Home Blog Page 38

Moradores da quebrada mantém viva tradição de pintar as ruas para a Copa do Mundo

0

Nas ruas, becos e vielas das periferias de São Paulo, em clima de Copa do Mundo, moradores se reúnem para enfeitar e manter a tradição de colorir a quebrada. 

Nesta semana (24/11), a seleção brasileira estreia na Copa do Mundo de 2022, realizada no Catar. Em algumas ruas das quebradas de São Paulo, o clima da Copa aparece nas cores verde e amarelo pintadas nas calçadas, nas fitas e desenhos que remetem à competição. A tradição de enfeitar as ruas é muito presente nas periferias, que também simboliza a união dos moradores.

No Parque Regina, bairro que pertence ao distrito do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, e no Rochdale, em Osasco, região metropolitana, moradores se juntaram e prepararam a rua de casa para acompanhar os jogos do Brasil. 

“A rua é pequena, mas são todos muito unidos. Decidimos numa sexta à noite fazer a pintura e no sábado de manhã começamos a arrecadar. Um morador deu tinta, o outro pincéis, quem não tinha como ajudar varreu a rua toda. Outro chamava a gente para almoçar e levava água o tempo todo”

conta Odivan da Silva Cardoso, morador do Rochdale, em Osasco e que ajudou na mobilização da rua.

Odivan conta que os moradores do bairro se articularam entre si arrecadando dinheiro, tintas, pincéis e mão de obra. Juntos desenharam mascotes, bandeiras, penduraram fitas e fizeram até um almoço durante os trabalhos.

No Parque Regina, zona sul de São Paulo, as arrecadações também aconteceram de maneira comunitária em nome do time de futebol Resenha F.C, que desde 2014 agita a ação nas ruas do bairro. 

“Os moradores aqui são muito parceria. Todo mundo está junto com a gente para praticamente tudo que o Resenha F.C. se propõe a fazer”

comenta Matheus Costa da Silva, presidente do Resenha F.C.

Confira o resultado da mobilização dos moradores do Parque Regina, Campo Limpo e Rochdale, Osasco.

Matheus Costa conta que fizeram a camisa do time em comemoração a Copa do Mundo de 2022 e venderam todas as peças antes mesmo de chegarem.
As crianças também ajudaram na decoração da rua no bairro do Parque Regina, zona sul de São Paulo.
Com 9 anos, Aninha já está criando memórias da sua segunda copa do mundo, se divertindo e ajudando a pintar a rua de onde mora. “É muito legal, eu estava ansiosa pra começar a pintar”, conta a menina.
O time Resenha F.C. existe desde 2014.
As crianças do Parque Regina colocaram a mão na massa. “Quando a gente era criança, pintar a rua era muito legal. Todo mundo queria participar e queremos deixar essa lembrança para a nova geração”, afirma o presidente.
“Cada um fez um pouco e quando percebemos já tínhamos tudo. Foi muito bom, aqui todo mundo ajudou”, diz o morador osasquense Odivan.
Decoração na Rua Cuiabá, no Rochdale, região metropolitana de São Paulo.
Decoração na Rua Santa Rita, no Rochdale, região metropolitana de São Paulo.
Decoração na Rua Cuiabá, no Rochdale, região metropolitana de São Paulo.
“O impacto disso deve ser positivo para as crianças”, comenta Odivan, morador de Osasco.
O momento também simboliza a união dos moradores.
Decoração na Rua Cuiabá, no Rochdale, região metropolitana de São Paulo.
Tradição em algumas das periferias de São Paulo, moradores se reúnem para enfeitar e manter a tradição de colorir a quebrada.
Decoração na Rua Santa Rita, no Rochdale, região metropolitana de São Paulo.

“Um lugar para ser você mesmo”: espaços de cultura independente reforçam a potência negra na quebrada

0

 A Casa Griô e o Quilombar são espaços nas periferias que resgatam a busca por pertencimento e reconexão com raízes ancestrais.

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, data em menção à Zumbi dos Palmares, importante líder do Quilombo dos Palmares e referência na luta da população negra. Assim como o aquilombamento de resistência liderado por Zumbi, em diferentes contextos, nas periferias, cada vez mais surgem espaços voltados para troca e fortalecimento da população negra.

Foi a partir de uma lógica de aquilombamento cultural que Otávio Pereira, 28, morador do bairro Vila Gilda, no distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, criou o Quilombar

“A gente sempre teve uma vivência de consumir cultura no centro, e nessas idas e vindas muito longas que foi surgindo a ideia do Quillombar”

afirma o fundador do espaço e também psicólogo.

Inaugurado em outubro de 2019, o ponto de encontro entre DJ’s, MC’s, cantores, produtores e outros artistas independentes, também é um local onde as pessoas podem marcar para ir comer na quebrada, pois para além das ações culturais, é bem presente em parcerias com lanchonetes do território.

Há alguns quilômetros de distância do Quilombar, no bairro Jardim Silveira em Barueri, região metropolitana de São Paulo, fica a Casa Griô, criada por Ronni Silva. Ronni é formado em produção fonográfica especializado em gestão de projetos culturais, e em março de 2022 inaugurou o espaço.

“O que eu sinto das pessoas é que se sentem acolhidos de perceber uma identidade, uma representatividade. Mas não é nada muito pensado, é só eu fazendo as coisas aqui do jeito que eu sou”

compartilha o produtor sobre as ações na Casa Griô.

A Casa Griô, é um bar, restaurante e espaço de cultura independente que também visa resgatar as raízes negras. Ao longo da semana, o local conta com uma programação que varia entre apresentação de zabumba a aulas de samba rock, e aos sábados é dia de feijoada no restaurante.

Espaço Quilombar, na zona sul de São Paulo.
O Quilombar recebe atividades de diversas linguagens.
Evento realizado em novembro no Quilombar.
Além de um espaço cultural, o Quilombar também se preocupa em discutir demandas sociais importantes para o território.
O brechó do espaços Quilombar funciona também durante a semana.
O brechó do Quilombar é aberto durante a semana e teve início como uma possibilidade para melhorar a renda da família.
As paredes do Quilombar foram pintadas com o rosto, citações e referências de personalidades negras.
Os fundadores da Quilombar e da Casa Griô contaram que os nomes dos espaços foram escolhidos para transmitir a ideia de resistência negra.
O acervo da Casa Griô conta com discos antigos preservados por Ronni, entre eles, do artista Milton Nascimento, cantor negro e brasileiro.
Além de bar e restaurante, os espaços também são lugares de debates políticos, que buscam acolher diversas linguagens e ações. Como na Casa Griô.
Todos os detalhes da Casa Griô foram pensados para representar as culturas negras e indígenas. As artes nas paredes foram feitas por artistas periféricos.
Desde as músicas ouvidas na Casa Griô até as refeições que são servidas, tem inspiração em culturas negras.

