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Concurso literário transforma escola pública em celeiro de novos autores

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Os alunos com idade entre 12 a 14 anos e 15 a 17 que se inscreveram no concurso poderão ser contemplados com a publicação de textos nas categorias Poesia e PROSA. Além disso, eles estão concorrendo a um prêmio de 7 mil reais, que será anunciado no dia do lançamento da antologia.

Alunos reunidos durante a entrega da antologia na terceira edição do projeto, em 2018 (Foto: Coletivo Mesquiteiros)

Neste sábado (24), o concurso literário “Pode Pá Que É Nóis Que Tá” convoca familiares e alunos de escolas públicas da cidade de São Paulo para celebrar o lançamento de mais uma edição da antologia de poesia e prosa que reúne mais de 60 novos autores, representados por jovens e adolescentes das periferias de São Paulo. Aberto ao público, o evento acontece na biblioteca Mario de Andrade, na região central da cidade, a partir das 18h.

Para selecionar de maneira criteriosa e com uma olhar sensível para a produção literária, o concurso conta com um júri formado pelos escritores e poetas Simone Paulino, Marcelino Freire, Débora Garcia e Andrio Cândido.

Criado há quatro anos pelo coletivo Mesquiteiros, o concurso atua como um programa de fomento à produção literária em escolas públicas das periferias, impactando jovens e adolescentes que produzem literatura, mas que possuem poucos espaços para expor e ter seu talento reconhecido.

Agenda
Concurso Literário “Pode Pá Que É Nóis Que Tá”
Local: Biblioteca Mário de Andrade
Endereço: R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP, 01302-000
Data: 24 de agosto
Horário: 18h
Entrada: Gratuita

Conselheiros tutelares avaliam impacto do decreto de porte de armas nas periferias

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O Desenrola foi conversar com conselheiros tutelares que foram eleitos por moradores de territórios periféricos localizados nas regiões sul e norte de São Paulo, para entender como um porte de arma contribui ou não para os fazeres cotidianos desse profissional que atua pela garantia de direitos de crianças e adolescentes, envolvidas em diversas situações de vulnerabilidades.

Jardim Damasceno, um dos bairros do Distrito da Brasilândia, zona norte de SP (Foto: Dicampana FotoColetivo)

A partir do decreto do presidente Jair Bolsonaro, atualizado e publicado na última quarta-feira (8), os profissionais que atuam como Conselheiros Tutelares, uma profissão dedicada a por em prática medidas de proteção a vida de crianças e adolescentes, farão parte um seleto grupo de pessoas que terão direito ao porte de armas facilitado, para uso fora de casa.

Antes de o decreto ser atualizado, o porte de armas só poderia ser concedido a quem comprovasse “efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física”. Agora, o novo texto diz que a comprovação de efetiva necessidade será entendida como cumprida, para algumas categorias de profissionais.

Entre as categorias estão os conselheiros tutelares, advogados, agentes públicos, repórteres que cobrem assuntos policiais, instrutor de tiros, agentes de trânsito, motoristas de empresas e transportadores autônomos de cargas, funcionários de empresas de segurança privada e de transporte de valores, morador de áreas rurais, oficial de justiça e pessoas que são detentoras de mandato eletivo nos poderes executivo e legislativo em âmbito federal, estadual e municipal, quando no exercício do mandato, por exemplo, deputados federais e estaduais, entre outros.

O papel do conselheiro tutelar

Através de parcerias com escolas, organizações sociais e serviços públicos, os conselheiros tutelares atuam para garantir os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído em julho de 1990. Na prática, o estatuto funciona como um marco regulatório de aplicação dos direitos humanos a todas as crianças e adolescentes.

Nesse contexto, as periferias e favelas são áreas nas quais os conselheiros tutelares possuem uma intensa articulação com o poder público e moradores, tanto para ser eleito por meio de uma eleição que é organizada a cada quatro anos, como para desempenhar com êxito as funções da sua profissão e mandato que também tem duração de quatro anos. A partir disso, a vida comunitária de um conselheiro começa a ser construída como uma base da sua atuação profissional e política.

De acordo com dados disponíveis no site da Prefeitura de São Paulo, a cidade possui 52 unidades do Conselho Tutelar. A região leste do município concentra o maior número de conselhos, sendo 20 no total. A zona sul vem logo em seguida com 15 unidades. Nos zona oeste são oito pontos de atendimento e o menor número está na zona norte da cidade com sete unidades.

