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Batalha injusta

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Em meio há tantas realidades diferentes da nossa, é preciso que enxerguemos para além daquilo que vivemos. 

Em uma das minhas vivências por aí, em uma comunidade próxima a minha quebrada, vi com meus olhos a quantidade de pessoas que passam necessidades, sem ter ao menos o básico para sobreviver. 

São moradias em meio a mata, árvores, esgoto correndo a céu aberto na porta de casa. Realidade de muitas pessoas hoje. Iluminação precária, coleta de lixo ali não passa. 

Triste em pensar como pode tantas pessoas ricas, milionárias e bilionários ter tanto dinheiro a ponto de não saberem com o que gastar e gastar com futilidade, enquanto outros de nós vivem sem aquilo que seria o básico e nosso por direito: comida, casa, saneamento básico, emprego digno e justamente remunerado. 

Conhecer essas outras realidades de perto me faz pensar e repensar em muitas coisas, da mesma forma que só reafirma o quanto esse mundo é injusto.

Uma batalha injusta onde muitos já começam mil vezes à frente. 

Onde aqueles que se aproveitam de pessoas estão de boa com seus luxos, enquanto em tantas comunidades é uma peleja para tentar sobreviver. 

Maldito sistema que ferra nosso povo enquanto esses charlatões ficam cada vez mais ricos a custas do nosso suor. 

Será que um dia veremos o básico sendo suprido em nossas comunidades sem tanto sofrimento? 

Fica aqui um questionamento de difícil resposta.

Slam do 13 celebra 10 anos de batalhas em julho

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Com uma programação gratuita e voltada à literatura marginal periférica, a batalha de poesias completa 10 anos em 2023.

Para celebrar os 10 anos de atuação, o Slam do 13, batalha de poesias autorais que acontece no Terminal Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, realiza no dia 31 de julho, a edição de aniversário. Para celebrar a data, o grupo está produzindo uma música e um clipoético com a participação de todos os integrantes da iniciativa, além de uma coleção de bonés, camisetas e adesivos que serão lançados no evento. 

Conduzido pelos poetas e produtores culturais Caio Feitoza, Maite Costa, Jéssica Campos, Santos Drummond e Thiago Peixoto, a iniciativa ocupa o Terminal Santo Amaro desde 2013 para realização de duas batalhas: o 13inho – com poemas autorais de até 13 segundo, e o 13ÃO – com poemas autorais de até 3 minutos. Com lançamentos de livros, shows, exposições e diversas manifestações culturais, o grupo ocupa um dos principais terminais urbanos da região.

“Há 10 anos, quando decidimos montar o [Slam do] 13, nossa missão era difundir esse movimento [do slam] que, até então, contava com apenas três comunidades, todas em São Paulo, mas nenhuma na zona sul.”

Thiago Peixoto, poeta e cofundador do Slam do 13.

Os slams, competições de poesias faladas, se espalharam pelas periferias e grande parte dos grupos realizam suas edições ocupando espaços públicos da cidade. Além das batalhas, que acontecem quinzenalmente, o Slam do 13 também realiza oficinas, palestras e apresentações em escolas, ONGs, empresas, equipamentos de cultura públicos e privados. 

Thiago Peixoto também aponta que, mesmo com mais de 200 slams ativos em todo o Brasil, o reconhecimento do fazer artístico como um trabalho ainda segue distante. “Falta remuneração digna. Ainda que realizemos eventos diversos, publiquemos livros relevantes, os poetas seguem como sempre na corda bamba, entre o sonho e o pesadelo”, aponta.

Políticas públicas

Em 2021, o coletivo desenvolveu o projeto Slam do 13 Emergencial, contemplado pelo Fomento à Cultura da Periferia, edital da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com o qual, em meio à pandemia, manteve uma programação online que movimentou a cena literária durante um período difícil para o segmento da cultura, em especial, da literatura periférica. 

“[Fazíamos] batalha, oficina, bate-papo, tudo online, nossas atividades foram um respiro pra nossa comunidade de poetas, financeira e psicologicamente falando”, recorda a poeta e produtora Maite Costa, integrante da iniciativa.

O apoio também viabilizou, em 2022, a publicação do livro “A poesia é quem vence”, pela editora Baderna. Uma antologia com 56 poetas que fazem parte da história do Slam do 13, e também a produção do álbum fonográfico “13 na Voz, vol.1”, disponível nas plataformas digitais.

Serviço

Aniversário Slam do 13

Data: 31/07/2023, a partir as 19h

Local: Plataforma do Terminal Santo Amaro

Endereço: Avenida Padre José Maria, 400, Santo Amaro – SP.