Marcas da quebrada recriam símbolos por trás das cores da camiseta do Brasil

0

Com a chegada da Copa do Mundo e o simbolismo que as cores verde e amarelo passaram a ser associadas nos últimos anos, marcas de quebrada como Mile Lab, Corre e Andrart se reapropriam da camiseta da seleção.

Ensaio da camiseta Brasil Favela produção de MILE.LAB (Foto: Rodrigo Ladeira)

A camiseta do Brasil é como um símbolo dentro das periferias, mas há algum tempo passou a ter uma relação diferente, seja pelo contexto político vivenciado nos últimos anos no país ou até mesmo pela onda do Brasil Core. Muitas pessoas seguiram usando a camiseta, mas outras deixaram de usar a peça, por vezes associada a uma ligação política.

Com a chegada da Copa do Mundo e esse simbolismo criado em torno da camiseta, principalmente a verde e amarela, marcas de quebrada estão retomando uma narrativa e estética periférica.

“Não tem peça de roupa mais simbólica que a camiseta da seleção brasileira dentro da quebrada”, afirma Milena Nascimento, 24, moradora do Grajaú, zona sul de São Paulo, fundadora e editora criativa da MILE LAB. A marca criada por Milena, representa uma moda marginal, ativista e em prol do reconhecimento de corpos periféricos no mundo.

“Eu falo que a moda brasileira está na quebrada, só que acontece muito esse movimento como o Brazilcore, decorrente da copa e ter os elementos estéticos brasileiros como tendência lá fora [do Brasil]. Só que isso só é bonito e válido quando as pessoas ricas, brancas, marcas de renome e de fora do país legitimam.”

aponta a criadora da Mile Lab.

Milena conta que a criação da marca foi a chance de colocar sua identidade no mapa, de registrar e legitimar sua estética de forma que nenhum processo histórico ou político apague isso. Para ela, essa expressão marginal está presente de forma viva na história da moda e a partir disso constrói a imagem de suas peças e da sua marca.

A editora criativa aponta que conversa com um público que por muito tempo não teve sua história contada. “O nosso público alvo é quem é alvo do sistema. Pessoas que são criminalizadas, marginalizadas, apagadas, silenciadas cotidianamente. As que podem sofrer qualquer violência a qualquer momento, porque a gente não tem direito que resguarde as nossas vidas.” afirma Milena Nascimento, que tem como pilar da marca fazer com que esse público vista a própria história.

A camiseta do Brasil lançada por Milena Nascimento na Mile Lab, a “Brasil Favela”, traz elementos lidos como marginais para dentro das cores verde e amarela. Símbolos que remetem as periferias e que por vezes fazem vários minas e manos serem enquadrados diariamente.

“Vestir o amarelo e verde hoje traz um peso muito grande pensando no que ela se tornou nos últimos tempos. Mas ao mesmo tempo você está ali de pé, falando ‘eu vou usar sim’. Se está incomodando os outros, que bom. É realmente a gente tomar isso de volta. O quanto de coisa nossa que já não roubaram a vida inteira.” aponta Milena Nascimento, criadora da Mile Lab.

Ela ressalta que para não restarem dúvidas que a amarelinha é também da quebrada, estampou referências que fazem parte dessa estética. “Elementos que muitas vezes são carregados nas peitas de quebrada, que é chamado de chave de enquadro, que é break, são elementos que são lidos como marginais”, afirma.

“Quantos amigos meus já não foram enquadrados pelas roupas que usam e justamente roupas que carregam o que? Um tio patinhas, irmãos metralha, ‘chora agora e ri depois’, ‘dois por amor e um por dinheiro’. Quis juntar tudo isso na camiseta amarelinha que tem toda essa questão de resgate e tornar de fato essa armadura”

coloca a editora criativa. 

Milena ainda aponta que sua a maior admiração são os moleques da quebrada, que mesmo sabendo que os elementos que carregam nas roupas podem fazer com que sejam abordados, não os deixam de usar, porque contam a história deles e fazem parte de quem são. Para ela, isso representa um ato político e de resistência que admira, pois “o que estamos criando na quebrada é a verdadeira tendência do que é moda brasileira”.

“A marca vem do lugar de entender a importância que a roupa tem para quem é de quebrada, quanto é importante se vestir bem usando algo que te representa”, afirma Fabrício Rodrigues.

Fabrício Rodrigues, 29, morador do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, é historiador e um dos criadores da Corre Store, marca de quebrada para quem está no corre.

A camiseta “Brazuca”, lançada pela Corre, surge do entendimento dos criadores da marca sobre a necessidade de existir uma camisa que dialogue com o futebol, sem deixar de pontuar as questões políticas e sociais que atravessam as cores verde e amarelo ou até mesmo do emblema da CBF – Confederação Brasileira de Futebol.

Fabrício conta que a primeira camiseta da Corre em referência ao Brasil é branca e azul, e traz o emblema da seleção brasileira rachado no meio.

“Sabemos que esse emblema da CBF é muito questionado. É uma instituição que existe índices de corrupção há muitos anos. Teve desvio de conduta, de ética, então olhando para isso pensamos em manter o símbolo, mas também colocar uma rachadura para representar que ela é meio quebrada, que não representa o povo”, afirma Fabrício. 

O co-criador da Corre e também historiador, explica que a palavra “Brazuca”, que dá nome à peça da marca, era utilizada pelos portugueses com caráter depreciativo para apontar os brasileiros como algo inferior. Aqueles que não prestam, que não servem.

“Os jogos da Copa de 1992, falava-se muito isso, os brazucas. Vamos resgatar esse nome e o nome Brasil. Vamos pensar melhor em como representar nossa seleção, porque querendo ou não a seleção é nossa, a gente discorda de tudo que está lá, de como está, mas ela é nossa”, aponta Fabrício.

“Basta você ver a quanto saiu a camiseta da Copa pela Nike. Saiu a 300 reais. A gente gosta da seleção, mas a quebra [do símbolo da CBF] é nosso desconforto, mostrar que a gente apoia o futebol, mas que existe um desconforto da parte da massa em concordar com as instituições”

aponta Fabrício Rodrigues.

Ele ressalta que para além da camiseta do Brasil, a marca aborda a importância que a roupa tem para quem é da quebrada. “Conseguimos construir um público que sabe a importância de consumir de uma marca de quebrada. A galera quer comprar e ter acesso a uma marca que foi criada no seu território”, finaliza Fabrício, ressaltando que a primeira remessa da Brazuca acabou em 10 dias e estão na produção.

