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Coalizão de Mídias visita Palestina para compreender a realidade do apartheid

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No início de julho, o Desenrola e Não Me Enrola representou a Coalizão de Mídias Periféricas, Faveladas, Quilombolas e Indígenas em uma significativa visita à Palestina. Além da Coalizão de Mídias, outras representações dos movimentos favelados, periféricos, negros e indígenas do Brasil, Colômbia e Equador, também somaram forças a delegação que acompanhou de perto a realidade do apartheid, colonialismo e ocupação militar israelense. 

Entre os demais movimentos representados na delegação, estão o Movimento Negro Unificado (MNU), Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Articulação Internacional Julho Negro do Rio de Janeiro e Frente de Evangélicos pelo Estado de Direitos, bem como a Confederação de Povos da Nacionalidad Kichwa no Equador (ECUARUNARI) e o Processo de Comunidades Negras (PCN) na Colômbia.

Para Gizele Martins, jornalista, comunicadora e representante do Julho Negro, a visita é de extremamente importante para compreender de forma profunda como as violências enfrentadas pelo povo palestino têm reflexos na América Latina.

Passamos uma semana a visitar muitos lugares e testemunhamos como o povo Palestino resiste há décadas à militarização, ao racismo e ao apartheid perpetrados pelo Estado de Israel. Ouvir os depoimentos e ver com nossos próprios olhos os massacres que o povo Palestino sofre, é entender que eles são um grande laboratório de uma política que impacta também a vida das pessoas negras, pobres, indígenas, quilombolas, faveladas e periféricas em toda a América Latina e no mundo.

Gizele Martins, jornalista
Visita da delegação no campo de refugiados de Aida. Data da foto: 02/07/2023. Foto: Thais Siqueira

Cristiana dos Santos Luiz, representante do Movimento Negro Unificado, também esteve presente nessa importante visita e chama a atenção dos movimentos ao redor do mundo para a causa palestina.

Os direitos humanos da população palestina seguem sendo violados pelo Estado israelense. O mundo está fechando os olhos, precisamos da comunidade internacional e dos movimentos ao redor do mundo pautando a luta palestina. Nosso objetivo foi trocar experiências e transformar esses encontros em solidariedade concreta com o povo palestino e construir laços duradouros entre o povo palestino e nossas lutas locais.

Cristiana Dos Santos Luiz, representante do Movimento Negro Unificado (MNU)

Já Fernando Cabascango, representante da Confederação de Povos da Nacionalidad Kichwa no Equador (ECUARUNARI), menciona sobre as medidas necessárias para alcançar soluções efetivas.

Demandamos a nossos governos que tomem ação concreta para responsabilizar ao regime de apartheid de Israel, começando com um embargo militar imediato. Pedimos que apoiem ativamente o chamado palestino para que as Nações Unidas reconheçam que Israel comete o crime contra a humanidade de apartheid e que reativem o Comitê Especial da ONU contra o Apartheid.

Fernando Cabascango, Confederação de Povos da Nacionalidade Kichwa
Visita da delegação no campo de refugiados de Aida. Data da foto: 02/07/2023. Foto: Thais Siqueira

Depois das delegações do México e dos movimentos negros, indígenas e latines nos EUA, esta é a terceira delegação ‘Mundo sem Muros’, convidada pela Campanha Popular Palestina contra o Muro do Apartheid (Stop the Wall). A iniciativa Mundo sem Muros surge não apenas de um reconhecimento do que “muros” físicos e imateriais de injustiça estão crescendo rapidamente em todo o mundo, mas cria espaços onde levantar nossos olhares além das crises cada vez piores que os povos em todo o mundo estão enfrentando.

O regime de apartheid de Israel, a conquista de nossa terra e a limpeza étnica do povo indígena palestino é uma prática enraizada no colonialismo europeu. Sentimos, portanto, um profundo vínculo com a luta dos povos negros e indígenas contra o racismo estrutural, o roubo de terras e o genocídio hoje na América Latina.

Jamal Juma, coordenador da Campanha Stop the Wall

A delegação também vai focar no apoio concreto que o apartheid israelense dá à repressão e expropriação de negros, indígenas e favelados, seja por meio da tecnologia militar e de vigilância que exporta para a América Latina ou por meio da tecnologia do agronegócio, que apóia a privatização e o roubo de recursos naturais.

Estamos honrados em receber esta delegação e somos confiantes de que esta união não apenas apoiará nossa luta contra o apartheid israelense, mas também fortalecerá nossa luta coletiva por justiça, liberdade e igualdade.

Jamal Juma, coordenador da Campanha Stop the Wall

“Não tem incentivo nenhum”, diz artista independente, sobre o acesso às políticas públicas de cultura em Embu das Artes

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Quando o debate sobre fomento artístico e cultural na cidade de Embu das Artes chega ao conhecimento do cineasta e fotógrafo Marlon Andrade, 30, morador do Jardim Santo Eduardo, ele faz questão de enfatizar que o município não implementa políticas públicas de apoio a coletivos culturais.