“A gente vive hostilizado”: violência policial impede morador da periferia de acreditar na descriminalização da maconha

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O debate sobre a descriminalização do porte de maconha para consumo próprio marcou o mês de junho de 2023, após a presidente do (STF) Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, incluir este assunto na pauta de discussões. Em 2 de agosto, a pauta que impacta diretamente a vida da população negra e periférica será retomada novamente pelos ministros do supremo.

Em sinergia com esse debate, a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, lançou a pesquisaIniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça.O estudo apresenta um panorama das possíveis medidas de reparação e justiça do país, além de análises sobre como a atual política de drogas contribui para um cenário de injustiças criminais e de aprisionamento em massa da população negra e periférica, resultando em violações de direitos sociais.

O Desenrola conversou com Juliana Borges, coordenadora de articulação política da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, para ela explicar alguns pontos importantes sobre a pesquisa, o julgamento da descriminalização do porte de maconha para consumo próprio no STF e contextualizar quais são os impactos da atual Política de Drogas na população negra e periférica.

“O julgamento pode ser um fôlego para outros avanços sociais necessários em torno do debate sobre a atual política de drogas”

Juliana Borges é pesquisadora sobre política criminal e relações raciais
Juliana Borges é coordenadora de articulação política da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas. (Foto: Divulgação)

Para Juliana, que é escritora, antropóloga e pesquisadora sobre política criminal e relações raciais na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas também “poderá ser sentido a partir de uma mudança no fluxo [quantidade] e procedimentos para a abordagem policial para população negra e periférica.”

Por exemplo, se algum jovem negro levar um enquadro e possuir uma pequena quantidade de maconha, isto não será motivo para ser detido ou até mesmo sofrer violências.

Política de Drogas

O STF (Supremo Tribunal Federal) retomou o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas, um assunto que estava parado desde 2015. A Lei de Drogas, especificamente o artigo 28, retirou a pena de prisão para quem tivesse com drogas.

Quando abordado, a quantidade de droga definiria se a pessoa é usuária ou traficante. Porém o texto deixou uma questão aberta: qual a quantidade de drogas diferencia um usuário do traficante? 

Neste caso, segundo a articuladora política da Iniciativa Negra, quem bate o martelo é o juiz que avalia cada caso individualmente. A palavra do policial é significativa nesta questão. Sem critérios claros, a subjetividade do julgamento pode passar por vieses preconceituosos. Um deles é a criminalização da maconha e da população negra e periférica.         

Juliana aponta que a atual política de drogas causa danos físicos, emocionais e psicológicos. Uma demonstração deste impacto é o encarceramento em massa da população negra e abordagens policiais violentas.

“Nosso principal intuito é que os resultados obtidos sejam úteis para embasar políticas públicas que construam medidas frente às injustiças criminais que atingem cotidianamente a população negra e periférica brasileira”

Juliana Borges constrói diálogos com o governo federal para debater sobre a atual política de drogas

Historicamente a maconha, em variados tipos de consumo, integra à cultura negra. Cultura essa trazida com os negros escravizados. O consumo, segundo o livro “Fumo Negro”, foi criminalizado para fins de controle social no início do século 20.

Diante disso, por exemplo, negros são mais presos do que brancos. O Anuário de Segurança Pública afirma que 67% da população masculina presa é negra. A questão também afeta mulheres negras e pessoas da comunidade LGBTQIA+.

A criminalização na pele

“Estava saindo do trampo, bem vestido, não estava tão maloqueiro, estava suave. Parei para dar uns tragos [fumar maconha] num escadão ali no Vale do Anhangabaú. Quando estava guardando o baseado veio um policial à paisana, já achei bem estranho”, relata *Beto Silva, 28, morador do Itaim Paulista, distrito da zona leste de São Paulo.

É com este depoimento que ele relembra uma abordagem policial violenta que passou em 2015, no centro de São Paulo. Na época, ele trabalhava em um dos vários prédios comerciais de empresas de telemarketing da região.

A abordagem realizada por um policial à paisana foi um fato que chamou a atenção do operador de telemarketing. “Nessas eu acabei retrucando o policial. Como vou respeitar alguém à paisana? Daí já fui agredido e levado para delegacia. Os caras passaram por cima de qualquer procedimento ou protocolo”, conta.

“Ouvi dentro da viatura que eles precisavam levar eu e outros manos pra conseguir folga”

Beto Silva, orador do Itaim Paulista, distrito da zona leste de São Paulo

“Depois dessa fita passei a sentir muito ódio de farda, pode até ser guardinha do metrô. Acho que tive algum efeito psicológico a partir disso, às vezes vejo uma viatura e já fico meio pá [receoso]. Minha vestimenta, minha cor, e estando com maconha, já imagino um enquadro sendo hostilizado”, analisa Beto, apontando como o seu imaginário sobre abordagens policiais passou a ser tomado pelo medo e insegurança.

Mesmo diante desta experiência, a maconha para Beto tem uma relação espiritual e consegue livrá-lo da histeria social, na qual, ele acredita ser alvo constante. “Quando não fumo me sinto só mais um. Querendo brigar por coisas banais, vivendo no automático, tá ligado? Acredito que para a sociedade é algo ruim [fumar maconha], muitas pessoas aprendem no berço que isso é algo ruim, que é uma droga, mas pra mim é diferente”, explica.

Beto acredita que se pudesse fumar maconha sem ser criminalizado seria melhor, ele ficaria mais confortável em alguns ambientes urbanos. Porém a descriminalização mudaria pouca coisa. “Infelizmente a gente vive tão hostilizado, irmão, que fumando criminalizado ou não, a gente precisa sobreviver. Estamos sobrevivendo desde sempre.”

*Beto Silva é um nome ficticio utilizado pela nossa reportagem para preservar a fonte, que é morador da periferia e já sofreu violência policial próximo ao local de trabalho.

Eu amo escrever e por isso agradeço a vocês

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Percebi que após dois anos escrevendo para o Desenrola, nunca contei porque escrevo e gostaria de compartilhar a importância da escrita na minha história de vida.

Fazia um tempo que pensava em falar sobre saúde mental, porém, percebi que após dois anos escrevendo para o Desenrola nunca contei porque escrevo e gostaria de compartilhar a importância da escrita na minha história de vida.

Eu aprendi a escrever aos 4 anos, rabiscando as paredes e imaginando o que eram as letras e depois disso a escrita seria tudo o que eu teria para lidar com meus problemas. Como sofri muito bullying na escola, passei a escrever para descarregar o que sentia. Eu escrevia e rasgava, isso era constante e a cada dia minha escrita melhorava. A minha escrita nesse período de vida era terapêutica acima de tudo.

Aos 15 anos, passei a escrever mais ainda, fazia trabalhos dissertativos de 5 páginas e ao conhecer Carlos Drummond de Andrade descobri que também sabia escrever poema e poesia, assim decidi não parar de escrever e agora isso era também algo que eu fazia por amar, não somente para lidar com quem eu era. 

Uma professora minha da época, Maria Sandra, era quem lia parte dessas crônicas que passei a escrever. Minha missão até os 17 anos foi aprender a controlar minha escrita para que conseguisse fazer uma boa redação nos vestibulares.

Passei pelos vestibulares, já sabia um pouco sobre escrever muito e escrever pouco e continuei durante a faculdade, ampliei os assuntos que tratava nas minhas poesias, passei a gostar de escrever diários sobre a cidade. Influenciada pela antropologia, era como uma pesquisa constante de quem eram tantas pessoas em meio a uma cidade que se fazia pequena. Continuei com as crônicas e os textos de teor jornalístico.

Cheguei a esta coluna já influenciada pelas vivências que tive como assistente de pesquisa, mas sem perder meu foco que era uma escrita fluída, levada pela emoção. Assim, escrevi nesses dois anos, sobre coisas que vivi, coisas que ouvi e assuntos que tocam minha vida. Foram anos difíceis, mas a humanidade não parou seu curso, nas ruas eu ainda via correria, eu ainda via vida pulsar e por isso decidi fazer esse texto.

Pessoalmente, considero um compromisso com os leitores que me acompanham e me apoiam contar porque escrevo e porque a escrita é uma das coisas que mais gosto de fazer.

Ano passado quando me vi sem ideias de escrita me senti triste, não escrever para mim significa não ter mais o que contar e isso só ocorre quando deixamos o mundo sugar o que temos de mais precioso. Todos nós temos algo precioso que pulsa e que dá vida aos nossos dias e quando isso parece acabar, tudo parece acabar.

Esse texto é uma abertura para a PolitiKês em 2023, são as novas ideias, os novos rumos e as novas vidas que irão pulsar. É a minha forma de dividir o que amo com vocês e ao mesmo tempo deixar uma mensagem de que a vida não para, o tempo passa, às vezes nós mudamos, porém, ainda há o que se amar.

Escrever é conectar as linhas da liberdade, é minha pulsão, escrever é narrar minha vida, minha história, minha vivência, é deixar fluir em minhas mãos as linhas que vão se formando e nunca param de se construir.

Agnes Roldan

Este é um conteúdo opinativo. O Desenrola e Não Me Enrola não modifica os conteúdos de seus colaboradores colunistas.

