas, literatura e uma ação focada em troca de livros. A presença de crianças da comunidade que se juntaram ao evento, para participar das oficinas de turbante foi um dos momentos marcantes nas atividades desenvolvidas pelo coletivo.

Segundo Will Ferreira, integrante do coletivo e morador de Parelheiros, bairro da zona sul de São Paulo que abriga algumas aldeias indígenas, a formação do coletivo se consolidou durante o processo de escrever o projeto para o VAI, programa de valorização de iniciativas culturais da Secretaria Municipal de Cultura. “A ideia era fazer um sarau itinerante e ter esse resgate histórico e que fosse dentro da periferia”, explica o ativista cultural sobre o processo de criação do projeto.

Ele ressalta que ser contemplado pelo VAI propiciou ao projeto o suporte necessário para começar suas atividades focadas em resgatar a história dentro da periferia e aproximar as quebradas. A escolha e justificativa dos temas para os debates, parte muito das referencias e percepções de cada integrante do coletivo e a proposta também é trazer dessas rodas de conversa soluções.

Durante a roda de conversa, a professora de história, Angélica Bispo, moradora da Cidade Dutra, bairro próximo ao Grajaú, zona sul de São Paulo, relata uma pesquisa realizada por ela em torno das publicações de três grandes revistas focadas na mulher brasileira. “Da década de 80 até o outubro de 2015, eu pesquisei 1.200 capas de revistas, entre elas a Claudia, Nova e a Marie Claire e nesse meio tempo eu só encontrei 10 capas que trazia uma mulher negra, mas em todas elas a personagem era a Thais Araújo. Mas há muitas outras mulheres negras que poderiam ocupar essas e outras capas”, disse a professora sobre a falta de espaço da mulher negra na mídia brasileira.

Por meio destas rodas de conversa que abordam racismo, território, gênero e identidade cultural, o coletivo espera contribuir para resgatar e fortalecer cada vez mais os laços do povo negro e periférico com as suas ancestralidades.

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