Ensaio da coleção Brazuca, da Corre Store (Fotos: Fabrício Rodrigues)

“Retomar a camiseta do Brasil é sobre autoestima. Sempre foi um símbolo nosso”, aponta Gleison Andrade.

Brasil Street é o nome da camiseta criada pela Andrart, que se coloca como a marca do gueto. Além de criador da Andrart, Gleison Andrade, 25, é design gráfico, estampador e morador do bairro Jardim Conquista, no distrito de Perus, zona noroeste de São Paulo.

Gleison compartilha que a ideia da camiseta em referência ao Brasil surgiu em 2021, mas que não queria utilizar a cor amarela “por conta desse presidente e tudo que ele fez a nossa camiseta do Brasil representar”, afirma.

O design gráfico quis fazer algo com a estética da sua marca, mantendo o preto e branco, mas com algo que representasse as cores do Brasil.

“Coloquei o verde, amarelo e azul no meio em degradê. O logo de um lado branco e o brasão do Brasil em branco também, porque não nos representa esse brasão”, aponta Gleison em uma referência semelhante à marca Corre Store.

A camiseta Brasil Street também faz menção ao hip hop, o que para Gleison torna mais confortável para as pessoas usarem a partir dessa abordagem sobre o Brasil. Além de representar o futebol, a camiseta mostra a identidade e referências do criador. 

“A camiseta sempre foi um símbolo nosso, então criar uma e fazer com que os meus usem, fazer com que a quebrada consuma, é trabalhar nossa autoestima também. O próprio ensaio da camiseta é um trabalho de autoestima, de estar bonito com a camiseta no meio da favela”

analisa o criador da Andrart.

A marca também representa a ideia de fortalecimento coletivo na quebrada, pois começou a ser criada dentro do quarto de Gleison e hoje se desenvolve em um espaço colaborativo em Perus, a Casa Preta Perus, criada junto com a Afro Perifa, marca também da quebrada.

Gleison é quem cria suas todas etapas de produção de suas peças. “Como eu trabalho com serigrafia, eu mesmo estampo, crio a estampa, na parte da serigrafia eu mesmo monto as telas e faço nas camisetas”, compartilha.

Ensaio da coleção Brasil Street, da marca Andrart (Foto: Caroline Brandão)

As principais referências para a criação da camiseta da marca vem da união do rap, futebol e funk. Pensada para representar a vivência de quem é da quebrada e a autoestima para pessoas pretas e periféricas que não se sentem pertencentes em usar uma camiseta oficial do Brasil.

“O mais importante é atingir quem é igual a mim e se identifica, porque eu trago muita referência no meu trabalho, muita a vivência, e quem é, sabe. Isso é sobre autoestima”, finaliza Gleison. 

Atividades promovidas por iniciativas da quebrada para curtir na semana do feriado

0

De teatro a curso de dança, separamos cinco atividades realizadas por iniciativas periféricas que estão com inscrições abertas e acontecem nos próximos dias.

Slam interescolar – Foto: Slam da Guilhermina

Slam Interescolar – Slam da Guilhermina

Nesta quinta (17), acontece no Teatro Sérgio Cardoso, localizado na região da Bela Vista, São Paulo, a final do slam interescolar que será realizada em duas sessões: às 13h e às 17h. O Slam Interescolar SP é uma batalha de poesia organizada pelo coletivo Slam da Guilhermina.

O torneio poético é realizado com alunos do ensino Fundamental II e ensino Médio do Estado de São Paulo, e em 2022 mais de 200 escolas se inscreveram para participar. O ciclo de competições envolve a visita de poetas-formadores e a realização de slam’s dentro das escolas, onde acontecem as seletivas.

Serviço: Slam Interescolar SP
Data: 17 de novembro. Às 13h e às 17h
Local: Teatro Sérgio Cardoso, sala Paschoal Carlos Magno – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, SP.
Classificação: Livre – Entrada Gratuita

Curso “Jeito Zumb.boys” – Grupo Zumb.boys 

Até o dia 17 de novembro, estão abertas as inscrições para o curso “Jeito Zumb.boys”, curso online e gratuito promovido pelo Grupo Zumb.boys, da zona leste de São Paulo. O grupo compartilhará sua metodologia em dança desenvolvida na periferia, buscando inspirar novas formas de produzir arte e experiências coletivas.

Serão disponibilizadas 50 vagas gratuitas para pessoas interessadas em dança de qualquer lugar do Brasil e as inscrições podem ser realizadas online. O curso terá início no dia 21 de novembro e término em 10 de dezembro, com conteúdos gravados que poderão ser acessados pelos participantes a qualquer momento, além de encontros online ao vivo para diálogo e aproximação com integrantes do grupo. Criado em 2003, o Grupo Zumb.boys tem como base de pesquisa e criação a dança breaking.

Serviço: Curso online “Jeito Zumb.boys”
Vagas: 50 vagas gratuitas
Inscrições aqui – até 17/11/2022
Curso: 21 de novembro a 10 de dezembro de 2022 (20 horas de duração)
Outras informações: Haverá entrega de certificado para alunos que completarem ao menos 70% da grade do curso, ou seja, 14 horas.

Arte Educar – Pôr do Som Produções 

Na próxima quinta (17), o CEU Parque Novo Mundo recebe os grupos Coco de Oyá e POIN – Pequena Orquestra Interativa, com apresentação respectivamente às 10h e 15h. As apresentações fazem parte do circuito Arte Educador, formado por 30 espetáculos e 6 oficinas que estimulam a criatividade e a imaginação, além de shows online.

O projeto Arte Educar, idealizado pela Pôr do Som Produções, realiza uma série de eventos culturais gratuitos em espaços e escolas públicas da periferia de São Paulo. A programação é destinada a alunos da educação infantil ao ensino médio, bem como seus familiares e toda a comunidade.

Serviço: Arte Educar
Data: 17 de novembro (quinta) |
Local: CEU Parque Novo Mundo – Avenida Ernesto Augusto Lopes, 100 – Parque Vila Maria, Vila Maria, SP
10h – Show: Coco de Oyá
15h – Show: POIN – Pequena Orquestra Interativa

“Eu avisei que eu vinha” – Cia. Armárias

Até o dia 29 de novembro, a Cia. Armárias realiza apresentações online da temporada de estreia do espetáculo “Eu avisei que eu vinha”. Unindo teatro, máscaras e dança, a peça é inspirado em relatos reais de mulheres do nordeste que migraram para São Paulo e foi construído a partir de suas perspectivas, desafios e conquistas.

