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Gestão da ausência: comunidade de samba e times da várzea afastam a fome do cotidiano periférico

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Na segunda reportagem da série ‘Gestão da ausência’, o Desenrola mostra o impacto das ações de Assistência Social promovida a partir da perspectiva política da comunidade de samba Pagode Na Disciplina, localizada no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo. Na zona oeste do município e em Osasco, vamos conhecer o trabalho das equipes de futebol de várzea Esporte Clube Ipanema e Complexo Vila Piauí, que já realizavam ações solidárias há muito tempo, mas devido à pandemia precisaram reinventar a sua forma de articulação com os moradores do território. Essas iniciativas estão transformando suas vivências comunitárias em inteligência e estratégia para reduzir o colapso social que já está afetando as periferias e favelas. 

Com mais de 140 mil habitantes, o Jardim Miriam é o bairro mais populoso do distrito de Cidade Ademar, região sul de São Paulo. Várias famílias que residem na região estão em alta situação de vulnerabilidade social, sem a garantia de acesso a recursos básicos para sobreviver. Consciente do seu papel comunitário e político, a comunidade de samba Pagode Na Disciplina está tentando minimizar a falta assistência social no território neste momento de pandemia.

Segundo Luana Vieira, integrante da comunidade de samba, a realização de ações solidárias tiveram início porque muitas famílias e moradores de rua estavam com dificuldades para se alimentar. “Muitos moradores de rua se localizam no bairro. O Bom Prato mais próximo daqui é na Vila Joaniza, que andando daria cerca de 40 minutos. Esses moradores não estão tendo condições de se alimentar, muitos dependem dos depósitos de reciclagem para venderem o que conseguem pegar na rua, os mesmos estão fechados”.

Luana Vieira preparando a entrega de marmitas para moradores do Jardim Miriam. (Foto: Thiago Fernandes)

Além da distribuição de marmitas e cestas básicas que já ultrapassam as 250 unidades doadas, dado consolidado até o fechamento desta matéria, a comunidade de samba foi uma das poucas iniciativas que tiveram apoio do poder público no levantamento realizado pelo Desenrola. Érica Malunguinho, eleita a deputada estadual por São Paulo em 2018 se solidarizou com as ações da comunidade, que também é parceira da Uneafro Brasil, organização de direitos humanos que promove um debate nacional sobre injustiças raciais que afetam principalmente a população negra e periférica.

“A iniciativa começou por conta dos moradores de rua, mas tomou uma proporção maior, pois as famílias estão vindo retirar porque não tem alimento, não tem gás e estão sem se alimentarem”, explica Vieira.

Com a mesma proposta do Pagode da Disciplina, mas sem nenhum tipo de apoio de representantes do poder público, o projeto Favela Venceu que atua no Jardim Jacira, zona sul da cidade, na divisa com Itapecerica da Serra, tem realizado uma série de ações solidárias contando apenas com a parceria de comerciantes locais e moradores que não conseguem ver a quebrada ser impactada pela pandemia e não reagir.

A iniciativa já atendeu mais de 350 famílias e distribuiu quase 400 cestas básicas. Para Diego Souza, um dos integrantes do movimento comunitário Favela Venceu, a ideia era entregar 100 cestas, mas hoje não há mais um limite para atender a demanda de moradores. “Somos seres humanos e dói sentir fome. Não imagino passar fome, então se temos um pouco, temos que dividir. A meta era atender no máximo 100 famílias, mas hoje já não temos prazo para terminar”.

Zona Oeste: ações solidárias articuladas pelo futebol de várzea 

Na favela do Jardim Ipanema, localizada no distrito do Jaraguá, zona oeste de São Paulo, o Esporte Clube Ipanema realiza anualmente uma feijoada comunitária para os moradores do território, como forma de criar um momento de lazer de maneira autônoma baseado nos valores culturais de quem mora na região há muitos anos.

Entrega de cestas básicas no Jardim Ipanema_zona oeste de SP. (Foto: Ademir Ferreira)

Diante da pandemia, os integrantes da equipe que se responsabilizam pelas ações comunitárias do time varzeano mudaram totalmente o foco do seu trabalho. “Todo ano fazemos uma feijoada comunitária onde arrecadamos alimentos, mas esse ano não foi possível, por causa da pandemia. Aí resolvemos agir montando cestas para o povo. Não sabemos se iremos conseguir atender a todos, mas faremos esforço para atender o maior número possível”, diz Ademir Ferreira, articulador comunitário que integra a direção do Ipanema. Até o momento, a equipe já atendeu mais de 300 famílias, distribuindo cestas básicas e kits de higiene.

O distrito do Jaraguá faz divisa com o município de Osasco. Lá, Alex Stratorski, outro articulador comunitário que integra a diretoria do time Complexo Vila Piauí, está organizando o cadastro de famílias em situação de vulnerabilidade na favela da Brahma, ocupação de moradia no território que vem sofrendo inúmeras ações de reintegração de posse.

Distribuição de refeições na sede do Pagode Na Disciplina, no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo. (Foto: Thiago Fernandes)

Embora esteja em fase inicial, a iniciativa já atendeu quase 40 famílias. Segundo Alex, a parceria com a Central Única das Favelas foi importante para dar início às ações. “Através da CUFA, começamos a repassar doações e distribuir na comunidade. Queremos atender 50% das pessoas que precisam”, afirma

Diferente dos coletivos culturais e organizações sociais que afirmaram não ter apoio de poder público, o levantamento identificou que os times de futebol da zona oeste têm parcerias com vereador locais, para apoiar a logística das doações. 

Quem tem o direito de decidir sobre quem vive e quem morre?

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Brevíssimas reflexões

Somos filhos do nosso tempo. Que tem sido marcado pela morte desnecessária. Nós nascemos em um mundo marcado pelo pós-Guerra. Qual foi o aprendizado que a humanidade obteve com as guerras? Quantos soldados mortos e com qual propósito? Quem venceu? A morte prematura, a solidão e a dor na memória de quem sobreviveu.

Quando a morte chega naturalmente a dor se apresenta a quem fica, mas, aos poucos se vai. Em uma das muitas aulas que ministrei no ensino médio a questão norteadora era a seguinte:

Quem tem o direito de decidir sobre quem vive e quem morre?

Os alunos eram convidados a refletir e dissertar. O texto base era o do grande pensador Adorno, um trecho do seu celebre livro – Educação e emancipação, que trata de uma educação após Auschwitz. O debate, em algumas turmas, normalmente chegava à conclusão que ninguém tem esse direito.

Estamos em meio a uma pandemia e diariamente somos levados a pensar: Quanta dor? Quanta perda? Quanto desatino em um governo, que insiste em colocar a máquina do governo a disposição de um mercado que não possui a função de suprir as necessidades básicas de um povo.

Não parece óbvio que a dor e a angústia do momento seria menor se o governo fosse efetivo em equacionar as questões que nos afetam desde sempre, a saber:

1- a ausência de uma universalização da moradia;

2- a ausência de uma universalização do saneamento básico;

3- a ausência de uma universalização de uma renda básica;

4- a ausência de uma redução da jornada de trabalho (sem redução salarial) com o intuito de incorporar os desempregados;

Quantas vidas seriam poupadas se essas ausências fossem supridas?

