Os professores Alessandro Rubens e Douglas Passos, estão dando aula de solidariedade, de compromisso com a periferia e com a população que mais necessita.
Estamos vivendo um tempo de grandes incertezas e muita desesperança. Infelizmente o desgoverno Federal vem insistindo em uma política genocida: redução do auxílio emergencial, retirada de direitos, falta de mediação política para aquisição de vacinas, congelamento de orçamento para saúde e educação, sem falar na escancarada política do toma-lá-dá-cá para manter-se no poder. Obviamente a população mais carente é a que mais sente as dores dessa Necropolítica.
Diariamente, somos bombardeados com os números, com o avanço e as terríveis consequências da Pandemia do Covid-19. Os dados são assustadores, as mortes não param de crescer, o desemprego é o maior da nossa história, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com 13,9 milhões de pessoas na fila por um trabalho. Inegavelmente, vivemos um período de muito desalento.
Contudo, quando aceitamos o desafio de escrever essa coluna o desejo era evidenciar projetos e movimentos que estão sendo experimentados e construídos nas periferias e/ou por sujeitos periféricos, que trazem esperança e as potencialidades das pessoas. Desta forma, eu trago para esse espaço uma experiência que estou acompanhando de longe, mas com coração cheio de alegria.
Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que, no Brasil em março de 2020, havia aproximadamente 222 mil pessoas vivendo em situação de rua. Neste mesmo período, março de 2020, dois professores da Rede Ensino Pública Municipal de São Paulo estão levando carinho, acolhimento, roupas e alimentos para a população em situação de rua, que com o avanço da pandemia, cresceu e se tornou ainda mais vulnerável.
Os professores Alessandro Rubens e Douglas Passos, estão dando AULA DE SOLIDARIEDADE, de compromisso com a periferia e com a população que mais necessita.
Todas as sextas-feiras, religiosamente, eles saem às ruas da zona sul de São Paulo, para entregar marmitas com alimentos que eles mesmo cozinham para dezenas de homens e mulheres, que são desassistidos pelas políticas públicas governamentais. Durante todo este tempo já foram entregues milhares de marmitas, toneladas de alimentos e um sem número de roupas, inclusive roupas íntimas, muito solicitadas pelos cidadãos e cidadãs em situação de rua.
Nesse período, esses educadores têm vivenciado inúmeras experiências; encontraram inúmeros novos lugares, infelizmente os mais insalubres possíveis, onde esses moradores ficam para abrigarem-se do frio, da fome e mesmo das violências.
Recordo que ano passado, no dia mais frio do ano, eles recolheram cobertores e roupas de frio, que foram entregues juntamente com as marmitas. Eles percorrem as ruas da sul, desde o fundão da M’Boi Mirim, passando pelo Menininha, Jardim Ângela, Capão Redondo, Piraporinha, São Luiz, Campo Limpo até Socorro, Santo Amaro e Avenida Nossa Senhora de Sabará. Esse trabalho é feito dentro de uma van, toda adaptada para poder desenvolver esse trabalho incrível.
O exemplo e o compromisso desses educadores vêm sensibilizando inúmeros outros professores e professoras que ao longo desse período vem contribuindo de várias formas, com doações de alimentos, roupas e recursos, inclusive alguns juntaram-se a eles e estão indo às ruas semanalmente, como os professores Rafael Sacramento, Cínthya Contreira e Rogério Leite de Oliveira.
A coragem desses mestres fortalece nossas esperanças e nos dá disposição para continuarmos a lutar pelos nossos, lutar contra tanto desalento.
Ações como a do Alessandro e do Douglas e de tantas outras pessoas pela cidade a fora, nos enchem de otimismo e como costuma dizer Frei Betto,
Vamos guardar o pessimismo para dias melhores
Sem palavras pra esses caras!
Só persona de 1°!