“A minha arma se chama estatuto da criança e do Adolescente”

Em 2011, o agente social Jamerson Ferreira, morador do Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, se candidatou ao cargo de conselheiro tutelar do território. Segundo Ferreira, o marco dessa candidatura é que ao invés dele divulgar o seu nome, ele procurou mobilizar os moradores para eles entenderem o papel de um Conselho Tutelar e o impacto desse órgão na vida das crianças e adolescentes do bairro, bem como das famílias.

“Durante esse processo, eu fiquei em primeiro lugar no colégio eleitoral do meu bairro. Isso foi glorioso e uma surpresa pra mim, não no sentido da quantidade de votos, mas pelo meu objetivo de conscientizar naquela região”, relembra ele, citando que morava há apenas três anos no bairro e que essa situação o deixou com a sensação de dever cumprido.

Indagado sobre a existência de situações de violência no seu cotidiano do trabalho que envolva uma ameaça clara a sua integridade física, ele volta no passado com um sorriso no rosto e descreve que certa vez atendeu um adolescente que era usuário de drogas. Durante o atendimento, o conselheiro foi em busca de investigar a estrutura familiar do menor e descobriu por meio da sua avó que o pai e a mãe do garoto haviam falecido. E que esse fato contribuía para ele não se conectar com a família, devido ao surgimento de problemas psíquicos e comportamentais que deram espaço o contato com as drogas.

Sobre esse episódio ele relata: “durante um diálogo com um jovem dentro do conselho tutelar, ele me interpretou de maneira diferente e me ameaçou. Até pulou o muro do conselho. Depois ele voltou e me pediu até desculpa pelo ocorrido. E aquilo foi um lapso, aquela coisa de surtar. E depois eu continuei o atendimento e o encaminhei para um abrigo. E poucos meses atrás eu procurei informações sobre ele e soube que ele continuava no mesmo local e estava bem e isso me deixou muito contente”, conta Ferreira.

Para ele, não houve necessidade do uso de força física para resolver a situação, mas sim sensibilidade para entender o que estava se passando com o jovem. Além desta situação, ele afirma que aconteceu mais um caso, com um adolescente que também possuía problemas mentais e estava desaparecido.

A partir destas experiências Ferreira considera uma “aberração” o decreto que facilita o porte de armas também para os conselheiros tutelares. “Em nenhuma sociedade no mundo a arma contribui para trazer a paz, progresso e melhor afinidade entre as pessoas. O que o governo precisa é fazer uma melhor distribuição de renda para as pessoas e nivelar a formação social dos adolescentes com educação e cultura.”

Em tom crítico e político, o conselheiro tutelar reforça: “a arma tem que estar na mão de quem é segurança e que tem o papel de proteger a sociedade. Eu luto pela garantia de direitos. A minha arma se chama Estatuto da Criança e do Adolescente.”

“Eu não sinto ameaça nenhuma de trabalhar na periferia como conselheira tutelar”

A conselheira tutelar da Brasilândia, Verluzia da Silva, moradora do Jardim Eliza Maria, zona norte de São Paulo, acredita que a maior política de fortalecimento da criança e do adolescente, bem como do trabalho de todo e qualquer Conselho Tutelar seja o investimento em educação.

“O presidente está tirando muitos investimentos da educação e da assistência social, quando a periferia precisa de serviços como os CCA´s e CCJ´s”, fazendo uma referência direta a serviços sociais que zelam pelo cuidado de famílias que estão com seus filhos em situação de vulnerabilidade social.

Do ponto de vista de Silva, o porte de armas não faz parte da cultura do conselheiro tutelar. “Eu não sinto ameaça nenhuma de trabalhar na periferia como conselheira tutelar. A gente não está aqui para intimidar ninguém. Eu vejo a arma como uma intimidação. Para entrar dentro de qualquer comunidade da Brasilândia, local onde eu moro, eu não preciso de uma arma, eu preciso de educação e pedir licença aos moradores e explicar qual é o meu trabalho.”

Com uma vasta vivência na vida comunitária, ela compreende que o conselheiro que optar ter um porte de arma, por se sentir inseguro no dia dia de trabalho significa que ele não constrói um diálogo com a comunidade para explicar qual é a sua função.