“Não tem incentivo nenhum. Uma batalha [de rima] pra gente fazer tinha que correr atrás de caixa. O sarau a gente fazia do jeito que dava. Nunca tem nada para o hip-hop, nem para o movimento negro, é muito difícil”, afirma.

Marlon Andrade é cineasta e morador do bairro Jardim Santo Eduardo, em Embu das Artes.  (foto: Viviane Lima)

Marlon explica que as informações e as articulações referentes às políticas públicas, voltadas para os artistas independentes, não chegam até a periferia. “Por exemplo, a Lei Aldir Blanc, a gente não teve conhecimento. Principalmente [sobre] quando abriu e quando fechou os editais”, pontua.

Sancionada em junho de 2020 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Lei Aldir Blanc é fruto de um intenso processo de articulação política e cobrança de artistas, grupos culturais, coletivos e ativistas, para o governo apoiar de alguma forma o setor da economia da cultura, impactada fortemente pela pandemia de Covid-19.

A Lei Aldir Blanc liberou três bilhões para estados, municípios e o Distrito Federal, investir em programas de apoio emergencial aos profissionais da cultura impactados pelo isolamento social e o encerramento de atividades culturais, responsáveis pela geração de renda de coletivos, artistas independentes, grupos culturais e espaços culturais independentes.

Viviane Neres, 45, é moradora da periferia de Embu das Artes, do Jardim Flórida. Ela é multiartista, atuante há 31 anos na região e reafirma a falta de fomento direcionado aos artistas locais.

Viviane Neres é multiartista e moradora da periferia de Embu das Artes. (foto: Viviane Lima)

“A gente está com uma luta de aumento do recurso na cultura para que a gente possa ter editais permanentes de cultura no município. Eu não posso formar um aluno de teatro e falar pra ele, ‘vai viver de teatro aqui em Embu das Artes’. Como? Não tem um edital pra ele mandar e captar o recurso e viver da sua arte.”

Viviane Neres é arte educadora e faz parte do Conselho de Políticas Públicas de Cultura.

A multiartista menciona que os investimentos públicos culturais que há na cidade são a Lei Ordinária 2991 de 2017 Embu das Artes – SP, do Núcleo de Cultura, que se refere à contratação de monitores para as oficinas dos centros culturais da cidade. E “a única política pública que tem da cidade é um orçamento na cultura, de um valor que só dá para pagar as estruturas [dos centros culturais]”, relata Viviane.

Centro Cultural Jardim Santo Eduardo e Região. (foto: Viviane Lima)

A Secretaria de Cultura e a Secretaria de Tecnologia e Comunicação de Embu das Artes foram procuradas para responder questões referentes à distribuição de verba pública para políticas públicas de cultura da cidade, mas até a data desta publicação, não atenderam às solicitações da nossa reportagem.

Relação periferia x centro

Viviane, junto com Marcel, Rafael e Mathaus, é uma das fundadoras do Movimento M’boi, criado em 2021, com o objetivo de desenvolver ações que ocupem os espaços públicos da cidade. Outro objetivo do grupo é promover articulações com iniciativas artísticas da região, para desenvolver projetos e reivindicar políticas públicas culturais. Entre essas articulações estão sendo construídas relações entre artistas da periferia e do centro.

O Movimento M’boi ocupando o Largo 21 de abril, no centro de Embu das Artes. (foto: Viviane Lima)

“A [lei] Paulo Gustavo, agora que vai vir, né? A gente fez algumas comitivas, a periferia estava em peso, então está tendo essa quebra do centro com a periferia. Por mais que a gente não tenha uma conexão muito grande, até por conta do ônibus”, conta.

O cineasta pontua que a aproximação da periferia com o centro é uma articulação necessária para obter informação e viabilizar a possibilidade de acesso aos recursos públicos.

A Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) vai destinar R$ 2,797 bilhões  para o audiovisual, do valor total de R$ 3,8 bilhões que serão distribuídos para investimentos em cultura, aos estados, municípios e ao Distrito Federal.

“Não é à toa que a gente chama Embu das Artes e as pessoas precisam entender que a gente não é a feirinha, a gente é a arte em pessoa, em cada canto da cidade. E a partir disso, vamos lutar por políticas públicas de cultura pra valorizar nossos artistas.

Viviane Neres é arte educadora, atriz, dançarina e expositora da feira.

Embu das Artes é uma cidade metropolitana localizada a aproximadamente 30 km de São Paulo. A cidade é conhecida pela tradicional feira de artesanato que existe desde a década de 60.

