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Sarau Apoema celebra aniversário de um ano no Jardim Ângela

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O evento conta com participações especiais de artistas que valorizam a relação com o território para produção de suas obras, entre eles estão o escritor José Sarmento, autor do livro.

Maga Slam na Escola Luis de Magalhães (Foto: Divulgação)

A festa de aniversário do Sarau Apoema acontece neste sábado (05), a partir das 18h na Sociedade Santos Mártires, localizada no Jardim Ângela, zona sul da cidade.

O evento também marca o lançamento da marca “Sarau Apoema”, com a produção da primeira peça de camiseta que coletivo. Além disso, o sarau fará uma homenagem ao Padre Jaime e Padre Antônio Lellis, por sua trajetória e importância no contexto sociopolítico do Jardim Ângela.

Criado em 2018 e formado por jovens que visam transformar a realidade social de moradores de territórios periféricos, por meio de ações culturais e educacionais, o Sarau Apoema tem o intuito de promover espaços de encontro e fortalecimento das juventudes, por meio de encontros literários nos territórios do Capão Redondo, Jardim São Luis e Jardim Ângela.

Confira um pouco mais sobre o Sarau Apoema!

Agenda
Dia: 05 de outubro de 2019, a partir das 18h
Local: Sociedade Santos Mártires (Rua Luís Baldinato, 09)
Mais informações:
Página do Sarau: https://www.facebook.com/sarauapoema/
Página do evento: https://www.facebook.com/events/408137119905447/

Na ausência de grandes operadoras, fibra óptica chega às quebradas de SP

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Você já ligou numa operadora de internet para solicitar um pacote de dados melhor e recebeu como resposta que na sua área não tem alcance de rede? Essa é uma rotina comum na vida de moradores das quebradas de São Paulo. Em resposta a essa questão, as periferias estão vivenciando o surgimento de pequenos fornecedores de fibra óptica para suprir essa lacuna deixada pelas grandes operadoras.

Funcionário da empresa Express Network na central de distribuição de fibra óptica (Foto: Divulgação)

Atento a esse cenário, o empreendedor Ascanio Caracciolo viu uma oportunidade de negócio na sua vizinhança, para levar o serviço de fibra óptica até os moradores do Jardim Planalto, bairro da zona sul de São Paulo. Essa percepção de mercado deu origem a Express Network, empresa que oferece planos de internet acessíveis na região.

Tudo começou em 2007, quando Caracciolo comprou um notebook. Nesta época ele já tinha o interesse de usar sua internet em outros lugares e que não precisasse de conexão com fios, e resolveu pesquisar e achou uma antena chamada Omni, uma antena omnidirecional, que permite aumentar o alcance de sinal da rede.

O login da rede tinha o mesmo nome do empreendedor e por consequência da sua popularidade no bairro, os vizinhos começaram a perguntar se ele distribuía a internet. A partir daí começou o seu primeiro modelo de negócios baseada na venda de internet, que resultaria mais tarde no surgimento da Express Network.

“Nesse tempo eu montei uma torre de distribuição de internet, o com o tempo o pessoal ia me pagando, eu passava de porta em porta”, relembra Caracciolo, sobre o começo da empresa

Durante esse período ele observou uma riqueza que ainda não era explorada por grandes empresas de internet na periferia: tinha muita procura e pouca oferta de que serviços de banda larga de qualidade na região, assim ele decidiu ir atrás de recursos para conseguir expandir a atuação na região.

Primeiro ele tentou uma liberação de crédito com os bancos, mas não foi aceito. Mesmo assim, não desistiu e começou a investir todo seu salário no final do mês em seu sonho. Na época, o empreendedor trabalhava no suporte técnico da Telefônica, umas das maiores fornecedores da internet no Brasil.

Com o tempo a empresa foi ganhando credibilidade, conquistando territórios e principalmente se regularizando. No início, a estrutura dos serviços era realizada à base de internet via cabo. Segundo Ascanio, esse formato tem suas desvantagens, pois com o tempo ela queima com as descargas elétricas e causa muitos prejuízos.

Dois anos atrás, ele deu inicio ao processo de migração para fibra óptica, mudança de operação que trouxe um crescimento exponencial para a empresa. “A gente já investiu bastante. Montamos uma sede e estamos até atendendo outros municípios”, afirma, ressaltando o impacto da implementação da fibra.