Ao relembrar o papel institucional do conselheiro tutelar, previsto no estatuto da criança e do adolescente, ela enfatiza: “nós somos garantidores de direitos e se acontecer qualquer situação de resistência por porte da família nós não vamos usar a força para atender aquela situação, porque nós não somos executores. Executores são os juízes.”

Segundo Silva, até hoje no seu histórico de atuação nenhuma família se recusou a ser atendida ou demonstrou algum tipo de resistência, por compreender a importância do seu trabalho.

Vó Tutu transforma quintal de casa em lugar de afeto e construção política na Brasilândia

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Através de ações que vão de cuidados com saúde à alimentação de idosos e crianças, Vó Tutu, moradora da Brasilândia, pensa no crescer e envelhecer dentro das periferias, e com isso vem construindo espaços políticos e de afeto no quintal de sua casa.

Pensar e atuar pela garantia de direitos sociais junto à população quem vem amadurecendo nas periferias inclui criar formas de bem estar físico e mental, para que essas pessoas que em 2050 corresponderão a mais de 22% da população do município de São Paulo, em comparação a 7,8% em 2010, segundo dados da Fundação Seade, possam desfrutar de todas as fases da vida com mais qualidade.

Neste cenário, as dinâmicas de crescer, viver e principalmente envelhecer na periferia ganha um novo olhar, agora não só político, mas também afetivo. Esse olhar para o envelhecer é construído diariamente por moradores que, na falta do serviço público que deveria ser garantido pelo Estado, criam caminhos para cuidar do outro.

Um exemplo de pessoas que tem mobilizado o território e a si mesma para construir espaços de acolhimento e bem estar nas periferias, é a Maria Paulina, conhecida como Vó Tutu. Nascida e criada na Brasilândia, distrito da zona norte de São Paulo, no auge dos seus 68 anos, Tutu busca cuidar da população idosa da região, a partir de ações coletivas que realiza no salão de casa.

Quando se trata de saúde pública na Brasilândia, esse é um dos distritos com maior tempo de espera para agendamento de consultas em São Paulo. Para realizar consulta com o médico do Programa Saúde da Família, o tempo médio de espera é de 9 dias. Já para consultas com o clínico geral, a espera é de em média 62 dias.

Vó Tutu trabalhou por 15 anos em hospital e lá começou a vender bolos e doces para complementar a renda e cuidar dos 6 filhos. “Eu lidei muito com pessoas no Hospital das Clínicas, muitas histórias. Quando eu trabalhei no particular, vi a diferença de se tratar um paciente no particular e um paciente no SUS. É totalmente diferente.”

Hoje, junto com os filhos, Vó Tutu tem um restaurante de comida caseira e ainda mantém um salão no quintal de casa, onde realiza atividades que fortalecem os idosos do bairro da Virajuba, na Brasilândia. “Na minha rua nós temos muitos idosos. É uma rua que a faixa etária é de 75 a 90 anos e, infelizmente, nossos idosos não têm assistência, não tem muitas vezes o carinho da família. Começamos a ver essa necessidade de voltar um pouco para eles.”

As vivências da moradora possibilitaram um outro olhar para a população que vem envelhecendo no território. Todo ano, Tutu organiza junto com os moradores uma festa que é realizada no salão da sua casa.

“A vó faz a feijoada com as coisas que a gente ganha, se falta alguma coisa a gente coloca, mas tem gente que traz cocada, que traz baião de dois. Vamos unindo as forças e sai uma festa muito bonita”, conta Tutu que ainda ressalta a festa como uma construção conjunta da comunidade.

Rede de cursinhos populares promove feira de profissões no CEU Capão Redondo

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Além de stands de universidades e palestra sobre os processos seletivos das principais instituições do país, a feira de profissões realiza rodas de conversa com especialistas de diversas áreas, que falarão sobre suas experiências, áreas de pesquisa e o que esperar dos cursos. 

Alunos da Rede Ubuntu em visita a Cidade Universitária da USP. (Foto: Foto Rede Ubuntu)

No próximo domingo (7), um grupo de cursinhos populares promove a 1º Feira de Profissões da Rede Ubuntu no CEU Capão Redondo, localizado na zona sul de São Paulo. Com o objetivo de inspirar alunos a trilhar diversas carreiras no mundo acadêmico e profissional, o evento acontece das 9h às 17h neste domingo com uma série de atividades destinadas a conectar jovens moradores do território com vivências vocacionais em diferentes áreas do ensino superior.