Atuação de mulheres negras na pauta socioambiental #13

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Não é de hoje que mulheres negras, indígenas, quilombolas e ribeirinhas agem nas demandas socioambientais. Mulheres que atuam através de saberes e conhecimentos ancestrais, muito antes de termos embranquecidos.

Foi para falar sobre essa movimentação de mulheres negras nas pautas socioambientais que conversamos com a Elenita Rodrigues, catadora e cofundadora da Cooperativa Vera Cruz, e com a Ana Sanches, pesquisadora socioambiental com recorte para raça.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google Podcasts, Spotify e Youtube.

Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Produção audiovisual – Pedro Oliveira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres atuam dentro e fora de campo no futebol feminino na quebrada

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Técnica, jogadora e pesquisadora atuam a partir do futebol de várzea femino nas periferias e ressaltam a importância desse esporte para além das quatro linhas do campo.

“A gente sabe que o esporte transforma e cura muitas coisas”. Esse é um dos motivos que fazem com que a técnica Cecília Bringel, atue com o futebol. Técnica do projeto FutVida e jogadora do time Chelsea Feminino, Cecília acredita na importância do futebol feminino de várzea para além dos jogos, por ser um espaço de socialização, acolhimento e humanização do esporte e de quem o pratica.

Cecília é mãe, educadora social e moradora do bairro Nova América, em Parelheiros, zona sul de São Paulo, território onde fundou, em 2022, o time de futebol Chelsea Feminino. Na região, ela também atua como diretora e treinadora do projeto FutVida.

“Eu entendo que o futebol me tirou da depressão. E no rachão eu já ouvi meninas falar, ‘eu não sei jogar bola, não sei nem chutar’, mas só do tempo que elas estão com a gente jogando, dando risada, correndo um pouco, elas já falaram, ‘isso aqui tá me fazendo tão bem’. A gente sabe que o esporte transforma e cura muitas coisas.”

Cecília Bringel técnica do projeto FutVida, fundadora e jogadora do time Chelsea Feminino.
Cecília Bringel com os filhos Isaac, 6, e Ana Clara, 10. (Foto: arquivo pessoal)

A técnica aponta que o futebol feminino de várzea opera para além do campo de futebol, com reflexos que são notados ao longo do tempo. Ela conta que, assim como muitas meninas, sua ligação com o futebol aconteceu jogando bola com meninos.

“Desde quando era criança eu já jogava bola na rua com os moleques. Eu sempre joguei com os meninos. A maioria das meninas começam assim. A minha filha acabou de chegar e foi jogar bola com os meninos, [por exemplo]”, conta Cecília Bringel.

Jogadoras do Chelsea Feminino em momento de descontração (Foto: arquivo pessoal)

Atualmente, ela divide as responsabilidades do time Chelsea Feminino com o companheiro, Ricardo, e os jogos do time acontecem toda sexta à noite. 

“Tinham muitas meninas que jogavam bola antigamente e pararam por causa da correria do dia a dia de nós, mulheres, trabalhar, cuidar de filho, de casa, essas coisas”, conta Cecília sobre como surgiu a ideia de criar o time, que hoje é formado por 28 mulheres.

Cecília também é diretora e técnica do projeto FutVida, iniciativa criada em 2019, pela Maria Amorim, também moradora de Parelheiros e uma das lideranças socioculturais do território.

Maria Amorim é fundadora e jogadora do time Apache Feminino. (Foto: arquivo pessoal)

Educadora social e pedagoga, Maria, junto com o seu companheiro, o Beto, fundou o time Apache Feminino e a Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros.

Nascida no Ceará, Maria sempre jogou futebol, desde a infância. Ao se mudar para São Paulo, com 8 anos, passou a ter maior contato com o esporte dentro da escola. “Não por vontade dos professores, mas por insistência minha, porque eu lembro de diversas vezes em que o professor me colocava para sentar ou me dava outra opção esportiva enquanto os meninos jogavam futebol”, compartilha Maria.

Maria sempre gostou de futebol e hoje entende que pode trabalhar de diversas formas a partir do esporte. Ela aponta que a importância e resistência da presença de mulheres no futebol vai além de estar em campo jogando.

“Na várzea eu posso jogar, eu posso gerir um time, ser técnica, ser responsável de um campo. Posso vender meu churrasquinho para tirar a minha renda. Posso estar inserida ali independente dos olhares, das críticas e do preconceito. Eu consigo e eu posso ocupar esse lugar de alguma forma”

Maria Amorim é técnica e diretora do time masculino Onze Veteranos, criadora do time Apache Feminino e da Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros.
Equipe do Apache Feminino. (Foto: arquivo pessoal)

Além de criadora do time Apache Feminino e da Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros, a profissional também é técnica e diretora do time masculino Onze Veteranos.

