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Projeto Mercedes Ladies oferece formação de slammer para mulheres

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Com o objetivo de capacitar mulheres para se expressarem através do slam e fortalecer o protagonismo feminino na cena cultural, o projeto Mercedes Ladies está com inscrições abertas até 25 de abril para a formação Slammer para Mulheres, que será realizada do dia 03 de maio a 28 de junho de 2025, aos sábados, das 14h às 15h30, na Casa de Cultura Hip Hop Sul, localizada na Vila São Pedro, zona sul de São Paulo.

Com 35 vagas para mulheres cis e trans, a partir de 12 anos, interessadas em mergulhar no universo do slam, o curso será conduzido pela escritora e poeta Tawane Theodoro, que é uma das organizadoras do Sarau do Capão, poeta formadora do Slam Interescolar e integrante da equipe do Slam SP. 

O projeto é idealizado pela dançarina, produtora cultural e pesquisadora da cultura hip-hop Kika Souza, que desde 2019 desenvolve uma pesquisa intitulada “Identificando o Apagamento Histórico das Mulheres no Hip Hop”, iniciativa que visa combater a exclusão e invisibilidade das mulheres dentro desse cenário cultural. 

Além das técnicas de performance, o curso também promoverá discussões sobre identidade, resistência e empoderamento feminino por meio da palavra. Serão disponibilizadas 35 vagas, com espaço para 15 suplentes. As inscrições podem ser feitas pelo formulário virtual

A atividade faz parte do projeto “Mercedes Ladies”, contemplado pelo Edital PROAC Hip Hop 2024, que busca valorizar o protagonismo feminino na cultura Hip Hop, ao promover formação e vivências que resgatam a memória histórica das mulheres no movimento. O projeto faz referência a equipe de mulheres Mercedes Ladies, que surgiu nos anos 80, nos EUA, com o objetivo de serem reconhecidas como MCs e DJs, desafiando o estereótipo da presença de mulheres na cena. 

Serviço

Formação em Slammer para Mulheres do Projeto Mercedes Ladies
Data: 03 de maio: 14h às 15h30
31 de maio: 14h às 17h
14 de junho: 14h às 17h
21 de junho: 14h às 15h30
28 de junho: 14h às 17h

Local: Casa de Cultura Hip Hop Sul – Rua Sant’Ana, 201 – Vila São Pedro, São Paulo – SP, 04676-110
Classificação: A partir de 12 anos, grátis, com entrega de certificados na conclusão da formação.
Vagas: 35 (mais 15 suplentes) – Inscrições até 25 de abril
Clique aqui para se inscrever.

Da Lei da vadiagem ao Massacre na DZ7: A música periférica resiste

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Em um país marcado por profunda desigualdade social e racial, a música produzida por pessoas negras e das favelas enfrenta constante marginalização. Apesar de representarem mais da metade da população brasileira, suas expressões culturais – samba, rap, funk, rock – são distorcidas  e inferiorizadas por quem não se propõe a entender a realidade das periferias e favelas

Confira o resultado dessa conversa no primeiro episódio da quarta temporada do Desenrola Aí

No segundo episódio da 4ª Temporada do Desenrola Aí, Thiagson de Souza, Doutor em funk pela USP faz uma análise de como o racismo se transformou ao longo dos anos, mas sem perder seu objetivo principal que é a invisibilização das manifestações culturais afro brasileiras presentes na cena urbana.

“O racismo vai se atualizando em cada geração, as perseguições são diferentes, muda se o motivo, mas o princípio é o mesmo: aniquilar a população pobre, preta, periférica toda vez que ela ousa ascender”, disse.

A lógica da perseguição histórica, iniciada com leis como a da Vadiagem, criada após a abolição para encarcerar homens negros que expressavam sua arte por meio da música ou da capoeira, continua até os dias de hoje.

Um exemplo de como ela se manifesta na atualidade é a criação da Operação Saturação, também chamada de operação Pancadão, que visa acabar com os bailes de rua nos territórios. 

No dicionário, Saturar é definido como um substantivo feminino que promove a ação ou o efeito de saturar, de fazer com que uma solução possua o maior número possível de substâncias dissolvidas. Com isso, podemos afirmar que o objetivo de operações como essas é de reduzir, aniquilar e tornar pó a existência da juventude periférica nos espaços de convivência destinados à eles. 

Um exemplo chocante do resultado dessas ações na quebrada aconteceu em 2019 em Paraisópolis e ficou conhecido como o massacre do Baile da DZ7. Na ocasião, nove jovens foram mortos a partir de uma ação brutal da Polícia Militar de São Paulo. 

A Lei que antes proibia a expressão artística de pessoas pretas continua perseguindo a juventude na favela.  A arte, contudo, permanece como resistência e a música possui o poder de romper essa barreira violenta e expressar o que muitos se recusam a ouvir.  Torna-se, assim, ferramenta crucial no enfrentamento da resistência política de grupos dominantes em aceitar e entender as vozes da favela.

Thiagson de Souza, professor de Música Clássica e doutor de Funk pela USP – Foto: Geovanna Santana março/ 2025

Sobre o Desenrola Aí

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. O programa do Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola, Fluxo Imagens e Portal Kintê Notícias, fomentado pela LEI de Fomento a Cultura da Periferia, da cidade de São Paulo

“São histórias que realçam personagens consideradas notas de rodapé da sociedade”, diz Ricardo da Paz sobre seu primeiro livro de contos

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Com pré-venda disponível no site da editora Patuá e lançamento marcado para o dia 10 de maio, às 17h, no bar e livraria Patuscada, em Pinheiros, região oeste de São Paulo, o livro “Notas Infames na Cidade”, do escritor Ricardo da Paz, apresenta contos ambientados na década de 1990, como um mergulho na vida de pessoas periféricas diante de seus sonhos e esperanças.  