A feira de profissões contará com stands de universidades públicas e privadas, rodas de conversa com profissionais, bate papo sobre o processo de ingresso em universidades públicas, almoço coletivo para o público participante e uma intervenção artística para finalizar o evento com o Sarau Apoema.

Engajados em encurtar a distância entre os jovens das periferias e a universidade pública, os cursinhos populares desenvolvem um importante papel no complemento da educação público, atraindo não só jovens, mas moradores e moradores de diversas idades, em busca de vivenciar e criar pontes para o mundo universitário.

Os cursinhos populares são formados em sua maioria por professores da rede pública de ensino, que visam dedicar os seus finais de semana para trocar conhecimentos imprescindíveis para o morador da periferia criar uma percepção política que existe possibilidades reais de acessar o ensino superior.

Agenda – 1º Feira de Profissões da Rede Ubuntu no CEU Capão Redondo
Local: CEU Capão Redondo
Endereço: Rua Daniel Gran, s/n — Jardim Modelo, São Paulo
Horário: 9h às 17h
Data: 7 de julho

Músico do Jardim Ângela difunde tecnologias sustentáveis pelo Brasil a fora

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A iniciativa começou com a criação de um laboratório de tecnologias sustentáveis e funcionais, que funciona dentro da casa do músico e inventor Fábio Miranda, no Instituto Favela da Paz, localizado no Jardim Nakamura, zona sul de São Paulo. Hoje, as tecnologias produzidas por ele são exportadas e compartilhadas com moradores de outras periferias e projetos de preservação do meio ambiente.

Jovens replicando o método de construir o biodigestor na comunidade ribeirinha do Rio Tapajós. (Foto: Projeto Saúde e Alegria)

Com o celular na palma da mão, o músico e inventor Fábio Miranda consegue controlar de qualquer lugar do mundo via conexão wi-fi as tecnologias que ele mesmo desenvolveu dentro do LAB Periferia Sustentável, um laboratório de energias renováveis e funcionais que ele começou a criar em 2010, no Jardim Nakamura, na zona sul de São Paulo.

Para ele, o celular é uma tecnologia que pode ser utilizada em tudo hoje, mas de maneira consciente. Ao deixar clara a sua preocupação em equilibrar o uso da tecnologia em sua vida, o músico recorda o processo de criação do LAB Periferia Sustentável, iniciativa que está cercada por uma vizinhança formada por moradores e moradoras do Jardim Nakamura, público que o músico está aos poucos mostrando outras possibilidades de consumo e produção de energias, para além da cultura de usar gás de cozinha e luz elétrica.

Em 2010, Miranda viajou à Europa, para conhecer projetos de energias renováveis desenvolvidos pela Comunidade de Tamera, uma entidade sediada em Portugal, que tem o objetivo de construir um novo jeito de consolidar as relações humanas, a partir de questões sociais, econômicas, políticas e afetivas.

Fábio Miranda ministrando o curso Seja Sustentável com a tecnologia arduino no Lab Periferia Sustentável.

“Por que isso não está na minha comunidade? E por que essas tecnologias estão distantes da quebrada?”, foram esses os primeiros questionamentos do músico consigo mesmo ao ter algumas experiências com os projetos de tecnologia sustentável e energia renovável que conheceu por lá.

“Tamera foi a minha faculdade orgânica”, diz Miranda, retratando a sua consideração pelo lugar e estado espiritual no retorno ao Brasil. Ele chegou ao Jardim Nakamura se sentindo capacitado e cheio de energia para desenvolver essas tecnologias no Instituto Favela da Paz, uma organização social que fomenta projetos inovadores à base da cultura de paz, alimentação saudável e produção musical independente, na qual ele já trabalhava antes de criar o laboratório.

“Eu fiquei de 2010 a 2015 viajando o mundo e aprendendo essas tecnologias”, conta o inventor. Ele reforça que as ações articuladas pelo Instituto Favela da Paz ganharam relevância internacional, e a partir disso, os projetos da organização o conectaram a comunidade de Tamera, em Portugal.