Além das quatro linhas

Os desdobramentos do futebol de várzea feminino vão além do jogo. Alguns times, por exemplo, organizam rodas de conversas para auxiliar na saúde física e mental de mulheres. Por vezes, competir e vencer não é o mais importante na várzea feminina. 

Crianças do projeto FutVida. (foto: arquivo pessoal)

Juntas, Cecília e Maria tocam o projeto FutVida que busca inserir crianças no esporte. “Hoje, a gente atende mais de 100 crianças em duas comunidades aqui no Jd. São Norberto e Nova América”, conta Maria. A iniciativa é gratuita e atende crianças de 6 a 15 anos.

Atualmente, 15 dessas crianças são meninas, sendo que as entrevistadas apontaram vários motivos para a baixa participação de meninas, como a falta de apoio ou a proibição dos pais, por vezes essas meninas são responsabilizadas pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos irmãos desde cedo.

Todas as jogadoras que participaram da 3ª edição do “Maior Festival Feminino de Várzea do Mundo” receberam medalhas.

Outra iniciativa que também tem uma mulher à frente, é a Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros, criada pela Maria e o Beto, seu companheiro, que reúne mais de 100 equipes. “A Liga surge para entender onde estão essas equipes, como a gente faz para se unir, para se organizar e competir também”, conta Maria sobre a criação da Liga em 2016.

A partir da atuação da Liga, em 2022, junto com a historiadora Aira Bonfim, em um projeto de extensão da universidade PUC, várias equipes femininas de futebol de várzea foram mapeadas. “O mapeamento surge a partir da pergunta que muitas pessoas faziam, ‘mas tem futebol feminino?’. Foi a partir dessa pergunta também que eu decidi fazer o festival”, coloca Maria.

“A gente quer ver meninas de 13 anos jogando, mas a gente quer ver mulheres de 50 anos jogando também. Então, a liga surge para essa organização do futebol de várzea”, afirma.

Confira o mapeamento produzido pela Aira Bonfim e a Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros.

A 3ª edição do festival foi realizada em julho de 2023, no Parque Sete Campos, em São Paulo. O evento foi totalmente gratuito, reuniu 80 times de futebol feminino e mais de 1.000 jogadoras.

Apoio e articulação

A historiadora Aira Bonfim, lembra que, no Brasil, o futebol feminino foi proibido por lei durante quase 40 anos, entre 1941 até 1979. “O futebol ajuda a entender muitas realidades desse período. As mulheres já estavam fazendo as mesmas coisas que a gente faz hoje, de tensionar essas questões na sociedade”, coloca a historiadora.

Aira ressalta a necessidade de olhar essa atuação para além do ato de jogar. “É importante essas meninas terem sim o sonho de se tornarem profissionais, mas por vezes, o sonho é apenas jogar futebol, que nem isso às vezes é acessível”, coloca.

Mesmo com as diversas ações realizadas dentro e fora de campo, Maria aponta a falta de investimento ainda como uma das dificuldades na prática do futebol feminino, seja ele na várzea ou profissional. Ela também ressalta que os comércios locais que apoiam financeiramente os times de várzea masculino, não dão valor quando se trata do futebol feminino.

“Ninguém quer investir e a gente está falando de política pública também, porque hoje o futebol masculino tem investimento de políticas públicas e a várzea feminina não tem”, reforça Maria.

Batalha injusta

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Em meio há tantas realidades diferentes da nossa, é preciso que enxerguemos para além daquilo que vivemos. 

Em uma das minhas vivências por aí, em uma comunidade próxima a minha quebrada, vi com meus olhos a quantidade de pessoas que passam necessidades, sem ter ao menos o básico para sobreviver. 

São moradias em meio a mata, árvores, esgoto correndo a céu aberto na porta de casa. Realidade de muitas pessoas hoje. Iluminação precária, coleta de lixo ali não passa. 

Triste em pensar como pode tantas pessoas ricas, milionárias e bilionários ter tanto dinheiro a ponto de não saberem com o que gastar e gastar com futilidade, enquanto outros de nós vivem sem aquilo que seria o básico e nosso por direito: comida, casa, saneamento básico, emprego digno e justamente remunerado. 

Conhecer essas outras realidades de perto me faz pensar e repensar em muitas coisas, da mesma forma que só reafirma o quanto esse mundo é injusto.

Uma batalha injusta onde muitos já começam mil vezes à frente. 

Onde aqueles que se aproveitam de pessoas estão de boa com seus luxos, enquanto em tantas comunidades é uma peleja para tentar sobreviver. 

Maldito sistema que ferra nosso povo enquanto esses charlatões ficam cada vez mais ricos a custas do nosso suor. 

Será que um dia veremos o básico sendo suprido em nossas comunidades sem tanto sofrimento? 

Fica aqui um questionamento de difícil resposta.