Quantos de nós estaríamos desfrutando do prazer da companhia de um familiar, de um

parente, de um amigo, com a certeza de que ele teria condições para os cuidados necessários à vida. Neste momento sabemos da importância do isolamento social. Sabemos que o contágio se dá de pelo contato humano, sabemos que aglomerações, como ônibus cheio, trem lotado, ruas movimentadas, ampliam exponencialmente o contágio. Sabendo disso, o que um governo consciente do seu dever deviria fazer? Como ele deveria se portar? Imagine um mundo no qual:

1- Moradia foi universalizada,

2- Saneamento básico e água potável foram universalizados;

3- Renda básica, redução da jornada de trabalho e o pleno emprego são realidade. Considerando os três pontos acima e a sua vida atual,

Em qual mundo você deseja viver? No mundo vigente atual, onde a vida não possui valor ou em mundo possível pelo qual nós temos que lutar e construir, no qual a vida determinará o sentido de tudo?

Sou pelo primado da vida! E você?

Moradora quer levar internet gratuita para 500 famílias do Fundão do Ipiranga

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A poeta Maria Nilda, também conhecida como Dinha entre os movimentos sociais e culturais atuantes no território conhecido como Fundão do Ipiranga, criou a campanha ‘Conexões Contra o Covid’, iniciativa focada em criar uma solução que democratiza o acesso à internet para 500 famílias que foram afetadas pela falta de entretenimento e informação durante a pandemia de coronavírus.

Região do Fundão do Ipiranga. (Foto: Sandrinha Alberti)

Criar uma infraestrutura de internet livre, comunitária e de qualidade para atender 500 famílias que moram na região do Fundão do Ipiranga, zona sul de São Paulo. Essa é a ação solidária colocada em prática pela moradora Maria Nilda, mais conhecida como Dinha entre os movimentos culturais e sociais do território. Ela lançou nas redes sociais o movimento ‘Conexões Contra o Covid‘, que visa arrecadar fundos para viabilizar o projeto.

As famílias que irão usufruir do aceso à internet residem nos arredores do Parque Bristol e Jardim São Savério, ambos os bairros fazem parte da região conhecida como Fundão do Ipiranga. O objetivo é impactar a vida de núcleos familiares que tiveram o acesso à informação no cotidiano afetado devido à pandemia de coronavírus.

A poeta Dinha acredita que a internet pode ajudar as famílias a passar por esse momento de isolamento, e observou isso quando ficou sem acesso à rede dentro de casa, com poucas escolhas para distração e trabalho.

“Me senti sozinha e violentada, sem direito à comunicação, sem poder trabalhar, sem acesso a lazer, sem saída. Então eu recebi ajuda de umas amigas que sabiam da minha dificuldade. Recebi 150 reais e paguei as contas pendentes”, relata a moradora, descrevendo a sua situação ao ficar por alguns dias sem internet em casa.

Com poucos recursos para se distrair, a professora focou seu tempo em ler livros e planejar como poderia mudar essa situação, não só a sua, mas dos moradores do território onde mora. “Li, escrevi e planejei a campanha”, relembra.

Dinha iniciou uma mobilização no bairro para colocar o projeto ‘SP – Conexões Contra o Covid’ em prática. A iniciativa vai atender 500 famílias que vivem em habitações precárias à beira do córrego São Francisco, que faz a divisão de dois bairros: Parque Bristol e Jardim São Savério. Com os recursos arrecadados, será construído um “espaço virtual”, onde a senha do wifi será a mesma e todos os moradores do bairro poderão acessar. Até o momento, a iniciativa já arrecadou 16% do valor necessário para montar a infraestrutura de internet comunitária.

Foto: Sandrinha Alberti

“O acesso à internet pode salvar vidas”

“Nesse momento, além de informar, formar, comunicar, proporcionar lazer e acesso à cultura, o acesso à internet pode salvar vidas, pois permite que se tenha algo pra fazer, mesmo no reduzido espaço dos barracos, sabe?”, afirma a poeta, enfatizando suas observações, que levaram a pensar na criação dessa rede aberta de internet.

Ela lembra que essa ideia não surgiu com a pandemia e que já era uma prática comum em sua vida no bairro. “Durante anos eu tive uma rede de internet livre em casa, o nome da minha rede era ‘Libere seu wi-fi’ e não tinha senha. A vizinhança meio que se amontoava no meu portão pra aproveitar o sinal”.

Segundo a moradora, essa época foi marcante porque a fez enxergar a realidade, se referindo à falta de acesso de internet de qualidade no seu bairro. “Depois eu tive que mudar de casa. Hoje eu uso a internet dos meus parentes que moram perto de mim. Não tenho uma rede pra deixar liberado o acesso”.

Em relação aos moradores que já tem internet, a poeta conta que fará melhorias na sua rede com recursos da campanha, deixando-os isentos de pagar mensalidades. Junto com Nilda, o projeto tem parceria com os coletivos Posse Poder e Revolução, Edições Me Parió Revolução, União de moradores do Parque Bristol e Jardim São Savério.

“Nós somos basicamente cerceados ao aprisionamento em canais abertos”

Conversamos com o morador Roberto Oliveira, 35, que reside no Jardim São Savério e divide a internet com seu vizinho, pagando todo mês R$ 30 reais. Ele expressa seu descontentamento com o uso da rede, porque como ele mesmo diz: “É péssima. Sempre cai”.

Para Oliveira, essas alternativas podem expandir o horizonte de informação dos moradores do bairro. “Nós somos basicamente cerceados ao aprisionamento em canais abertos, onde os conteúdos basicamente não agregam nada para nós. Penso que com a alternativa da inclusão, nossos caminhos teriam muito mais oportunidades. Tanto educacional profissional e de lazer”, conta o morador.

Diante da possibilidade de ter uma internet de qualidade, com o apoio do projeto, Oliveira imagina como usufruiria desses recursos. “Se fosse de qualidade, creio que será um recurso de grande potencial nos quesitos de interação e comunicação. Poderemos nos expressar mais, fazer visitas virtuais a museus, ver filmes, documentários, “escolha” de conteúdos, envio de currículos, vendas virtuais, são exemplos”, descreve ele, afirmando que hoje não é possível fazer isso com a sua rede.

Com os trinta reais que economizaria com o dinheiro da sua internet de má qualidade, o morador relata que direcionaria para suas construções pessoais. “É um valor que poderia ser convertido em material de construção, para bater a laje de casa”.

“Agora que as crianças precisam estudar pela internet tá difícil”

Próximo a casa de Oliveira, reside Angelina Mota, 31, moradora do Jardim São Savério. Ela também divide sua internet com o vizinho, pagando dez reais. Em sua casa reside seu marido e seu filho. No final do mês a conta fica R$ 30 reais, mas o valor investido no serviço não tem retorno para a usuária, devido à qualidade da conexão. “A internet é muito lenta, trava muito”, conta a moradora.