“Tento retratar essas histórias sem, no entanto, romanceá-los, ao acentuar os conflitos de gente de toda sorte prestes a explodir em busca da redenção ou mesmo escancarar as truculentas contradições da sociedade atual. Tento desmistificar os meandros sinuosos das pessoas infames das periferias de São Paulo, que poucos ainda conhecem e muitos preferem ignorar”, afirma o escritor, poeta, geógrafo e professor da Unifesp, campus zona leste, Ricardo da Paz.

Ricardo cresceu na Cohab 2, em Itaquera, zona leste de São Paulo e desde cedo frequentou a biblioteca do bairro. O escritor conta que escreve há muito tempo, mas só estreou no campo da literatura em 2023, com a publicação do livro de poesias “Gambiarra, quase poema – escritos pandêmicos”, pela mesma editora de seu novo livro, Patuá. 

O escritor conta que as histórias desse novo trabalho já rondavam seu imaginário há tempos. “Em geral, quase todas as histórias retratam a década de 1990, que foi um contexto difícil nas quebradas e na cidade. Digo que fui perseguindo o rastro íntimo dos infames, ou sem-fama, as pessoas invisíveis habitantes da nota de rodapé, assim como eu, na cidade”, diz.

“Desde a época em que eu era office-boy, gostava de olhar a cidade pelos seus personagens que, em geral, as pessoas não dão muita atenção. Cresci sendo parte desses trabalhadores invisibilizados na cidade. Gosto do avesso da cena, da nota de rodapé, do ângulo de trás do balcão. O livro tem tudo isso, tem histórias divertidas, de sofrimento, de gente sonhadora, alvo de violência ou elas próprias truculentas. Não [tem] heróis improváveis, nem vilões disfarçados, são as pessoas comuns das quebradas ou circulando pela cidade.” 

Ricardo da Paz, escritor, poeta, geógrafo e professor da Unifesp, campus zona leste.

A partir do livro, ele afirma que busca fazer um mergulho na vida das pessoas consideradas comuns, seja destacando histórias que se passam nas periferias ou nas travessias para o centro da cidade. 

Os contos ressaltam sobre pessoas que são, ao mesmo tempo, assustadoras e corajosas, divertidas e violentas, vivendo suas dores e fantasias sem os filtros do moralismo, explica. “Tem situações que vivi, outras que presenciei, histórias que ouvi falar, coisas que me inspirei nos livros e muita invenção também. Mas sem dúvida, uma parte importante desse caldeirão de inspirações desse livro, eu poderia chamar de leitura das ruas”.

Serviço

Lançamento do livro “Notas Infames na Cidade”
Data: Sábado, 10/05/25, às 17h.
Local: Livraria & Bar Patuscada, Pinheiros, SP
Endereço: R. Luís Murat, 40 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05436-050


Bicicleta na quebrada

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Em algumas periferias, a bicicleta é um meio de transporte essencial, seja para o trampo, escola ou lazer. Em regiões onde o transporte público é caro e precário, a bicicleta vira a solução. O jeito mais rápido e barato para se deslocar. Evitando longas filas de espera pelo busão lotado. É uma alternativa que o morador tem em suas mãos para o controle do seu deslocamento.

Mas nem todo mundo tem essa vivência. Muitas pessoas na quebrada nunca aprenderam a andar de bicicleta e os motivos variam. Enquanto em algumas regiões mais privilegiadas as crianças aprendem a pedalar em parques ou ciclovias seguras, na quebrada a realidade é outra. 

O medo de acidentes, a falta de espaços e a rotina puxada das famílias dificultam esse aprendizado. Para muitas crianças, a primeira bicicleta nunca chega, seja por questões financeiras ou pela falta de um ambiente que favoreça essa experiência.

Para mudar essa realidade, é preciso olhar para a bicicleta como mais do que um simples objeto de lazer. 

Ela é transporte, é autonomia, é possibilidade de trabalho e de liberdade. 

Mas para que mais pessoas tenham acesso a essa ferramenta, é necessário investir em infraestrutura nas quebradas: ruas mais seguras, ciclovias acessíveis e espaços públicos onde as crianças possam aprender a pedalar sem medo. 

E na comunidade seguimos assim: a molecada que tem uma, mesmo que usada, compartilha para que os amigos tenham a experiência também. Entre diversão, rôles e grau, rola o fortalecimento coletivo. 

Quando a quebrada se fortalece, ninguém fica para trás. 

Este é um conteúdo opinativo. O Desenrola e Não Me Enrola não modifica os conteúdos de seus colaboradores colunistas. 


Projeto “IBEJADA: Alegria Negra” promove ações formativas online e no Centro de Referência da Dança 

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Com a proposta de celebrar a vida, a cultura e a resistência do povo preto, guiado pela premissa de inventar imaginários possíveis, banhados por alegrias e gargalhadas, o Núcleo Ajeum, ao longo de três meses, realiza ações formativas no projeto “IBEJADA: Alegria Negra”, com atividades virtuais e presenciais no Centro de Referência da Dança, localizado no centro de São Paulo. Contemplado pela 37ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança da cidade de São Paulo, segundo o grupo, a inspiração do projeto vem da energia de Ibeji, que contribui para a formação de uma comunidade unida e vibrante.