Slam do 13 celebra 10 anos de batalhas em julho

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Com uma programação gratuita e voltada à literatura marginal periférica, a batalha de poesias completa 10 anos em 2023.

Para celebrar os 10 anos de atuação, o Slam do 13, batalha de poesias autorais que acontece no Terminal Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, realiza no dia 31 de julho, a edição de aniversário. Para celebrar a data, o grupo está produzindo uma música e um clipoético com a participação de todos os integrantes da iniciativa, além de uma coleção de bonés, camisetas e adesivos que serão lançados no evento. 

Conduzido pelos poetas e produtores culturais Caio Feitoza, Maite Costa, Jéssica Campos, Santos Drummond e Thiago Peixoto, a iniciativa ocupa o Terminal Santo Amaro desde 2013 para realização de duas batalhas: o 13inho – com poemas autorais de até 13 segundo, e o 13ÃO – com poemas autorais de até 3 minutos. Com lançamentos de livros, shows, exposições e diversas manifestações culturais, o grupo ocupa um dos principais terminais urbanos da região.

“Há 10 anos, quando decidimos montar o [Slam do] 13, nossa missão era difundir esse movimento [do slam] que, até então, contava com apenas três comunidades, todas em São Paulo, mas nenhuma na zona sul.”

Thiago Peixoto, poeta e cofundador do Slam do 13.

Os slams, competições de poesias faladas, se espalharam pelas periferias e grande parte dos grupos realizam suas edições ocupando espaços públicos da cidade. Além das batalhas, que acontecem quinzenalmente, o Slam do 13 também realiza oficinas, palestras e apresentações em escolas, ONGs, empresas, equipamentos de cultura públicos e privados. 

Thiago Peixoto também aponta que, mesmo com mais de 200 slams ativos em todo o Brasil, o reconhecimento do fazer artístico como um trabalho ainda segue distante. “Falta remuneração digna. Ainda que realizemos eventos diversos, publiquemos livros relevantes, os poetas seguem como sempre na corda bamba, entre o sonho e o pesadelo”, aponta.

Políticas públicas

Em 2021, o coletivo desenvolveu o projeto Slam do 13 Emergencial, contemplado pelo Fomento à Cultura da Periferia, edital da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com o qual, em meio à pandemia, manteve uma programação online que movimentou a cena literária durante um período difícil para o segmento da cultura, em especial, da literatura periférica. 

“[Fazíamos] batalha, oficina, bate-papo, tudo online, nossas atividades foram um respiro pra nossa comunidade de poetas, financeira e psicologicamente falando”, recorda a poeta e produtora Maite Costa, integrante da iniciativa.

O apoio também viabilizou, em 2022, a publicação do livro “A poesia é quem vence”, pela editora Baderna. Uma antologia com 56 poetas que fazem parte da história do Slam do 13, e também a produção do álbum fonográfico “13 na Voz, vol.1”, disponível nas plataformas digitais.

Serviço

Aniversário Slam do 13

Data: 31/07/2023, a partir as 19h

Local: Plataforma do Terminal Santo Amaro

Endereço: Avenida Padre José Maria, 400, Santo Amaro – SP.

“A gente vive hostilizado”: violência policial impede morador da periferia de acreditar na descriminalização da maconha

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O debate sobre a descriminalização do porte de maconha para consumo próprio marcou o mês de junho de 2023, após a presidente do (STF) Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, incluir este assunto na pauta de discussões. Em 2 de agosto, a pauta que impacta diretamente a vida da população negra e periférica será retomada novamente pelos ministros do supremo.

Em sinergia com esse debate, a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, lançou a pesquisaIniciativa Negra por Direitos, Reparação e Justiça.O estudo apresenta um panorama das possíveis medidas de reparação e justiça do país, além de análises sobre como a atual política de drogas contribui para um cenário de injustiças criminais e de aprisionamento em massa da população negra e periférica, resultando em violações de direitos sociais.

O Desenrola conversou com Juliana Borges, coordenadora de articulação política da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, para ela explicar alguns pontos importantes sobre a pesquisa, o julgamento da descriminalização do porte de maconha para consumo próprio no STF e contextualizar quais são os impactos da atual Política de Drogas na população negra e periférica.

“O julgamento pode ser um fôlego para outros avanços sociais necessários em torno do debate sobre a atual política de drogas”

Juliana Borges é pesquisadora sobre política criminal e relações raciais
Juliana Borges é coordenadora de articulação política da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas. (Foto: Divulgação)

Para Juliana, que é escritora, antropóloga e pesquisadora sobre política criminal e relações raciais na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas também “poderá ser sentido a partir de uma mudança no fluxo [quantidade] e procedimentos para a abordagem policial para população negra e periférica.”

Por exemplo, se algum jovem negro levar um enquadro e possuir uma pequena quantidade de maconha, isto não será motivo para ser detido ou até mesmo sofrer violências.