Mota complementa falando como está tentando se ocupar nessa quarentena. “Eu estou muito na cozinha aprendendo novas receitas, então uso muito para isso e agora estou ajudando meus filhos na escola, agora que as crianças precisam estudar pela internet tá difícil”.

Ela ressalta que durante a quarentena ficou desempregada, então as despesas de sua casa estão sendo direcionada apenas para suprir recursos essenciais. Ela acredita que o ‘espaço virtual’ ajudaria muito a sua família a conter gastos e melhorar a velocidade de conexão. “Pra mim seria ótimo, iria me ajudar e ajudar os meus amigos, e na economia seria muito bom, já usaria para as despesas do mês porque com esse covid-19 a gente não sabe como vai ficar daqui pra frente”.

Favela Maker apoia agentes de saúde do Jardim Ângela com doação de equipamentos de proteção

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Através da campanha ‘Favela Maker’, pautada na mobilização de doadores de matéria-prima para fabricação de máscaras de proteção facial, equipamento indispensável utilizado por profissionais de saúde e líderes comunitários que estão na linha de frente no combate ao Covid-19, o Lab Periferia Sustentável, projeto de tecnologias sustentáveis e energias renováveis localizado no Jardim Nakamura, no distrito de Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, está apoiando o trabalho de agentes de saúde que atuam em unidades básicas de saúde situadas em bairros da região da M´Boi Mirim. 

Profissionais de saúde utilizam as máscaras fabricadas pelo projeto Periferia Sustentável. (Foto: Divulgação)

Inspirado pelo poder transformador das tecnologias open source, o músico e inventor Fabio Miranda, 41, morador do Jardim Nakamura, distrito de Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, responsável pela criação do Lab Periferia Sustentável, projeto de tecnologias sustentáveis e energias renováveis, olhou para a sua impressora 3D e a máquina de corte a laser e decidiu produzir máscaras Face Shield para fortalecer o trabalho de enfermeiros, médicos, agentes comunitários de saúde e promoção do meio ambiente, profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19 nos territórios periféricos.

O laboratório do projeto Periferia Sustentável está situado no mirante da favela do Jardim Nakamura. A iniciativa integra os projetos realizados pelo Instituto Favela da Faz, organização social que mantém há mais de 20 anos um espaço sociocultural com diversos projetos que difundem novas culturas de educação, preservação do meio ambiente, produção musical, alimentação e novos paradigmas de relações humanas e produção de energia.

Segundo Miranda, o movimento do ‘faça você mesmo’ estimulou o processo criativo para produção dos equipamentos de proteção. “A inspiração realmente veio desse espaço, esse movimento Maker, essa rede colaborativa que hoje é o faça você mesmo e tá aberta para todo mundo, foi dessa forma que eu realmente acessei a rede, e a gente começou a produzir essas máscaras e consegui realmente trazer um apoio ou segurança para os profissionais da saúde”, conta.

O inventor usou sua habilidade para pesquisar e criar soluções para ajudar profissionais que atuam em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região. O ponto de partida inicial surgiu com um projeto de cultura maker chamado Espaço MeViro, que disponibilizou em sua redes sociais e site um arquivo aberto para quem quiser e tiver cortadoras a laser, produzir máscara no formato face shield.

Como já tem a cortadora a laser no laboratório, o inventor em parceria com amigos criaram a campanha ‘Favela Maker’ para captar doações de matéria prima, como placas de petg, placas de acrílico 3mm e rolos de elástico de 9mm, para iniciar a produção das máscaras.

No momento, a iniciativa já conseguiu distribuir mais de 350 unidades de face shields para agentes de saúde que atuam em cinco Unidades Básicas de Saúde da região. E como critério de seleção, a campanha selecionou os equipamentos públicos de saúde que apresentam mais desfalques no estoque de equipamentos de proteção individual.

“Já teve situação de enfermeiro chorar e agradecer pelo apoio. Acho que é isso, você colocar a cabeça no travesseiro e falar: caramba ganhei meu dia hoje com aquele profissional sabe”, diz o inventor, relembrando um dos impactos causados pela campanha, durante o momento de doação dos equipamentos de proteção.

Sentimento de gratidão

“Sentimento de gratidão foi o que a equipe sentiu com o recebimento desta doação”, afirma Alexandre Neves, responsável pela área de promoção ambiental do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS/CEJAM), na Unidade Básica de Saúde do Jardim Nakamura. Segundo o agende de saúde, os profissionais consideraram de ‘ótima qualidade’ os equipamentos de proteção individual que foram doados.

Alexandre atua como articulador nas Unidades Básicas de Saúde do Jardim Ângela, construindo parcerias com catadores de materiais recicláveis e realizando o acompanhamento de casos de notificação pela SUVIS (Animais Sinantrópicos e Mordedura), em institutos, escolas, igrejas e equipamentos comunitários de assistência social, como o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) e o Núcleo de Convivência de Idosos (NCI).

Neves ressalta que a iniciativa da campanha Favela Maker não está apoiando somente enfermeiros e médicos, mas também todos o profissionais que contribuem fazendo um trabalho educacional no território durante a pandemia, orientando sobre os cuidados em relação ao combate ao COVID-19.

Gestão da ausência: dados mostram o cenário das ações solidárias nas periferias de SP

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Como combater uma pandemia com doação de cestas básicas e kits de higiene? Em busca de uma resposta, entrevistamos atores sociais que fazem parte de 14 iniciativas de base comunitária nas periferias de São Paulo e cidades vizinhas, como Osasco e Taboão da Serra. Essa é a primeira reportagem da série “Gestão da Ausência”, na qual o Desenrola, por meio do Info Território, programa de pesquisa que investiga as invisibilidades sociais das periferias, vai apresentar dados sobre as ações solidárias que tem se espalhado rapidamente pelas bolsões populacionais, como resposta a ausência programada do poder público nesses territórios. 

Através de um levantamento realizado pelo Info Território, programa de produção de dados do Desenrola e Não Me Enrola, entre 1 a 10 de maio de 2020, acompanhamos o trabalho de 14 ações solidárias promovidas por organizações sociais, coletivos, times de futebol e movimentos sociais, que atuam em territórios periféricos localizados nas quatro regiões da cidade de São Paulo, apoiando famílias que enfrentam inúmeras dificuldades, principalmente em meio a pandemia da covid-19. 

Das 14 ações analisadas, 7 não possuem nenhum tipo de apoio de empresas ou do poder público, mas ao menos 3 dessas contam com a ajuda do comércio local.

O levantamento também mostra que somando os resultados das 14 ações que estão espalhadas nas regiões da cidade, já alcançaram mais de 7 mil moradores das periferias, com a distribuição de quase 6 mil cestas básicas, que em sua maioria contam com itens como: arroz, feijão, macarrão, açúcar e óleo. A média de integrantes do núcleo familiar apontada pelo estudo é de quatro pessoas.

Apoiar famílias e moradores de regiões periféricas não é algo novo para diversos grupos, organizações, coletivos, movimentos culturais e sociais, que há muito tempo realizam o trabalho de assistência básica que deveria ser obrigação do Estado. A mobilização coletiva faz parte do dia a dia das periferias muito antes da chegada da pandemia do coronavírus. A diferença é que nesse momento, os esforços precisaram ser triplicados.