Em 2013, Miranda construiu o primeiro biodigestor da quebrada. “A gente transforma aquilo que as pessoas chamam de lixo em uma fonte de energia que é o biogás”, afirma, citando que a matéria prima utilizada no biodigestor vem de restos de alimentos que são descartados pelo projeto Vegearte, umas das iniciativas do instituto, que difunde a cultura da alimentação saudável entre os moradores do bairro.

Ele considera o biodigestor como uma das tecnologias mais importantes já construídas pelo LAB Periferia Sustentável, devido ao seu impacto direto na vida dos moradores das periferias. Um exemplo desse impacto é viagem do inventor até a Amazônia, para ministrar um curso de construção de biodigestor para um grupo de jovens mulheres. Lá, ele apresentou o passo a passo para desenvolver essa tecnologia de energia renovável.

Jovens da comunidade ribeirinha à beira do rio Tajajós mostrando aos moradores o processo de construção do biodigestor.

O resulto desse processo foi ele ter recebido um relato das jovens amazonenses que passaram pela formação, dizendo que estavam usando gás de cozinha gerado pelo biodigestor. E como a comunidade era ribeirinha, o botijão de gás chegava a custar 150,00, devido ao acréscimo de transporte pelo rio tapajós. Mas a partir do domínio de construção do equipamento, diversas famílias já estavam economizando esse valor para gastar com outras necessidades.

Hoje, as jovens que participaram da formação ministrada pelo inventor no Centro Experimental Floresta Ativa, localizado na comunidade ribeirinha da Reserva Extrativista Tapajós – Arapiuns, no Amazonas, estão dando oficinas de sistema de biodigestão dentro do projeto, impactando outros jovens e adultos, para difundir essa tecnologia de energia limpa.

Novas Tecnologias.

A admiração de Miranda pelas fontes de energia limpa e a sede de conhecimento, que o acompanha desde sua vivência na comunidade de Tamera, o tornou um entusiasta das tecnologias abertas (Open Source).

Em boa parte dos seus projetos, ele usa a plataforma e placas de Arduino, para programar e automatizar os sistemas de energia solar, irrigação de horta vertical e biodigestão, que estão acessíveis a qualquer pessoa que freqüenta o seu laboratório.

O uso do arduino foi ressignificado pelo inventor, ao se tornar a base para fundir as tecnologias de energia limpa com a internet das coisas. Desta forma, ele liga e desliga os sistemas, além de acessar dados e indicadores que mostram o estado de funcionamento dos equipamentos pelo celular.

“Eu posso baixar o software de uma placa arduino e construir o meu próprio sistema. E partir disso criar um robô usando essa tecnologia”, afirma ele, ressaltando que a sua missão dentro do projeto, independente do seu grau de instrução, que contempla diploma de ensino médio completo e as vivências na música, é demonstrar para qualquer pessoa que ela tem a capacidade e a criatividade para produzir tecnologia.

A partir desse e de outros conhecimentos, o inventor desenvolveu o curso Seja Sustentável, um meio de compartilhar os seus aprendizados por meio de workshops e palestras que ele ministra em diversos espaços, como unidades da rede SESC, organizações sociais nas periferias de São Paulo e de outros estados, como a comunidade ribeirinha do rio Tapajós.

Parte do laboratório de tecnologias sustentáveis foi construída com apoio da Fundação Fenômenos, organização que reconheceu a importância do trabalho do inventor e apostou na sua aptidão para gerar impactos positivos nos moradores das periferias, a partir das suas invenções que mesclam o cuidado com o meio ambiente e novas tecnologias.

Apoie a diversidade de narrativas no jornalismo das periferias

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Apoio um jornalismo diverso e periférico! 

Jardim Ângela, zona sul de São Paulo (Foto: Nene – FXO Mídia)

Acreditamos que é possível produzir um jornalismo a partir das periferias, e que vá além da tradicional produção e distribuição de informação. É exatamente isso que o Desenrola E Não Me Enrola tem feito nos últimos seis anos de atuação, ao criar narrativas jornalísticas para investigar os fatos sociais e culturais invisíveis que impactam a vida de quem mora nos territórios periféricos da cidade de São Paulo.