Entre as formações, o Fórum Psicologia das Infâncias: Medidas de Acolhimento da Criança Interior, mediado pela psicóloga Cássia Rosário, oferece um espaço para discussões sobre o desenvolvimento infantil e os atravessamentos de raça, classe e gênero nesse processo. A atividade é composta por quatro encontros online, sendo que os próximos acontecem nos dias 12 e 26 de abril, o fórum aborda temas como a relação entre a criança e a cultura, as dificuldades impostas pela sociedade nas questões de raça e classe, e as consequências do que foi perdido na infância por conta de fatores como a pobreza e a opressão. 

Em paralelo, nos dias 14/04, 28/04 e 05/05, acontecem os encontros Poéticas para Alimentar, que traz dois artistas convidados para uma série de ações voltadas para a pesquisa artística e cultural. A primeira parte da ação, conta com a participação da artista Priscila Obaci, que irá compartilhar o trabalho “Xirezinho”. A partir da literatura, musicalidade e práticas sensoriais, a formação irá percorrer estudos e reflexões tendo as mitologias como impulso de investigação.

Com encontros também nos dias 14/04, 28/04 e 05/05, o artista plástico e educador Marcelino Melo, conduz a oficina “Quebradinha: Território, Memória e Afetividade”, que propõe aos participantes a construção de saberes a partir das margens, ao promover uma desconstrução do olhar sobre o cotidiano e explorar as memórias e vivências dos territórios.

Serviço

Projeto “IBEJADA: Alegria Negra”, com Núcleo Ajeum

Ação: Fórum Psicologia das Infâncias – Mediação de Cássia Rosário, psicóloga especialista em atendimento clínico, formada em psicologia e relações étnico raciais, direitos humanos e saúde de meninas e mulheres. Tem como base para o seu fazer clínico o humanismo.
Datas: Sábados, 12 e 26 de abril de 2025
Horário: das 10h às 12h
Local: online, via link disponibilizado para inscritos.
Clique para se inscrever

Ação: Poéticas para Alimentar – Xirezinho – Mediação de Priscila Obaci, artista e educadora, mãe, formada em artes do corpo e desenvolve um extenso trabalho acerca das infâncias.
Datas: 14 e 28 de abril e 05 de maio de 2025
Horário: Das 16h às 18h
Local: Centro de Referência da Dança – CRD – Galeria Formosa Baixos do Viaduto do Chá s/n, Praça Ramos de Azevedo – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP, 01037-000
Informação extra: Vagas limitadas.
Clique para se inscrever

Ação: Poéticas para Alimentar – Quebradinha – Mediação de Marcelino Melo, artista plástico e educador, desenvolve trabalhos também na linguagem do audiovisual além de exposições e oficinas da “Quebradinha” como a oficina “Quebradinha: território, memória e afetividade”.
Datas: 14 e 28 de abril e 05 de maio de 2025
Horário: Das 14h às 16h
Local: Centro de Referência da Dança – CRD – Galeria Formosa Baixos do Viaduto do Chá s/n, Praça Ramos de Azevedo – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP, 01037-000
Informação extra: Vagas limitadas.
Clique para se inscrever

Meninas e a solidão durante a adolescência

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Na rua em que eu morava havia uma mulher com idade entre 35 e 40 anos, lindíssima! Ela era famosa por ser casada com o único pedreiro do bairro e também por ter muito ciúme de seu marido. 

Me lembro que quando eu e minhas amigas éramos crianças, essa mulher nos tratava muito bem. Era gentil, sorridente e sempre nos elogiava pela nossa gentileza ao ajudá-la com sacolas de mercado, mas depois de alguns anos seu comportamento com relação a nós, mudou completamente.

Ela passou a nos tratar com rispidez, e se ela estivesse passando na rua e nos ouvisse rir, imediatamente nos xingava de coisas terríveis.

Quando eu tinha 14 anos, houve um episódio muito triste envolvendo essa mulher e seu marido. Era um domingo de muito sol, minhas amigas e eu estávamos sentadas na calçada conversando e tomando sorvete. E você já deve ter visto adolescentes conversando, né? Falávamos e ríamos tão alto que certamente toda a vizinhança podia nos ouvir de longe.

Foi nesse cenário que a vizinha e seu marido passaram de mãos dadas na rua. Ela estava belíssima, elegante e arrumada como sempre, já ele – que não era nada atraente – parecia ter vestido a primeira roupa que encontrou no armário. 

O casal passa por nós. Ele cumprimenta: “Boa tarde, meninas”

Nós sequer tivemos tempo de responder. A vizinha gritou para o marido: “Por que você está dando ousadia para essas putinhas?”

Ela puxava o marido pelo braço enquanto gritava que “menininhas novinhas” ficam sentadas na calçada só para se exibir para homens casados.

“Eu não sou otária, não. Eu arranco os cabelos de vocês”.

O marido sorria e dizia em tom jocoso: “Você está doida, mulher?”

Conto essa história porque para mim ela ilustra o que acontece com muitas meninas quando atingem a idade adolescente. Passam a ser vistas por muitos homens como objetos de assédio e por muitas mulheres como rivais ou predadoras em busca de “homem casado”.

Assim, sozinhas, as meninas passam a criar estratégias para lidar com as violências sofridas. Algumas passam a revidar os assédios e xingam os homens na rua, ficando em risco, já que podem sofrer violências físicas por parte desses senhores (sim, muitos são senhores). 