Com o aumento no número de casos de covid-19 nos distritos localizados nas periferias, uma das maiores preocupações dos moradores dessas regiões está ligada a urgência de suprir necessidades básicas do cotidiano, como acesso à itens básico de higiene pessoal e alimentação. Na falta de ações propositivas de gestores públicos, muitas redes de apoio humanitário foram criadas para amenizar a situação de diversas famílias.

Zona Leste: agentes culturais fazem a gestão do bairro 

 É possível encontrar exemplos de redes de apoio coletivo em todos os cantos da cidade. Em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, a Ocupação Cultural Mateus Santos que tem como foco de atuação lutar pela garantia do direito à cultura, reforçou seu trabalho na região.

“Dado o contexto atravessado pelas comunidades do bairro, tornou-se imperativo que os grupos que fazem articulação comunitária no bairro pudessem também dar conta e desenvolver ações para atender as pessoas neste momento”, relata Gil Douglas, integrante da Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, que organiza a ocupação. Gil ainda compartilha que além da ocupação, outros grupos locais também se movimentaram neste sentido, como o grupo Batakerê.

Através das ações dos grupos locais e da Ocupação Cultural Mateus Santos, que acontecem sem apoio do poder público ou de empresas, já distribuíram em média 175 cestas básicas.

“Cada cesta vai acompanhada do kit de higiene, contendo: Cândida, detergente, pasta de dente, sabonete, absorvente, papel higiênico. E também, itens adicionais, que chamamos de Kit Afeto: Uma bijuteria, um gibi e um zine informativo”, finaliza Gil.

Distante cerca de 15 quilômetros da Ocupação Cultural Mateus Santos, a rede de coletivos São Mateus Em Movimento organiza e cadastra moradores para receberem cestas básicas e kits de higiene. O trabalho que mobilizou artistas da Vila Flavia e de outros bairros localizados no distrito de São Mateus já atingiu mais de 400 famílias.

O trabalho na rede São Mateus Em Movimento começou logo no início do período de isolamento social na cidade de São Paulo. 

“Começamos as doações no início da quarentena, onde os locais de trabalho estavam fechados, muitos sem pagamento de salário ou qualquer direito trabalhista garantido. Nós pensamos nessas pessoas e principalmente nas mães que encontram ainda mais barreiras nesse sentido”.

conta Rafaela Santos, uma das organizadoras das ações solidárias promovidas pela rede de coletivos culturais.

Entrega de kits de higiene São Mateus, zona leste. (Foto: Anderson Costa)

Zona Norte: Rede de apoio humanitário mapeia 20 mil famílias afetadas pela pandemia 

Na zona norte de São Paulo, a Rede Apoio Humanitário nas e das Periferias, tem realizado entrega de cestas básicas, e conta com o apoio uma empresa local que fornece um caminhão com combustível para realizarem as entregas. A ação é coordenada pelas organizações: Periferia é o Centro, Frente Favela Brasil, Nova Frente Negra Brasileira, Rede Quilombação, Rede Geração Solidária, INTECAB-SP, Cristãos contra o fascismo e FUNANI.

“Essa é uma ação que na verdade já desempenhamos há muito tempo. As ações de cada organização que compõem a rede ou até mesmo dos pólos de arrecadação já tem um histórico de luta no que tange a superação das desigualdades raciais, gênero e sociais em nossa sociedade. É nós por nós desde sempre. A questão é que com a crise do coronavírus escancarou de vez essa problemática”, afirma Jesus dos Santos, integrante da Rede.

Uma das soluções elaboradas pela Rede de Apoio Humanitário foi a criação de um aplicativo que aproxima doadores de iniciativas que estão realizando a distribuição de alimentos nos territórios. 

“Temos uma responsabilidade com o nosso povo. Somos que nem as mais de 20 mil famílias afetadas, identificadas em nosso mapa georreferenciado. Nós enxergamos nessas famílias. O horizonte é atender o máximo de famílias possíveis, entendendo inclusive que o mapa georreferenciado (o qual nesse momento desenvolvemos um aplicativo) tem por objetivo aproximar doadores e receptores através de articulações comunitárias, e torcendo que outras iniciativas apareçam para que juntas possamos fortalecer essa corrente da solidariedade”.

conclui Jesus dos Santos.

As soluções criadas a partir e para as periferias, por seus próprios moradores, não se limitam a distribuição de alimentos. A movimentação acontece através de diversas frentes, de formas variadas, mas com objetivos em comum: fortalecer aqueles que são os primeiros a sentirem os impactos da falta de suporte do Estado. 

Levantamento realizado pelo Info Território, programa de produção de dados do Desenrola e Não Me Enrola, entre 1 a 10 de maio de 2020, acompanhando o trabalho de 14 ações solidárias promovidas por organizações sociais, coletivos, times de futebol e movimentos sociais, que atuam em territórios periféricos de São Paulo, apoiando famílias que enfrentam dificuldades, principalmente em meio a covid-19. Arte: Flávia Lopes.

Aluna e professora da Brasilândia lutam contra as adversidades do ensino a distância

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Recentemente, noticiamos como alunos de cursinhos populares estão travando uma luta desigual para se preparar para o Enem durante a pandemia. Hoje, entrevistamos Aisha Gabrielle, 14, aluna da rede pública de ensino da Brasilândia, um dos distritos mais afetados pela pandemia de coronavírus, para mostrar como ela está lidando com as dificuldades para acessar a plataforma de ensino à distancia da rede municipal de educação de São Paulo. Neste cenário, você vai conhecer também o trabalho da professora Aline Marks, educadora que atua em escolas públicas deste distrito da zona noroeste e criou recentemente uma campanha de doação de tablets e notebooks, para amenizar os impactos do ensino remoto nos processos de aprendizagem de alunos das periferias. 

Aisha Gabrielle,14, moradora do Jardim Guarani, bairro localizado no distrito de Brasilândia (Foto: Arquivo Pessoal)

Não é de hoje que o celular se tornou em uma ferramenta aliada da população jovem para realizar inúmeras tarefas digitais do cotidiano. No entanto, em meio à pandemia de coronavírus, o aparelho eletrônico demonstra inúmeras falhas de usabilidade para quem precisa usar o smartphone para rotinas de estudos a distancia. Essa é a realidade de milhares de jovens alunos que estão matriculados na rede pública de ensino nas periferias de São Paulo.

Umas dessas alunas é Aisha Gabrielle,14, moradora do Jardim Guarani, bairro localizado no distrito de Brasilândia, uns dos mais afetados pelo Covid-19 em São Paulo. Ela está cursando a nova série do ensino fundamental, porém se sente frustrada, porque desde abril, não conseguiu acessar a plataforma digital de ensino, período no qual as aulas on-line foram abertas para os alunos da rede municipal de ensino.

“Em nenhum dia eu conseguir acessar o site e o aplicativo, por conta dele não entrar em nenhum momento. Eu tento, tento, mas ele nunca entrou e infelizmente eu ainda não conseguir entrar,” descreve Aisha, relatando os momentos difíceis que tem passado ao ser prejudicada pelo fato de não conseguir acessar as aulas online durante a quarentena.