Política de Drogas

O STF (Supremo Tribunal Federal) retomou o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas, um assunto que estava parado desde 2015. A Lei de Drogas, especificamente o artigo 28, retirou a pena de prisão para quem tivesse com drogas.

Quando abordado, a quantidade de droga definiria se a pessoa é usuária ou traficante. Porém o texto deixou uma questão aberta: qual a quantidade de drogas diferencia um usuário do traficante? 

Neste caso, segundo a articuladora política da Iniciativa Negra, quem bate o martelo é o juiz que avalia cada caso individualmente. A palavra do policial é significativa nesta questão. Sem critérios claros, a subjetividade do julgamento pode passar por vieses preconceituosos. Um deles é a criminalização da maconha e da população negra e periférica.         

Juliana aponta que a atual política de drogas causa danos físicos, emocionais e psicológicos. Uma demonstração deste impacto é o encarceramento em massa da população negra e abordagens policiais violentas.

“Nosso principal intuito é que os resultados obtidos sejam úteis para embasar políticas públicas que construam medidas frente às injustiças criminais que atingem cotidianamente a população negra e periférica brasileira”

Juliana Borges constrói diálogos com o governo federal para debater sobre a atual política de drogas

Historicamente a maconha, em variados tipos de consumo, integra à cultura negra. Cultura essa trazida com os negros escravizados. O consumo, segundo o livro “Fumo Negro”, foi criminalizado para fins de controle social no início do século 20.

Diante disso, por exemplo, negros são mais presos do que brancos. O Anuário de Segurança Pública afirma que 67% da população masculina presa é negra. A questão também afeta mulheres negras e pessoas da comunidade LGBTQIA+.

A criminalização na pele

“Estava saindo do trampo, bem vestido, não estava tão maloqueiro, estava suave. Parei para dar uns tragos [fumar maconha] num escadão ali no Vale do Anhangabaú. Quando estava guardando o baseado veio um policial à paisana, já achei bem estranho”, relata *Beto Silva, 28, morador do Itaim Paulista, distrito da zona leste de São Paulo.

É com este depoimento que ele relembra uma abordagem policial violenta que passou em 2015, no centro de São Paulo. Na época, ele trabalhava em um dos vários prédios comerciais de empresas de telemarketing da região.

A abordagem realizada por um policial à paisana foi um fato que chamou a atenção do operador de telemarketing. “Nessas eu acabei retrucando o policial. Como vou respeitar alguém à paisana? Daí já fui agredido e levado para delegacia. Os caras passaram por cima de qualquer procedimento ou protocolo”, conta.

“Ouvi dentro da viatura que eles precisavam levar eu e outros manos pra conseguir folga”

Beto Silva, orador do Itaim Paulista, distrito da zona leste de São Paulo

“Depois dessa fita passei a sentir muito ódio de farda, pode até ser guardinha do metrô. Acho que tive algum efeito psicológico a partir disso, às vezes vejo uma viatura e já fico meio pá [receoso]. Minha vestimenta, minha cor, e estando com maconha, já imagino um enquadro sendo hostilizado”, analisa Beto, apontando como o seu imaginário sobre abordagens policiais passou a ser tomado pelo medo e insegurança.

Mesmo diante desta experiência, a maconha para Beto tem uma relação espiritual e consegue livrá-lo da histeria social, na qual, ele acredita ser alvo constante. “Quando não fumo me sinto só mais um. Querendo brigar por coisas banais, vivendo no automático, tá ligado? Acredito que para a sociedade é algo ruim [fumar maconha], muitas pessoas aprendem no berço que isso é algo ruim, que é uma droga, mas pra mim é diferente”, explica.

Beto acredita que se pudesse fumar maconha sem ser criminalizado seria melhor, ele ficaria mais confortável em alguns ambientes urbanos. Porém a descriminalização mudaria pouca coisa. “Infelizmente a gente vive tão hostilizado, irmão, que fumando criminalizado ou não, a gente precisa sobreviver. Estamos sobrevivendo desde sempre.”

*Beto Silva é um nome ficticio utilizado pela nossa reportagem para preservar a fonte, que é morador da periferia e já sofreu violência policial próximo ao local de trabalho.

Eu amo escrever e por isso agradeço a vocês

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Percebi que após dois anos escrevendo para o Desenrola, nunca contei porque escrevo e gostaria de compartilhar a importância da escrita na minha história de vida.

Fazia um tempo que pensava em falar sobre saúde mental, porém, percebi que após dois anos escrevendo para o Desenrola nunca contei porque escrevo e gostaria de compartilhar a importância da escrita na minha história de vida.