Outras se isolam em casa com medo da violência na rua. Há aquelas que mudam a forma de se vestir para que seu corpo não seja notado. E também existem as meninas que passam a acreditar no que esses adultos dizem e sentem que os assédios dos homens são elogios e que o afastamento das mulheres mais velhas é inveja. Sentem-se então no poder, quando, na verdade, estão vivendo violências que as deixam cada vez mais solitárias e vulneráveis.

O que podemos fazer diante disso?

Nós, pessoas adultas, precisamos fazer algo para que as meninas sintam que podem contar conosco durante seu processo de desenvolvimento. 

Precisamos urgentemente perceber as meninas adolescentes como pessoas em fase peculiar de desenvolvimento e não como objetos do desejo ou sedutoras-perigosas. São meninas!

Os homens que não concordam com os assédios contra meninas precisam dialogar com outros homens sobre isso, precisam se posicionar contra o assédio.

Mulheres, acolhamos as meninas, estejamos com elas nessa travessia tão intensa que é a adolescência, não sejamos mais um ponto de abandono e culpabilização. 

Este é um conteúdo opinativo. O Desenrola e Não Me Enrola não modifica o conteúdo de seus colaboradores colunistas.

“Desenrola Aí” estreia 4ª temporada debatendo autismo nas periferias

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A quarta temporada do programa “Desenrola Aí”, exibido no canal do YouTube do “Desenrola e Não me Enrola”, estreia nesta quarta-feira, 2 de abril — Dia Internacional de Conscientização do Autismo (TEA) — com o tema “Por dentro do Espectro: uma conversa sobre Autismo, Inclusão e Direitos”.

No primeiro de seis episódios, Rebeca Motta bate um papo com Janaina Cunha, psicóloga e especialista em TEA, com aprimoramentos em psicologia escolar e orientação parental, para explicar o que é o Transtorno do Espectro Autista, como os primeiros sinais se manifestam na infância, o que são e quais são as diferenças entre os graus de suporte e como a falta de informação impacta a rotina de pessoas portadoras do transtorno — seja na busca pelo diagnóstico e terapias adequadas ou em seus espaços de convivência. 

Segundo o IBGE, estima-se que o Brasil possua 2 milhões de pessoas portadoras do TEA, mas, apesar do número expressivo, ainda há barreiras que impedem a oferta de terapias adequadas, como o baixo número de profissionais especializados para lidar com o transtorno nas áreas da saúde e da educação, fake news, informações desencontradas e autodiagnóstico — situações que se relacionam diretamente com casos de diagnóstico tardio. 

Janaina Cunha, psicóloga especialista em TEA – Foto: Geovanna Santana março/ 2025

Existem dados científicos que comprovam que, quanto antes uma criança for diagnosticada, melhor para o desenvolvimento e aquisição de novas habilidades. Quando as famílias são impedidas de terem acesso a uma informação que pode mudar a qualidade de vida delas, isso também é uma forma de violência. Por isso, é tão importante que os profissionais se capacitem e a sociedade se informe para acolher essas pessoas e apoiar a busca delas pela garantia dos direitos da pessoa autista”, defende Janaina.

Um passo importante para superar esses obstáculos foi dado recentemente, com a inclusão de perguntas específicas sobre o TEA no censo de 2022. Por meio da reivindicação e articulação da própria comunidade autista brasileira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estipulou uma pergunta para determinar a quantidade e em quais condições vivem os autistas no Brasil. 

Sobre o Desenrola Aí

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. O programa do Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola, Fluxo Imagens e Portal Kintê Notícias, fomentado pela LEI de Fomento a Cultura da Periferia, da cidade de São Paulo. 

Vocês ainda estão aí? Pois bem, nós também, apesar dos pesares

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Certa vez na minha adolescência perguntei para minha avó o que ela lembrava do período da ditadura, ela me disse com olhar reflexivo: “Naquele tempo as escolas eram melhores…”. Sabendo de outra perspectiva, pelo olhar de minha mãe, entendi que aquela era uma resposta evasiva ou até tendenciosa.

Minha avó como muitas outras pessoas, passou os anos 60 mantendo o país em pé enquanto os milicos destruíram o Brasil e os brasileiros.

Migrante mineira, ela chegou muito nova a São Paulo e não teve tempo de ser criança. Com 13 era babá e servente numa mansão nos jardins e morou no “quartinho de empregada” por anos. Teve seu primeiro aborto com 15, e anos depois, ao conhecer meu avô, logo engravidou. Mudou de emprego e foram para Piraporinha, periferia da zona sul de São Paulo, na conquista da casa própria. 

Era passadeira numa loja de roupas de rico na Oscar Freire, quando aconteceu o golpe militar. Viveu o Ai5 e outras arbitrariedades quase ilesa, se matando de trabalhar, como era comum a qualquer pessoa de quebrada naquele contexto. 

É importante dizer, minha avó não era uma mulher conservadora, católica fervorosa, que por força moral fez vista grossa às aberrações que ocorriam embaixo do seu nariz. 

Minha avó era macumbeira, no começo dos anos 80 tornou-se desquitada e mãe solteira de duas filhas, uma de cada cor. Sua casa vivia cheia de jovens hippies e suas filhas eram ligadas à cena cultural e política da época. 

Logo essa resposta soou mais intrigante pra mim. Ocorre que certa vez em uma conversa com meu tio avô, na cozinha da minha vó, uma bomba caiu no meu colo. Sei lá porque motivo falávamos da luta armada e alguém falou do MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). Tio Chico gritou: “Eu fiz parte disso aí”.