Pelo fato de Gabrielle não ter um computador em casa, o único dispositivo disponível para acessar a internet é o celular. Ela conta que para realizar suas tentativas frustradas de assistir suas aulas é preciso pedir o celular da sua mãe empresta, porque o dela não está em condições para uma boa experiência de navegação e visualização de arquivos. “O meu não tem condições, não tem memória suficiente”.

Segunda a estudante da rede municipal de ensino, ter um computador neste momento facilitaria muito a sua rotina diária cercada por dificuldade técnicas para acessar os conteúdos didáticos.

Durante o tempo que deveria esta em aula Aisha tenta se distrair com as coisas que tem disponível em sua casa, lendo um livro ou empinando pipa. O último livro que leu foi Raízes – A saga de uma família , que conta a história do guerreiro africano Kunta Kintê.

Aisha esclarece que as suas maiores dificuldades estão relacionadas ao processo de login na plataforma. “O que mais me impede é o modo de entrar, isso que está me incomodando, isso que está me prejudicando é o jeito de entrar”, conta a jovem narrando as tentativas frustradas de acessar o sistema. Ela finaliza demonstrando uma inquietação com o seu futuro nos estudos. “Fico preocupada em conseguir ter algum futuro, mesmo sabendo que isso vai passar um dia, eu me sinto bem prejudica”.

Professora mobiliza doações de tablet, notebook e computadores para alunos da Brasilândia

Diante dessa percepção de inadequação dos alunos ao universo do ensino a distância, Aline Marks, professora de história da rede municipal de ensino na Brasilândia, que atua com pesquisas voltadas a adolescentes e desenvolvimento de jogos voltados para educação, observou o contexto onde está inserida e teve a ideia de articular uma campanha para doação de tablets, notebook e computadores, para tentar suprir as dificuldades de jovens de territórios periféricos.

“Quem sabe se a gente conseguir equipamentos tecnológicos para essas crianças e adolescentes, eles podem conseguir na suas próprias comunidades alguma acesso à internet. Foi nesse momento que surgiu a ideia oficial de criar um texto e compartilhar com minha rede de contatos”, lembra a professora, sobre a forma como surgiu a ideia para criar a campanha, que está sendo divulgada em seu perfil pessoal no Instagram e Whatsapp.

Surpresa e animada com o crescimento que sua iniciativa tomou, a professora revela que colegas de trabalho estão aderindo a mobilização de doações, para espalhar a ideia, a fim de chegar em possíveis doadores. “Aqui na região da Brasilândia os coordenadores e diretores estão sabendo da proposta. Eles estão conversando com outras redes para tentar viabilizar alguma coisa, como entrega e recepção das doações.”

Até o momento a campanha já arrecadou um tablet, um notebook, e dois computadores, porém as distribuições ainda não foram feitas, pois Marks conta que ainda está estudando com será feito, para evitar aglomeração de alunos. “A gente está em planejamento ainda, mas a ideia é que a gente consiga com as direções e coordenações das escolhas públicas aqui de São Paulo primeiro, quem são os estudantes que não tem nenhum equipamento e como a gente pode chegar até eles”.

Aline enfatiza sobre a necessidade de uma inclusão digital, para que os meios de educação a distância funcione para todos. “Eu penso que a gente tá vivendo uma ‘pseudo escola’, a gente tá tendo que se reinventar de várias formas, mas não é uma invenção que seja equitativa, e uma reinvenção que exige não só o equipamento, não só a internet, mas uma habilidade de acessar isso”.

A professora relembra que o ensino remoto que está sendo praticado nesse contexto é diferente do ensino à distancia, pois além da preparação dos materiais já planejados, existe a opção do aluno, algo que já não ocorre no ensino remoto das escolas públicas, no momento que se tornou uma medida de urgência.

“As metodologias do EAD são pensadas e adaptadas com tempo e os estudantes se matriculam já sabendo das condições de acesso. Que precisam ter internet e equipamento compatível. Então, além da intencionalidade e da preparação do material e das aulas pelo professor, existe também a intencionalidade do estudante que escolheu o ensino à distância”, explica Aline, mostrando o porquê não devemos comparar o ensino a distância que já tem metodologias de aprendizagens mais elaboradas com o atual momento que os alunos da rede pública estão vivenciando durante a pandemia.

Marks defende a difusa de uma cultura, para introdução de novos métodos de ensino. “Além de precisarmos aprender e ensinar a aprendizagem remota, também precisamos encontrar meios para alcançar aqueles que não têm acesso algum”, conclui a professora.

“Parece um código de barras”, diz fotógrafo sobre a paisagem do Cemitério São Luiz

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Pilotando um drone há 400 metros de altura, fotógrafo do Campo Limpo registra transformação do Cemitério São Luiz durante a pandemia de coronavírus.

Cemitério São Luiz, zona sul de São Paulo, durante a pandemia de coronavírus em maio de 2020. (Foto: Marcelino Melo | Menino do Drone)

Medo, tristeza e impotência. Esses foram os sentimentos que tomaram conta do fotógrafo Marcelino Melo, morador do Jardim Piracuama, bairro localizado no distrito do Campo Limpo, ao produzir durante as últimas quatro semanas uma série fotográfica composta por 40 imagens aéreas sobre a transformação da paisagem do Cemitério São Luiz, localizado na zona sul de São Paulo, durante a pandemia de coronavírus.

Nesta quarta-feira (13), o fotógrafo fez novos vôos para captar imagens e mesmo elevando o seu drone a altura máxima de 400 metros, ele não conseguiu registrar com exatidão a quantidade de covas que estavam sendo abertas por oito máquinas escavadeiras, devido à gigantesca dimensão do terreno do cemitério que está em processo de adequação para receber novos sepultamentos.

A iniciativa surgiu após Melo assistir o vídeo poesia produzido pelo rapper Cocão a Voz em parceria com o jornalista João Wainer, divulgado na primeira quinzena de abril, para alertar a população sobre o impacto da pandemia na vida dos moradores das periferias. Ao sentir o peso da mensagem transmitida pelo vídeo, ele decidiu iniciar um registro independente e contínuo da área no entorno do Cemitério São Luiz. O local tem passado por muitas transformações, devido o crescente número de sepultamos de moradores, vitimas do novo coronavírus ou de doenças respiratórias causadas pelo covid-19.

“Eu sobrevoei motivado pelo vídeo, mas não esperava ver aquilo ali. Quando eu vi aquele monte de cova deu uma sensação de medo, impotência e de tristeza muito grande. Eu comecei a tremer”, relembra o fotógrafo.

Melo trabalha como educador na Fábricas de Cultura do Jardim São Luís há dois anos. O equipamento cultural fica ao lado do cemitério. Nesse meio tempo, ele vivenciou uma paisagem do bairro que passava por muitas transformações culturais, afastando a imagem histórica difundida pela mídia tradicional brasileira de que o território abriga o “cemitério do crime”, conhecido por sepultar muitas pessoas vitimas de violência policial e conflitos do crime organizado nas décadas de 90 e 2000.