As transmissões serão gratuitas e realizadas para todo o Brasil a partir das redes sociais de espaços culturais parceiros como o CEU Feitiço da Vila Gestão, CEU Guarapiranga, CEU Campo Limpo, CEU Tiquatira, CEU Paraisópolis, CEU Cantos do Amanhecer, CEU Vila do Sol , CEU Capão Redondo, CEU Quinta do Sol e CEU Casa Blanca. A ação faz parte do projeto contemplado na 6ª edição do Fomento ao Circo para a cidade de São Paulo.

Serviço: Cia. Armárias
Quando: 16 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h
Onde: Facebook do CEU Paraisópolis  

Quando: 17 de novembro de 2022 (quinta-feira) – Horário: 20h
Onde: Facebook do CEU Cantos do Amanhecer

Quando: 19 de novembro de 2022 (sábado) – Horário: 16h
Onde: Facebook do CEU Vila do Sol

Quando: 23 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h
Onde: Facebook CEU Capão Redondo

Quando: 29 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 20h
Onde: Facebook do CEU Casa Blanca

Coletiva Fanfarrosas 

No mês de novembro, a coletiva Fanfarrosas realiza uma temporada de apresentações gratuitas do espetáculo “As Presepadas de Gitirana no Terreiro de Dona Dindinha” em bibliotecas públicas da cidade, pelo Programa Biblioteca Viva, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo.

“As Presepadas de Gitirana no Terreiro de Dona Dindinha” traz situações e figuras populares da sociedade em seus lugares de destaque e protagonismo dentro do teatro de mamulengo, mesclando culturas paulistas e nordestinas.

Classificação Livre – Grátis
Data: 16 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 10h –
Local: Biblioteca Thales Castanho de Andrade – R. Dr. Artur Fajardo, 447 – Freguesia do Ó, Zona Noroeste, São Paulo – SP

Data: 17 de novembro de 2022 (quinta-feira) – Horário: 14h
Local: Biblioteca Malba Tahan – R. Brás Pires Meira, 100 – Jardim Susana, Zona Sul, São Paulo – SP

Data: 18 de novembro de 2022 (sexta-feira) – Horário: 14h
Local: Biblioteca Hans Christian Andersen – Av. Celso Garcia, 4142 – Tatuapé, São Paulo – SP

Data: 22 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h
Local: Biblioteca Aureliano Leite – Rua Otto Shubart, 196 – Parque São Lucas, Zona Leste, São Paulo

Data: 29 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h
Local: Biblioteca José Mauro de Vasconcelos – Praça Comandante Eduardo de Oliveira, 100 – Parque Edu Chaves, Zona Norte, São Paulo – SP

Data: 30 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 14h
Local: Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda – Rua Victório Santim, 44 – Itaquera, São Paulo – SP

Casa de Marias arrecada doações para manter projetos de saúde mental para mulheres

0

O principal objetivo da campanha é garantir atendimento psicológico gratuito para mulheres negras, indígenas e periféricas durante o primeiro semestre de 2023.  

Foto Divulgação: Casa de Marias

 As doações para a campanha “Saúde Mental não tem preço, tem valor!“, organizada pela Casa de Marias, clínica de atendimento psicoterapêutico e social, localizada na Vila Esperança, bairro da zona leste de São Paulo, poderão ser realizadas até 21 de dezembro de 2022, na plataforma benfeitoria.

A campanha de financiamento coletivo reforça a importância de oferecer de maneira gratuita acesso a serviços de saúde mental para mulheres negras, indígenas e periféricas, público mais afetado pelas desigualdades sociais, que causam uma série de problemas emocionais.

“Estamos trabalhando muito para trazer horizontes de esperança em tempos tão difíceis. Vai ser muito potente, emocionante e pelos melhores motivos: continuar crescendo para continuar cuidando”, diz a Dra. Ana Carolina Barros Silva, psicanalista e pesquisadora em saúde mental da população negra que idealizou a Casa de Marias.

Foto Divulgação: Casa de Marias

Mulheres negras 

A Casa de Marias é um espaço de escuta e acolhimento. Lugar pensado em cada detalhe, por uma equipe qualificada de psicoterapeutas, para receber pessoas que precisam de cuidado. Nasce para ser casa, para criar raízes, para ser oásis em tempos difíceis.

Coordenada por um grupo de mulheres negras, se propõe uma prática clínica não dissociada do campo social e, por isso, se debruça com especial cuidado as questões que envolvem classe, gênero, raça e território. 

Confira o vídeo oficial da campanha.

Saúde mental acessível 

A campanha tem como objetivo angariar fundos para garantir a sustentabilidade dos atendimentos gratuitos durante o primeiro semestre de 2023, isso inclui a estrutura administrativa, continuidade de três colaboradores e expansão de dois projetos que já estão em andamento, além da criação de outros três.

Caso a meta de arrecadação de pouco mais de 13 mil reais seja alcançada, a Casa de Marias viabilizará mais de mil atendimentos, além de trabalho e renda para mais de 30 mulheres em diversas profissões, como psicoterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, advogadas, gestoras, comunicadoras, entre outras.

“Além do objetivo quantitativo, referente ao valor financeiro e o total de pessoas alcançadas, é importante chamar a atenção para a potência da campanha enquanto amplificadora de consciência de saúde mental enquanto um direito humano”, aponta Barbara Heliodora, coordenadora da campanha e captadora de recursos da Casa de Marias.

Websérie “Resistência Samba Rock” traz a oralidade e legado da arte e cultura pretas para o meio digital

0

O projeto resgata e registra histórias dessa manifestação negra e periférica da cidade de São Paulo, de modo a manter o gênero musical vivo para as próximas gerações

Zona Sul de São Paulo, ano de 2011. Esse é o pano de fundo para o nascimento do coletivo “Bons Tempos Nostalgia Black”, que foi criado com o intuito de disseminar a cultura do Samba Rock nas periferias da cidade, realizando bailes nostalgia, aulas de dança gratuitas de Samba Rock e de Danças Urbanas, além de outras atividades ligadas ao movimento do Samba Rock, compreendendo-o como arte e expressão negras.

O mais recente projeto do coletivo é a obra audiovisual “Resistência Samba Rock”, uma websérie de cinco episódios, com o primeiro a ser lançado na quinta-feira, 10, no canal do Youtube “Bons Tempos Nostalgia Black”. Cada episódio aborda temas diferentes, desde a história do Samba Rock, contexto político do seu surgimento e a consolidação do gênero musical; passando pela estética, autoestima e a importância da cultura dos bailes para a construção da identidade do povo negro; até chegar ao papel dos coletivos culturais e dos artistas para a difusão da cultura preta e periférica.

 A ideia para a produção da série surgiu em meados de 2020, momento em que o coletivo viu-se na obrigação de repensar estratégias para continuar de pé em meio ao contexto pandêmico, ao mesmo tempo em que colaborava para o registro e legado no meio digital do movimento cultural preto e periférico e para a sobrevivência dos artistas independentes, que, de um dia para o outro, tinham perdido seu principal meio de subsistência.