Falou e deu uma lapada no copo de cachaça como quem tomava um café. Minha avó retrucou: “Eu lembro, foi quando você chegou todo quebrado aqui em casa pra eu cuidar né?”.

Espantado eu falei: – Como assim tio? Você foi do MR8, você que hoje defende o Maluf? 

Ele me disse que uma coisa não tinha nada a ver com a outra e falou que conheceu a esposa do Lamarca, uma tal de Iara. Falou que não gostava muito da punhetagem intelectual dos integrantes do grupo, gostava mesmo era de dar tiro, extravasar a raiva. 

Meu tio avô era um homem negro e conhecia, já antes do golpe, o ódio, o desrespeito e a vida dura. Conheceu a pobreza antes de ler Marx. Bem diferente de muitos de seus companheiros de MR8. 

No meu batizado, no ano em que se “encerrava” a ditadura, uma foto conformou uma das imagens que mais me marcou ao longo da vida. Eu no colo de minha avó ao lado deste meu tio avô, meus pais, e amigos na frente da igreja Nossa Sra de Piraporinha. 

Um destes amigos, um homem negro retinto de black power altivo, Jimmy, um fanzineiro, sindicalista, um artista militante. Essa foi uma das últimas fotos que tiraram dele. Simplesmente ninguém nunca mais o viu. 

Eu nasci com a redemocratização, mas essa imagem me diz que para pessoas pretas e periféricas, a redemocratização de verdade nunca aconteceu totalmente. E essa não é só uma chaga da ditadura, é resquício muito mais antigo de algo que pouca gente põe na conta quando faz análise política do nosso país, a perpetuação das mazelas da escravidão.

Nós, o povo negro, indígena e periférico desta nação, que sempre estivemos a margem de tudo, ainda estamos aqui, apesar do estupro colonial, apesar da falta de políticas de reparação, apesar do subemprego, da fome, da moradia precária, da falta de acesso à direitos, apesar da ditadura, apesar das moléstias, apesar da PM, apesar do Bolsonarismo. 

Aí refaço a pergunta que o mestre Edson Cardoso, histórico pensador e militante do movimento negro faz há anos: “Como ainda estamos aqui apesar de tanta coisa?”. Em suas próprias análises há um caminho, “eles não contavam com nossa profunda capacidade de resistência”. 

Ou como bem diz a mestra Conceição Evaristo, “eles combinaram de nos matar, e nós combinamos de não morrer”. E resistimos de muitas formas viu. Não só pegando em armas, ou nas greves, nos movimentos estudantis, mas também simplesmente trabalhando e mantendo os filhos vivos, como fez minha vó.

Mas o que tudo isso tem a ver com o filme “Ainda estou aqui” de Walter Salles?

O filme e o olhar de quem o fez

Antes de fazer minha análise, vi as inúmeras críticas de vários outros pensadores, principalmente das pessoas negras e periféricas que respeito, atento a seu ponto de vista e ao que de novo minha contribuição poderia somar no debate. 

O fato é que para além da importante crítica, a falta de representatividade da perspectiva periférica acerca da luta contra a ditadura e suas consequências atuais, achei quase tudo contraproducente e por vezes até um tanto maniqueísta, muito característico do momento da esquerda atual, confusa quanto ao real inimigo.

Digo isso porque o ponto mais importante pra mim não é sobre o quão é válido que tenhamos um novo filme sobre a ditadura num contexto de ascensão global das extremas direitas, ainda que isso também seja válido. Um filme, no limite, é só um filme e muitas vezes as pessoas se esquecem disso. E ainda que as provocações e as ideias possam nos levar a ação, não é um filme que vai para a rua, que muda estruturalmente o país, ainda que este em questão tenha motivado coisas importantes, principalmente junto a comissão da verdade. 

O ponto em que quero me concentrar é no porque as políticas públicas e privadas de financiamento estão concentradas nas produtoras e diretores da burguesia brasileira? Porque nós que vivemos outras histórias da ditadura não temos recursos para produzir nossos filmes com nosso ponto de vista? 

O filme de Walter Salles é muito bom, como foram seus filmes anteriores “Diários de motocicleta”, “Abril despedaçado”, “Central do Brasil”. 

É o mínimo que se espera de alguém que desde cedo teve tudo ao seu favor.

O que também não diminui o mérito do diretor, mas sim confirma a importância da grana na consolidação das carreiras de diretores e seus filmes. Um bom exemplo é que o filme “Marte Um”, de Gabriel Martins (Filmes de Plástico), em 2023, estava sendo cogitado para representar o Brasil no Oscar, mas Gabito, homem negro da periferia de Minas Gerais, não tinha recursos como Walter, para injetar na campanha do filme a nível internacional. 

Em si, “Ainda estou aqui” tem muitas qualidades, uma fotografia sensível, que amplifica a atuação, além do magnífico trabalho de CGI (imagens geradas por computador) na pós, para recriar a paisagem do Rio de Janeiro da época.

Uma narrativa construída com primazia, um controle incrível do tempo das cenas, o que dá profundidade e reflexividade a personagem de Eunice Paiva. Uma montagem primorosa que te põe dentro do estado de alerta e de tensão da época.

Uma atuação imensa da Fernanda Torres e das personagens secundárias, contando inclusive com atores periféricos, como é o caso de Aguida Aguiar, de Itaquera e de Fagundes Emanuel Ferreira, de Perus, com pequenas participações, mas um importante dado de construção de carreira. 