Levando em consideração o fato da nossa equipe ser preta e periférica, o Desenrola E Não Me Enrola considera que a diversidade no jornalismo contribui não só como um elemento estruturante para gerar representatividade de raça, classe e gênero dentro das redações, mas também como uma estratégia editorial para a construção de novos olhares para a produção jornalística, como forma de inovar e adaptar os conceitos do jornalismo às nuances sociais contemporâneas da sociedade.

Assista o vídeo-campanha:

Em nossa linha editorial, a desinformação e a reprodução de estereótipos, presente de maneira recorrente na mídia tradicional, dão lugar ao aprofundamento de discussões sobre as nuances sociais que dão forma a Identidade Cultural de sujeitos e territórios periféricos.

Ao produzir reportagens que contribuam para a nossa audiência compreender o cenário de transformações em curso nas periferias, nosso intuito também é de usar essas informações para gerar conhecimento, senso crítico e encurtar barreiras sociais e geográficas que ainda separam moradores das periferias da população que reside na região central da cidade.

O Desenrola E Não Me Enrola aposta na sua confiança para apoiar esta campanha de financiamento recorrente. A partir dela, nós teremos mais força para continuar criando conteúdos jornalísticos relevantes, para reportar fatos históricos com uma olhar “de dentro pra fora”. Assim, buscamos humanizar, traduzir e repercutir o real significado da história de pessoas, coletivos e movimentos sociais que dão forma e vida ao cotidiano das periferias.

Confira o orçamento da campanha e apoie!

“Somos um ponto cego na telefonia móvel de São Paulo”, diz morador de Marsilac

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Com apoio da plataforma Mosaico da Anatel realizamos um monitoramento sobre a qualidade de sinal de operadoras de telefonia móvel nas “Quebradas do 2G”, territórios onde o sinal de celular ainda é um desafio para a vida comunitária e a comunicação com o mundo.

Foto: Threat Post

No distrito de Marsilac, área com uma rica diversidade ambiental que integra o Pólo de Ecoturismo da cidade de São Paulo, instituído a partir da lei 15.953 de 07 de janeiro de 2014, mais de oito mil moradores convivem com o dilema de não ter acesso a um serviço de internet móvel de qualidade.

Com duzentos quilômetros quadrados de extensão territorial, representados em sua maioria por áreas verdes, o distrito não possui antenas de operadoras, segundo relatos dos moradores. A plataforma da Anatel classifica os sinais das operadoras: Tim, Oi, Claro e Nextel na região de Marsilac com baixíssima qualidade nas velocidades de transmissão de dados 4G, 3G e 2G.

Imagem oficial da plataforma da Anatel que realiza o monitoramento de sinal de telefonia móvel no Brasil.

A experiência do usuário registrada pelos moradores do bairro mostra o cenário do serviço de telefonia móvel na região. “O pouco de sinal que dá aqui é da Vivo e ainda assim é muito ruim, então a solução seria a instalação de antenas”, conta Mauro Malafaia, morador do bairro de Engenheiro Marsilac.

Para acessar o sinal da operadora Vivo, Mauro descreve que é preciso subir na parte mais alta do bairro, próxima a um campo de futebol e aguardar a conexão aparecer. Ele relembra que esta situação já o levou a pegar uma condução para ir a outro bairro para usar o celular: “é frustrante né, você ter que pegar um ônibus e ir para outro bairro para usar o sinal de celular.”

Malafaia lamenta o estado de abandono da telefonia em Marsilac enfatizando como “isso pode acontecer em pleno século vinte e um” e enfatiza que o distrito “é um ponto cego na telefonia móvel da cidade de São Paulo.”

Concentração de sinal em São Paulo

Um mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), entidade que reúne mais de 100 empresas do setor do telecomunicação em todo o país, revela um enorme concentração de antenas localizadas na região central da cidade de São Paulo, demonstrando que a situação vivenciada cotidianamente por moradores do distrito de Marsilac não é novidade, se observamos com atenção o mapa de distribuição de antenas de celular, tecnicamente chamadas de Estação Rádiobase (ERB).

O levantamento atualizado a partir de dados disponibilizados pela Anatel mostra a diminuição de antenas instaladas nas regiões periféricas do município. Já nos bairros localizados na região central, é possível observar uma super concentração de antenas.