Eu aprendi a escrever aos 4 anos, rabiscando as paredes e imaginando o que eram as letras e depois disso a escrita seria tudo o que eu teria para lidar com meus problemas. Como sofri muito bullying na escola, passei a escrever para descarregar o que sentia. Eu escrevia e rasgava, isso era constante e a cada dia minha escrita melhorava. A minha escrita nesse período de vida era terapêutica acima de tudo.

Aos 15 anos, passei a escrever mais ainda, fazia trabalhos dissertativos de 5 páginas e ao conhecer Carlos Drummond de Andrade descobri que também sabia escrever poema e poesia, assim decidi não parar de escrever e agora isso era também algo que eu fazia por amar, não somente para lidar com quem eu era. 

Uma professora minha da época, Maria Sandra, era quem lia parte dessas crônicas que passei a escrever. Minha missão até os 17 anos foi aprender a controlar minha escrita para que conseguisse fazer uma boa redação nos vestibulares.

Passei pelos vestibulares, já sabia um pouco sobre escrever muito e escrever pouco e continuei durante a faculdade, ampliei os assuntos que tratava nas minhas poesias, passei a gostar de escrever diários sobre a cidade. Influenciada pela antropologia, era como uma pesquisa constante de quem eram tantas pessoas em meio a uma cidade que se fazia pequena. Continuei com as crônicas e os textos de teor jornalístico.

Cheguei a esta coluna já influenciada pelas vivências que tive como assistente de pesquisa, mas sem perder meu foco que era uma escrita fluída, levada pela emoção. Assim, escrevi nesses dois anos, sobre coisas que vivi, coisas que ouvi e assuntos que tocam minha vida. Foram anos difíceis, mas a humanidade não parou seu curso, nas ruas eu ainda via correria, eu ainda via vida pulsar e por isso decidi fazer esse texto.

Pessoalmente, considero um compromisso com os leitores que me acompanham e me apoiam contar porque escrevo e porque a escrita é uma das coisas que mais gosto de fazer.

Ano passado quando me vi sem ideias de escrita me senti triste, não escrever para mim significa não ter mais o que contar e isso só ocorre quando deixamos o mundo sugar o que temos de mais precioso. Todos nós temos algo precioso que pulsa e que dá vida aos nossos dias e quando isso parece acabar, tudo parece acabar.

Esse texto é uma abertura para a PolitiKês em 2023, são as novas ideias, os novos rumos e as novas vidas que irão pulsar. É a minha forma de dividir o que amo com vocês e ao mesmo tempo deixar uma mensagem de que a vida não para, o tempo passa, às vezes nós mudamos, porém, ainda há o que se amar.

Escrever é conectar as linhas da liberdade, é minha pulsão, escrever é narrar minha vida, minha história, minha vivência, é deixar fluir em minhas mãos as linhas que vão se formando e nunca param de se construir.

Agnes Roldan

Este é um conteúdo opinativo. O Desenrola e Não Me Enrola não modifica os conteúdos de seus colaboradores colunistas.

“Eu sou uma artista em constante estudo e construção”: o legado de Dêssa Souza na arte periférica

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“Eu falo que eu sou filha do seu Raimundo, marceneiro, com a dona Cleonilda, que é costureira. Irmã do André e do Iúna. E sou mãe do João Miguel, 7, e da Cecília, 13. Aí tem as outras coisas que eu estou sendo”. É desse modo que Dêssa Souza, 42, começa a apresentar a sua trajetória na arte periférica, em uma segunda de manhã, em que nos recebe em sua casa, no bairro Jardim Elizabeth, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo

Desde que se mudou de Carapicuíba para a zona sul de São Paulo, há 12 anos, ela atua no território do Campo Limpo como multiartista, exercendo as profissões produtora cultural, cantora, atriz, e é uma das fundadoras da produtora Pin Rolê Invenções.

“Eu percebo que a galera me vê muito como produtora, né? Mas eu estava refletindo que eu sou uma artista em constante estudo e construção, atravessada pela produção cultural, no sentido de entender a produção cultural como espaço de sobrevivência”

Dêssa Souza, multiartista independente e moradora do Campo Limpo

A multiartista faz parte do processo de desenvolvimento da cena cultural do Campo Limpo. Ela já atuou como produtora cultural do Sarau do Binho, coletivo que a acolheu na zona sul. Além desta vivência com o coletivo literário, Dêssa foi cantora durante 10 anos na banda Preto Soul, uma referência em música afro centrada da região. Sua vivência no teatro do território começou quando ela entrou para a trupe Artemanha, grupo de investigação teatral que deu início às atividades da Ocupação Cultural Cita, localizada na Praça do Campo Limpo.

Dessa também é empreendedora e criou a produtora Pin Rolê Invenções para fomentar a distribuição de renda para outras mulheres que atuam como produtoras culturais nas periferias. (Foto: Rogério Gonzaga)

Essas vivências culturais foram aproximando a multiartista do universo da produção cultural. Com o passar do tempo, repleto de construção de projetos artísticos que marcaram época no Campo Limpo, ela passou a ser considerada uma referência em produção cultural na região.