Algo que muitos críticos importantes falaram foi da construção da personagem Zezé, vivida pela atriz Pri Helena. Um importante elo da relação dos protagonistas com os filhos. Zezé, apesar de poucas falas, vive situações emblemáticas, como quando fica com os filhos mais novos de Eunice e Rubens, enquanto ela, o marido e uma das filhas mais velhas estavam presas sendo interrogadas.

O que se levantou muito foi o fato de a única personagem negra não ter tido grandes falas e ter sua subjetividade pouco evidente mesmo nas pequenas participações, o que é fato, mas também não é uma especificidade deste filme, mas sim uma característica geral do cinema e da televisão brasileira. O mestre Joel Zito Araújo já denunciava isso no final dos anos 90, vale a pena assistir ao filme “A negação do Brasil” (2000).

O que me deixa cansado com essas análises de modo geral é que qualquer ponderação feita nesse sentido me parece uma construção minha dentro do filme do Salles ou da história escrita no livro de Marcelo Rubens Paiva. No livro, aliás, a personagem Zezé sequer existe.

Toda vez que algo me incomodava na narrativa (e essa personagem Zezé me incomodou muito), eu pensava que isso também dizia sobre mim, sobre minha história e não sobre o filme do bilionário. Aí me lembrava que se quisesse que algumas perspectivas fossem aprofundadas teria que eu mesmo fazer o trabalho e que essa não seria mesmo a abordagem de Walter Salles. 

O fato é que a Zezé lembrou muito a minha avó, principalmente na cena onde ela questiona Eunice sobre o salário e sua suposta naturalidade com a presença dos milicos observando a casa. Pois nesse momento estabeleci um vínculo entre a história da família Paiva com a minha, ainda que um abismo social nos separasse. 

Nesse momento refleti um pouco sobre o fato de que ser uma pessoa “quase da família”, nesses contextos, não imprime densidade de relação suficiente para que pessoas como a Zezé ou minha vó, tivessem compreensão geral do que significava a ditadura. Podiam bem passar alheias já que o que importa para pessoas nessa posição de subserviência é que cuidem dos filhos, limpem a casa, lavem a roupa.

Mas no fim, o salário é o limite. Como anda a família de Zezé? Como ela ficará com a demissão? Não está em questão.

A dor da família Paiva não é menor que a de ninguém, pois ainda que abastados, a classe média alta representada estava e está muito mais perto de mim enquanto condição social, do que dos bilionários que cortejam, do que da própria família do bilionário que dirigiu o filme.

A ditadura tornou-se essa mácula tão pesada na história brasileira porque talvez tenha sido a primeira vez que pessoas brancas de classe média tenham sido tratadas como a maioria negra, indígena e pobre desse país foi e é tratada historicamente. 

A primeira vez que filhos brancos e bem nascidos da aristocracia nacional foram presos e torturados, a primeira vez que alguém da família é sequestrado e some, a primeira vez que seus amigos e parentes são assassinados apenas por pensarem de forma dissidente. 

Muita gente boa acordou da vida de segurança e privilégio após o pesadelo da longa noite ditatorial brasileira e passou a se entender como povo, como campo artístico, de esquerda, progressista, etc. Outros já entenderam esse período como um sinal de que se quisessem manter o status quo, precisavam caminhar na linha do sistema sem tomar partido. 

Eunice Paiva foi talvez essa pessoa, aliás, toda a família Paiva, gente que mesmo já flertando com o pensamento progressista, teve de acordar de um sonho difícil para se posicionar definitivamente enquanto povo. Não há demérito nisso (antes tarde do que nunca). Eunice foi uma importantíssima batalhadora das causas sociais junto dos movimentos indígenas, na luta por direitos humanos e da comissão nacional da verdade, os filhos também se engajaram e lutam por diferentes pautas de esquerda até hoje. 

Um momento pouco comentado do filme mostra esse choque de realidade. Na cena com a professora da escola dos filhos que também havia sido presa e torturada, Eunice pede que ela diga que esteve com seu marido na polícia, pois ela foi a única que o viu, diz que ele pode estar em perigo, a professora responde “todos estamos em perigo”. É como se o despertar viesse na melodia e nos versos de Erasmo: “não vou ficar calado, no conforto acomodado, como muitos por aí”. 

O cineasta Walter Salles, na história real, estava entre os amigos de Marcelo Rubens Paiva, brincava quando criança na casa onde tudo ocorreu. Seu pai, o banqueiro Walther Moreira Salles, foi Ministro da Fazenda do governo João Goulart, quando o então deputado Rubens Paiva exercia seu mandato pelo PTB. 

Estaria então o Waltinho, a partir de seu lugar de classe, produzindo um cinema com um viés de transformação social? 

Os bilionários e nós (os outros) 

Muita calma nessa hora, não é tão simples assim, a família Salles está entre as famílias banqueiras mais antigas do país, são os donos da rede Itaú – Unibanco e tem quatro membros na lista da Forbes dos 10 mais ricos do Brasil. Walter Salles é o 3° cineasta mais rico do mundo. Perdendo apenas para o Steven Spielberg e o George Lucas.

É importante dizer que estes 10 multi bilionários representam 1% da pirâmide social e estão a anos luz da classe média alta e das demais faixas empobrecidas do país. 

A minha tese é que o filme, e talvez toda a trajetória artística dos irmãos cineastas João e Walter Salles, tenha sido calcada na superação da história errônea de seu pai, que apesar de ministro de Jango, foi um dos articuladores internacionais do golpe, cedendo documentação privilegiada para o governo norte americano, por meio do embaixador dos EUA Lincoln Gordon, sabendo que as reformas de Goulart gerariam prejuízos aos seus negócios no Brasil e no estrangeiro (dados da UERJ). 