Atualmente, a empresa atende bairros do extremo sul de São Paulo, que pertencem aos distritos Jardim Ângela e Capão Redondo. O município de Itapecerica da serra também faz parte do raio de atendimento da Express. Para o futuro, o empreendedor já almeja expandir para regiões do interior de São Paulo, em locais onde as grandes operadoras não consideram relevante sua presença.

A fornecedora de fibra óptica conta hoje com uma média de dois mil clientes, que utilizam os planos que variam de 40 a 90 megas de velocidade. O plano mais barato custa R$ 79,99 e o mais caro sai por R$ 179,99.

“O nosso forte é atender aonde as operadoras não chegam”, diz Ascanio, enfatizando que um dos diferenciais da sua atuação é a agilidade no atendimento, devido ao fato de seus clientes residirem próximos ou ate mesmo na mesma rua do escritório da empresa, o que facilita atender e dar um suporte com maior rapidez. Para isso, a Express conta 12 funcionários que realizam suporte técnico.

Outra medida tomada pela empresa para garantir ainda mais agilidade para sanar dúvidas e realizar suportes técnicos foi adotar o uso do WhatsApp como um canal direto de comunicação com os clientes.

“Quando o cliente liga a gente já responde na hora, tem o pessoal do escritório que fica no WhatsApp, porque se você liga na operadora às vezes você fica na linha mó tempo e passa por um robô. Aqui em meia hora o técnico já está na casa do cliente”, finaliza Ascanio, abordando a importância de tranqüilizar o cliente oferecendo um atendimento à base da agilidade da sua equipe.

Começa hoje a II Semana de Literatura da EMEF Cantos do Amanhecer

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Atividades como palestras, rodas de conversa, oficina de escrita, contação de histórias, sarau e peças teatrais fazem parte da programação que contará com 15 convidados especiais durante três dias.

Encontro realizado na tarde desta terça-feira com o rapper Jairo Periafricania. (Foto: Fábio Roberto)

Entre os dias 24, 25 e 26 de setembro, a EMEF Cantos do Amanhecer, localizado no complexo educacional do CEU localizado no Jardim Eledy, zona sul de São Paulo, promove a II Semana de Literatura, iniciativa engajada em promover uma imersão dos alunos da unidade escolar no universo da produção literária das periferias, em suas mais variadas linguagens e temáticas.

Ao todo 24 atividades serão realizadas conectando os estudantes ao movimento literário que não para de crescer nas periferias de São Paulo, ganhando sempre novos contextos culturais que fomentam o contato com a escrita, leitura e o senso crítico das juventudes.

Os convidados desta edição atuam com diversas abordagens literárias. Um bom exemplo é a participação do escritor Allan da Rosa, finalista do Prêmio JABUTI de 2018 e autor de uma série de obras que retratam a potencia da cultura de matriz africana.

Outro convidado especial para o encontro literário com os estudantes é o escritor Ni Brisant, que já vendeu mais de 14 mil livros de mão em mão e é um dos criadores do Sarau Sobrenome Liberdade do Grajaú, distrito da zona sul da cidade.

O Slam também ganha destaque na programação do evento com a participação da poeta e articuladora cultural Carol Peixoto, uma das idealizadoras do SLAM das Minas SP e dos Poetas Ambulantes e do SLAM do 13.

Integrantes da Cooperifa, um dos maiores exemplos de coletivo de literatura das periferias de São Paulo, também estão confirmados na programação com a presença dos rappers Cocão A Voz e Jairo Periafricania e do professor e articulador cultural Márcio Batista.

A programação ainda conta com a participação da poeta Nicoly Soares do Sarau do Binho, das artistas visuais Camilo Solano e Linoca Souza, ilustradora dos textos de Djamila Ribeiro na Folha de São Paulo, do grupo Nzinga, de contos ritmados e das contadoras de histórias Sandra, Elaine, Kátia Cristina Freitas e Simone Xavier.

Pense Grande Sua Quebrada: concurso cultural premia fotografias de quem transforma periferias de SP

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Entre 03 e 30 de setembro, jovens de 15 a 29 anos, moradores e moradoras de territórios periféricos da cidade de São Paulo podem inscrever fotografias que abordem o empreendedorismo social. O concurso irá selecionar fotos de cinco concorrentes, que serão premiados com um celular no valor de R$ 1.000.