“A série tem o objetivo de documentar, por meio da produção audiovisual, a história vivida dos bailes black na cidade de São Paulo, buscando recortar sua permanência e importância política na formação do pensamento e posicionamento de negras e negros, principalmente vindos das periferias. Para além de “contar histórias” do quão bons foram aqueles tempos, pretendemos mostrar o quanto a cultura permanece viva em bailes tradicionais pela região da Zona Sul, inclusive em formatos digitais, tocados e voltados para jovens”

Camila Odara, produtora do coletivo Bons Tempos Nostalgia Black

Vale destacar que cada episódio conta com convidados que protagonizaram a cena dos bailes black, desde seu surgimento até a atualidade, tais como: Leonardo Cordeiro (presidente e professor do coletivo Samba Rock Cultural), Mariana dos Santos (historiadora, diretora, produtora cultural e professora de samba rock no coletivo Eu Soul Samba Rock), Levi Souza – o “Poeta Fuzzil” (autor do livro Samba Rock Diverso, da Academia Periférica de Letras), Bete Aduke (líder comunitária, diretora social e professora de Samba Rock na empresa Samba Rock Nato), Osvaldo Pereira – o “Primeiro Dj do Brasil” (criador da orquestra invisível e pioneiro da discotecagem brasileira), Dinho Pereira (DJ e filho do Osvaldo Pereira), Tadeu Pereira (DJ e filho do Osvaldo Pereira), Rodrigo dos Santos – “Rodstyle” (multiartista, arte educador, DJ e fomentador da cultura Hip-Hop nas periferias da Zona Sul) e Donizeth Carneiro – DJ Caio (fundador do Bons Tempos Nostalgia Black, percussionista e discotecário).

O projeto conta com a produção de Camila Odara (membro do coletivo Bons Tempos Nostalgia Black, assistente de direção e edição), ao lado de Bárbara Alves (assistente de produção), Larissa Estevam (assistente de edição) e do Coletivo Olhares de Guiné (captação de imagem, som e edição). A websérie possui, ainda, o patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI II), com o intuito de incentivar financeiramente coletivos periféricos da cidade de São Paulo.

Para quem quiser vivenciar e sentir na pele toda a nostalgia e ancestralidade de um baile repleto de trocas entre gerações, mantendo a cultura do Samba Rock viva, o próximo evento do coletivo será no dia 13 de novembro, entre 14h e 18h, no Bloco do Beco, localizado na altura do número 2, da Rua Bento Barroso Pereira, no Jardim Ibirapuera.

Além do baile com discotecagem, também terão aulas de samba rock e show ao vivo com a Banda Poesia Samba Soul – formada por Claudinho Miranda (vocais e violão), Fabio Bass (baixo elétrico), Pikeno (percussão), Paulinho Torres (bateria), Luiz Henrique (percussão) e Elem Fernandes (backing vocal) – que possui 32 anos de carreira, 6 CDs e 3 DVDs lançados, e trazem a mistura do groove, soul, samba rock e outras influências como jazz e black music. O melhor de tudo: totalmente gratuito! Saiba mais nas informações de serviço. 

Serviço 

Lançamento Websérie “Resistência Samba Rock”

Quando: 10 de novembro – quinta-feira (lançamento do primeiro episódio – ative o sininho do canal do Youtube para não perder os demais)
Onde: Canal do Youtube “Bons Tempos Nostalgia Black”
Quantidade de episódios: 5
Equipe: Camila Odara (@camila_odara), Barbara Alves (@barbaraslvs), Larissa Estevam (@estevxm), Coletivo Olhares de Guiné (@olharesdeguine) e Instituto Favela da Paz (@institutofaveladapaz).
Entrevistados: Leonardo Cordeiro (@oleocordeirosrc), Mariana dos Santos (@_maridossantos), Poeta Fuzzil (@poetafuzzil), Bete Aduke (@beteaduke), Osvaldo Pereira (@osvaldopereiradj), Dinho Pereira (@djdinhoppereira), Tadeu Pereira (não possui conta), Rodrigo Santos (@dancerodstyle) e Donizeth Carneiro – DJ Caio (@donizete.carneiro.10).

“Meu fazer artístico é sobre mim e não sobre as violências”, afirma a artista Micaela Cyrino

0

Através de diversas linguagens artísticas, Micaela Cyrino comunica sobre si e sobre os estigmas e preconceitos em torno da aids e do HIV, com foco na população negra.

Pinturas, performances e intervenções na rua são algumas das manifestações artísticas utilizadas por Micaela Cyrino, que em sua arte aborda sobre o corpo negro soropositivo e seus atravessamentos. Nascida em 1988, na Subprefeitura da Capela do Socorro, zona sul de São Paulo, a artista também é produtora cultural e integrante do Coletivo Nacional Trovoa, levante de mulheres radicalizadas nas artes.

Formada em artes visuais, a artista é soropositiva desde criança, contraída através de transmissão vertical – que ocorre na gestação, no parto ou na amamentação. O contato com a arte não é algo novo para ela, que desde a adolescência já fazia aulas de escultura, cerâmica e pintura.

Micaela conta que sempre separou seu fazer artístico da sua militância no contexto do HIV por achar que as duas coisas não se misturavam, mas ao ingressar na universidade sentiu a necessidade de realizar essa junção.

“Meus primeiros trabalhos diretamente sobre HIV foram performances. Eu faço meus figurinos e em um determinado momento eu comecei a colocar palavras no figurino”, recorda a artista, que ressalta sua conexão com a pintura, costura e o bordado.

Após uma residência artística no Equador, onde a temática era HIV, a artista fez algumas performances por lá e deu início a sua pesquisa chamada “CURA”, uma série de performances, textos e obras que falam sobre seu viver com HIV e suas soluções.”Foi um caminho que eu junto até hoje: comunicação com trabalhos de lambe”, conta Micaela. 

Ferramenta política

Para a artista, “ser um corpo negro, feminino automaticamente já te torna um ser político”, pois reflete a persistência de validar e se validada a todo momento. “No contexto do racismo, machismo dessa sociedade, sou um corpo que atravesso isso diariamente, um corpo assim não tem nem opção de não ser político”, afirma.

Micaela acredita que existe uma ilusão sobre o quanto a população preta ressignifica processos de dor associados ao fazer artístico. 

“Como eu traduzo a arte é sobre mim e não é sobre as violências. Eu vivo a violência, sou atropelada por isso a todo momento, então eu não vivo uma ressignificação, eu comunico porque eu vivo, porque eu sou, porque eu não deixo barato, porque eu sou artista, mas sem essa responsabilidade de ressignificar.”