“Eu sou uma artista em constante estudo e construção”: o legado de Dêssa Souza na arte periférica

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“Eu falo que eu sou filha do seu Raimundo, marceneiro, com a dona Cleonilda, que é costureira. Irmã do André e do Iúna. E sou mãe do João Miguel, 7, e da Cecília, 13. Aí tem as outras coisas que eu estou sendo”. É desse modo que Dêssa Souza, 42, começa a apresentar a sua trajetória na arte periférica, em uma segunda de manhã, em que nos recebe em sua casa, no bairro Jardim Elizabeth, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo

Desde que se mudou de Carapicuíba para a zona sul de São Paulo, há 12 anos, ela atua no território do Campo Limpo como multiartista, exercendo as profissões produtora cultural, cantora, atriz, e é uma das fundadoras da produtora Pin Rolê Invenções.

“Eu percebo que a galera me vê muito como produtora, né? Mas eu estava refletindo que eu sou uma artista em constante estudo e construção, atravessada pela produção cultural, no sentido de entender a produção cultural como espaço de sobrevivência”

Dêssa Souza, multiartista independente e moradora do Campo Limpo

A multiartista faz parte do processo de desenvolvimento da cena cultural do Campo Limpo. Ela já atuou como produtora cultural do Sarau do Binho, coletivo que a acolheu na zona sul. Além desta vivência com o coletivo literário, Dêssa foi cantora durante 10 anos na banda Preto Soul, uma referência em música afro centrada da região. Sua vivência no teatro do território começou quando ela entrou para a trupe Artemanha, grupo de investigação teatral que deu início às atividades da Ocupação Cultural Cita, localizada na Praça do Campo Limpo.

Dessa também é empreendedora e criou a produtora Pin Rolê Invenções para fomentar a distribuição de renda para outras mulheres que atuam como produtoras culturais nas periferias. (Foto: Rogério Gonzaga)

Essas vivências culturais foram aproximando a multiartista do universo da produção cultural. Com o passar do tempo, repleto de construção de projetos artísticos que marcaram época no Campo Limpo, ela passou a ser considerada uma referência em produção cultural na região.

“Eu acho muito bonito a pessoa ser referência né? E eu concordo com isso, porque de fato eu sei que é importante a gente assumir”, conta. Dêssa faz essa colocação e pontua que o seu reconhecimento é uma construção que vem das relações que ela estabelece com grupos culturais da região, mesmo antes de se mudar para a zona sul de São Paulo.

Atualmente, Dêssa abdica da carreira de produtora cultural, para se dedicar totalmente aos palcos. Esse processo teve início há quatro anos, momento no qual, ela tomou a decisão de seguir a carreira de cantora e estudar dança. Mas para isso, ela precisou formar novas gerações de produtoras culturais.

“Eu só estou conseguindo fazer isso agora, porque eu dei um gás no rolê da produção. Em 2017, eu comecei a dar as oficinas de produção, a ideia já era compartilhar o conhecimento para ter outros produtores, que pudessem fortalecer no trabalho artístico”, revela a cantora.

Depois de anos de dedicação na construção de tantos projetos, em 2022, a vontade de viver exclusivamente do fazer artístico se tornou uma necessidade inadiável para a multiartista.

“Esse rolê de cuidar de ocupação cultural, produzir todo mundo, fazer a vida acontecer, me adoeceu de uma forma absurda. Embora eu nunca tenha abandonado, eu estava investindo muito pouco naquilo que eu queria fazer mesmo”

Dêssa Souza é uma das fundadoras do Espaço Cita e da Pin Rolê Invenções
O coletivo literário Sarau do Binho foi um dos primeiros movimentos culturais do Campo Limpo, que acolheam a artista, quando ela se mudou para a Zona Sul de São Paulo. (Foto: da zona sul de São Paulo)

Hoje, Dêssa se afastou da produção cultural, a não ser pelos projetos de sua própria carreira artística, e a Pin Rolê segue sob o comando de Simone Gonçalves. “Teve o momento da crise. Quando começou a virar o ano, que o dinheiro acabou eu falei assim: ‘meu Deus’, e eu segui falando não para o trabalho de produção”, relembra Dêssa, mencionando que apesar da instabilidade financeira, no início da mudança, está feliz com a nova fase.

“Quando você é mãe, tem que pagar as contas, pagar o aluguel, comprar comida, e mano, tudo que a gente quer fazer precisa de tempo e de investimento”, diz ela, ressaltando como é difícil conciliar as responsabilidades financeiras, a maternidade e ser artista independente na periferia.