De acordo com dados do mapeamento da (Telebrasil), existem mais 6.800 antenas de celular na cidade de São Paulo. A operadora Vivo aparece com 23,65% das antenas instaladas, enquanto a Tim tem 22,74%, Claro 17,88%, Oi 23,88% e Nextel 11,85%.

Fonte: Mapa Telebrasil de Antenas de Celular no Brasil, atualizado de acordo com dados fornecidos pela Anatel.

Como se comunicar sem sinal no celular?

A produtora cultural Laura Silva mora no Jardim Embura, localizado na divisa do distrito de Parelheiros com Marsilac. Ela trabalha na Cia de Teatro Rokokóz, um coletivo de artistas da região que busca envolver os moradores do território em intervenções artísticas, organizadas em espaços abertos ao público, como praças e ruas do bairro.

“Na minha casa tem internet com um mega de velocidade”, conta a produtora cultural sobre o sinal da operadora Vivo, que chega ao seu bairro em Parelheiros, apenas com planos de internet fixa.

Ela conta que a falta de acesso a internet impacta na divulgação das atividades desenvolvidas pelo coletivo nas redes sociais, com isso, eles passaram a procurar outras formas de divulgar os eventos junto aos moradores. “As estratégias de divulgação aqui são outras, nós distribuímos panfletos nas escolas e os agentes de saúde ajudam e colam cartazes nos comércios.”

Para ampliar o alcance de público, ela recorre também a outros meios de divulgação: “quando a gente vai fazer os eventos, a gente passa com o carro de som, avisando os moradores e os jovens que são atendidos em serviços sociais do bairro.”

Festival debate hábitos de leitura de moradores das periferias no Sesc Campo Limpo

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TERRITÓRIOS CRIATIVOS

Tula Pilar (Foto: Divulgação)

Fomentar o exercício de ler, ouvir e interpretar criticamente o mundo são os principais objetivos do Festival Litera Campo, que acontece entre os dias 26 e 30 de junho no Sesc Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Com uma série de atividades, como bate papos, intervenções artísticas e até uma feira literária, o evento busca reunir públicos distintos, como estratégia para criar um ambiente de trocas de conhecimento e vivências culturais e afetivas.

A proposta do projeto festival foi pensada e articulada por um grupo de produtoras culturais e coletivos em parceria com o SESC Campo Limpo. A Pinrolê Invenções, produtora enraizada nos fazerem artísticos do território do Campo Limpo faz parte desse grupo de organizadores do evento.

Em toda a programação, o público poderá interagir e descobrir potencialidades das periferias nas áreas da literatura, comunicação, educação, esporte, hip hop, entre outros.

Um dos destaques da programação do Litera Campo é o sarau dedicado a escritora Tula Pilar, que faleceu em abril deste ano e deixou mais que um legado material e subjetivo a produção literária da periferia, com publicações de obras que revelam a sua personalidade marcante e o seu jeito de encarar e viver o mundo na pele de uma mulher negra, ex-empregada doméstica e mãe de três filhos.

O Desenrola participa da programação do evento nesta quinta-feira (27), às 19h30, num bate papo sobre jornalismo produzido a partir da periferia e o impacto das Fake News na vida das pessoas que dão vida aos territórios periféricos.

Confira aqui a programação completa do Festival Litera Campo.

Greve geral mobiliza moradores nas periferias da zona sul de SP

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A reforma da previdência surge como uma das principais motivações que está no centro das discussões entre os moradores articulados para a greve geral nesta sexta-feira.

Encontro de manifestantes na Ponto do Socorro, na Greve Geral realizada em 2018. (Foto: Ronaldo Matos)

Distritos como Capão Redondo, Jardim Ângela e Grajaú, localizados na zona sul de São Paulo representam territórios periféricos cidade que já confirmaram a articulação de movimentos sociais para mobilização de moradores, que irão ocupar as ruas nesta sexta-feira (14) durante a Grave Geral.

Segundo o articulador comunitário Rafael Cícero, a mobilização da Greve Geral tem por objetivo resistir a Reforma da Previdência e o desmonte do governo Bolsonaro. “Estamos dizendo não a essa Reforma, entendemos que essa reforma prejudica os trabalhadores, em especial os mais precarizados. A Reforma tem que atacar os privilégios dos políticos, dos militares e dos patrões.”