Foto: Thais Siqueira

Você conhece grupos, coletivos ou organizações que ajudam a resolver problemas sociais na quebrada onde mora? Pois esse é o foco do primeiro Concurso Cultural Pense Grande Sua Quebrada, que traz como tema “Fotografe quem transforme sua quebrada”. Para participar do concurso clique aqui e confira o regulamento.

A partir desta terça-feira (03), jovens de 15 a 29 anos que moram em regiões periféricas da cidade de São Paulo podem se inscrever no concurso que vai premiar 05 fotografias sobre o empreendedorismo social em periferias paulistanas. Os selecionados irão ganhar um celular no valor de R$ 1.000 cada um. Faça aqui sua inscrição.

Cada participante tem a possibilidade de enviar até 02 fotografias, mas somente 01 poderá ser premiada. As fotos devem ser feitas com aparelho celular e não podem sofrer alterações, como uso de filtros de imagem. Jovens com menos de 18 anos completos precisam ter autorização de um responsável, conforme o regulamento.

Quem faz o Pense Grande Sua Quebrada

O concurso cultural é promovido pelos coletivos de comunicação Alma Preta, Agência Mural de Jornalismo das Periferias, Desenrola E Não Me Enrola, Historiorama e Periferia em Movimento, com o apoio da Fundação Telefônica.

O objetivo é retratar quem forma ou fomenta uma cultura empreendedora capaz de gerar impacto social ou ambiental por meio de perspectivas diferentes e criativas. Além da premiação aos concorrentes, as fotografias selecionadas vão inspirar a produção de 05 reportagens multimídia pelos coletivos realizadores do concurso.

Quem pode participar?

Outro ponto importante do concurso é o protagonismo de jovens periféricos. Por isso, os interessados em participar devem residir nos distritos com mais de 20% dos domicílios com renda per capita de até meio salário mínimo: Anhanguera, Brasilândia, Cachoeirinha, Campo Limpo, Cangaíba, Capão Redondo, Cidade Ademar, Cidade Dutra, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Grajaú, Guaianases, Iguatemi, Itaim Paulista, Itaquera, Jaçanã, Jaraguá, Jardim Ângela, Jardim Helena, Jardim São Luís, José Bonifácio, Lajeado, Marsilac, Parelheiros, Parque do Carmo, Pedreira, Perus, São Mateus, São Miguel, São Rafael, Sapopemba, Tremembé, Vila Curuçá ou Vila Jacuí.

A delimitação leva em conta os parâmetros utilizados na aplicação do Programa de Fomento à Cultura da Periferia, da Prefeitura de São Paulo. Também consideram-se para esses fins bolsões com mais de 10% dos domicílios com renda mensal per capita de até meio salário mínimo localizados em trechos dos distritos de Brás, Bom Retiro, Pari e Sé.

As inscrições ficam abertas até as 23:59 do dia 30 de setembro. O resultado final será anunciado no dia 21 de outubro de 2019.

#PenseGrandeSuaQuebrada é um esforço coletivo do Programa Pense Grande, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, em parceria com o Alma Preta, Desenrola e Não Me Enrola, Historioriama, Periferia em Movimento e a Agência Mural com o objetivo de democratizar a linguagem e o acesso das juventudes periféricas ao ecossistema de #EmpreendedorismoSocial

Homenagem a Tula Pilar e Marco Pezão marcam a programação da V Feira Literária da Zona Sul

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Ao longo de duas semanas, a FELIZS irá promover uma série de ações gratuitas e abertas ao público, como a caminhada literária, contação de histórias, encontros com autores, exposições, intervenções poéticas, dança e teatro, além de shows musicais, em espaços de cultura e educação do Campo Limpo e bairros vizinhos.

Caminhada Literária realizada na quarta edição da Feira Literária da Zona Sul, em 2018. (Foto: Will Cavagnolli)

Com o tema “Meu Corpo, Minha Marca No Mundo”, a quinta edição da Feira Literária da Zona Sul (FELIZS) acontece de 8 a 21 de setembro. Em 2019, a dramaturgia foi a linguagem escolhida pelos curadores da maior feira literária das periferias de São Paulo para permear parte das atividades da programação. A escolha tem uma ligação direta com os artistas que serão homenageados nesta edição.