Dêssa reconhece que ter uma rede de apoio consistente foi e é algo fundamental para a sua atuação. “A gente fica falando, ‘criar a criança no Quilombo e não sei o que’, mas a gente não pratica. Eu pratico o máximo que eu posso sem sofrimento”, destaca. Ao todo são 26 anos de carreira como artista e atualmente, Dêssa faz parte do Pepalantus Núcleo, do núcleo Gingas, do Bando Trapos e segue sua carreira como cantora com o álbum Camadas. Para quem sonha em ser artista e vive a realidade da periferia, ela dá as seguintes indicações.

“Olhar para a própria história e entender o quanto a nossa própria história é importante para o mundo, para uma construção de comunidade, de universo. Focar, porque às vezes eu quero ser atriz de teatro, mas eu não consigo ganhar dinheiro com isso ainda. E tudo bem, eu posso fazer qualquer outra coisa para me manter, mas faz um pouquinho de teatro por semana, sabe? Eu falo sempre ‘não solta’, porque se a gente solta [o sonho] vai embora, né? E olhar para o lado, para os nossos vizinhos, olhar para o perto, porque tem muita possibilidade”

Dêssa Souza é cantora, atriz e artista da dança

Toda a entrevista foi regada por doses de gargalhadas de Dêssa, tendo sempre a cachorrinha Madonna por perto recebendo carinho da dona. Dêssa conta que é sonhadora, utópica e que nos próximos trabalhos pretende falar de amor. “A gente é pé na porta também, mas eu sinto que eu também estou no mundo para colocar um olhar para as coisas, com um pouco de delicadeza.”, finaliza.

Apagamento do trabalho de mulheres na cena do grafite #12

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Nesse episódio trocamos uma ideia com a grafiteira e educadora Nene Surreal, e com a grafiteira e artista visual Carolina Itzá, para falar sobre o lugar de invisibilidade que é criado para o trabalho de mulheres grafiteiras.

O episódio reflete sobre o porquê apagar o corre de mulheres, em qualquer campo, é continuar reproduzindo violências e desigualdades.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google Podcasts, Spotify e Youtube.

Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Produção audiovisual – Pedro Oliveira 
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Especialistas apontam problemas no atendimento às pessoas gestantes nas periferias

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De acordo com a pesquisa Assistência Pré-Natal no Brasil e Acesso ao Parto Nas Maternidades do SUS, da Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde, as principais barreiras que impedem a realização ou geram o início tardio do pré-natal estão ligadas à dificuldade de agendamento das consultas; dificuldades no acesso ao transporte; horário de atendimento e conflitos com os profissionais da área. Além de questões pessoais, como: não saber ou não querer a gravidez; desconhecer a importância do pré-natal; problemas financeiros e falta de apoio para comparecer ao serviço.

Questões como território e raça também são marcadores fundamentais nessa desigualdade. Dados da pesquisa Desigualdades raciais na saúde: cuidados pré-natais e mortalidade materna no Brasil de 2014 a 2020, mostram que a ausência da assistência pré-natal acarreta, entre outras coisas, a mortalidade materna, onde se constatou que entre 2014 a 2019, houve aproximadamente 8 mortes maternas a mais de pessoas negras do que de pessoas brancas para cada 100 mil nascidos vivos. 

“Nas periferias a gente acredita que a assistência pré-natal é muito precária, uma vez que a demanda de profissionais é muito grande para a quantidade de atendidos, e as coisas acontecem sem o conhecimento da população, que não tem informação para cobrar e fazer valer as políticas públicas, assim como é preconizado pela rede cegonha”, afirma Nathalya Camargo, que é obstetriz, especialista em saúde coletiva e líder da equipe de assistência ao parto e nascimento Maoni Gestar e Nascer.

Para Nathalya, apesar das deficiências do sistema público, é ele que oferece o melhor serviço de pré-natal para as pessoas gestantes, pois embora os convênios forneçam uma gama mais diversificada de exames, ela observa que boa parte deles são solicitados de forma desnecessária, ao contrário do SUS, que é obrigado a solicitar uma série de exames básicos referenciados por evidências científicas. 

No Brasil, enquanto 76,1% das mulheres brancas realizaram um número adequado de consultas pré-natais em 2014, apenas 59,8% das mulheres negras acessaram esses cuidados, de acordo com dados da pesquisa Desigualdades raciais na saúde: cuidados pré-natais e mortalidade materna no Brasil de 2014 a 2020.

Moradora do bairro Jardim Maracá, localizado no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, professora de escola pública e doula há mais de 10 anos, Aline Gonçalves explica que as intervenções dos planos de saúde começam a partir do momento em que a gestação é descoberta. Segundo ela, o número excessivo de ultrassons solicitados no sistema privado, muitos voltados para agradar os responsáveis, mas dissociado de uma prática baseada em evidências científicas. 

Porém, ela pontua a importância de ter acesso a um número maior de consultas em gestações de risco que precisam de um acompanhamento mais próximo. “Quando é uma gestação de alto risco, é benéfica essa questão da constância de exames. Muitas vezes quando você tem um convênio isso te favorece, porque há muitos laboratórios em que você pode fazer exames muito tarde ou aos sábados e domingos, e a gente não tem essa possibilidade no SUS.”.

Em contrapartida, Aline Gonçalves aponta que existe uma negligência quando se trata de exames para aferir diabetes e hipertensão entre gestantes, especialmente em gestantes negras. Complicações a partir dessas doenças estão no primeiro lugar entre as principais causas de mortalidade materna no Brasil.

“Isso acontece tanto no SUS, quanto na rede privada, não é investigado como deveria. A gente conversa com [pessoas] que não tiveram hipertensão ou diabete gestacional diagnosticada, porque o médico está desatualizado e não acompanha os documentos do serviço que regula o seu próprio trabalho”.

Aline Gonçalves, doula. 

Diferenças no atendimento com objetivo comercial

A pesquisa A assistência ao pré-natal na rede privada: uma leitura sobre desmedicalização aponta que o “atendimento pré-natal desenvolvido na rede privada se encontra centrado na valorização da avaliação de exames laboratoriais, marcado por solicitações e prescrições em excesso, relacionando cada vez mais a gestação a um fenômeno não fisiológico, além de valorizar procedimentos em saúde que possibilitem faturamento”. 

A doula e mãe de duas crianças, Sabrina Costa, residente no bairro Parque do Lago, localizado no distrito do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, conta que teve uma experiência diferente com a rede privada de saúde, na qual ela analisa como sendo mais eficiente e acolhedora do que o SUS, em que aponta falta de afeto e de conexão entre os profissionais de saúde e as pessoas gestantes.

“No SUS dificilmente a gestante vai ser acolhida e ser afetada de maneira positiva. Quanto mais filhos essa [pessoa] tem, menos valorizada é. Vai sofrer violência obstétrica verbal desde o início. ‘Engravidou de novo?’, ‘Nossa, mas tantos filhos’, ‘Devia ter se cuidado’, ‘Não fez planejamento familiar?’, são frases que ouvem”, afirma Sabrina Costa.

“No convênio, tem ali um um endeusamento, uma romantização, é acolhida, mesmo que tenha o interesse por trás de ter ali a cesárea financiada, mas vai receber um mimo, vai escolher o horário que vai parir, o médico vai estar disponível e vai tratar super bem. Vai tentar ganhar a confiança [da pessoa], para que ela fique com ele até o final. Então para uma [pessoa] gestante cheia de dúvidas, hormônios e questões a serem trabalhadas, vai se sentir mais acolhida e respeitada no convênio”, coloca Sabrina.

Acesso à informação contra violências pré e pós-parto

Enfermeira, consultora de amamentação e laserterapeuta, Bárbara Moura afirma que “a educação perinatal é fundamental [para] receber as orientações baseadas em evidências”, mas que por outro lado, “no SUS as consultas na maioria das vezes são muito rápidas e com isso fica difícil ter a maioria das orientações que [vão] precisar futuramente ou na própria gestação.”. 

Com a ausência de informações, a pessoa gestante fica vulnerável e exposta a quaisquer erros que os médicos ou enfermeiros vierem a cometer no processo, mesmo no SUS, que é um programa fundamental e referência no acesso à saúde, principalmente para a população periférica.

“[Pessoas] negras, principalmente as que não tem um acompanhante, correm maior risco de sofrer violência obstétrica por meio de procedimentos desnecessários, porque estão numa situação muito vulnerável e não tem quem consiga olhar para aquela situação e entender que aquilo não é certo.”

Bárbara Moura, enfermeira, consultora de amamentação e laserterapeuta.

Mãe de duas crianças e moradora do bairro Leme, em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo, Thainá de Lana fez seus dois pré-natais no SUS, sendo a primeira gestação enquanto mãe solo. Nesse caso, se não fosse a participação de sua mãe, que trabalha na área de saúde, ela acredita que seria submetida a procedimentos sem o seu consentimento.

“Como minha mãe trabalha na rede de saúde, ela foi falando as coisas que eu podia e não podia fazer. Ela que me acompanhou no nascimento da Alice, então todo medicamento que eles iam colocar na minha veia, ela perguntava ‘isso daí é pra que?’, porque a gente praticamente nasce de novo”, compartilha Thainá. 

Ela conta que presenciou situações de violência obstétrica ao seu lado, especialmente durante o segundo parto. “[O médico] xingava, olhava para cara das outras mãezinhas que tinha acabado de parir como se nada tivesse acontecido e voltava, xingava e gritava ‘vai, força, força, força’”.