Micaela Cyrino

Micaela aponta que sua arte não é para o outro, mas para si mesma. “A minha produção artística não tem haver com consertar o mundo, tem haver com me consertar, me encontrar. Não existe esse lugar de ressignificar, tem um negócio mais de digerir, traduzir pra mim e me comunicar a partir disso”, compartilha.  

Acesso à informação através da arte

A artista ressalta que a arte segue uma construção social, e que uma série de artistas que já morreram possibilitaram esse diálogo, “e eu acho que a arte tem esse papel de dialogar no indivíduo”, afirma. 

“Não é uma coisa de hoje pensar na epidemia de aids, é pensar 40 anos atrás, e os artistas também viviam com HIV, também morriam em decorrência da aids. Da mesma maneira que o assunto se renova clinicamente, socialmente ele também se renova com a arte”

Micaela Cyrino

Cyrino reforça que socialmente ainda existe um caminho longo para percorrer, pois considera que as informações sobre o tema não são amplamente disseminadas, e ainda existe o fator da sociedade ter um histórico de homofobia.

“Ainda se reproduz os padrões que foram construídos no início da epidemia [de aids], que é sobre culpabilização, discursos que não falam sobre responsabilidade, construção coletiva, entendendo como uma questão social. É colocado como algo que Deus enviou para castigar alguém que merece ser castigado”, pontua.

Além de ser um espaço de encontro consigo mesmo, o trabalho da educadora conversa com um público que ao se identificar com sua abordagem, encontra também um espaço de reflexão.

“A periferia não teria informação se não fosse criada por ela mesma. A gente tem hoje site do governo que tem informação, mas como que acessa isso? Como que chega na quebrada? Como que chega na mãe solo periférica? Como que chega na travesti adolescente? As ongs tomam muito mais conta disso que o governo”, reflete Micaela Cyrino. 

Além de produtora cultural, Cyrino também é educadora do núcleo de arte do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, e também vem atuando em espaços de debate para pautar sua trajetória e soropositividade.

Ela aponta a importância de falar sobre HIV fora do lugar de culpabilização, mas na perspectiva da construção de informação. “Um lugar de entendimento onde a gente possa falar sobre o HIV livremente sem ser atravessada, sem ser prejulgada, ou sem ter que ser a professora do HIV”.

“Falar sobre HIV e falar sobre direito, acesso à saúde integral, sobre prazer, amor, como a gente constrói outras narrativas. E somos nós mesmas pessoas soropositivas que vão estar na base dessa construção”, finaliza a artista.

Mulheres periféricas na literatura é tema da 3ª Festa Literária Noroeste

0

Pela primeira vez sendo realizada de forma presencial nas bibliotecas públicas e em espaços culturais da região noroeste de São Paulo, a edição de 2022 tem início nesta segunda (07), e homenageia a escritora Esmeralda Ribeiro.

Atividade realizada na programação da Flino em 2021.

Coletivos e bibliotecas da região noroeste de São Paulo realizam, de 7 a 13 de novembro, a 3ª edição da FLINO – Festa Literária Noroeste. A edição deste ano busca reconhecer e potencializar o trabalho das mulheres periféricas na literatura, com o tema “Mulheres: palavras periferias”. A homenageada da edição é a escritora Esmeralda Ribeiro, editora dos Cadernos Negros, cofundadora do coletivo de mulheres Flores de Baobá e uma das coordenadoras do Quilombhoje Literatura.

“Vamos refletir sobre as mulheres que constroem as periferias e como seu lugar de protagonismo é potencializado nesse território, repercutindo por meio da palavra, de oralituras e escrevivências, principalmente de mulheres negras, indígenas e periféricas”.

pontuam as organizadoras da FLINO.

A abertura acontece segunda (07), no Fofão Rock Bar, na Parada de Taipas, a partir das 20h, com uma roda de conversa junta da homenageada da Festa, a escritora Esmeralda Ribeiro. A programação multicultural contará com cerca de 40 atrações, incluindo oficinas, rodas de conversa, saraus, contação de histórias, batalha de rimas, espetáculos teatrais e shows musicais.

“Além da promoção do livro e da leitura, o objetivo da festa é fortalecer a cena cultural e literária da região. Além de reforçar a importância dos movimentos negro, indígena, feminino, LGBTQIA+ e PCD, por meio de uma programação que reflita as potências desses grupos, historicamente excluídos da cena literária brasileira”

afirmam os organizadores da festa.

A Flino se inspira em festas literárias que acontecem em outros territórios periféricos, como a Festa Literária do Grajaú, Festa Literária da Penha e a Festa Literária da Zona Sul.

Serviço 

3ª FLINO – Festa Literária Noroeste | “MULHER: palavras periferias” 
Data: de 07/11 a 13/11
Programação e formulário de Inscrições das oficinas: clique aqui
Facebook | Instagram
Contato: festaliterarianoroeste@gmail.com

Confira a programação 

1º DIA | 07/11

19h30 – Intervenção Flores do Baobá | Local: Fofão Rock Bar
20h – ABERTURA: Roda de conversa com a Homenageada da Festa Esmeralda Ribeiro | Local: Fofão Rock Bar
21h – Sarau Segunda Negra | Local: Fofão Rock Bar

2º DIA | 08/11 

 09h – Jogos e Brincadeiras Africanas | Local: CEU Vila Atlântica
10h – Contação de História: A Descoberta de Jurema | Local: Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
10h – Oficina de Macramêxias | Biblioteca Pública Municipal. Brito Broca
14h – Contação de História: A Descoberta de Jurema | Local: Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
14h – Espetáculo Nina e a cidade que perdeu o vento | Local: CEU Pêra Marmelo
14h – Oficina de Escrita Criativa em Cenopoesia / Spoken Word | Local: Biblioteca Pública Municipal. Érico Veríssimo
19h30 – 1ª Roda de Conversa “Palavras Construídas” | Local: IFSP – Pirituba

3º DIA | 09/11 

10h – Contação de Histórias: Encontro às escuras – contos e cantos ancestrais | Local: Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
14h – Contação de Histórias: Meu Quilombo Vivo! | Local: Biblioteca Pública Municipal. Brito Broca
19h30 – 2ª Roda de conversa “Letras Futuras” | Local: CIEJA Perus
20h – Batalha da 16 | Local: Rua 16 – Morro Doce

4º DIA | 10/11 

10h e 14h – Contação de história “O Boldo que Queria ser melancia” | Local: Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
14h – Oficina Mulher Negra em três perspectivas: discutindo as obras de bell hooks, Walter Firmo e Monteiro Lobato | Local: Biblioteca Municipal Brito Broca
20h – Sarau Elo da Corrente | Local: Bar do Santista

