A vida tá a milhão e muitas mudanças ocorreram na minha vida. Uma delas foi que eu mudei de trampo, mas isso não vem ao caso. A outra é que eu comecei a fazer terapia. E é sobre isso que vamos falar.
Olá! Mais uma vez peço desculpas pelo sumiço. A vida tá a milhão e muitas mudanças ocorreram na minha vida. Uma delas foi que eu mudei de trampo, mas isso não vem ao caso. A outra é que eu comecei a fazer terapia. E é sobre isso que vamos falar.
Tenho uma mãe já idosa que quase toda semana cola no postinho de saúde do bairro para alguma consulta de rotina (viva o SUS!). O posto é logo atrás da minha casa, colado na parede mesmo, por isso, meu despertador é o barulho do painel chamando as senhas da galera que vai se consultar. O barulho se estende pela manhã inteira, sinal que o posto está lotado. Sinal que a periferia está tentando se cuidar.
O cuidado com nosso corpo é essencial para que possamos aguentar os trancos da vida. Mas existe um cuidado que nós, que somos da periferia, quase nunca levamos em conta: o cuidado com a mente. Muitas pessoas quando pensam em terapia pensam que isso não faz parte do universo da periferia, afinal, não temos tempo e é “besteira”, mas cuidar da nossa mente é uma das coisas fundamentais do nosso dia-a-dia, pois não somos máquinas e precisamos fazer a manutenção de todas as informações e acontecimentos que nos cercam.
Eu enrolei bastante e até cheguei a marcar uma consulta com um psicólogo online no início do ano, mas não compareci. Não sei se por medo ou por achar que eu já estava bem… mas bem do que mesmo? Nem eu sabia o que se passava na minha mente. Só sei que após anos e anos de traumas diretos e indiretos (a periferia sabe muito bem o que é isso) eu entendi que necessitava dessa ajuda.
Mas toda vez que refletia sobre o assunto, já pensava automaticamente em desculpas: não tenho dinheiro, não tenho tempo, não sei nem o que vou falar na hora…Mas nem por isso eu deixava de indicar esse tipo de ajuda para as minhas amizades.
Passados alguns meses, eu finalmente encontrei um local que poderia me atender com um preço muito mais acessível (eu pago 10 conto por sessão). Foi uma amiga da quebrada que me indicou. Existiam duas possibilidades: o atendimento online ou presencial. Por estar cansado da ‘tela’ (que é inclusive um dos motivos de procurar ajuda) eu optei pelo modo presencial, mesmo sendo 2 horas da minha casa. E não me arrependo nem um pouco.
Encontrar um profissional que me escutasse foi um alívio imenso após todos esses meses vivendo em uma situação pandêmica. Muitos dados, inclusive, apontam para um número crescente de busca por terapia na pandemia, sinal de que não foi (e não está) fácil manter a cabeça no lugar, seja pelas mortes que nos cercaram, pela angústia de ficar só e até por vícios adquiridos com essa nova rotina.
Até o momento eu fiz três sessões, mas já me sinto muito mais leve e já estou conseguindo colocar as coisas no lugar. Por isso encerro o texto de hoje com um pedido: caso sinta necessidade, não tenha vergonha de admitir e busque por tratamento psicológico. Nossa geração vem sofrendo impactos muito fortes em virtude das novas tecnologias e assim como tudo na vida, existem os dois lados da moeda.
Ao mesmo tempo em que esse avanço nos traz inúmeras possibilidades de aproximação, o excesso de informação faz com que a gente não respeite nosso ritmo, nosso corpo e nossa mente. Por isso, se cuide, quebrada!
Abaixo está uma lista de lugares que você pode procurar por atendimento psicológico gratuito ou com baixo custo em São Paulo:
Universidades
PUC – Site: https://www.pucsp.br/clinica/
Anhembi Morumbi (Mooca)
Telefone: (11) 2790-4561 / 4531
Inúmeras universidades possuem atendimento gratuito ou a baixo custo, com atendimento feito por estudantes supervisionados por professores profissionais da área de psicologia.
Clínica Social Casa 1
Site: https://www.casaum.org/clinica-social/
Atendimento psicoterápico para pessoas em situação de vulnerabilidade, com as populações LGBTQIA+ e preta.
Abrape (Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas)
WhatsApp: (11) 98085 2139
Atendimento gratuito para pessoas que estão desempregadas e com baixa renda familiar.
É muito bom cuidar da mente. E nem sempre é possível, por vários fatores, como você disse. Mas vale o esforço. Adoro seus textos, Luiz. Beijos!
Oprê ! Que dahora esse texto mano ! Essencial cuidar da saúde mental. Eu convivo com a depressão há alguns anos e foi essencial dar nome as paradas, tratar, se cuidar. Esse movimento de falar de sáude mental nas quebradas é muito importante, sobretudo para homens pretos que são os que muito adoecem e não se cuidam Saúde mano ! Saravá as mudanças !