Para ela, a solução para este problema começa com a inserção da educação perinatal no pré-natal do SUS, como uma ferramenta de combate à violência obstétrica. Além disso, estender o atendimento dos Agentes Comunitários de Saúde, que não atendem no município de Taboão da Serra e são um importante instrumento de educação e de comunicação entre as UBSs e as gestantes. 

De acordo com Nathalya Camargo, existem estratégias de proteção que podem auxiliar, como: educação perinatal, participação em grupos de gestantes oferecido pelo SUS e também por convênios, e a construção do plano de parto – documento assinado tanto pela família, quanto pelo médico, em que a pessoa gestante descreve exatamente o que deseja ou não durante seu parto. 

Apesar de existirem políticas públicas voltadas para a segurança da pessoa gestante, nem sempre elas são seguidas pelos profissionais de saúde, explica Nathalya Camargo. Ela relembra o caso da adolescente de Santa Catarina impedida de realizar um aborto legal e também a recente decisão do Senado que acabou com a exigência de autorização do cônjugue para realização de laqueadura.

“A gente compreende que a política pública se faz um pouco mais presente no SUS do que no privado, porém a gente não pode esquecer que a justiça social, a forma com que as pessoas conduzem as suas vidas, pensam, articulam, se constroem e reproduzem, também perpetua as desigualdades no serviço de saúde”, finaliza a obstetriz.

Coletivo Coletores celebra 15 anos com exposição em museu no Distrito Federal

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Coletivo Coletores apresenta obras sobre as resistências dos povos originários, negros e periféricos na exposição “Signos de Resistência, Bordas da Memória”

Marcando seus 15 anos de existência, o Coletivo Coletores ocupa o Museu Nacional da República de Brasília, no Distrito Federal, com a primeira exposição de arte digital e multimídia da instituição. A mostra “Signos de Resistência, Bordas da Memória”, com lançamento em 13 de julho, reúne uma seleção de mais de 250 obras, dentre elas 50 obras inéditas e trabalhos emblemáticos que marcam a trajetória do coletivo.

Mulheres Insurgentes 2022 Fotografia a partir de intervenção urbana digital com vídeo mapping a igreja do Rosário dos homens pretos da Penha. Foto: Coletivo Coletores

A exposição lança um olhar à história e às contradições da construção do Brasil e busca recontar a história do país a partir de suas memórias apagadas e de suas contradições hegemônicas. A proposta dos artistas é questionar e rememorar as imagens que representam historicamente as lutas e resistências. Para ampliar a circulação dessas histórias e ícones, o Coletivo apresenta intervenções urbanas digitais, fotografias, videomappings, animações, pichações e instalações multimídia.

RESISTA! 1.0 – São Mateus, 2014. Foto: Coletivo Coletores

Videomapping nas periferias

O Coletivo Coletores nasceu em 2008, em São Mateus, na zona leste de São Paulo, e é formado pelos artistas Toni Baptiste e Flávio Camargo que dialogam sobre memórias de resistências que compõem contextos urbanos e sociais. A iniciativa tem como proposta pensar as cidades como meio e suporte para suas ações, utilizando diferentes linguagens visuais e tecnológicas. 

Em sua pesquisa poética, o Coletivo Coletores realiza ações que buscam evidenciar a história e as estratégias de resistência das coletividades e movimentos culturais insurgentes, além de colaborar com espaços, coletivos e movimentos sociais periféricos ou historicamente marginalizados. 

Além de ocupar espaços públicos nas regiões centrais, o Coletivo Coletores desenvolve suas ações nas periferias da cidade. Suas ações durante a pandemia de covid-19 tiveram grande impacto na disseminação de informação e conscientização. 

O Coletivo já participou de diferentes projetos e exposições ligados à arte, tecnologia e cidades em instituições, como: MAM SP, Itaú Cultural, Museu das Favelas, Museu da Língua Portuguesa, FILE SP, FONLAD Portugal, Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Instituto Moreira Salles, Rede Sesc, Red Bull Station, CCSP, British Council, Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Dakar, além de ser indicado ao MVF Awards 2021 e contemplado com o prêmio ProAC por histórico em artes visuais 2021 e receberam o Prêmio PIPA 2022.

Serviço

Exposição “Signos de Resistência, Bordas da Memória”
Local: Museu Nacional da República | Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodovia do Plano Piloto – Brasília/DF.
Abertura: 13 de julho de 2023, às 19h
Período expositivo: 14 de julho a 10 de setembro de 2023.
Horário: Terça a domingo de 9h às 18h30. Fechado às segundas.
Entrada Gratuita | Livre

Cursinhos Populares Periféricos ocupam Brasília

Sob a liderança da Uneafro Brasil, cursinhos populares periféricos ocuparam Brasília para reivindicar do Ministro da Educação políticas educacionais que diminuam as desigualdades raciais.