5º DIA | 11/11 

10h – Contação de história “Mamãe tem uma Drag Queen contando histórias” | Local: Biblioteca Pública Municipal Brito Broca
10h – Oficina Cola com elas | Local: CEU Vila Atlântica
10h – Oficina Cultura Hip Hop – Resistência e História no Brasil | Local: Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
14h – Contação de história “Mamãe tem uma Drag Queen contando histórias” | Local:Biblioteca Pública Municipal Brito Broca
14h – Performance 7 voltas pra lembrar | Biblioteca Pública Municipal Pe. José de Anchieta
16h – Palestra Mulheres Negras Compartilhando Saberes | Local: Biblioteca Pública Municipal Brito Broca
19h30 – 3ª Roda de conversa “Mulher de Palavra” | Local: Comunidade Cultural Quilombaque
20h – Sarau D’Quilo | Local: Comunidade Cultural Quilombaque
21h – Performance “Não Dorme Maria Acorda!” | Local: Comunidade Cultural Quilombaque

6º DIA | 12/11 

10h – Oficina Poesia na lata | Local: Biblioteca Pública Municipal Brito Broca
10h – Contação de histórias A vida de Esmeralda Ribeiro e a Esmeralda que habita em cada um de nós | Local: Biblioteca Pública Municipal Érico Veríssimo
10h – Oficina Baque das Manas pras Minas, Manas e Monas | Local: Espaço Cultural Morro Doce
14h – Lançamento de Livro Erineide Oliveira e Sonia Bischain | Local: Biblioteca Pública Municipal Brito Broca
14h – Oficina Cadernos para Esmeralda | Local: Espaço Cultural Morro Doce
20h – Sarau da Brasa | Local: Samba do Congo
21h – Luiza Akimoto | Samba do Congo
Noite toda | Feira de Livros | Local: Samba do Congo

7º DIA | 13/11 

Dia todo | Feira de Livros | Local: Ocupação Artística Canhoba
15h – Lançamento do Livro “Dramaturgias I” – Grupo Pandora de Teatro
16h – Teatro e Dança em A Dita Consequência a Duras Penas de Ontem e Hoje | Local: Ocupação Artística Canhoba
17h – Lançamento do Livro “Vão” de Jessica Moreira | Local: Ocupação Artística Canhoba
18h – Show Ladies Sing The Blues | Local: Ocupação Artística Canhoba
20h – Show Indaíz | Local: Ocupação Artística Canhoba

Conheça iniciativas da quebrada que atuam com o bem estar e cuidado feminino

0

Do yoga à autonomia financeira, confira seis iniciativas periféricas que atendem mulheres, principalmente em situação de vulnerabilidade social, em diferentes regiões de São Paulo. 

Encontro de mulheres promovido pela iniciativa Ilera. Foto: Sheyla Melo

Quando se trata de autocuidado,  a quebrada reinventa espaços e iniciativas que buscam atuar com o bem estar e a saúde dos moradores das periferias. Selecionamos seis iniciativas periféricas que atendem mulheres, principalmente em situação de vulnerabilidade social, em diferentes regiões de São Paulo.

“Estar no projeto, não só como paciente, é muito interessante porque não era isso que a gente entendia como psicologia, como o atendimento a população negra, A gente achava que era algo distante e hoje fazemos terapia em grupo, ao lado de mulheres incríveis”

 Ana Sanches, colaboradora da Casa de Marias, zona leste.

 As atividades fornecidas envolvem desde atendimento com profissionais de psicologia, nutricionistas, yoga, roda de escuta e acolhimento, curso de línguas e até aulas de barco a vela. Os encontros listados podem ser online, presencial ou híbrido. Confira:

Roda de Afeto e Rede de Proteção

O projeto é uma iniciativa do movimento das mulheres ativistas da Rede do Fundão do Grajaú, que existe desde 2018, e oferece atividades de autocuidado, além de cursos de espanhol e aulas de barco a vela. A iniciativa surgiu a partir de necessidades identificadas através do trabalho de agentes de saúde. Os encontros acontecem todas as quintas-feiras, às 8h, em formato online, com encontros presenciais periódicos.

Formato: híbrido
Encontros: Link do zoom
Redes sociais: Lais Guimarães e Roda de Afeto e Rede de Proteção

Ciranda de Mulheres – Biblioteca Djeanne Firmino 

A Biblioteca Djeanne Firmino, que está localizada no Jardim Olinda, bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, oferece encontros semanais do Ciranda de Mulheres, com atividades de yoga, conversas e roda de autocuidado.

Formato: online
Encontros: Google Meet
Para saber mais: Biblioteca Djeanne Firmino

Amor e Cura – Instituto Favela da Paz

A iniciativa existe há cerca de cinco anos, mas os encontros acontecem há dois. As atividades são terapia em grupo, vivências com mulheres, além de retiro do Sagrado Feminino, com a proposta de criar espaços de autoconhecimento feminino, identidade e reconexão.

Formato: híbrido
Para participar:  WhatsApp
Para saber mais: Instagram 

Cooperativa Libertas

A Cooperativa Libertas trabalha com desenvolvimento social, visando a autonomia financeira de mulheres que passaram pelo sistema prisional. Nesse espaço as mulheres aprendem a desenvolver produtos e artes têxteis.

Para saber mais: site e Instagram

Manifesto Crespo

É uma iniciativa de arte-educação formada por mulheres negras que dialogam sobre identidades, gênero e práticas antirracistas. Entre as diversas ações do grupo, o Ateliê Casa Crespa, é um espaço dedicado ao cuidado holístico e espiritual através de práticas ancestrais como benzimento, utilização de ervas, rituais de acolhimento e cura. Além disso, a iniciativa atua com atividades de estamparia, trancistas, entre outros.

Formato: híbrido.
Local: Jabaquara, zona sul, SP.
Para saber mais: Site e Instagram

Ilera 

A Ilera é uma iniciativa voltada para o uso dos saberes de raízes negras e indígenas, com intuito de reforçar e atuar na promoção da saúde. O objetivo é mostrar que é possível cuidar da saúde como nossas mães, avós, ancestrais e mestras cuidavam. A partir da união de mulheres que atuam através de seus saberes com ervas, ensinam a fazer pomadas, lambedores, sabonetes, escalda pés, entre outras formas de autocuidado.

Local: Parque Guaianazes, zona leste, SP.
Para saber mais: Instagram

“Portando os docs”: projeto fortalece articuladores periféricos com apoio de políticas públicas

0

Criado pela produtora Wiki Cultural, o projeto busca compartilhar ferramentas para que artistas e agentes culturais possam aprimorar seus trabalhos e acessar políticas públicas.