“A cada clique que eu fazia as fotos a minha reflexão era a mesma: era o número, a quantidade de covas que tinha ali, isso era assustador”, descreve ele, relatando a sensação de estar vivendo um genocídio invisível. “Quando se vê de 100 a 300 covas enfileiradas, a sensação é de genocídio. A história está se repetindo e chegou a nossa vez e encarar isso, não é fácil. Mas na real, eu nem sei se eu estou encarando e seu eu tenho a dimensão real disso”.

“A terra revirada insinua a morte. Parece um código de barras visto do alto”

Para realizar as imagens não foi necessário estar dentro do cemitério, além disso, o drone utilizado por Melo viabiliza uma produção de imagens com bastante qualidade, fato que o motivou a registrar as imagens com o objetivo de distribuí-la para a população, por meio de suas redes sociais e portais de jornalismo periférico.

“Quando eu fiz as fotos eu entendi naquele momento que essas fotos não eram para ficar pra mim. Isso aqui é informação. Eu não tenho carinho por essas fotos e não quero reconhecimento”, enfatiza ele, destacando que o maior objetivo é alertar a população local, por meio das imagens, sobre o que está acontecendo ao lado da casa delas, mas que ainda é difícil para ser compreendido.

O fotógrafo encontra nas imagens aéreas uma definição do seu interesse pelo registro da paisagem. “Não é foto de enterro ou caixão que eu estou procurando. A terra revirada insinua a morte. Isso é o que mais me incomoda. Parece um código de barras visto do alto”, argumenta Melo, relembrando que um amigo fez um comentário em suas redes sociais fazendo essa comparação com o leitor de produtos industrializados.

A cada semana, o fotógrafo se deparava com a simbólica imagem do genocídio, apontada por ele. E isso foi outro fator que o motivou a manter esse registro semanal do Cemitério São Luiz durante a pandemia de coronavírus.

Todas as imagens aéreas revelam que uma grande quantidade de covas foram fechadas nos últimos 18 dias, ou seja, receberam sepultamentos. Mas nesse meio tempo, uma quantidade ainda maior de novas covas em outras áreas do terreno do cemitério foram abertas.

Confira algumas imagens que foram produzidas a partir de 17 de abril e que revelam as principais transformações da paisagem.

Foto produzida em 17 de abril.
Foto produzida em 7 de maio.

No canto esquerdo da foto produzida em 7 de maio, o terreno do cemitério já não possui mais a mesma vegetação. E no centro da imagem produzida em 7 de maio, as covas que estavam abertas em 17 de abril já foram praticamente todas preenchidas.

Foto produzida em 17 de abril.
Foto produzida em 13 de maio.

Aqui o cenário é mais devastador. A imagem produzida em 13 de maio mostra no canto direito um aumento no número de covas, em relação a foto produzida em 17 de abril. Além disso, a imagem produzida nesta quarta-feira mostra no canto esquerdo superior uma nova área no terreno que foi aberta para produção de novas covas.

Você Repórter da Periferia: nos encontraremos presencialmente em 2021

Diante do cenário que estamos enfrentando com a pandemia mundial do Coronavírus, e conforme as recomendações de isolamento e prevenção da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, decidimos não realizar a 7° edição do Você Repórter da Periferia em 2020.

Desde 2014, nós do coletivo Desenrola e Não Me Enrola temos realizado o programa de formação Você Repórter da Periferia. Em seus 7 anos de existência, mobilizamos em média 400 jovens das periferias de São Paulo que se interessaram em fazer parte desse processo de construção e aprendizagem coletiva. Mais do que um programa de formação, o projeto que é voltado para jovens de 16 a 25 anos moradores das periferias, tem entre seus objetivos centrais o de propiciar encontros. Encontros com o outro e consigo mesmo. 

Diante do cenário que estamos enfrentando com a pandemia mundial do Coronavírus, e conforme as recomendações de isolamento e prevenção da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, decidimos não realizar a 7° edição do Você Repórter da Periferia em 2020. Nosso objetivo é evitar a proliferação do vírus e zelar pelo bem estar dos jovens participantes. Essa decisão foi muito difícil para nós, já que desde a criação do Você Repórter da Periferia nunca deixamos de realizá-lo. Porém, compreendemos que a saúde de todos nesse momento é o bem mais precioso que devemos zelar.

O projeto tem duração de sete meses e normalmente iniciamos as atividades no mês de maio. A possibilidade das formações serem realizadas de forma online nunca foi cogitada, pois as trocas e encontros que o projeto proporciona são essenciais durante o processo de formação. Além disso, há questões estruturais que influenciam nessa decisão, como o acesso à internet e equipamentos.

Outro fator determinante para o cancelamento desta edição é o fato da formação não contar apenas com atividades técnicas, mas também com imersões jornalísticas nas periferias da cidade de São Paulo. Esse é o momento no qual muitos começam a descobrir na prática as potências que existem em seus territórios e passam a enxergar seus bairros como espaços de produção cultural e econômica.

As aulas teóricas do Você Repórter da Periferia acontecem desde 2017 no Centro de Mídia M’Boi Mirim, espaço colaborativo de comunicação no Jardim Ângela, que permanece fechado desde março para evitar aglomerações e a proliferação do vírus.

Nesse momento, assim como a maior parte da população, temos buscado colaborar no enfrentamento da pandemia, principalmente através da comunicação. Nosso desejo é que em 2021 as atividades presenciais voltem acontecer com ainda mais encontros e trocas. A previsão de abertura das inscrições para a próxima turma será em março do próximo ano. Até lá, nos cuidemos!

Direitos invisíveis: mulheres chefes de família narram impacto de não pagar aluguel na pandemia

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Na segunda reportagem da série ‘cidade dos direitos invisíveis’ você vai conhecer a história de moradoras da Favela Baracela, ocupação de moradia localizada no Parque Novo Mundo, zona norte da cidade. Elas migraram de suas terras natais na região nordeste do Brasil para construir a vida na cidade de São Paulo. Hoje, em plena pandemia, essas mulheres chefes de família relatam como tem sido o cotidiano durante o isolamento social, período no qual elas foram demitidas de seus empregos. 

A vida de moradoras da favela Baracela, território de luta por moradia que existe a 40 anos no Parque Novo Mundo, bairro pertencente ao distrito da Vila Maria, zona norte de São Paulo, foi transformada radicalmente devido aos efeitos da crise econômica gerada pela pandemia de coronavírus. Boa parte dos habitantes da favela são vendedores ambulantes, diaristas, comerciantes locais ou desempenham outras funções no mercado de trabalho informal.

A favela está dividida em dois territórios: a Baracela I, onde moram as famílias mais antigas; e a Baracela II, onde residem os moradores mais novos que lutam pelo direito à moradia. De acordo com Irani Dias, 49, coordenadora geral da Associação de Luta por Moradia Estrela da Manhã, há cerca de 2.300 famílias morando no território.

Dias afirma que a grande maioria dessas famílias não está conseguindo gerar renda e que muitas são chefiadas por mulheres que são diaristas e que foram dispensadas do trabalho neste período de pandemia.

