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Cursinho pré-vestibular UNEafro oferece duas mil vagas gratuitas para jovens das periferias

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Voltado para a juventude negra e periférica o cursinho é gratuito e estudantes podem se inscrever por meio do formulário da pré-inscrição

Foto: Thiago Fernandes

Com foco na juventude negra e moradores das periferias, a Rede de Cursinhos Comunitários da Uneafro está com inscrições abertas para o cursinho popular pré-vestibular e estudantes podem se inscrever por meio do formulário da pré-inscrição até 28 de fevereiro. O cursinho é gratuito e as aulas são ministradas por professores e professoras voluntárias, com atividades que acontecem em espaços comunitários nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro.

Com 32 núcleos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em 2019, a UNEafro completa 10 anos de atuação e neste período já atendeu mais de 15 mil estudantes, sendo que centenas deles conseguiram acessar a universidade. Em nota de divulgação a Uneafro cita a importância do jovem e principalmente morador da periferia acessar o meio acadêmico para garantia do seu futuro e direitos. “Nos bairros, periferias, favelas e quebradas de todo Brasil, nossa juventude precisa estudar, se alfabetizar, fazer faculdade, arrumar um emprego, ajudar sua família e evitar da violência da polícia”.

Inscrições Cursinho pré-vestibular UNEafro

Acesse o formulário de pré-inscrição neste link.
A pré-inscrição pode ser feita até 28 de fevereiro e as atividades iniciam em março.

Mais informações sobre as inscrições no site, da UNEafro.

Saiba mais sobre a UNEafro.

Coletivo Café de Quebra celebra aniversário no Jardim São Luis

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Reunindo potências criativas e empreendedoras do território, o coletivo promove no aniversário de dois anos a primeira edição da “FeirArte”, evento que traz exposição de arte; moda; livros; gastronomia, além de uma série de bate-papos.

Foto: Equipe Café de Quebra

Neste sábado (09), a partir das 11h, o coletivo Café de Quebra comemora aniversário de dois anos, na Fábrica de Cultura do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, promovendo a primeira edição e com entrada gratuita, da “FeirArte” , evento que trás exposição de arte; moda; livros e gastronomia. Artistas, educadores e fotógrafos participam de uma série de bate-papo sobre Fotografia e Juventude e Educação na periferia e no decorrer de todo o evento, o público pode prestigiar a feira gastronômica com empreendedores da periferia e preços acessíveis. Além disso, os organizadores prepararam uma exposição multimidia sobre personagens da periferia e durante o encerramento, acontece um desfile de algumas marcas e grifes das periferias.

“Sabemos que o nosso território – zona sul de SP, fervilha de pessoas que se dedicam para fazer da periferia um ambiente melhor. O nosso propósito é conhecer essas pessoas, trocar ideia e divulgar as atividades que são realizadas dentro das comunidades”, conta Fabrício Rodrigues, integrante do Café de Quebra. O coletivo, nesses dois anos de atuação, marcou sua trajetória com o projeto de entrevistas que visibiliza as ações de empreendedores e artistas do território, chamado “Café de Quebra”, que inclui quadros especiais: “Em dois anos, realizamos 27 entrevistas com mais de 30 convidados. Criamos o quadro ‘NA PISTA’, que faz cobertura de eventos da periferia e o ‘Rango da Massa’, que tem a proposta de divulgar a gastronomia nas quebradas”, complementa Fabrício.

Para além da celebração, o aniversário do Café de Quebra é uma oportunidade criada pelo coletivo para realizar um encontro entre potências criativas e empreendedoras da periferia, como conta Fabrício: “Nestes dois anos, conhecemos projetos, propostas e pessoas que são revolucionárias. Ao perceber toda essa caminhada compreendemos que em algum momento seria importante fazer um encontro de tudo que vivenciamos”.

Agenda:

11h – Abertura da Exposição Personagens da Periferia
Apresentação: Poeta Marcio Ricardo

14h – Bate Papo – Fotografia na Quebrada
com Daniel Fagundes e Beatriz Pereira

16h – Bate Papo – Juventude Periférica
com Wellington Amorim, Jaque Leal e Jeferson Delgado

18h – Bate Papo – Educação na Quebrada
com Thiago Ambulante Peixoto, Luana Oliveira e Claudenir Queiroz

20h – Desfile das Grifes e Marcas

Feira de gastronomia com Ex-Burguer Lanches e Açaí e Lola’s Confeitaria.
Feira de empreendedores com Aiyrada Terra, discos e camisetas com Essencial Culture Sistema de Som, Corre Store, Editora Filoczar, entre outros.

Local: Fábrica De Cultura do Jardim São Luis
Rua Antõnio Ramos Rosa, 651 – Zona Sulde São Paulo
Entrada: Gratuita

Mais informações estão disponíveis no evento do facebook, acesse aqui.

Edital fomenta blocos de carnaval nas periferias de São Paulo

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De 1 a 8 de fevereiro o Carnaval da Quebrada recebe inscrições online. A realização de trabalho de impacto social com a comunidade e a atuação e ao menos 02 eventos do tema nos anos anteriores são requisitos importantes para os interessados em participar.

Bloco do Beco – Jardim Ibirapuera (Foto: João Victor Santos)

Atenta ao crescimento dos blocos de carnaval nas periferias, puxados por artistas independentes, comunidades de samba e movimentos sociais, a Pipoca, uma plataforma de experiências culturais para pessoas e para a cidade, lança o edital Carnaval na Quebrada, com o objetivo de apoiar iniciativas que movimentam territórios e mobilizam moradores para usufruir de momentos de alegrias nas regiões mais afastadas do centro expandido. As inscrições são gratuitas e acontecem via site https://carnavalnaquebrada.sampa.br de 01 a 08 de fevereiro de 2019.

O projeto, que acontece por meio do Programa de Municipal de Apoio a Projetos Culturais – Pro-Mac, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo (SP), com patrocínio Nextel, possui duas linhas de fomento: o formato Patrocínio garante aporte financeiro individual de 15 mil reais para 03 (três) iniciativas; já Apoio selecionará08 (oito) blocos para distribuir 5 mil reais para cada organização. O edital irá contemplar blocos de carnaval sediados nos distritos localizados nas periferias, regiões com uma grande diversidade cultural e que tem dificuldade para acessar recursos durante o carnaval.

“Nos últimos anos, as periferias apresentaram um significativo crescimento dos blocos de carnaval, não só em quantidade de iniciativas, más também na proporção de participação dos moradores. Isso é um fator cultural que precisa ser fomentado e nós estamos conectados com esse propósito,” afirma Rogério Oliveira, da Pipoca, justificando o direcionamento territorial do edital para as periferias.

Historicamente, os blocos de carnaval nas periferias estão enraizados em questões culturais e sociais, como religiões de matriz africana, ritmos afro-brasileiros, raça e gênero, e as tradicionais comunidades de samba, elementos que perpassam o cotidiano dos moradores, e que, buscam através dos blocos fazer a diferença em suas comunidades, contando, homenageando, incluindo e divulgando histórias que até então eram desconhecidas.

Em 2018, o tradicional carnaval de rua realizado na região central de São Paulo recebeu 9 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo SPTuris. Esses números mostram uma grande concentração de público, que equivale também ao destino de recursos financeiros público e privado, responsável por viabilizar o desenvolvimento deste cenário. “A democratização do acesso a recursos financeiros é um fator estrutural, o qual o edital Carnaval Na Quebrada pretende pautar, para reconhecer o legado cultural que os blocos das periferias vêm construindo ao longo da história. Esse é um dos fatores que motivaram a construção desse projeto”, explica Rogério.

A Pipoca faz parte da história recente do carnaval de rua em São Paulo. Desde 2015, ela contribui para a organização de importantes desfiles, como Monobloco e o Bicho Maluco Beleza, realizados em regiões centrais, como Sumaré e Ibirapuera. Juntamente com a tradição dos desfiles, a plataforma valoriza a formação de novos músicos e batuqueiros, bem como o lado profissional dos blocos de carnaval.

“Nós queremos contribuir com a profissionalização do setor de carnaval de rua nas periferias de São Paulo, por isso, vamos além do aporte financeiro neste edital, para oferecer também uma formação profissional aos proponentes das iniciativas contempladas, onde eles terão acesso a três workshops sobre gestão e processos administrativos”, finaliza Rogério Oliveira.

Para participar do edital Carnaval Na Quebrada, acesse o site e conheça os detalhes de preenchimento da ficha de inscrição.

Serviço

Edital Carnaval da Quebrada

Data: 01 a 08 de fevereiro

Inscrições: https://carnavalnaquebrada.sampa.br

Mais informações: quebrada@pipoca.com

Em Osasco, grupos de mulheres assistem jogos de futebol de várzea à beira do campo com a família

A presença de inúmeros grupos de mulheres com seus filhos no entorno do campo chamam atenção de quem vai até um jogo de futebol de várzea nas periferias. Esse é um dos cenários que podem ser observados na cidade de Osasco, com a realização da Copa do Busão, torneio realizado pela equipe de Vila Izabel, time com 70 anos de tradição no futebol amador.

A torcedora Ana Paula, moradora da Vila Maria, assiste o jogo com a família, em Osasco. (Foto: Abigail Thais Pinheiro)

A Copa do Busão, realizada neste sábado (02), competição de futebol amador, organizado pelo time Vila Izabel, um dos mais tradicionais clubes do estado de São Paulo, com 70 anos história, está provocando um forte envolvimento comunitário nas quebradas de Osasco, com bairros das periferias do município de São Paulo.

Além de o time vencedor ser premiado com um ônibus, outras características sociais da competição chama a atenção do público presente, como por exemplo, a presença de inúmeros grupos de amigos e mulheres com seus filhos no entorno do campo.

Enquanto a partida rola dentro de campo, no lado de fora o respeito guia as torcidas para caminharem em direção a não violência, colocando em pauta a importância dos clubes de várzea nos bairros de Osasco, para promover uma relação mais próxima e acolhedora entre os moradores e visitantes do campo Toca da Coruja, um complexo esportivo e cultural, onde acontece a Copa do Busão.

Suelen Paloma, 26, moradora da Vila Maria, zona norte de São Paulo, é torcedora do time da famosa favela da “Marcone”. Em meio a sua participação na torcida, ela relata o sentimento de ver inúmeras famílias reunidas ao redor do campo. “Geralmente é difícil você ver uma comunidade reunida né! Muita gente não participa, mas tem muita gente que participa e é difícil mesmo você vê a comunidade reunida, agora nós não, nós somos 100% Marcone,” exclama ela, destacando o orgulho do time e da sua comunidade.

Um dos momentos marcantes para Suelen naquele sábado a tarde foi relembrar o processo de mobilização de moradores realizado pelo clube, para a partida realizada no município de Osasco. “A gente já tava se preparando pra vir, e todo lugar a gente se prepara pra ir, pra tudo,” afirma. O jogo realizado na cidade vizinha à São Paulo reuniu mais de 100 moradores na beira do campo, mostrando o tamanho do amor da comunidade pelo time.

O Futebol de Várzea e a estrutura do Toca da Coruja, incentiva o esporte em forma de inclusão social, levando oportunidades para a comunidade de lazer e ponto de encontro, criando a partir de demandas, as atividades esportivas que contempla variadas faixas etárias.

Essa visão de articulação comunitária presente no time do Vila Izabel, organizador da competição mostra a força do futebol para unir diferentes comunidades por meio de uma partida de futebol.

Outra moradora da Vila Maria presente no jogo é Ana Paula, 30. Em sua primeira vez na beira do campo, ela lembra a importância do futebol como lazer e destaca a não violência, para tornar o ambiente acolhedor para todos. “Tomara que seja tudo na paz no amor, porque futebol é paz e amor. Sem brigas, sem violência, isso se torna periferia, se torna felicidade, todo mundo junto, todo mundo unido, é isso o que eu gosto na periferia todo mundo junto e unido.”

O olhar da torcedora Ana Paula revela um dos significados que o futebol vem ganhando, cada vez mais nas periferias, por criar vínculos e conexões para além dos campos com os moradores, tornando o acesso ao lazer uma forma de dar um grito contra a violência, que ainda é presente nos territórios. “O que a gente pede na periferia é só paz, humildade e sem violência, é só isso,” conta Ana Paula.

Complementando a fala da torcedora, Suelen acredita que os clubes tem um importante papel dentro das quebradas, para unir as pessoas. “Praticamente todo mundo é família”, conclui a torcedora.

Autores contam como é viver da arte na quebrada durante o Congresso de Escritores da Periferia

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Entre diversos problemas de acesso a direitos sociais básicos que os moradores da periferia enfrentam, podemos apontar a dificuldade de se viver de arte, seja com a escrita, a pintura ou qualquer outra forma dela. Esse debate ganhou força durante a segunda meda de discussões sobre novos autores, realizada no Congresso de Escritores da Periferia.

Autores discutem a produção literária independente das periferias (Foto: Ricardo Trindade)

A segunda roda de conversa do 4° Congresso de Escritores da Periferia abordou o tema “Contribuição dos saraus para o surgimento de novos autores”, mostrando como é a realidade e a forma de vida de quem produz arte na periferia. O debate contou com a participação de Marcio Ricardo, autor independente do Grajaú, do escritor e artista plástico Casulo e da poeta Carol Peixoto, integrante do coletivo Poetas Ambulantes.

Durante o debate, o poeta Marcio Ricardo resgatou a dificuldade de produzir as suas primeiras poesias ainda na infância, apontando a falta de confiança transmitida por familiares e pessoas próximas. “Quando criança, um colega foi mostrar uma poesia minha para uma professora e ela disse que eu não tinha capacidade de fazer aquilo, que tinha copiado, eu tinha nove anos”, relembra.

Ele conta que a primeira pessoa que ele sentiu confiança para mostrar as suas poesias foi à professora e escritora Maria Vilani, que dava aula para ele em um escola do Grajaú. “A primeira vez que eu fui mostrar minha poesia para alguém, foi com 18 anos, para a Vilani, de tanto que isso me travou”, afirma, citando que esse momento vivido na infância provocou alguns anseios e desconfortos em relação ao seu potencial para a escrita.
Já a poeta Carol, abordou os trajetos e tomadas de decisão que ela tomou para tentar vender sua produção. “Todo domingo eu ia para a Paulista, saía de casa às 8 horas, ficava até as 17 horas. Se tinha Bienal, eu ia e assim seguia, se tem FlLIP, faço divida e vou”, comenta a artista.

Os participantes contaram que a ajuda de outras inspirações foram fundamentais para seu início nesse ramo. Carol e Casulo citaram a Cooperifa como um estimulante artístico.

“Eu tinha muita poesia escrita antes de 2004, 2005, quando comecei a frequentar a Cooperifa, mas é aquela coisa né, eu gostava de falar para os amigos, vizinhos e parentes. Quando eu cheguei na Cooperifa, eu percebi que tinha um monte de gente que queria ouvir aquilo. Aí eu comecei a tirar as poesias manuscritas e ler lá, tremendo no microfone e as pessoas até gostavam. Mesmo assim, demorou 6 anos para eu publicar meu primeiro livro”, descreve Casulo.

Durante mais de uma hora e meia de roda de conversa, os autores concluíram que viver de arte tem seus desafios, mas é uma atividade importante para inspirar crianças, adultos e jovens com suas ações vivências.

“Há cinco anos atrás, um menino chegou até mim pedindo para que eu o adicionasse no Facebook e eu adicionei. Passou 20 minutos, eu fui para casa e lá estava ele me chamando. Na conversa, ele contou que só tinha um real e estava gravando o tempo de cinco em cinco minutos para poder falar comigo. Ele pediu para que eu lesse um versinho dele, eu li, e depois de elogiar, o menino prometeu que largaria a cocaína para fazer poesia igual a mim. Hoje, o mesmo menino trabalha na biblioteca com o irmão dele. É isso que a literatura faz nas quebradas”, conclui Marcio Ricardo.

Jovens da periferia querem plano de governo participativo

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Na zona sul de São Paulo, jovens interessados em um plano de governo participativo que os inclua nas tomadas de decisão sobre políticas públicas, já movimentam ações transformadoras em seus territórios.

Jardim Vera Cruz, zona sul de São Paulo (Foto: Flavinha Lopes)

Para jovens moradores dos distritos de Parelheiros, Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim Ângela, regiões da cidade de São Paulo com alto índice de vulnerabilidade social, a transformação dos territórios periféricos depende da conquista de espaço para participação ativa da juventude nos ambientes de poder de esfera pública municipal, estadual e federal.

Um dos fenômenos sociais que possibilitam a construção deste cenário está na inserção desses jovens em projetos, coletivos e movimentos que abrem espaço de fala e participação, uma ferramenta política que vem envolvendo esses atores em debates sobre o “país e a cidade que queremos”, a partir da sua atuação nos territórios periféricos.

Assista a reportagem completa.

Governo participativo 

No Jardim Vera Cruz, território pertencente ao distrito do Jardim Ângela, o jovem Isaac Souza de 24 anos, um dos criadores do Núcleo de Jovens Políticos, aponta uma característica fundamental para os futuros governantes do país. “Qualquer candidato que queira se eleger e que tenha a pretensão de ser presidente precisa dialogar com a juventude. Por que o jovem não é o futuro. O jovem é o agora.”

A moradora do distrito do Campo Limpo Franciele Meireles, 25 anos, compartilha da mesma visão política do jovem Isaac. “O que a gente quer é um presidente que entenda que a participação dos jovens no plano de governo é importante”, enaltece ela, questionando o formato de fazer política pública no país. “Não tem como planejar alguma coisa pro jovem sem saber o que ele quer.”

Meireles convive em meio ao trabalho de coletivos culturais e agentes sociais que visam um diálogo com o poder púbico para melhorias no território. “Eu participo de algumas assembléias aqui no Campo Limpo, onde tem vários coletivos e representantes da prefeitura de São Paulo. É assim que eu participo, falando o que realmente necessito e o que eu acho que eles deveriam levar em consideração”, afirma.

Entre as diversas ações que mudaram pra melhor a vida de muitos moradores do bairro, Isaac relatou que a sua vocação para a participação política nasceu dentro do ambiente escolar, vindo a ganhar força no ensino médio para discutir as questões do bairro onde mora até hoje. Nesta mesma linha de valorização da educação, a jovem Gisele Matos, 25 anos, moradora do Capão Redondo, que atua como educadora numa organização social, reconhece que a participação política entrou na sua vida a partir do contato com a universidade.

“O ambiente universitário fez muita diferença na minha vida no sentido de me permitir a acompanhar as discussões que estavam sendo colocadas ali dentro da universidade e dentro do próprio movimento estudantil. Isso fez com que eu desenvolvesse um olhar diferente em relação ao lugar onde eu moro e convivo.”

O Capão Redondo está localizado entre os distrito do Jardim Ângela e Campo Limpo. O território possui mais de 260 mil habitantes, ambiente no qual Gisele consegue intervir encurtando a distância entre a educação popular e a juventude local.

 Info Território

Intrigado em investigar o cenário da participação política e a sua relação com a juventude periférica, a equipe de Jornalismo e Pesquisa do Desenrola E Não Me Enrola saiu às ruas de Parelheiros, Jardim Ângela, Capão Redondo e Campo Limpo, para entrevistar jovens com idade entre 16 e 25 anos. Essa iniciativa faz parte do programa de pesquisa Info Território, que atua na produção de dados sobre opinião pública, focando em revelar a identidade cultural dos moradores das periferias de São Paulo.

Mais de 80 jovens foram entrevistados. Um dos indicadores apontados pela pesquisa revelou que 71,3% deles têm interesse em participar das tomadas decisão sobre melhorias nos serviços sociais do seu bairro e cidade.

Para confrontar essa tendência de participação política, a pesquisa também abordou o formato de governo entendido por essa faixa etária como o mais ideal para o país. A resposta obtida mostra que 43,6% dos jovens querem um governo presidencial participativo. Já 31,9% preferem um presidente com boas propostas. Em meio a esses indicadores, um dado chama atenção para a descrença deles, pois 18,1% não acreditam nos políticos brasileiros. Apenas 6,4% dos entrevistados não souberam opinar.

Envolvida com diversas iniciativas que oferecem formação cultural e política à juventude periférica, a socióloga especializada em poder político, Anabela Gonçalves faz uma cronologia sobre a evolução do jovem na participação social. “Nos anos 90, a gente nunca poderia imaginar que jovens poderiam escrever sozinhos propostas políticas e desenvolver elas do começo ao fim, como a gente vê hoje, tanto no movimento cultural e em parte no movimento social”, relembra.

O projeto articulado pelo jovem Isaac, chamado Núcleo de Jovens Políticos é um exemplo claro dessas iniciativas citadas pela socióloga. “Nós não tínhamos nenhum equipamento de cultura, esporte e lazer. Ai nós pensamos numa pista de Skate e fizemos uma manifestação até a subprefeitura de M´Boi Mirim e aí nós conseguimos essa pista de Skate no Vera Cruz e outra pista no Vila Calu”, argumenta ele, enfatizando que essa conquista foi fruto da reivindicação da juventude do território, que pode ser ampliada para dois bairros.

Do outro lado da zona sul, mais precisamente no bairro do Colônia, no distrito de Parelheiros, o fazer político da juventude está presente dentro da biblioteca comunitária Caminhos da Leitura, lugar no qual, o jovem Bruninho Souza, 23 anos, atua como mediador de leitura, apresentando o mundo da literatura para os moradores do bairro.

Com um trabalho dedicado a trabalhar com grupos de leitura formado por moradores da região, Bruno reflete sobre a potência do jovem para a criação de soluções para os problemas do território. “Precisamos pensar em mecanismos de participação para que os jovens possam colocar a sua voz nesses espaços de decisão política. Esses espaços têm que acontecer dentro do território. A gente está se mobilizando aqui e falando destas questões, mas eles também têm que se mover, para sair do centro e vir para a quebrada.”

Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola e Não me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento e TV Grajaú, com patrocínio da Fundação Tide Setubal.

Cerca de 30 reportagens serão publicadas até o final de outubro com assuntos de interesses da população das periferias de São Paulo em ano eleitoral. Acompanhe os sites e as redes sociais dos coletivos e não perca nada!

Coletivos LGBTs usam arte para pautar direito à vida nas periferias

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O simples ato de circular pelas ruas, andando a pé, utilizando um aplicativo de mobilidade ou transporte público apresenta uma série de situações de conflito que envolve a população LGBT. Em paralelo, o surgimento de espaços culturais que promovem encontros afetivos e de entretenimento tem mostrado caminhos alternativos para resistir ao avanço da intolerância do preconceito de gênero e orientação sexual.

Perfomance no palco principal da boate Chimmus LBGT, no Capão Redondo. (Foto: Thais Siqueira )

Quem passa pela altura do número 5.170 da estrada de Itapecerica nas terças-feiras à noite, por volta das 23h30, não imagina que a Choperia Fortaleza, muito conhecida na região se transforma em uma balada LBGT neste dia da semana. A Chimmus Baile LGBT recebe em média 500 pessoas a cada edição.

Ela está dentro de um circuito cultural formado por mais quatro baladas voltadas para a comunidade LBGT nos territórios do Jardim Ângela, Jardim São Luis, Capão Redondo e Campo Limpo. Frequentado por pessoas de 16 a 35 anos, além de ser um ponto de encontro e diversão, o espaço está se consolidando como um lugar de afeto e formação política orgânica para o seu público.

“Para poder estar com os amigos, para escutar uma música, para poder beijar na boca e estar com os nosso parceiros, nós não precisamos atravessar a ponte para desenvolver alguma coisa. Aqui na nossa comunidade também é muito potente”, conta o bailarino e educador Thiago Silva, de 27 anos, morador do Jardim Ângela.

Assista a reportagem completa.

Ele criou em 2017 o projeto Quebrada Maquiada, iniciativa que trouxe para espaços públicos do território da M´Boi Mirim e do Capão Redondo intervenções artísticas protagonizadas por personagens da cultura drag queen.

“A arte Drag só é visível dentro de uma boate. É tudo muito marginalizado”, enfatiza Silva. Ele afirma que as pessoas ainda julgam de maneira muito preconceituosa o estilo de vida de uma drag. “Se você encontrar uma transformista drag andando na comunidade ou no centro, ela é sempre vista como prostituta. Más ela simplesmente está indo fazer a sua arte e o seu trabalho dentro de uma boate, que querendo ou não, na zona sul é potente.”

A experiência com o projeto foi tão positiva que ao final ele continuou fomentando essas atividades, por meio de apresentações de performances dentro das baladas, conectando diretamente o publico desses espaços com outras vertentes da arte LGBT.

A menos de dois quilômetros de distância da Chimmus Baile LGBT acontece o projeto Basquete & Autonomia, iniciativa articulada por um coletivo formado por jovens que são moradores do Capão Redondo, também na zona sul da cidade.

O projeto promove uma série de atividades que pautam a autoafirmação da pluralidade de gênero e orientação sexual, a partir do contato com o basquete, praticado de maneira emancipatória e libertária. “A gente tende a achar que somos muito sozinhos e quando você vê outros coletivos produzindo e fazendo coisas, o território também evolui e isso é muito importante”, aponta Fran Bandeiras, uma das criadoras do coletivo.

A jovem de 21 de anos argumenta que o projeto encontrou no basquete uma maneira de fazer essa discussão sobre quebras de estereótipos. “As nossas atividades tem esse trabalho de aproximar as pessoas para entender o que a gente é, porque essas discussões abrem mais o horizonte das pessoas que são preconceituosas.”

Do Capão a Pirituba: uma dimensão territorial da luta por direitos

Para quem pretende atravessar a cidade e sair do distritos do Capão Redondo, em direção ao distrito de Pirituba, localizado na zona noroeste de São Paulo, para conhecer outros movimentos de luta da comunidade LGBT das periferias vai percorrer uma média de 50 quilômetros utilizando transporte público ou carro particular.

E essa viagem vale muito a pena para conhecer a trajetória da rapper e produtora musical Luana Hansen, moradora de Pirituba. Envolvida no movimento hip hop há cerca de 20 anos, ela acumula uma série de vivências e histórias de luta que ilustram bem a vida de uma mulher negra, lésbica e periférica, que decidiu lutar pelo direito ao trabalho e renda em meio ao cenário machista do rap nacional.

“Eu só existo dentro do movimento hip hop porque eu criei o meu próprio estúdio. Eu tive que aprender a produzir, ser Dj, Mc e produtora musical, para eu ter a liberdade de gravar e falar o que eu quisesse e ter o direito de um dia existir”, desabafa a rapper.

Ela acredita que a sua postura foi determinante para quebrar o estigma machista dentro do movimento hip hop, que a impedia de ter ascensão em sua carreira. “Tudo o que eu fiz, a minha orientação sexual sempre esteve em destaque. Teve emprego que eu consegui através da minha orientação sexual e teve muitos outros que eu perdi através da minha orientação sexual. É muito bizarro isso.”

Dados desumanos sobre o direito de ir e vir na cidade

Enquanto pesquisas apontam que o Brasil é um dos países onde mais morre pessoas por questões de agressão motivadas pela sua orientação sexual e identidade de gênero, existem poucos dados que buscam mostrar as motivações culturais, sociais e políticas, que contribuem para que esse cenário continue a crescer.

A pesquisa “Viver em São Paulo: Diversidade” publicada em maio de 2018 pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o SESC e o Ibope traz um dado alarmante, no qual, 51% das pessoas entrevistadas disserem já ter presenciado situações de preconceito contra pessoas LGBTs.

Na mesma pesquisa, um dado chama ainda mais atenção para o alto nível de preconceito presente nas respostas dos entrevistados, pois 43% afirmaram ser contra pessoas do mesmo sexo demonstrar afeto, com beijos e abraços em locais públicos. Essa estatística reforça o constante aumento de agressões em locais públicos.

Para o articulador cultural Thiago Silva, nos últimos anos últimos anos houve uma espécie de transformação de comportamento das pessoas. Segundo ele, elas continuam preconceituosas, más passaram a aceitar a presença de gays, lésbicas e trans em determinados lugares.

Já a produtora musical, Luana Hansen, classifica essas pessoas como cidadãos que fazem o papel do politicamente correto. “As pessoas não chamavam mais ninguém de negro, de gordo, de veado, pois ficavam com medo de expor. Passado esse período do politicamente correto, a gente voltou a intolerância. Na verdade, a gente sempre foi tolerado. A gente nunca foi respeitado”, avalia.

O pesquisador Anderson Maciel, que também atua como educador e possui um trabalho de base importante com ações cultural desenvolvidas pelo Coletivo Cultural Sankofa, da zona leste de São Paulo, acredita que a arte tem um papel fundamental nas periferias para criar espaço de afeto e resistência política. “O trabalho nas bordas é importante. De norte a sul e de leste a oeste tem bastante grupos que já conseguem fortalecer essa questão de nos sentirmos acolhidos, bem recebidos, fortalecidos e representados culturalmente.”

De olho no atual momento político, o pesquisador destaca que haverá ainda mais luta. “Por mais que esse seja um governo bem difícil, a luta e a resistência vai ser ainda maior. Se construiu muito conhecimento, articulação e empoderamento com a população LBGT. Agora as pessoas vão colocar a mão na massa de verdade, mais do que já estavam fazendo antes.”

Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola e Não me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento e TV Grajaú, com patrocínio da Fundação Tide Setubal.

Cerca de 30 reportagens serão publicadas até o final de outubro com assuntos de interesses da população das periferias de São Paulo em ano eleitoral. Acompanhe os sites e as redes sociais dos coletivos e não perca nada!

Festival Percurso transforma praça do Campo Limpo em território de tradições africanas

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A partir do tema #omaiorterreirodomundo, Festival Percurso – De Jardim a Jardim propõe troca de saberes entre a ancestralidade e a nova geração de visionários das periferias de São Paulo. O evento ocupa a Praça do Campo Limpo com mais de 40 atividades gratuitas.

Apresentação do Maracatu Ouro do Congo (Foto: Léu Brito)

Entre os dias 8 e 9 de dezembro, a quinta edição do Festival Percurso, um dos maiores festivais de economia solidária das periferias de São Paulo chega a mais uma edição com a parceria firmada entre a associação C de Cultura e a Agência Popular Solano Trindade, que apoia o desenvolvimento da arte e negócios da periferia na Zona Sul da cidade.

Diante da sua atuação mais central, a C de Cultura, acredita que a parceria é um convite a um importante deslocamento, não apenas físico, mas também cultural, dos moradores dos centros urbanos da capital para as áreas periféricas da cidade.

Com mais de 40 atividades gratuitas na Praça do Campo Limpo, palco histórico de saraus, eventos literários e de artistas como Racionais MCs, Criolo, entre tantos outros, o festival propõe troca de saberes entre a ancestralidade e a nova geração de visionários que atuam em meios as adversidades dos territórios periféricos.

Todo esse intercâmbio estará concretizado em mais de 10 shows, entre eles os de Rincon Sapiência, Bia Ferreira, Tião Carvalho, Mãe Beth de Oxum, Curumin, De Jardim a Jardim e Xaxado Novo. Além dos shows, o festival contempla intervenções de dança e teatro,capoeira, afoxé, roda de samba, exposições de fotos e, principalmente, em encontros de gerações, origens e culturas diferentes.

Haverá desde a troca de experiências entre chefs de cozinha do centro, como Bel Coelho do Clandestino, e da periferia, como Tia Nice da Cozinha Criativa da Agência Solano à comitiva de povos de terreiro, indígenas e lideranças periféricas que estará reunida em rituais de fortalecimento, cura e troca de saberes.

Além disso, trajetórias inspiradoras de vida em relatos sobre negócios, propósitos, saúde mental ou juventude periférica, estarão na tenda do PERIFA Talks, a versão TED Talks com o tempero local que abre o pré-festival no sábado, a partir das 10 da manhã.

No domingo, a praça estará dividida em 9 grandes tendas ou atividades temáticas. O Percurso terá programação infantil completa com brincadeiras populares e antigas, além de roda de diálogos sobre a maternagem na Tenda dos Êres, por exemplo.

Já na Tenda das Yabás, dedicada às mulheres, haveráapresentação do Slam das Minas SP e, entre outras, atividades da União Popular de Mulheres, que já na década de 60, criou uma “tecnologia do encontro” capaz de implementar políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo no bairro.

Tudo isso, ainda, fomentando a economia da região do Campo Limpo, Capão Redondo e arredores, com três feiras de empreendedores locais: uma de gastronomia, outra de agricultura familiar e a terceira de arte e artesanato.

Confira a programação completa no site www.festivalpercurso.com.br.

Agenda

Festival Percurso – De Jardim a Jardim

Local: CITA – Cantinho Integração de Todas as Artes

Data: 8 de dezembro

Horário: 12h às 22h

Local: Praça do Campo Limpo

Data: 9 de dezembro

Horário: 16h às 22h

Classificação: Livre

UniGraja celebra potencialidades do Grajaú com feira de produtores locais

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Depois de mais de 400 horas de vivências em seis asas curriculares alicerçadas em saberes locais, educadores e jovens participantes da Universidade Livre Grajaú promovem evento de encerramento no dia 09 de dezembro 

Com a proposta de apontar possibilidades de atuar como agentes de transformação social em um território onde vivem mais de 500 mil pessoas à margem da represa Billings, a UniGraja – Universidade Livre Grajaú encerra seu primeiro ciclo de formação com a Feira UniGraja.

O evento acontece no próximo domingo (09 de dezembro), no Parque Linear Cantinho do Céu, localizado às margens da represa Billings. Entre as 10h e as 19h, acontecem diversas atividades, como capoeira, oficina e passeio de bike, vivência náutica, rodas de conversa e uma feira com empreendedores locais. Para finalizar, artistas da região se apresentam em um sarau temático.

“Antes da UniGraja, eu não imaginava o tanto de conhecimento que o lugar em que vivo poderia me fornecer”, conta Gustavo Gonçalves, de 17 anos, que participou de vivências de graffiti, desenho, fotografia, vídeo, design e redação jornalística. “Com as vivências, captei muita coisa, me enchi de conhecimento e agora eu olho e cuido bem mais do lugar em que eu moro”.

Território de conhecimento

A Feira UniGraja marca o encerramento do primeiro ciclo de formação da UniGraja. Idealizada por coletivos e organizações socioculturais locais que fazem da quebrada uma sala de aula, entre agosto e novembro aconteceram mais de 400 horas de vivências em seis asas curriculares: Reconhecimento de Território, Hip Hop, Permacultura, Produção Cultural, Comunicação e Empreendedorismo.

Com cerca de meio milhão de habitantes, o Grajaú é o distrito mais populoso da cidade de São Paulo. Mais da metade da população é negra, tem até 29 anos e encontra-se em situação de vulnerabilidade social. Por outro lado, a região tem forte histórico de lutas populares e uma efervescência cultural movida por pelo menos 160 agentes culturais identificados.

As vivências da UniGraja mesclaram reflexão, ação e avaliação, e foram baseadas na experiência dos coletivos envolvidos e indicam algumas possibilidades que a rua oferece. A proposta é aproveitar os saberes e práticas acumulados por esses coletivos ao longo de anos e iniciar um processo de sistematização e construção de uma metodologia própria, horizontal, que aposta nas inteligências múltiplas de educadores e educandos.

A UniGraja é uma iniciativa da Associação Esporte Clube Vila Real (AECVR), Agência Cresce, Cooperpac, Ecoativa, Graja na Cena, Imargem, Meninos da Billings, Periferia em Movimento e Salve Selva. As atividades começam com apoio da Fundação Via Varejo por meio do programa Casas Bahia na Comunidade.

“Oprograma Casas Bahia na Comunidade é uma iniciativa da Fundação Via Varejo que tem o objetivo de fortalecer e articular atores socioambientais por meio de um trabalho rede, visando potencializar o impacto social positivo em suas comunidades”, explica Lilian Sturm, coordenadora de Investimento da Fundação Via Varejo. Iniciado em 2014, o programa está presente em sete localidades entre São Paulo e Rio de Janeiro. “O projeto UniGraja, da rede do Parque Cocaia no Grajaú, é uma proposta inovadora. A Fundação Via Varejo só tem a agradecer e parabenizar a todos os coletivos da rede por todo o empenho, sucesso e alcance do projeto”, completa.

Confira a programação completa.

Programação

10h – Vivência em Yoga / Campeonato de futebol

10h40 – Vivências náuticas com o coletivo Navegando nas Artes; Roda de conversa sobre sustentabilidade com a Cooperpac

11h40 – Oficina de turbante com Pam

12h40 – Discotecagem com os DJs Wedson e Phil

13h40 – Oficina de dancehall com Felipe Berní

14h40 – Vivências náuticas com Meninos da Billings

15h40 – Apresentação musical – Laís

16h40 – Apresentação musical – Mmoneis

17h40 – Entrega de certificados – UniGraja

18h30 – Discotecagem UniGraja

Ao longo do evento: exposição com barracas de empreendedores.

Representatividade do slam e das batalhas de rima inspira autoafirmação da juventude periférica

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Mediado pelo escritor Emerson Alcalde, o debate “Slam e Batalhas de Rima – Narrativas da juventude periférica”, com participação da slammer Kimani e o rapper Luis França, trouxe importantes discussões para a quarta edição do Congresso Escritores da Periferia, abordando a literatura como instrumento de autoafirmação e identidade dos jovens. 

Mesa formada por artistas do movimento do movimento do slam e de batalhas de rima. (Foto: Daniel Brasil)

A ocupação de espaços públicos com manifestações culturais articuladas por jovens dentro de seus territórios vem trazendo um legado de autoafirmação e entendimento da sua identidade, ao colocar em pauta discussões como gênero e racismo. 

Questões como essa apareceram no segundo debate do Congresso de Escritores da Periferia, realizado neste sábado (24/11/2018), no Centro de Mídia M´Boi Mirim, localizado no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo.

As vivências da slammer Kimani, do rapper Luiz França e do escritor Emerson Alcalde, marcaram a terceira e última mesa do 4°Congresso de escritores da periferia, organizado pelo coletivo Desenrola e Não me Enrola no Centro de Mídia M’Boi Mirim, trouxe como tema “Slam e Batalhas de Rima – Narrativas da juventude periférica”.

Com o amplo processo de apagamento histórico, silenciamento e invisibilidade cultural, pela qual a juventude periférica passa cotidianamente, se torna cada vez mais comum a perda de suas identidades, o que tem como consequência a busca por padrões de beleza e de vida normativos, impostos pela sociedade do consumo.

Como forma de transgressão social, esses jovens criam dentro de si uma grande necessidade de serem ouvidos e vistos e nesse sentido, os saraus, slams e as batalhas de rima se tornam espaços de visibilidade, encontro e transformação social.

Tais espaços acabam por promover o acolhimento destes jovens que, distribuídos em roda, dividem suas realidades e angústias de forma coletiva, entrando em contato com suas próprias identidades e ganhando visibilidade.

“Na cena do slam eu consegui me descobrir, me entender como mulher negra, e não mais moreninha, entrei em contato comigo mesma, agora consigo transformar minhas dores em poesia”

conta a poeta Kimani.

Os slams começam em Chicago nos anos 80 como uma brincadeira de dar notas às poesias e logo se expandiram pelo mundo, chegando ao Brasil em 2008 com o Zap Slam. “Tanto as batalhas quanto o slam ou sarau estão dentro do hip hop, são falas políticas e sociais, de quem vive a quebrada”, argumenta a poeta Kimani.

Esses espaços são marcados pelo embate político e, por serem organizados em territórios que têm uma grande ausência de políticas públicas, os moradores articulam sua própria cultura e meios de discutir política: “o slam da Guilhermina é na rua, em si é um evento político, nós desde a fundação temos a nossa bandeira vermelha. Deixamos claro um posicionamento político do lado da esquerda e de enfrentamento ao fascismo”, argumenta Emerson Alcalde, poeta e organizador do Slam da Guilhermina, na Zona Leste da cidade de São Paulo.

A marcante presença de adolescentes e moradores nesses espaços de fala e visibilidade demonstra o impacto e a transformação social causada pela articulação dos jovens nos territórios. Com poucos espaços de cultura e lazer nos bairros periféricos, se torna ainda mais legítima a ocupação de ruas e praças transformando a quebrada, como conta Luiz França, organizador da Batalha do Bambuzal.

“A melhor coisa é ver todo mundo reunido na praça, meus amigos, minha família, as tia que vende doce na quebrada, todo mundo aparece, e organizamos as batalhas para todos terem voz, e conseguir passar sua mensagem.”

aponta Luiz França.

Com a forte demanda de construção ou criação de espaços de cultura nas periferias, se torna essencial na vida dos jovens a existência de saraus, slams e batalhas de rima, pois assim se constituem como espaços de visibilidade, representatividade e reconhecimento de suas identidades, acarretando também uma descentralização da produção cultural e surgimento de artistas de várias linguagens dentro das periferias.