Oficina Criação Audiovisual Pela Lente da Favela, com Rafaela Araujo e  Julia Araújo (Foto: Gael DK)

Portando os Docs, é um projeto da produtora cultural Wiki Cultural, criada por Natália Freires, Rafaela Leão e Rafaela Alves. A produtora nasceu e foi colocada no mundo por meio da política pública Jovem Monitor Cultural, e teve continuidade nos projetos através do Programa Criatividades, gerido pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Tendo como principal público artistas e agentes culturais das periferias, o projeto realiza encontros formativos com foco em produção, administração e demandas burocráticas, pontos fundamentais nas contratações de agentes culturais, principalmente através de editais. A Casa de Cultura São Rafael, localizada na região leste de São Paulo, é o espaço que abriga os encontros do projeto.

“Fizemos a primeira semana do Democratizando a Cultura para tratar de produção artística. Teve encontro para falar sobre identidade visual, documentação de pessoa jurídica e física. Isso tudo no meio da pandemia, pessoas pedindo documentação no zap, material de apoio, e foi aí que entendemos a grandiosidade do que estávamos fazendo”, conta Natália, e complementa contando que no meio desse processo foi aprovada no Programa Criatividades para continuidade do projeto.

“O Portando os Docs também vem em um lugar de trabalhar a autoestima, de conseguir ver outra pessoa que veio do mesmo lugar que você, da periferia, conseguindo se sustentar da arte. O segundo [ponto] é mostrar caminhos para isso de uma forma até prática mesmo”

Natália Freires

Encontro produção teatral por trás das cortinas (Foto: Vitorr Barbosa)
Encontro audiovisual pela lente da favela (Foto: Gael DK)
Feira de livros e Slam da Ponta (Foto: Naomi Brian)
Encontro a encruzilhada do circo de rua (Foto: Naomi Brian)
Encontro produção na dança
Encontro a escrita como profissão (Foto: Naomi Brian)

A produtora e articuladora cultural, Natália Freires, uma das criadoras da produtora Wiki Cultural, explica que o nome da produtora é em referência ao Wikipedia, como uma possibilidade de um registro digital dos fazeres periféricos. Ela conta que além do Portando os Docs, já realizaram outros projetos também com foco em documentação e demandas jurídicas dos artistas da quebrada.

“O nome [do Portando os Docs] vem desse lugar dos malotes, porque primeiro para portar o dinheiro, precisamos portar a informação, a documentação para ele chegar. Vem nesse espaço de ‘vamos conseguir o dinheiro'”, conta Freires. Ela afirma que mesmo tendo sido idealizado por ela, a realização é feita com muitas outras mãos, além da articulação com os jovens do Programa Criatividades. 

Território: aprendizado e movimento

Natália relata que percebe uma mudança no público desde a primeira atividade. “No primeiro, a maioria que veio não era exatamente do território de São Rafael, e no último a maior parte era da região. Esse pertencimento tem crescido, e elas têm se apropriado mais dessa temática”, aponta. 

“Cada encontro é muito diferente um do outro, até pela temática. O público que aparece é muito diferente, do teatro eram pessoas que conversavam sobre si. Foi incrível ver que todo mundo colocou a própria vivência e saiu sabendo como escrever um projeto para Secretaria Municipal de Cultura”

Natália Freires

A produtora cultural ressalta a importância de políticas públicas para apoiar esse conhecimento e arte produzida por quem vive nos territórios. “O tempo todo eu pauto a importância de ser remunerado pelo nosso trabalho, então o programa Jovem Monitor Cultural e Criatividades vem nesse lugar”, afirma.

Natália reforça também a necessidade de potencializar a quebrada para produzir. “Ninguém melhor do que a gente que vive no nosso território, vivendo nossas ausências e potencialidades, conhece nossas ruas para falar sobre elas, para tentar suprir e modificar as estruturas”.

A produtora coloca que os programas têm impactos que vão além do mensurável, reforçando a busca pela continuidade dos apoios para atender mais jovens e moradores das quebradas.

“O meu projeto foi 1 de 98 que estão acontecendo. Existem outros 97 projetos que mudaram e impactaram seus territórios. 98 jovens que tiveram a oportunidade de se aprofundar em produção cultural e não passar por uma situação de desamparo financeiro”, aponta. 

Autoafirmação 

Oficina Portando os Docs – Foto: Gael DK

“A cultura, a arte, é uma promoção de cidadania, dignidade, educação, então levantar esses artistas para enfrentar a trajetória artística é potente, ainda mais porque consumir arte é muito bom, mas consumir arte de alguém que é semelhante a você é uma outra coisa”

Leandro Reinaldo

Leandro Reinaldo, 19 anos, é integrante do grupo de teatro Ponto de Ser e morador do Parque São Rafael, nas redondezas da Casa de Cultura. O artista esteve presente em quase todas as formações do projeto. “Como artista independente e de periferia, é muito difícil a gente ter acesso a pessoas que ensinam, que estão dispostas a te incluir nesse meio, traçar essas rotas para além de ter uma referência de alguém de quebrada que conseguiu chegar em tal lugar e monetizar aquilo que ela faz”, compartilha.

Era possibilidade distante de Leandro se enxergar ganhando dinheiro no seu trabalho artístico. “Impactou no sentido de ver aquilo como possível, de ver que eu estou próximo de conseguir monetização com meu trabalho, de me ajudar a encontrar essas rotas, que editais existem, que documentos são importantes ter, que não necessariamente eu preciso ter uma faculdade para ser valorizado”, pontua o artista. 

“Quando você é de periferia tem muitos dialetos e formas que não são próximas, e ao mesmo tempo que se usa um dialeto simples nas formações, também oferece as armas da oralitura, para que você converse com os editais e contratantes”

A produtora cultural Natalia Freires aponta que o projeto também dialoga muito sobre a autoestima, tanto em se enxergar como artista, quanto em ser contratado para falar sobre um corre artístico.

“Algumas pessoas que eu contratei, quando liguei e falei ‘oi, tenho um projeto, estou com a tal ideia, você quer dar uma palestra?’, a pessoa leva um choque”, relata Natália sobre fortalecer a visão do artista da quebrada também o remunerando para falar sobre sua vivência e trajetória.

Algo muito parecido aconteceu com Leandro, enquanto artista que estava participando das formações. “Foi a primeira vez que alguém do meu território me enxergou como artistas também e está disposto a sentar comigo e trocar sobre caminhos e vivências. Consegui falar e me ver como artista de verdade”, afirma Leandro.

A produtora aponta que o projeto continua sendo realizado na Casa de Cultural São Rafael e que segue estudando formas de chegar em outros espaços. “Esse trabalho de não produzir pra favela, mas chamar a favela para produzir, é um movimento que dá certo”, finaliza Natália.