“São em torno de 2.300 famílias divididas em duas partes: Baracela I, com cerca de 40 anos, e Baracela II, que teve as primeiras construções em 2016. Cerca de 80% das famílias estão em alta vulnerabilidade social e outras 20% constituíram seu comércio lá dentro mesmo ou são ambulantes trabalhando em torno da zona norte”, descreve a coordenadora.

Ela ressalta a condição socioeconômica das famílias que ocupam a favela. “A grande maioria das famílias não está conseguindo gerar renda, muitas são mulheres diaristas que ganhavam por dia e foram dispensadas por suas patroas”.

Na ausência dos órgãos públicos competentes que poderia reduzir o impacto da pandemia na vida dos moradores, a coordenadora do movimento de moradia conta que a Associação tem feito propostas e projetos que vão desde a urbanização da área da favela até a garantia de distribuição de alimentos as famílias da Baracela. “Há uma proposta de reurbanização. Já que não cabe regularização por ser um terreno da CDHU, que já teve indenização. A área de atuação dentro do Parque Novo Mundo atende mais de 1.230 famílias que estamos mobilizando para doar cestas e produtos de higiene”, finaliza.

“Fui mandada embora ainda na experiência, porque onde eu tava ia fechar na quarentena”

Uma dessas famílias é a de Laiana Santos Silva, 22, mãe de duas crianças que também perdeu o emprego na quarentena. Ela relata que está sobrevivendo com o auxílio emergencial e principalmente com as doações que tem recebido dentro da comunidade. “Fui mandada embora ainda na experiência, porque onde eu tava ia fechar na quarentena. Aqui na minha casa estamos sobrevivendo com cestas que o pessoal dá aqui na favela. Se não fosse isso a gente morria de fome. Agora tá muito difícil, não tem emprego de jeito nenhum”, desabafa a moradora.

Santos complementa dizendo que um alívio nesse momento é não pagar aluguel. Ela sempre morou em casas de aluguel e por isso vivia se mudando por causa dos altos preços, condição que a obrigou a morar por pouco tempo e logo se mudar de bairros como Santana, Jardim Brasil e tantos outros da zona norte. A moradora encontrou na ocupação Baracela II o alívio de fugir dos aluguéis juntamente com o sonho da moradia própria, que ela busca a mais de nove anos, quantidade de tempo que calha com o momento de sair de sua terra natal na Bahia em busca de uma vida melhor em São Paulo.

“Eu nasci em Porto Seguro, cidade turística da Bahia. E é bem difícil de conseguir trabalhar lá, então a mais ou menos uns nove anos eu vim para cá, tentar trabalho e graças a deus sempre tive como me manter. Já morei em muitos lugares de aluguel, meu sonho sempre foi ter um lugarzinho meu, eu sempre sonhei em sair do aluguel, graças a deus consegui esse terreno pra mim, agora quero fazer a minha casa de alvenaria aqui, porque eu ainda moro em barraco de madeira”.

Outra moradora que também conseguiu fugir do aluguel por meio da conquista de um terreno na favela Baracela é Janaína Lourenço Da Silva, 38, que nasceu em Garanhuns, Pernambuco e veio para São Paulo também em busca de trabalho e desde que chegou aqui sonha com uma moradia própria. 

“Eu sou de Pernambuco, um lugar chamado Garanhuns, minha família toda é de lá, desde que eu to em São Paulo sempre quis ter um lugar só meu, já morei em muito lugar nessa cidade, eu pagava aluguel de quase mil reais. Quando descobri por meio de um amigo que havia sido feita uma ocupação e as famílias estavam montando seus barracos, aí a gente veio arriscar, eu e meu esposo, ninguém sabia se ia dar sorte ou não, mas viemos tentar e estamos aqui até hoje”.

Janaína também conta sobre a dificuldade de se manter dentro de casa nessa quarentena quando se mora em casas muito pequenas e com muita gente. Ela afirma que não é possível ficar em casa e que não existe espaço e nem estrutura para se isolar. “Tem muitas casas de alvenaria e barracos de madeira, as pessoas tentam se controlar, mas tem que sair, não tem como ficar direto em casa, o espaço é pequeno, não tem quintal, não tem garagem, a rua é de barro, as condições são difíceis, mas é a única que temos e agradecemos a ajuda que recebemos aqui”, descreve a moradora.

Ela enfatiza que além destes fatores que inviabilizam o isolamento social, o abastecimento de água é outro grande problema enfrentado pelos vizinhos na favela. “Pensando na quarentena não é possível ficar em casa e nem sem contato. A estrutura é difícil. A água, por exemplo, acaba de noite e só volta de manhã cedo”.

Censo 2010: a desigualdade dos migrantes nordestinos

Os problemas com moradia, renda e empregabilidade narrados pelas moradoras chefes de família entrevistadas pela nossa reportagem foram apontados nos dados do Censo 2010, que completa 10 anos de existência em 2020. Quem comprova essa ligação é o relatório socioeconômico produzido em 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a partir da análise de alguns indicadores do Censo.

O rendimento mensal médio do trabalhador migrante nordestino que veio de Pernambuco para São Paulo era de R$ 903,20. Já o trabalhador que veio da Bahia era de R$ 937,35. Ambos os estados correspondem aos locais de origem de Laina, que nasceu em Porto Seguro, cidade turística da Bahia e Janaína, que veio de Garanhuns, em Pernambuco.

O estudo também aponta que os migrantes que vieram de outros estados das regiões Centro-Oeste e Sul, possuem rendimentos que giram em torno de R$ 2.000,00, ou seja, o dobro da renda recebida pelos migrantes nordestinos.

Outro dado impactante que revela essa desigualdade entre os migrantes nordestinos é o acesso à educação, direito social estruturante que ajuda o cidadão a conseguir melhores oportunidades de geração de renda e trabalho. Os baianos com idade entre 30 e 60 anos representam 59% entre os quais não concluíram o ensino fundamental, já os pernambucanos têm uma taxa de 56,4% de não conclusão.

Em comparação com as pessoas nascidas em São Paulo, a taxa de não conclusão do ensino fundamental cai para 24,3%, um indicador que revela novamente o dobro de diferença, o qual coloca os paulistanos em lugar privilegiado em relação ao acesso à educação.

Entre as profissões mais ocupadas pelos migrantes nordestinos destaca-se a de empregadas domésticas, com a maior proporção de 21,1%. Esta posição no mercado de trabalho ilustra outro cenário apontado no estudo, no qual o indicador revela que 54,3% de baianos e 57,2% de pernambucanos residentes na região metropolitana de São Paulo recebem um salário mínimo ou menos.

Favela Baracela, no Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo. (Foto: Arquivo pessoal de moradores)

“A favela nunca é ouvida de fato”

Segundo a pedagoga Luana Maria Ferreira Martins, 32, que atua em bairros da Subprefeitura da Vila Maria e Vila Guilherme com articulação cultural e territorial no coletivo Casa No Meio Do Mundo, as políticas públicas habitacionais não chegam às favelas, onde os moradores sofrem com condições de moradias precárias.