“Eu acho muito bonito a pessoa ser referência né? E eu concordo com isso, porque de fato eu sei que é importante a gente assumir”, conta. Dêssa faz essa colocação e pontua que o seu reconhecimento é uma construção que vem das relações que ela estabelece com grupos culturais da região, mesmo antes de se mudar para a zona sul de São Paulo.

Atualmente, Dêssa abdica da carreira de produtora cultural, para se dedicar totalmente aos palcos. Esse processo teve início há quatro anos, momento no qual, ela tomou a decisão de seguir a carreira de cantora e estudar dança. Mas para isso, ela precisou formar novas gerações de produtoras culturais.

“Eu só estou conseguindo fazer isso agora, porque eu dei um gás no rolê da produção. Em 2017, eu comecei a dar as oficinas de produção, a ideia já era compartilhar o conhecimento para ter outros produtores, que pudessem fortalecer no trabalho artístico”, revela a cantora.

Depois de anos de dedicação na construção de tantos projetos, em 2022, a vontade de viver exclusivamente do fazer artístico se tornou uma necessidade inadiável para a multiartista.

“Esse rolê de cuidar de ocupação cultural, produzir todo mundo, fazer a vida acontecer, me adoeceu de uma forma absurda. Embora eu nunca tenha abandonado, eu estava investindo muito pouco naquilo que eu queria fazer mesmo”

Dêssa Souza é uma das fundadoras do Espaço Cita e da Pin Rolê Invenções
O coletivo literário Sarau do Binho foi um dos primeiros movimentos culturais do Campo Limpo, que acolheam a artista, quando ela se mudou para a Zona Sul de São Paulo. (Foto: da zona sul de São Paulo)

Hoje, Dêssa se afastou da produção cultural, a não ser pelos projetos de sua própria carreira artística, e a Pin Rolê segue sob o comando de Simone Gonçalves. “Teve o momento da crise. Quando começou a virar o ano, que o dinheiro acabou eu falei assim: ‘meu Deus’, e eu segui falando não para o trabalho de produção”, relembra Dêssa, mencionando que apesar da instabilidade financeira, no início da mudança, está feliz com a nova fase.

“Quando você é mãe, tem que pagar as contas, pagar o aluguel, comprar comida, e mano, tudo que a gente quer fazer precisa de tempo e de investimento”, diz ela, ressaltando como é difícil conciliar as responsabilidades financeiras, a maternidade e ser artista independente na periferia.

Dêssa reconhece que ter uma rede de apoio consistente foi e é algo fundamental para a sua atuação. “A gente fica falando, ‘criar a criança no Quilombo e não sei o que’, mas a gente não pratica. Eu pratico o máximo que eu posso sem sofrimento”, destaca. Ao todo são 26 anos de carreira como artista e atualmente, Dêssa faz parte do Pepalantus Núcleo, do núcleo Gingas, do Bando Trapos e segue sua carreira como cantora com o álbum Camadas. Para quem sonha em ser artista e vive a realidade da periferia, ela dá as seguintes indicações.

“Olhar para a própria história e entender o quanto a nossa própria história é importante para o mundo, para uma construção de comunidade, de universo. Focar, porque às vezes eu quero ser atriz de teatro, mas eu não consigo ganhar dinheiro com isso ainda. E tudo bem, eu posso fazer qualquer outra coisa para me manter, mas faz um pouquinho de teatro por semana, sabe? Eu falo sempre ‘não solta’, porque se a gente solta [o sonho] vai embora, né? E olhar para o lado, para os nossos vizinhos, olhar para o perto, porque tem muita possibilidade”

Dêssa Souza é cantora, atriz e artista da dança

Toda a entrevista foi regada por doses de gargalhadas de Dêssa, tendo sempre a cachorrinha Madonna por perto recebendo carinho da dona. Dêssa conta que é sonhadora, utópica e que nos próximos trabalhos pretende falar de amor. “A gente é pé na porta também, mas eu sinto que eu também estou no mundo para colocar um olhar para as coisas, com um pouco de delicadeza.”, finaliza.

Apagamento do trabalho de mulheres na cena do grafite #12

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Nesse episódio trocamos uma ideia com a grafiteira e educadora Nene Surreal, e com a grafiteira e artista visual Carolina Itzá, para falar sobre o lugar de invisibilidade que é criado para o trabalho de mulheres grafiteiras.

O episódio reflete sobre o porquê apagar o corre de mulheres, em qualquer campo, é continuar reproduzindo violências e desigualdades.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google Podcasts, Spotify e Youtube.

Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Produção audiovisual – Pedro Oliveira 
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa