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Política e Religião: jovens da periferia questionam a representatividade da bancada religiosa

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Com o crescimento das bancadas políticas que impactam em vários setores da sociedade, o debate sobre os valores e morais propagados pelas frentes parlamentares se faz necessário para entender quem de fato eles representam.

Historicamente, política e religião são âmbitos que formataram grande parte da sociedade atual. Durante muitos séculos a igreja e a monarquia formavam uma só estrutura. Ainda hoje, mesmo após a separação Igreja-Estado, é possível identificar claramente a interferência desses dois temas em pautas importantes como gênero, raça e classe.

Mesmo ainda sendo um país com 64% da população católica – a maior nação católica do mundo, o Censo Demográfico de 2010, mostra o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil ao longo dos anos, principalmente o crescimento da população evangélica que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010, sendo que a cidade de São Paulo concentra o maior número de evangélicos que qualquer outra cidade do Brasil, com 2,3 milhões. Os seguidores da umbanda e do candomblé permaneceram em 0,3% em 2010.

A partir deste cenário, jovens das periferias de São Paulo, entendendo a importância da construção de um parlamento que de fato trabalhe e desenvolva ações que dialoguem com as reais necessidades e demandas da população, principalmente nas periferias, contam como enxergam o cenário político no qual tem sido pautado por políticos diretamente ligados a correntes religiosas.

Assista a primera parte da reportagem especial do Desenrola E Não Me Enrola. 

Representatividade para quem? 

Para o jovem estudante Alessandro Akim, 17, candomblecista e morador do Jardim Jacira, região sul de São Paulo, a sua religião é fundamental na construção de sua identidade como jovem, negro e morador da periferia. “Estar no candomblé, cultuar a religião que meus ancestrais cultuavam na África, poder resgatar aquilo que foi roubado, para mim isso representa muito.”

A hierarquização e a presença massiva especialmente do catolicismo nas estruturas do país, trouxe diversas consequências, principalmente para as religiões de matrizes africanas que hoje buscam espaço em um ambiente político marcado pelo conservadorismo.

Rayane Braga, 18, moradora do Jardim Ângela, é católica e acredita que mesmo sendo cristã é preciso manter um pensamento inovador dentro de sua doutrina como jovem e periférica. “Mesmo a igreja católica tendo um pensamento um pouco mais antigo e ideológico, trago sempre um pensamento de inovação, feminismo e emponderamento dentro da religião. ”

Indo além dos aspectos intangíveis das religiões, os jovens notam que ela também esta diretamente ligada com o fazer político, e que essa associação pode ser extremamente favorável para os interesses pessoais dos parlamentares.

A musicoterapeuta e estudante de pedagogia, Estela Cândido, 25, que é evangélica protestante e residente do bairro Vila Natal, pertencente ao distrito do Grajaú, a igreja é um ambiente de grande desafio, mas ao mesmo tempo um espaço onde pode promover ações nas quais acredita, inclusive política. “Eu acredito nos processos formativos de conscientização. Gostaria de citar, por exemplo, o Fast Food da Política. Lá eu percebi como eu, sendo uma civil, posso influenciar na política, e quando eu percebo algumas influências religiosas tentando ditar o voto dos fiéis, acho isso frustrante.”

Assim como Akim que relata não se sentir retratado pela bancada religiosa presente hoje no contexto político, Estela acredita que as bancadas não representam a maioria: “O preconceito religioso está sim inserido na bancada evangélica, uma bancada que não representa a maioria, porque existe uma dificuldade em coexistir na diferença”, conta a jovem.

Segundo o Cientista da Religião, Felipe dos Anjos, quando representações de doutrinas religiosas como Silas Malafaia, Marco Feliciano e Eduardo Cunha, vêm a público dizendo que refletem a igreja, é apenas mais uma tentativa de capitalizar representação: “Esses sujeitos religiosos ocupam o centro do poder, e nesse centro eles tem dinheiro, mídia e visibilidade. Dali eles inventam e discursam o que eles querem, fazendo parecer que são representativos. Quando a gente foca nesse centro do poder, a gente não perceber que nas periferias, não existe essa representatividade.”.

A partir do posicionamento político dos jovens e da opinião de um especialista cientista em religião e política, para além dos discursos que não estão alinhados com as demandas reais da população, a ligação entre esses dois campos coloca em jogo o andamento de pautas fundamentais que interferem diretamente a vida de milhões de pessoas nas periferias, territórios vulneráveis que demandam urgentemente por políticas públicas eficazes e plurais.

*Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola e Não me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento e TV Grajaú, com patrocínio da Fundação Tide Setubal.

Cerca de 30 reportagens serão publicadas até o final de outubro com assuntos de interesses da população das periferias de São Paulo em ano eleitoral. Acompanhe os sites e as redes sociais dos coletivos e não perca nada!

Os caminhos de jovens das periferias até a universidade

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Se preparar para o vestibular é apenas um dos passos que o jovem dá em busca de uma vaga no ensino superior. No meio desse trajeto, ele ainda precisa lidar com a escassez de políticas públicas de educação, além de problemas que impactam a sua saúde mental e física.

Feira das Profissões do Cursinho Popular Carolina de Jesus (Foto: Thais Siqueira)

A educação pública está entre as áreas que mais vem sofrendo com a falta de investimentos públicos. Em 2018, por exemplo, o orçamento para novos investimentos no Ministério da Educação, teve uma redução de 32% em relação a 2017. O valor destinado para investimento em 2017 foi de R$ 6,6 bilhões, enquanto no ano de 2018 foi de apenas R$ 4,52 bilhões.

Esse cenário de sucateamento atinge um público especifico: jovens, negros e principalmente a população de baixa renda, que na pratica, é quem mais utiliza e precisa acessar serviços públicos educacionais de qualidade.

No entanto, quando abordamos sobre o ingresso da juventude periférica nas universidades, precisamos refletir sobre o processo que esse jovem passa durante o período de formação escolar, tendo em vista alguns fatores que influenciam diretamente no desenvolvimento desses indivíduos, como o desgaste psicológico, emocional e físico.

Para entender a fundo como esse contexto social está em curso nas periferias, conhecemos a história de três jovens que percorreram diferentes caminhos em busca do acesso à universidade. Os estudantes Pedro Fernandes, Larissa Rodrigues e Ana Carolina, contam como se dá esse processo desde o desgaste psicológico, até a busca e uso de métodos alternativos à educação pública.

Assista a reportagem completa do projeto #NoCentrodaPauta 

O sucateamento do ensino médio 

Antes mesmo de pensar no ensino superior, a educação pública básica já não oferece recursos suficientes para o desenvolvimento completo desses estudantes. Segundo os dados apresentados recentemente pelo Ministério da Educação nenhum estado brasileiro atingiu a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017 no ensino médio.

Nas escolas publicadas estaduais de São Paulo, a meta de desenvolvimento do ensino médio não é alcançada desde 2013, conforme revela a pesquisa anual realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Para o coordenador pedagógico, Rafael Cícero, o estado precisa fazer o contrário do que tem feito hoje: “ao invés de sucatear, deveriam aumentar significativamente os investimentos, de modo a ter uma educação básica de maior qualidade, que consiga ser universalista.”

Ele chama atenção para o perfil do público prejudicado pela decadência causado pelo governo no ensino público. “Quem estuda na escola pública na sua maioria são jovens periféricos. Não avançar nesse cenário, impacta diretamente a vida dessa população.”

A estudante Ana Carolina, 19, moradora do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, conta que não houve base suficiente em seu ensino fundamental e médio que a preparasse para o ensino superior. “No fundo eu acho que a escola ela não te prepara para o vestibular, ela te desprepara, te desmotiva. O desgaste psíquico de passar pelo processo da escola pública é muito desgastante.”

Para além do contexto da educação básica, quando entramos na conjuntura do ensino superior, o cenário não é nada animador. Com a aprovação da Emenda Constitucional 95 – PEC dos gastos, que limita os gastos públicos à variação da inflação por 20 anos, aumentam as barreiras sociais na educação a partir das reduções de bolsas, burocratização e enxugamento de vagas para acesso a programas como Fies e Prouni, fora a falta de verbas para a manutenção das estruturas educacionais e programas de pesquisa.

Ingressar no ensino superior não é a única preocupação desse jovem. A última pesquisa do Censo da Educação Superior, mostra que somente em 2016, 30% dos alunos matriculados em instituições públicas e privadas tiveram que deixar seus cursos, o que equivale a 3,4 milhões de universitários.

Quando se trata do jovem que vem das periferias, a preocupação aumenta. “Muitos jovens da periferia até conseguem chegar nas universidades, porém, muitos não conseguem se manter, porque nessa redução, a assistência estudantil é uma das áreas que está sofrendo. Então você tem menos alunos podendo morar em repúblicas, morar nas próprias instituições”, relata o coordenador Rafael sobre os impactos desses cortes para os jovens periféricos que conseguiram ingressar nas universidades.

Educação popular como estratégia de cuidado 

Frente a essa conjuntura, muitos jovens procuram formas alternativas para percorrer o caminho até o ensino superior. Uma das possibilidades são os cursinhos populares que vem gerando grandes impactos não só na difusão de conteúdos teóricos, mas também na construção de um olhar crítico sobre as demandas sociais.

O coordenador pedagógico da Rede de Cursinhos Ubuntu, Rafael Cícero, contextualiza a importância de experiencias com a educação popular nas periferias. “Faz tempo que a periferia é um polo de resistência. Temos muitos cursinhos nas periferias fazendo esse enfrentamento e defendendo a democratização do acesso à universidade. Elas estão ali no campo do que chamamos de educação popular, e essa educação é uma defesa, uma luta de emancipação da classe trabalhadora.”

“Muito mais do que ser um espaço conteudista, de simplesmente debater assuntos dos currículos escolares, essas experiências também são na sua maioria experiências de formação de cidadãos, de jovens críticos, de jovens com olhar mais amplo para sociedade. Elas ajudam nesse campo de cidadania, no sentido de reconhecimento, pertencimento”, conta o coordenador sobre como agentes das periferias vem buscando alternativas frente ao sucateamento do ensino público.

Residente do bairro João XXIII, zona oeste de São Paulo, o estudante Pedro Fernandes, 21, um dos articuladores na criação do Cursinho Livre Cláudia Silva Ferreira, conta que a partir do programa de formação também é necessário questionar a importância de ocupar esses espaços acadêmicos. “Entender que o vestibular, a faculdade, é uma ocupação de espaço, como uma pessoa pobre e talvez a primeira da família a entrar na universidade.”

Junto com a dificuldade de acesso, os desgastes psicológicos que acompanham esses estudantes, faz com que muitos desenvolvam traumas e barreiras mentais que afetam inclusive suas relações com a família e amigos.

“A saúde mental de estudantes que são da periféria e pessoas que estudam no Dante Alighieri, é totalmente diferente. Eu cheguei aqui atrasado porque eu estava trabalhando, por exemplo”, compartilha o estudante Pedro.

O psicólogo Ricardo Cavalcante ressalta que os processos psíquicos desses jovens são diferentes: “o jovem burguês está naquele momento só estudando, só se preocupando com isso. O jovem da periferia além de se preocupar com estudo, tem que se preocupar em cuidar do irmão mais novo, tem que se preocupar em ajudar em casa, por exemplo. Então os desgastes emocionais vão nesse sentido.”

*Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola e Não me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento e TV Grajaú, com patrocínio da Fundação Tide Setubal.

Cerca de 30 reportagens serão publicadas até o final de outubro com assuntos de interesses da população das periferias de São Paulo em ano eleitoral. Acompanhe os sites e as redes sociais dos coletivos e não perca nada!

Literatura Negra e periférica é tema de encontro na zona oeste de São Paulo

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Sarau Elo da Corrente recebe a escritora Jenyffer Nascimento, nesta terça-feira (25).

Sarau Elo da Corrente (Foto: Divulgação)

Ainda precisamos falar sobre isso. Em agosto, a Academia Brasileira de Letras (ABL) frustrou as expectativas de quem esperava pela posse da escritora mineira Conceição Evaristo. Ela seria a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na entidade literária, fundada em 1897. O episódio fomentou ainda mais a necessidade do debate sobre os saberes, identidades e desafios das escritas das mulheres negras e das periferias.

Pernambucana de nascença e paulistana de vivência, a escritora Jenyffer Nascimento traz um pouco deste debate na atividade Roda de Saberes e Identidades, do Circuito Literário nas Periferias, que acontece na próxima terça-feira (25), no CEU Vila Atlântica, no Jaraguá, Zona Noroeste de São Paulo (SP).

“Falar da importância da literatura negra e periférica é de pensar na contribuição para preencher uma lacuna na história mal contada de nosso país. É ocupar um lugar de disputa, quando sempre ousaram nos manter invisíveis. Quiseram apagar nossa existência e a força de nossos escritos. Por isso, fomentar, discutir e difundir a literatura produzida por pessoas negras, sobretudo mulheres, e muitas delas oriundas de periferias, é libertador tanto para quem escreve quanto para quem lê”, comenta Nascimento.

Se a discussão é potente, a escolha particular do público é essencial. O Circuito Literário nas Periferias tem como foco os bairros distantes do centro da capital e tem como um de seus parceiros o Coletivo Elo da Corrente, que atua há mais de 10 anos na Zona Oeste da cidade.

Integrante do coletivo, a escritora Raquel Almeida fará a mediação da atividade. Ela enfatiza o valor da atuação dentro do território onde formou-se. “Eu vejo como um retorno ao lugar que eu cresci e aprendi a sobreviver. O Elo da Corrente sempre almejou estar em espaços de ensino como um apoio. Também tivemos a sorte de ter uma leva de professores e coordenadores comprometidos, o que possibilitou a nossa atuação em conjunto. É importante agir coletivamente com a escola por uma educação mais abrangente”, diz.

Sarau Elo da Corrente: Roda de Saberes e Identidade

Circuito Literário nas Periferias

Terça-feira (25) às 14 horas

CEU Vila Atlântica | Rua Cel. José Venâncio Dias, 840 – Jaraguá – São Paulo (SP)

Sobre Jenyffer Nascimento

Pernambucana de nascença e paulistana periférica de vivência, Jenyffer Nascimento é escritora. Na adolescência foi fisgada pelo hip-hop, começou a escrever letras de rap e foi integrante do grupo de feminino “Minas do Subúrbio”. Mais adiante, encontrou na cena dos saraus da Zona Sul de São Paulo, a força histórica, cultural e artística de expressão de um povo. Assim se junta aos seus e timidamente volta a escrever. Em 2013 publicou pela primeira vez seus escritos participando da Antologia do Sarau do Binho. Em seguida, participou do livro Pretextos de Mulheres Negras. Um ano depois publicou seu primeiro livro autoral “Terra Fértil” pelo Coletivo MJIBA. Atualmente é educadora, poeta, mãe e articuladora cultural. Colabora na Revista Amazonas e no coletivo Periferia Segue Sangrando.

Sarau Elo da Corrente

O Coletivo Elo da Corrente realiza encontros mensais desde 2007. Seu eixo de atuação é a produção, fomento e difusão da cultura de periferia, negra e nordestina.
O sarau mensal tem o intuito de incentivar a leitura, recitar poesias e valorizar a arte e cultura da periferia paulistana.

O coletivo também mantém uma biblioteca comunitária, um espetáculo de poesia falada, um blog e uma editora independente, a Elo da Corrente Edições, que publica obras de artistas parceiros.
Suas atividades acontecem no Bar do Santista –Rua Jurubim, 788-A – Pirituba (Zona Oeste). A entrada é livre.

http://elo-da-corrente.blogspot.com/

FELIZS chega a quarta edição com a participação de artistas de várias regiões do Brasil

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Entre 10 e 22 de setembro, a Feira Literária da Zona Sul (FELIZS) ocupa equipamentos de cultura eeducação,localizados nos distritos de Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim São Luis e Jardim Ângela, ambos na zona sul da cidade.

Tenda Literária da Feira Literária da Zona Sul (Foto: João Cláudio de Sena)

Com apresentações de dança, música e poesia, o Sarau do Binho abre a quarta edição da Feira Literatura da Zona Sul (FELIZS) na noite de segunda-feira (10), às 20h, no espaço do Teatro Clariô, localizado na divisa de Taboão da Serra com São Paulo, na zona sul da cidade. O tradicional encontro poético celebra a importância do movimentoliterário nas periferias paulistanas, para fomentar o surgimento de novos autores, selos editoriais e o crescente número de consumidores de arte.

A FELIZS é uma iniciativa de produtores culturais e artistas que fazem parte do Sarau do Binho, um dos movimentos artísticos precursores da cultura dos saraus na zona sul da cidade. “Nós queremos mostrar para a cidade o quanto se produz de arte e cultura nos distritos do Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luis, territórios que são potências em produção literária em São Paulo”, afirma Diane Padial, enfatizando o nome dos territórios que serão contemplados com atividades da feira literária.

Para mostrar a ligação da feira literária com espaços de cultura e educação nas periferias, naterça-feira (11), um grupo de articuladores culturais promove uma Caminhada Literária pelas ruas do Campo Limpo. “Essa vivência irá mostrar às pessoas lugares marcantes no território, onde a literatura e a arte fazem parte do cotidiano dos moradores”, diz Suzi Soares, produtora cultural e integrante do Sarau do Binho.

Ela reforça que boa parte do público da feira literária são jovens estudantes e professores. “Cerca de 50% dos espaços por onde as atividades da FELIZS irão passar, são escolas municipais ou bibliotecas públicas, e isso revela uma característica da feira, em engajar e aproximar jovens do universo do livro e da leitura.”

Segundo Padial, essa edição da FELIZS tem uma programação pensada para reunir autores de diversas cidades brasileiras. “O Sarau “Poesia de Todo Canto”, iniciativa que conta com participações de artistas que residem nas cidades de: Itabuna na Bahia, Itacoã em Roraima, Natal no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Alto Solimões, um município do Amazonas, representa bem essa proposta da FELIZS”, explica a produtora, ressaltando que o tema da feira traz a provocação “De Onde Você Vem?”, como forma de conectar diferentes autores e vivências com o fazer literário.

Outro destaque na programação da feira literária são as exibições e debates sobre filmes no estilo de curta-metragem e documentários, produzidos por cineastas das periferias. “Precisamos abrir cada vez mais espaço para discussões que perpassam a literatura e o cinema, pois as bordas da cidade revelam cada vez mais profissionais com talento e sensibilidade, paracontar histórias de grupos e pessoas que se dedicam a mudar a sua vidae a de outras pessoas, por meio da arte. E a Felizs está valorizando isso”, destaca Suzi, abordando a importância do audiovisual e a sua conexão com a literatura.

Ao longo da programação da FELIZS, o público poderáparticipar ativamente de encontros com grandes autores que atuam dentro e fora das periferias. O escritor e professor Milton Hatoum está entre eles, bem como a escritora feminista Jenyffer Nascimento, autora da obra Terra Fértil. “Ao longo da FELIZS haverá muitas conversas com autores, justamente para aproximar o público do processo de criação das obras e da identidade artística de cada autor”, reforça Suzi.

Questões de raça e gênero não ficam de fora da programação. Neste contexto, a professora Diva Guimarães, personagem que ganhou projeção nacional durante a FLIP, em 2017 surge ao lado da poeta e doutora em estudos da tradução, Tatiana Nascimento para um bate papo sobre mulheres negras,diáspora e emancipação.

O encerramento da FELIZS acontece no sábado (22) na Praça do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, local aonde moradores, artistas, autores e editoras independentes ocupam o espaço público para interagir com a programação da feira literária, que este ano traz uma série de shows especiais, entre eles o cantor Chico César, o compositor Marcelo Jeneci e o grupo de batuqueiros e compositores Samba da Vela.

Moeda Literária e o fomento a publicações independentes

Além de conectar moradores das periferias de São Paulo com autores de diversas regiões do país, a FELIZS coloca em prática a utilização da “moeda literária”, iniciativa que visa fomentar o consumo de livros publicados por autores e selos independentes. “Vamos ativar a circulação desta moeda, com o objetivo de movimentar o comércio de livros na Praça do Campo Limpo, local onde será realizada uma grande feira com tendas para autores e editores no dia 22 de setembro, data de encerramento da feira”, conta Padial.

Ela lembra que nesta edição da FELIZS o selo editorial Sarau do Binho irá apoiar o lançamento de obras de alguns autores da periferia. “Em 2017, o selo editorial estreou na Felizs com a publicação de quatros livros. Para este ano, vamos manter esse número, lançando mais quatro, para fortalecer a entrada desses autores no mercado do livro.”

Os livros “Desassossego” de Ermi Panzo, “Do verbo que o amor não presta” de Helena Silvestre, “Vértices Poéticas” de Zá Lacerda e a “A festa da palavra na arte do encontro – Das Noites da vela ao Coletivo Sarau do Binho” de Diego Elias, estão entre os títulos selecionados para serem lançados durante a feira livros na Praça do Campo Limpo, no encerramento da feira literária. “Vamos unir o lançamento da moeda com a publicação de obras independentes. Desta forma, a Feira Literária da zona sul contribui diretamente com o fortalecimento da produção literária na periferia, incentivando o contato de moradores das periferias com obras de autores independentes”, finaliza.

Confira aqui a programação completa da Feira Literária da Zona Sul.

Seu apoio foi fundamental!

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Com a ajuda de mais de 182 doadores, o Centro de Mídia M’Boi Mirim ultrapassou a meta e conseguirá manter o espaço colaborativo em funcionamento durante todo o ano de 2019.

Com ao apoio de mais de 150 doadores, o espaço colaborativo que abriga uma série de iniciativas, projetos e coletivos que atuam por meio do jornalismo, audiovisual, fotografia e educação popular, continuará em funcionamento, impactando mais de 120 pessoas mensalmente.

Foram 40 dias de campanha, 183 apoiadores e R$ 21.143,000 arrecadados.

Os integrantes do coletivo de comunicação, Desenrola e Não Me Enrola, gestores do espaço, irão entrar em contato com os apoiadores para passar todas informações sobre a entrega de cada recompensa.

Muito obrigada por terem acreditado e somado nessa caminhada até aqui!

Apoiadores:

Adm Contabilidade E Consultoria

Agência Mural De Jornalismo Das Periferias

Aline Rodrigues

Amadeu Dias Correia

Amanda Prado

Amanda Rahra

Ana Abdulkader

Ana Carolina A. Carvalho

Ana Carolina Martins

Ana Elizabeth Prado

Ana Helena Oliveira

Ana Paula Do Val

Andre De Geus Cervi

André Sollero

André Takahashi

Angela Bia Roman

Angelina

Antonieta Neves Oeiras

Arthur Gandra

Beatriz Pedreira

Bianca Santana

Bruno Bertogna

Bruno Hannud

Cadu Ruocco

Caio Val Verde

Canu

Carla Mayumi Albertuni

Carla Prates

Carlos Magno De Assis Diogo

Carlos Vinicius Bressan

Carol Pires

Carolina Gutierrez

Carolina Rago Frignani

Cássio Aoqui

Catarina

Cecilia Ungaretti Jesus

Celia Cipriano

Chloé Pinheiro

Chris Metzker

Cláudia Nonato

Cris Siqueira

Daniel Baldini

Daniela Floriano Teixeira

Diane Padial

Diego Borin Reeberg

Dominique Gogolevsky

Dora Nascimento

Editora Filoczar

Elenice Tamashiro

Elissa Fichtler

Evelyn Gomes

Fabiana Alves Siqueira

Fabianne Lopes

Fabricio Rodrigues

Fernanda Lopes

Fernanda Nudelman Trugilho

Flavia Burcatovsky

Florenice Siqueira

Georgia Haddad Nicolau

Germano Dushá

Gisele Brito

Gisele De Oliveira Alexandre

Guilherme Rafael Dalmedico

Guilherme Ralisch

Gustavo Soares

Gut Simon

Ingrid Felix

Instituto Update

Intervozes Coletivo Brasil De Comunicação

Irene Knoh

Jaistillo Projeto Raizes

Jean Messias Sousa

João Ricardo Penteado

João Vitor Caires

Jordan Fields

Ju Dias

Júlia Carvalho

Júlia Cruz

Julia Rodrigues Melo

Julio Siqueira

Kaique Nazario

Karol Coelho

Larissa Dionisio

Larissa Furtado

Lays Morimoto

Lena Silva

Leo Milano

Letícia Alves Nascimento

Leticia Tavares

Ligia Santi Lupo

Lima Son

Lívia Lima Da Silva

Lucas Harada

Luciana Ferrara

Luciana Minami

Lucila Pinsard Vianna

Luisa Dias

Luiz Lucas Ferreira

Maira Mitre

Manuella Curti De Souza

Maranha

Marcia Alexandre

Marcus Vinicius Bomfim

Maria Carolina Marum Zemella

Maria Lucia Ramos Bellenzani

Mariana Belmont

Mariana Caires

Mariana Kuntz

Mariana Ribeiro

Mariana Zafalon Ferreira

Marília Matos Da Silva

Marina Vieira Souza

Marinho Winter

Martina Horvath

Michel Yakini

Michely Alves De Oliveira

Monica Audi

Mônica Ribeiro

Monique Caroline

Mymag Editora

Natália Ribeiro Barreto

Natalie Trevisan Paz

Nilva De Souza

Nina Weingrill

Paulina Chamorro

Paulo Silas Alves Ribeiro

Pedro Borges

Pedro Cobbett Stael Markun

Pedro Ribeiro Telles

Priscila Dos Santos Pacheco

Rafael Cícero De Oliveira

Rafael Grohmann

Rafael Poco

Renata Minerbo Strengerowski

Renata Ruggiero Moraes

Renato Rocha De Lima

Ricardo Borges Martins

Ricardo Pedroso Leal

Ricardo Terto

Rita De Cassia Alves Oliveira

Rita De Cassia Alves Resende Vilhena

Roberto Pereira Cunha

Rodrigo Savazoni

Rogerio Pixote

Rogério Vieira

Rosa Maria Falzoni

Rosane Tierno

Sabrina Coutinho

Samuel Emílio Melo

Semayat Oliveira

Sérgio Alli

Sérgio Amadeu Da Silveira

Shirlei Do Carmo

Silvia Tavares

Simone Freire

Sophia Dozzi Gutierrez

Suzi Soares

Tatiana Dias

Thais Fernanda

Thauan Pereira

Thiago Borges

Thiago Carrapatoso

Tiago Genoveze

Tiago Lins

Veronica Deviá

Vitor Avileis Abud

Weber Sutti

Willian Graniero

Centro de Mídia M’Boi Mirim realiza 2° edição do circuito de workshops

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Serão 25 vagas para cada uma das 5 formações gratuitas ligadas às tecnologias da comunicação e informação que acontecerão ao longo do mês de setembro no espaço.

Foto divulgação (Foto: Divulgação)

Com objetivo de compartilhar saberes sobre a importância da comunicação em projetos e empreendimentos nas periferias, o Centro de Mídia M’Boi Mirim abre vagas para a segunda edição do circuito “Workshop Comunica Coletivos” que visa fortalecer coletivos, articuladores e empreendedores que desenvolvem ações socioculturais. As formações que terão início a partir do dia 13 de setembro, às 18h, e encerram no dia 27, serão realizadas no equipamento comunitáriolocalizado no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo.

Os workshops serão oferecidos de forma gratuita e ao final será entregue um certificado de participação para os agentes que atuam nos territórios periféricos interessados em adquirir conhecimento sobre as técnicas de comunicação. A iniciativa faz parte do Circuito de Workshops Comunica Coletivos, ação criada pelo coletivo Desenrola e Não Me Enrola, que em sua segunda edição abordará temas como: práticas de assessoria de imprensa, ferramentas de newsletter, comunicação no território para projetos culturais,produção de podcast e estratégias de conteúdo com agentes culturais.

Confira abaixo a agenda de workshops e clique aqui para realizar a sua inscrição.

Circuito de Workshops:

– Práticas de Assessoria de imprensa para Empreendedores e Coletivos – 13/09/2018

– Ferramentas de Newsletter – 18/09/2018

– Comunicação no território para projetos culturais – 20/09/2018

– Produção de Podcast – 25/09/2018

– Estratégias de conteúdo: como definir definir o conteúdo para o seu projeto, produto ou serviço? – 27/09/2018

Local: Centro de Mídia M´Boi Mirim

Endereço: Rua Thereza Silveira de Almeida, 03, Jd. Dionísio, São Paulo.

Política e Religião: O impacto do movimento conservador nas políticas públicas

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A diversidade de pautas que precisam ser tratadas no âmbito político, esbarra no cenário conservador, especialmente quando se trata de temas como diversidade sexual, gênero e religião.

Tendo em vista que 202 dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados integram a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, assuntos como legalização da maconha, descriminalização do aborto, casamento homoafetivo, maioridade penal, entre tantos outros, colidem com os interesses e crenças religiosas de diversos parlamentares que se colocam como representantes de parte da população.

Cientes da relevância de temas como estes, os jovens Alessandro Akim, Estela Cândido e Rayane Braga, moradores da periferia de São Paulo e seguidores de diferentes religiões, compartilham suas visões sobre a interferência de correntes religiosasem debates que impactam diretamente a população.

Assista a reportagem completa do projeto #NoCentrodaPauta 

Estela Cândido, 25, evangélica protestante, musicoterapeuta, estudante de pedagogia e residente do bairro Vila Natal, bairro localizado no Grajaú, acredita que política e religião caminham juntas: “A política interfere na religião, mas existe um movimento contrário, onde as religiões e doutrinas interferem na política. São duas coisas que se retroalimentam. Alguma decisão das políticas publica são tomadas por algumas influencias religiosas.”

Entre as diversas pautas que se chocam com o movimento político tradicionalista em debate no Supremo Tribunal Federal (STF), temos o debate sobre a legalização do aborto até a 12ª semana de gestação, tema que além de interferir na saúde publica, envolve uma questão fundamental, a restrição da liberdade individual de cada cidadão.

A segunda edição da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada em 2016 pelo Anis – Instituto de Bioética e pela Universidade de Brasília (UnB), aponta que uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já fez pelo menos um aborto, considerando toda a população feminina entre 18 e 39 anos, o que significa que 4,7 milhões de mulheres já fizeram aborto ao menos uma vez na vida. A pesquisa ainda mostra que dessas mulheres 67% têm filhos, 88% declaram ter religião, sendo que 56% são católicas, 25% evangélicas ou protestantes e 7% professam outras religiões.

A favor da legalização do aborto, a jovem Rayane Braga, 18, católica e moradora do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, acredita que a igreja precisa expandir sua visão sobre o assunto. “Acredito que a igreja deveria olhar com mais humanidade para essas pessoas, abrir mais o pensamento sobre este tema.”

Além da legalização do aborto, no próximo dia 09, o STF realiza o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 494601, que foi apresentado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, contra a decisão do Tribunal de Justiça do estado que validou por meio de uma lei o sacrifício de animais em rituais religiosos. A proibição vem sendo discutida há muito tempo, e impacta diretamente os povos das religiões de matriz africana que incluem em seus rituais a prática de sacrifícios animais.

“A lei de sacrifício de animais interferiu muito na minha religião. Antes do ato religioso e do sacrifício, existe uma espécie de comunhão com animal. Ele é abençoado em atos de rezas e cânticos, porque estamos invocando forças da natureza, a nossa ancestralidade, nossos deuses que são os orixás”, conta Alessandro Akim, 17, candomblecista e residente do Jardim Jacira, região sul de São Paulo.

Para o Cientista da Religião, Felipe dos Anjos, a religião como uma institucionalidade capturou a política. “Esse catolicismo tradicionale conservador aliado a um grupo evangélico ou uma representação especifica de evangélicos que também é conservador e moralista, construiu um bloco religioso hegemônico no pais que eles usam todo poder histórico que acumularam, todo recurso e espaço de poder que acumularam ao longo do tempo para fazer uma espécie de barreira a pautas mais progressistas., conclui.

Esta reportagem faz parte do projeto #NoCentroDaPauta, uma realização dos coletivos Alma Preta, Casa no Meio do Mundo, Desenrola e Não me Enrola, Imargem, Historiorama, Periferia em Movimento e TV Grajaú, com patrocínio da Fundação Tide Setubal.

Cerca de 30 reportagens serão publicadas até o final de outubro com assuntos de interesses da população das periferias de São Paulo em ano eleitoral. Acompanhe os sites e as redes sociais dos coletivos e não perca nada!

Começa hoje a 2ª Semana de Comunicação da Rádio Conectados

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O evento acontece de (6) a (10) de agosto e tem por objetivo levar a comunidade conhecimentos sobre diversos temas ligados aos meios de comunicação.

Foto: Rádio Conectados

A Rádio Conectados vai realizar no mês de agosto a 2ª Semana Da Comunicação, com o intuito de mais uma vez levar a comunidade conhecimentos sobre diversos temas ligados aos meios de comunicação (locução comercial, locução AM e FM, rádio popular, locução esportiva, locução publicitária, web rádio, comunicação na TV, fake news, cinema ). Esse ano o evento traz muitas novidades, com diversas palestras como: A Arte No Dia A Dia, Os Princípios Básicos Da Fotografia Profissional; Conteúdo Estratégico Para Rádios nos Dias de Hoje; Os Primeiros Passos de Um Jornalista no Século XXI; Rádio, de Onde Veio, Como Está e Onde Vai Parar; Rádio Entre o Offline e o Online; O Processo de Produção de Um Programa de Televisão; Cinematografia: Estética, Crítica e História do Audiovisual; Tudo Sobre os Encontros das Tribos; Como Ser Um Bom Fotografo.

O evento também contará com vários Workshops como: Captura e Tratamento de OFF, onde o participante vai aprender a forma correta de capturar, limpar e comprimir sua voz; Web Rádio, aprenda a montar a sua própria web rádio; Introdução ao Photoshop e Locução Publicitária, neste workshop a pessoa vai aprender a melhor forma de usar a sua voz em trabalhos publicitários (spots), Produção publicitária, aprenda a forma correta de montar um comercial para rádio (spot), Narração Esportiva, Assessoria de Imprensa, Tratamento de foto, jornalismo e outros.

Para falar sobre esses temas, a 2ª Semana Da Comunicação da Rádio Conectados terá a participação de vários profissionais do meio de comunicação em geral como: Paulinho Correria e DJ Zambol da 105 FM, Pati Liberato da Band FM, Cyro César da Radioficina, o locutor Edinho Filho, Jorge Crinspum e Amaury Brito, coordenador e professor respectivamente, do Festival Entretodos, Robson Ferri da RF Mídia, Fabiano Pascarelli, produtor executivo do SBT, o locutor esportivo da TV Gazeta Vinicius Rodrigues, Érica Resende da TV ALESP, entre outros grandes profissionais da comunicação.

O evento será aberto ao público, com entrada franca de 06 a 10 de agosto de 2018, em três períodos, na Rádio Conectados, Rua Clóvis Bueno de Azevedo, 159, Ipiranga, São Paulo.

Informações e inscrições em: www.radioconectados.com.br

Realização: Projeto Conectados e FUNSAI – Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga

Conheça o Info Território, programa de produção de dados do Desenrola e Não Me Enrola

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No segundo semestre de 2017, o coletivo de comunicação Desenrola e Não Me Enrola começou estruturar um programa de produção de dados sobre a identidade cultural dos sujeitos e territórios periféricos da cidade de São Paulo.

Distrito da M´Boi Mirim (Foto: Nene Fluxo Imagens)

O programa de produção de dado Info Território iniciou suas ações com uma investigação sobre a relação dos jovens das periferias com os movimentos culturais da região sul da cidade, mais precisamente com coletivos, equipamentos culturais e artistas independentes que atuam a partir do Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim São Luis e Jardim Ângela.

Para Thais Siqueira, responsável pela gestão do programa Info Território, o projeto surgiu devido a insatisfação dos integrantes do coletivo com os dados apresentados nas pesquisas que norteiam as tomadas de decisão nas periferias. “Uma das grandes motivações para a criação do programa é a desconfiança que temos sobre a credibilidade dos dados apontados em pesquisas que norteiam a criação de políticas públicas e o investimento do setor privado nas periferias”, explica ela.

Antes de implementar o programa, Siqueira passou pela Rede Doladodecá, agencia de comunicação integrada que aproxima marcas e pessoas das periferias de todo o Brasil, utilizando a lógica do progresso compartilhado. Ela enfatiza que estamos num momento que precisamos aprimorar a qualidade dos dados sobre opinião pública, pois uma amostra da “parte” não representa o “todo”.

“Ao produzir dados sobre a opinião pública, a organização precisa estar isenta de interesses nos setores público e privado. Essa é uma característica presente no Desenrola. Nossa vocação é criar informação de valor público para impactar as pessoas”, descreve.

Em ano eleitoral, o Info Território está preparando uma série de sondagens nos distritos da cidade que apresentam baixos indicadores de desenvolvimento humano. “Temos alguns públicos em mente para produzir estudos inéditos, um deles é a juventude periférica e a sua relação com a participação política”, finaliza ela, contando que o coletivo irá lançar nos próximos dias algumas reportagens divulgando a produção desses dados a partir do projeto No Centro da Pauta, apoiado pela Fundação Tide Setubal.

Criando Criadores abre 40 vagas para curso gratuito de produção cultural na Zona Leste

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O projeto, que faz parte das ações formativas do programa ArcelorMittal Forma e Transforma, é realizado no município pelo segundo ano consecutivo.

Oficina de Cartografia Social aplicada durante o curso. (Foto: Divulgação)

Com o objetivo de usar a cultura como elemento transformador de territórios e pessoas, o Criando Criadores, projeto de formação técnica em produção cultural, abre 40 vagas destinadas a moradores de regiões periféricas de São Paulo. Nesta segunda edição, o curso gratuito acontece no distrito de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo.

Os participantes terão oportunidade de desenvolver habilidades nas áreas de mapeamento e cartografia social, empreendedorismo coletivo, planejamento e produção de eventos culturais. O projeto também promove uma agenda de encontros inspiradores para trocas de experiências com talentos e articuladores culturais das periferias de São Paulo.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Cingulado, consultoria com foco em investimento social, o Movimento Cultural Ermelino Matarazzo e a ArcelorMittal, que patrocina o projeto por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. “Criando Criadores é um dos projetos selecionados pelo programa ArcelorMittal Forma e Transforma, que tem como objetivo principal promover o desenvolvimento local por meio da arte e da cultura. O programa está presente em mais de vinte comunidades dos estados de São Paulo e de Minas Gerais”, relata Eduardo Diniz, diretor da unidade da ArcelorMittal, que fica no bairro no Jardim Keralux, em Ermelino Matarazzo.

Para garantir o processo de troca e aprendizado durante o curso, além do contato direto com educadores na área de gestão cultural, os alunos têm um orçamento disponível para organizar durante dois meses como, quando, onde e com quem será realizada uma Mostra Cultural, um processo pedagógico de construção coletiva para efetivar a conclusão do curso.

Assista o minidocumentário do Criando Criadores 2017.

“Para viabilizar a construção de um processo de aprendizado prático e produtivo, os alunos serão divididos em grupos de trabalho para produção da Mostra Cultural. Além dos conteúdos adquiridos nas oficinas para nortear a produção do evento, eles terão o apoio de monitores, para auxiliar e tirar dúvidas durante esse processo que é bem mão na massa”, explica Aluízio Marino, um dos educadores do curso.

Ele acrescenta que essa metodologia do Criando Criadores torna os processos mais colaborativos, diversos, criativos, conscientes e resistentes. “Na periferia existe uma forma coletiva de fazer as coisas, principalmente no campo do empreendedorismo cultural. Por isso, é preciso aprender a trabalhar junto, em grupo. Aquele empreendedorismo onde cada um tem seu negócio e todos lutam pelo mesmo espaço, no qual a regra é competir, não está ajudando quem atua nesses territórios vulneráveis a se fortalecer como redes de convivência, produção e inovação”, enfatiza. “Precisamos buscar novas visões e modelos, e para isso não bastam livros, precisamos experimentar: pular direto a teoria e ir à prática.”

As atividades de formação e bate-papos do Criando Criadores serão realizadas aos finais de semana entre os dias 11 de agosto e 15 de setembro, na sede do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, um dos parceiros do projeto.

Os interessados poderão realizar suas inscrições até o dia 31 de julho acessando este formulário ou por meio das redes sociais do projeto.

Territórios em transformação

Há 30 anos lutando pelo fortalecimento da cultura na região, o Movimento Cultural Ermelino Matarazzo tem um papel fundamental ao promover as atividades e criar novas pontes na região para ampliar o impacto do Criando Criadores. “Na primeira edição do curso, realizada em 2017, o movimento nos ajudou a atrair outros agentes, coletivos e jovens com vontade de atuar na área cultural. Em 2018, a expectativa é continuar esse trabalho e ir além: queremos ampliar a área de atuação dentro do território e fortalecer ainda mais a rede de coletivos que vem se formando”, avalia Daniel Prata, coordenador de comunicação do projeto.

Um dos legados da primeira edição do Criando Criadores foi o fato do curso despertar nos participantes o interesse em se conectar ainda mais com seu território, como forma de atuação profissional e reconhecimento das potencias culturais da periferia. Esse processo de transformação pedagógica e social virou um documentário com participação dos alunos, mostrando como o empreendedorismo cultural pode ser ressignificado para ter fins coletivos e não individuais.