“As política públicas habitacionais não chegam, os prédios construídos a pouco tempo no território não levam em consideração os perfis familiares, não existem projetos habitacionais do Estado pensado de fato nos moradores que estão em alta vulnerabilidade, muitos residem próximos a córregos, em becos extremamente apertados e em casas alugadas, e ainda falando do impacto no perfil desse moradores são em sua maioria a população preta, pobre, nordestina, com perfil socioeconômico que não supera a renda de dois salários mínimos”, avalia a pedagoga.

Para Ferreira, a especulação imobiliária com altos valores de aluguéis expulsa as pessoas dos territórios, fazendo com que muitas famílias tenham que morar em ocupações, causando uma sensação falsa de realização do sonho de casa própria.

“Por conta dos altos valores de aluguéis e a parte burocrática que também não facilita, os moradores acabam indo viver em ocupações, mas acho que isso cria uma falsa sensação de realização de sonho da casa própria, muitos terrenos são desapropriados, deixando muitos moradores iludidos, ou vivendo em situações insalubres onde correm perigo constante, o poder público poderiam encontrar maneiras de facilitar condições habitacionais, onde os moradores pudessem realmente realizar um sonho de casa própria”

explica.

Ela também ressalta que o isolamento social não está funcionando nas quebradas, e que o poder público deveria tomar outras medidas pensando nas estruturas dessas famílias. “O isolamento não está funcionando, primeiro as condições habitacionais não permitem, são casas pequenas, barracos, cortiços que muitas vezes moram cinco pessoas, sendo impossível o isolamento social, segundo a questão financeira, muitas famílias não estão tendo o que comer e precisam sair para trabalhar”.

Para amenizar os impactos da pandemia no cotidiano dos moradores, ela sugere um olhar mais sensível e próximo da realidade das pessoas. “As medidas necessárias são um olhar mais sensível para as questões periféricas, ampliar políticas de assistência como os auxílios que a quebrada precisa, mas demora a aprovar. A periferia está precisando de ações do poder público urgentemente, pois a fome não está esperando, muitos vão morrer pelos vírus e muitos de fome, a quebrada precisa ser motivada, se já estivessem realizados projetos habitacionais na periferia antes dessa crise, seria mais fácil o isolamento social acontecer de maneira mais eficiente”.

As organizações e associações de moradia estão o tempo todo pensando nas vidas dentro das favelas e tentando elaborar projeto e propostas que melhorem as condições de moradias dessas pessoas, mas muitas vezes não são ouvidas ou levadas em conta. Luana nos conta que percebe a favela sendo ouvida pelo poder público só quando há um processo de reintegração de posse.

“A favela nunca é ouvida de fato, observo o descaso em criar projetos habitacionais, é tudo sempre empurrado com a barriga, quando poderia ser organizado de uma forma correta, os moradores só são lembrados quando sofre processo de reintegração de posse, o poder público não cria projetos habitacionais, que realmente pautem as necessidades de moradia na vida das pessoas que moram em favelas”, finaliza.

No Capão Redondo, cursinho popular transforma podcast em ferramenta pedagógica

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Diante da pandemia, os educadores do cursinho popular Carolina Maria de Jesus optaram por rever a sua forma de compartilhar conhecimento com os participantes do projeto de educação, que estam em busca de acessar o ensino superior e tirar boas notas no Enem. 

Podcast Fala Carolina, produzido pelo cursinho popular Carolina Maria de Jesus. (Foto: Carolina Maria de Jesus)

Como fazer uma educação popular em tempos de ensino à distância, em territórios periféricos, onde alunos e professores se deparam com sérios problemas de infraestrutura para acesso à internet? Essa questão envolveu educadores e alunos que fazem parte do cursinho popular Carolina de Jesus, que atua nos distritos do Capão Redondo e Jardim Ângela, na zona sul da capital, em um debate para refletir sobre novos formatos de conteúdo e linguagem pedagógica.

A partir desta experiência pedagógica, Carine Nascimento, educadora no cursinho popular, elaborou juntamente com outros professores o podcast ‘Fala Carolina’, um programa semanal que é distribuído para os alunos, por meio de listas de transmissão no Whatsapp. Um dos objetivos é trabalhar a educação à distância, focando nos temas mais discutidos na atualidade, como o cenário da pandemia de coronavírus e as Fake News, que contrapõem a importância das pesquisas científicas.

No Carolina de Jesus, Nascimento atua como professora de interpretação de texto, fazendo um trabalho sobre a dificuldade de compreensão de temas, somente pelo distanciamento da linguagem. “Você não entende o que as pessoas estão dizendo”, afirma a educadora, fazendo uma referência direta sobre as dificuldades dos alunos para compreender a linguagem acadêmica ou a linguagem da universidade. Ela ressalta o sentimento dos estudantes das periferias que passam por esse processo. “Você se sente um idiota, você não entende o que as pessoas estão dizendo, você não tá habituado com aquela linguagem, com aquele jargão”, completa.

O conteúdo do podcast também fica disponível no blog do cursinho, plataforma onde são publicadas as aulas e materiais de apoio aos estudos, relacionados aos temas abordados em cada episódio no ‘Fala Carolina’.

A ideia de trabalhar a educação à distância por meio do podcast foi apenas uma extensão de algo que já era feito. “Nós escolhemos temas que dialogam com esse momento que a gente tá vivendo, a gente não quer fugir desse momento”, enfatiza Carine, abordando a necessidade de construir um debate sobre o atual momento da sociedade, de uma forma que prenda a atenção dos alunos e consiga ajudar eles durante a prova do Enem.

O primeiro episódico do ‘Fala Carolina’ abordou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS). O conteúdo vem carregado de referências de uma forma bem informativa e descomplicada, adaptada e pensada para não consumir muita internet do usuário. “Quando a gente migra de um canal presencial para o digital a gente tem uma série de desigualdades desenvolvidas. Nem todo mundo tem internet boa, nem todo mundo sabe usar os aplicativo que a gente tá propondo que as pessoas usem”, avalia a educadora.

Ouça o podcast Fala Carolina.

O podcast é produzido com o uso de alguns efeitos sonoros que são disponibilizadas por bibliotecas livres na web. Para a edição do conteúdo, são utilizados os programas Audacity e Adobe Audition. A maior parte dos áudios são produzidos pelos educadores com suporte de ferramentas disponíveis no próprio celular. “A grande sacada é ter um roteiro, que dê conta de tudo sabe, tendo um bom roteiro a gente consegue ir de cabo a rabo, supera os desafios da conexão ruim, com um roteiro da hora.”

A todo o momento Carine relembra a necessidade de se aproximar da linguagem do aluno, porque segundo ela esse é um dos principais meios para retirar tantas pedras que tem no meio do caminho dele e ressalta: “nós somos um cursinho de educação popular, educação popular está baseada na teoria de Paulo Freire. Em Paulo Freire você lê o mundo antes de ler a palavra. Então assim, se for pra fazer educação popular e não está completamente mergulhado na realidade do aluno, do jeito que ele fala, então é melhor não fazer nada.”

Em meio a pandemia de coronavírus, o podcast se tornou um aliado importante do cursinho popular para continuar propondo debates importantes com os alunos que estam se preparando para as provas do Enem. Desta forma, o ambiente político, plural e participativo dos diálogos presenciais não se perde durante o período de isolamento social.