Por um lado é interessante saber que a fortuna herdada com o fim da democracia nos anos de chumbo esteja retornando como uma reflexão, que no momento atual denuncia as arbitrariedades da ditadura e suas consequências na contemporaneidade. 

Por outro lado, revela o quanto a concentração de riqueza torna simples o acesso à produção cinematográfica no país, ainda que sua grana seja fruto da supressão de direitos dos mais pobres. 

Essa é a grande questão, não quero que Walter ou João deixem de fazer seus filmes, até porque são bons no que fazem (há muitos outros, muito piores e mais perigosos), mas deveriam os mesmos mais do que fazer grandes mausoléus de concentração da memória do país, como o IMS, incentivar de forma contundente a produção de cinema popular periférico. Injetando, de forma desburocratizada, recurso nas iniciativas realmente independentes. 

O filme ganhou o Oscar como uma produção “independente”, mesmo que do próprio bolso dos Salles tenha sido injetado 45 milhões de reais, e recentemente ainda recebeu do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) um investimento de R$ 32 milhões para a Conspiração Filmes que co-produziu o longa, na perspectiva de internacionalização da obra. 

Com 1% dessa grana manteríamos nossa escola de cinema na quebrada Ibira Lab, por mais de 1 ano. Estruturaríamos dezenas de cineclubes ou bancaríamos a produção de muitos filmes de diversos coletivos que produzem seus trabalhos com zero de investimento. 

Como classe artística eu não vou pixar o filme para ganhar aplauso como fizeram alguns críticos, até porque isso favorece a extrema direita que odeia a arte e os artistas, mesmo que não odeiem o fato de serem bilionários. 

Mas como classe social, independente do filme, não posso deixar de questionar o quanto as consequências dessa burguesia vampira, herdeira dos nossos piores algozes, segue limitando nosso avanço social e artístico. 

E nesse sentido, é importante que o investimento público e privado comprometido, tenha coragem de colocar recursos de forma real na produção de filmes que contem a história da ditadura pelo olhar da periferia. Temos muito ainda por falar, da vala de Perus à Santo Dias, das comunidades eclesiais de base à luta operária, um universo todo ainda deve ser explorado e revelado em sua complexidade. 

Que nestes 61 anos do golpe militar possamos vislumbrar um futuro onde a história seja retomada pelas mãos dos trabalhadores, que tenhamos um olhar nítido e diverso sobre as mazelas que acometem desde sempre nosso povo. Que estejamos fortalecidos para não sermos reféns das fake news das indústrias corporativas de comunicação. 

No mais é luta, afinal, ninguém tá puro e precisamos ser estratégicos para tomar o que é nosso de assalto. Pois nós não somos do tipo que é exilado, não estamos nas listas de desaparecidos, não temos direito a julgamento e sabemos o porquê.

Clóvis Moura, em ‘Brasil: raízes do protesto negro’, diz: “Todo preso é um preso político”, a miséria amplificada pela ditadura criou o cenário favorável para a violência e a barbárie que se prolifera como cultura nas quebradas ainda hoje. 

Sabemos quem nos apoiará quando a corda arrebentar do lado mais perseguido. A academia do Oscar, por exemplo, se recusou a demonstrar solidariedade ao cineasta palestino Hamdan Ballal, depois de ser agredido por colonos israelenses e ser sequestrado e torturado pelo estado sionista, fruto de uma guerra alimentada pelo mesmo país que lhe deu a estatueta de melhor documentário por “No Other Land”. 

Não lutaremos sozinhos e desvalidos contra os monstros do capital, precisamos de gente alinhada, teórica e fisicamente. Na disputa pelas mentes precisaremos de acadêmicos e cineastas, pedreiros e cozinheiras, tudo que nos direcione para além de nossas raivas particulares e das humilhações sistêmicas, revelando os verdadeiros algozes e nos impregnando de dignidade. Jessé Souza falou recentemente em uma entrevista, articulando o filme “Ainda estou aqui” ao seu mais recente livro:

“Imagina um mês com os melhores jornalistas desse país, explicando para o povo da periferia e dos interiores do país quem são seus inimigos de verdade, quem está roubando você, o Itaú, o BTG pactual, o Bradesco. Tenho certeza que em um mês teríamos coisas revolucionárias acontecendo. Mas esse cara está acostumado a ver Fernanda Torres e mãe nos comerciais dizendo o como são lindos esses bancos.” 

Penso que cada vez mais é melhor que as famílias Montenegro e Salles façam filmes como “Ainda estou aqui” e menos propagandas de banco, isso é o mínimo da parte deles. Do nosso lado, os cães ladram e a caravana não para!

Este é um conteúdo opinativo. O Desenrola e Não Me Enrola não modifica a narrativa dos conteúdos de seus colaboradores colunistas.


Casa de Cultura Hip Hop Leste recebe a 1ª Feira Cultural LGBTQIAPN+ da Cidade Tiradentes

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Celebrar a diversidade e fomentar o debate sobre temas cruciais para a comunidade LGBTQIAPN+ são alguns dos enfoques do evento que é organizado pela iniciativa Identidade Periférica, com histórico de atuação na promoção dos direitos humanos e na inclusão sociocultural da população periférica. A programação começa no dia 01 de abril e segue até o final do mês na Casa de Cultura Municipal Hip Hop Leste, localizada na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo.

O projeto busca destacar intersecções entre as diferentes formas de opressão que impactam a população LGBTQIAPN+, para isso, a programação aborda temas relacionados a gênero, raça e classe.

“Queremos proporcionar um ambiente de acolhimento, no qual a comunidade LGBTQIA+ possa se reconhecer e se fortalecer. Ao mesmo tempo, buscamos sensibilizar a sociedade sobre a importância da inclusão e do respeito à diversidade”

Paulo de Almeida Rodrigues, um dos responsáveis pela iniciativa Identidade Periférica.

Durante os 30 dias de programação, haverá uma série de encontros culturais e educativos, incluindo performances artísticas, exposições, oficina de fotografia e projeto cultural também são algumas das atividades. A iniciativa destaca a participação de artistas como Lia Clark, Valeska Popozuda e MC Xuxu. 

Segundo a organização, a feira também tem como objetivo oferecer um espaço seguro para reflexão e conscientização sobre os direitos da comunidade LGBTQIAPN+. As atividades educativas incluem discussões sobre história e políticas públicas, assim como debates sobre o impacto da interseccionalidade nas questões de gênero e sexualidade.

“Pensamos cada detalhe para garantir que todes possam viver essa experiência com segurança e respeito, desde a estrutura do evento até a equipe multidisciplinar preparada para atender o público. Além disso, a feira celebra a arte e a cultura LGBTQIA+, dando visibilidade a artistas e expressões que fortalecem a identidade e a luta por direitos. Mais do que um evento, é um manifesto vivo pela diversidade e pela inclusão”, diz Jal Moreno, produtor executivo do evento.

A feira também contempla uma infraestrutura com banheiros acessíveis para pessoas com deficiência, intérpretes de libras e audiodescrição em vídeos. A programação completa será divulgada ao longo do mês na página da Identidade Periférica.

Serviço

Feira Cultural Promovendo a Diversidade: Um Enfoque Interseccional nas Causas LGBTQIAPN+
Período: 01 a 30 de abril de 2025
Local: Casa de Cultura Municipal Hip Hop Leste
Endereço: R. Sara Kubitscheck, n° 165 A, CEP 08474-000, Cidade Tiradentes – São Paulo – SP
Entrada gratuita

Jogo desenvolvido por articuladoras locais fortalece memória coletiva 

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A valorização dos saberes de povos e territórios é uma das demandas que atravessam o trabalho de agentes locais que atuam a partir das periferias. A criação do jogo “Perus no tabuleiro da memória”, formulado pelo Centro de Memória Queixadas – Sebastião Silva de Souza (CMQ), é um exemplo dessa movimentação.

Viabilizado por meio da 7ª edição do edital Fomento à Cultura da Periferia, “Perus no tabuleiro da memória”, propõe atividades lúdicas e educativas para o público infanto-juvenil. A partir da memória coletiva, narrativas locais e o vínculo com o bairro de Perus, território localizado na zona noroeste da cidade de São Paulo, o jogo busca registrar a história local. Desse modo, a iniciativa procura contribuir na difusão e valorização do patrimônio cultural e histórico periférico.

O tabuleiro leva os participantes por uma jornada que retrata as transformações do bairro e estimula reflexões sobre as relações pessoais com o território, reforçando os vínculos afetivos e identitários. “Foi todo desenvolvido em cima de um mapeamento afetivo realizado com a comunidade. Além do mapa do bairro em si, toda a divisão do território tem como base também a memória. O tabuleiro é cheio de pins de lugares que foram citados de alguma forma nesse mapeamento”, explica Sheila Moreira, uma das gestoras do Centro de Memória Queixadas.

Durante as rodadas, os jogadores precisam localizar pins no tabuleiro. Alguns deles são nomeados, como a biblioteca da região. Outros são pins que remetem à memória das pessoas que participaram do mapeamento.

“A memória é um fenômeno coletivo e social que, embora sujeito a transformações, possui marcos que constituem o imaginário social. Esses marcos, presentes no jogo, são ferramentas para fortalecer a conscientização e o protagonismo periférico, gerando identificação e pertencimento”

Angélica Müller, responsável pelo núcleo Educativo do Centro de Memória Queixadas.

Desenvolvido pelo Centro de Memória Queixadas, espaço criado para ser um centro comunitário dedicado à preservação e valorização da memória coletiva de Perus, o jogo foi lançado em fevereiro de 2025, e a ideia não é ser distribuído, mas que circule por diversas escolas. 

“Todas as escolas da região poderão receber a iniciativa mediante agendamento prévio com a equipe do Centro de Memória Queixadas, que oferecerá suporte para integrar o jogo às dinâmicas pedagógicas de cada instituição”, explica Erika Barbosa, gestora no núcleo de Articulação Territorial do CMQ. 

O tabuleiro foi desenvolvido com base em um mapeamento afetivo realizado com moradores de Perus. Foto: Divulgação.

O público geral interessado em conhecer o tabuleiro também pode agendar uma visita ao Centro de Memória Queixadas, via email ou instagram, e assim ter acesso ao jogo. A equipe ressalta que por ser uma atividade colaborativa, se a ida ao espaço for sem agendamento, é preciso ir com mais pessoas, até seis jogadores. 

No caso das escolas, o núcleo do CMQ vai até os alunos, ou as escolas também podem combinar uma visita ao espaço. Para entrar em contato e agendar uma atividade com a equipe é preciso enviar um email para contato@cmqueixadas.com.br ou mensagem no instagram.