Cursinhos populares periféricos ocuparam Brasília para reivindicar do Ministro da Educação políticas educacionais que diminuam as desigualdades raciais vigentes na educação brasileira e a ampliação de políticas de acesso e permanência do negro no ensino superior.

Essa mobilização faz parte da 1ª Jornada pela Igualdade Racial na Educação, que aconteceu entre os dias 28 e 30 de junho, em Brasília, mobilizada pela Uneafro Brasil, movimento social que há 15 anos vem organizando cursinhos populares e formação política em dezenas de periferias de São Paulo e Rio de Janeiro, transformando a vida de centenas de jovens. 

Os cursinhos populares participaram de reuniões com os ministros Camilo Santana (Educação), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), em que apresentaram uma série de demandas ao governo.

Dentre as pautas, reivindicaram o reconhecimento oficial dos cursinhos populares pelo Ministério da Educação. Atualmente, os cursinhos pré-vestibulares, populares e mesmo os privados, não são reconhecidos como um trabalho de educação, mas sim como um serviço. Dessa forma, eles não conseguem acessar editais e apoios destinados à educação, como passe livre para estudantes. 

Esses cursinhos populares são o meio de muitos jovens negros periféricos alcançarem o ensino superior, portanto, precisam não só de reconhecimento, mas também de apoio do Estado, sobretudo em um momento em que a evasão de jovens negros no ensino médio só cresce e, com o Novo Ensino Médio, a preparação para o vestibular se tornou ainda mais desigual. 

Rede Ubuntu participou do Encontro com Estudantes promovido pela UNEAFRO Brasil. Foto: Luis Fortes/MEC

Além de questões e desafios dos cursinhos, os movimentos reivindicaram a ampliação e permanências das políticas de cotas raciais, um programa de educação contra o racismo ambiental, um observatório da aplicação da Lei 10.639/03, que prevê o ensino de história e cultura afro-brasileira, a redução da taxa de juros pelo Banco Central, entre outras pautas. 

Essa foi a primeira vez que um Ministro da Educação recebeu cursinhos populares oficialmente, se mostrando sensível às demandas apresentadas. 

Diretamente da zona sul de São Paulo, a Rede Ubuntu fez parte dessas reivindicações junto à Uneafro.

Essa mobilização foi histórica e mostrou a força desses movimentos de educação popular na luta por questões que interessam a vida do povo negro e periférico. Historicamente, essa tem sido a luta dos movimentos negros, que desde sempre pautam a educação como direito de todos!

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Educadora compartilha como a adoção homoparental impacta famílias LGBTQIAPN+

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No sexto e último episódio da primeira temporada do Desenrola Aí, entrevistamos Thaís Oliversi, artista, educadora e pessoa bissexual, para entender a partir da sua vivência familiar, como o direito a adoção e gestão impacta famílias LGBTQIAPN+ ao promover experiências de maternidade e paternidade. 

Desde março de 2015, a adoção para casais LGBTQIAPN+ é reconhecida legalmente no Brasil pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como adoção homoparental. Diante da lei, pessoas lgbt, têm o direito de adotar uma criança e constituir suas famílias, seja por meio da adoção ou gestação.

“As pessoas conservadoras entendem que a gente não pode criar filhos. Na verdade, elas não estão preocupadas se as crianças estão comendo, se essas crianças estão tendo educação digna, não é isso que é importante para elas. Elas usam isso, como uma máscara […] elas estão preocupadas com a nossa continuidade. Por isso, eu falo para pessoas lgbts: nós somos capazes de criar crianças”

Thaís Oliversi, artista e educadora

Até o final de junho de 2023, os dados apresentados pelo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) registraram no Brasil o número de 32.107 crianças acolhidas, além de 4.422 crianças disponíveis para adoção e 34.598  pessoas na fila de espera para adotar uma criança. Os números são relativos, conforme o avanço das adoções, busca ativa e reintegrações dessas crianças ao seu núcleo familiar.

Esse é o sexto e último episódio da primeira temporada do Desenrola Aí. Na primeira temporada, trouxemos especialistas e dados que mostram como é desafiador as garantias de direito à vida da população LGBTQIAPN+ no Brasil. Acompanhe esse e outros episódios do Desenrola Aí no nosso canal de YouTube.

Sobre o Desenrola Aí 

​O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. 

Nessa primeira temporada vamos abordar sobre os direitos, à vida e a luta da população LGBTQIAPN+ nas periferias. O Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola e Fluxo Imagens.