Muitos cartazes que serão carregados por moradores de diversos territórios periféricos da cidade trarão a frase “Não vamos trabalhar até morrer”, uma mensagem direta a proposta de profundas mudanças na previdência social.

“É desumano impor ao trabalhador essa reforma, que ele vai ter que trabalhar até morrer. A capitalização coloca em risco futuro dos trabalhadores, em especial os da periferia. Dessa forma, a periferia vai à luta pra dizer Não”, enfatiza Cícero, revelando a sua preocupação com a futura mudança que introduzira a capitalização da aposentadoria, forma de poupar recursos para ter rendimentos futuros.

Outro fator marcante que justifica a participação ativa dos moradores das periferias na Greve Geral são as taxas de desemprego no Brasil, que subiu 12,7% no primeiro trimestre deste ano, atingindo cerca de 13,4 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Localize os pontos de encontro na zona sul de São Paulo

No Jardim Ângela, zona sul da cidade, a concentração acontecerá no Largo de Piraporinha, com saída prevista ás 7h.

O mesmo horário está previsto para a concentração de moradores no Terminal João Dias e na Avenida Nações Unida, próximo a metalúrgica MWM, tradicional palco de atos protagonizados por trabalhadores de indústrias da região.

Às 9h da manhã, os moradores que se encontraram nos três pontos de encontro irão se reunir na ponte do Socorro, conectando assim, várias vozes de bairros diferentes, para manifestar a sua insatisfação com a perda de direitos.

Saiba como a Perifacon incentiva a pluralidade de vozes na produção de quadrinhos nas periferias

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A Perifacon lançou um edital para publicação de oito histórias em quadrinhos, produzidas por autores da quebrada. As inscrições encerram neste domingo 16 de julho. Os selecionados terão acesso a um curso de 8 meses , além de uma ajuda de custo para viabilizar sua participação no projeto.

Foto: PerifaCon

Em parceria com a editora Mino, a PerifaCon, coletivo que dissemina a cultura nerd nas quebradas de São Paulo, criou um programa de incentivo à produção de quadrinhos na periferia. A iniciativa oferece oitos vagas, sendo 4 delas destinadas a quadrinistas negros. Os interessados em participar podem se inscrever até esse domingo (16), por meio do e-mail oficial do edital: narrativasperifericas@editoramino.com.

Durante o processo de inscrição os candidatos devem informar: nome, endereço, renda familiar, portfólio e o argumento da sua história em quadrinhos. Além disso, os interessados devem se atentar aos critérios de seleção, que vai levar em consideração a pluralidade de narrativas e a identidade de raça e gênero dos proponentes.

“A gente quer sair desse estereótipo de ser só narrativas periféricas. A questão é de ser pessoas periféricas produzindo”, conta Andreza Delgado, umas das integrantes da PerifaCon, ressaltando a importância do mercado reconhecer e dar espaço a produção de quadrinhos existente nas periferias.

A visão de mundo sobre o cenário da produção de quadrinhos pontuada pela integrante da PerifaCon tem uma relação direta com a experiencia vivenciada por Janaína de Luna, editora-chefe da Mino, uma empresa brasileira especializada em produções de quadrinhos.

Durante uma de suas participações na CCXP (Comic Com Experience), maior evento brasileiro de cultura nerd, Luna encontrou apenas 6 quadrinistas negros, em meio a um evento com 500 expositores. “A gente não pode ter uma narrativa única, visto de um ponto de vista econômico e cultural. E isso acontece. Só existe praticamente uma voz falando, e a gente precisa de uma pluralidade nessa narrativa”, argumenta a editora sobre o motivo de criar o projeto em parceria com a Perifacon.

A integrante da Perifacon acredita que um dos principais impactos desse projeto será viabilizar a presença de quadrinistas da quebrada em espaços de difícil acesso no mercado e nos meios de produção. “São 8 novos artistas que serão publicados por uma das maiores editoras nacionais de HQ. 8 novas obras que vão conseguir acessar lugares que quem está dentro da periferia não consegue”, descreve Delgado, enfatizando o propósito político do projeto.

Os selecionados irão receber uma ajuda de custo durante o decorrer do projeto e terão treinamento com um dos maiores quadrinista brasileiros. E por fim, os quadrinhos serão lançados na PerifaCon de 2020 e distribuídos pela Mino para o mercado.