Entre eles estão o escritor e dramaturgo Marco Pezão, um amante da cultura do futebol de várzea das periferias e curador do Sarau A Plenos Pulmões, que acontece mensalmente na Casa das Rosas, e a escritora e atriz Tula Pilar, uma personagem marcante na história do Sarau do Binho e da produção literária das periferias brasileiras, que faleceu em abril deste ano.

“Homenagear esses artistas é uma forma de destacar uma dramaturgia enraizada no contexto histórico do morador da periferia, um personagem que dificilmente tem seus traços, corpos e leituras de mundo retratado com fidelidade nos grandes espetáculos da indústria cultural”, explica Silvia Tavares, uma das curadoras da programação da FELIZS.

A abertura oficial do evento será realizada no domingo (8) no SESC Campo Limpo, com show da cantora e compositora Renata Rosa e de Geraldo Magela, músico, compositor e fundador do grupo Candearte, de Taboão da Serra.

Na segunda-feira (9), a dramaturgia marca presença no encontro poético promovido pelo Sarau do Binho com a apresentação de uma esquete teatral do Grupo Clariô de Teatro. Com uma série de intervenções poéticas, o sarau celebra oficialmente a abertura da FELIZS no espaço de teatro, localizado em Taboão da Serra.

Parte das atividades da FELIZS acontecerá em parceria com o SESC Campo Limpo. Lá, o espaço para a dramaturgia está garantido com rodas de conversa, intervenções de teatro com monólogos e espetáculos de dança, além de oficina de escrita literária.

Meu Corpo, Minha Marca No Mundo

Diane Padial, idealizadora da FELIZS destaca que ao completar cinco anos, o evento se torna um marco no calendário cultural da cidade e do território do Campo Limpo. “Num momento onde os apoios a projetos culturais estão cada vez mais escassos, produzir uma feira literária com mais de 100 atividades gratuitas e abertas ao público é sem dúvida nenhuma um feito histórico.”

Ela enfatiza que o fato da equipe de curadoria e de produção ser composta majoritariamente por mulheres revela a dedicação de pessoas que estão engajadas em fomentar oportunidades de transformação social por meio de encontros entre público e autores. “A nossa equipe possui uma jornada tripla e às vezes quádrupla. Somos mães, professoras, produtoras, pedagogas, artistas, e ainda assim, reservamos um horário todos os dias para nos reunir e organizar a FELIZS e ainda dar conta de outros afazeres.”

Segundo Padial, não dá para pensar a programação da FELIZS sem refletir sobre as dinâmicas sociais que impactam a vida destes corpos. “Nós escolhemos esse tema, para provocar encontros e debates que discutam questões de gênero, homofobia, gordofobia, racismo, a partir da vida e obra de cada convidado”, acrescenta.

No encerramento da FELIZS, no dia 21, a Praça do Campo Limpo será transformada em uma grande mostra de arte, com tendas literárias, shows e intervenções artísticas espalhadas por toda a extensão do espaço público. Um dos destaques será o espaço Tula Pilar, que terá uma exposição com livros, fotos e objetos sobre a vida da autora.

Literatura infantil e equipamentos públicos de educação

Para contemplar a participação de crianças e pré-adolescentes como protagonistas de suas atividades, a FELIZS promove uma série de atividades que contemplam a infância e a literatura, como contação de histórias, intervenções poéticas e espetáculos de teatro em espaços públicos e independentes de educação e cultura, como unidades do CEU, escolas e bibliotecas públicas, e organizações sociais da zona sul de São Paulo.

“A leitura é um hábito que ganha ainda mais sabor com elementos de representatividade. Nas periferias, existem várias referências de autores e autoras que, por tratarem de temas, personagens e cenários semelhantes aos vividos pelas crianças, podem despertar nelas o gosto pela leitura e escrita. Por isso, a FELIZS está construindo esse espaço de diálogo, onde elas, as crianças, terão vez e voz para compartilhar suas experiências com o livro entre outras crianças”, explica Juliana da Paz, curadora da programação de literatura infantil.

A articulação da FELIZS com espaços públicos e independentes de educação remonta ao seu ano de criação, em 2015. Para Juliana, essa é uma premissa fundamental na organização do evento. “As crianças não só consomem, mas criam também. E elas precisam de espaços para compartilhar essas vivências com os seus pares.”

Confira aqui a programação completa: www.felizs.com.br .

Doação de notebooks transforma vida universitária de jovens das periferias de São Paulo

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Inclusão digital, melhor aproveitamento em sala de aula e autonomia para produzir trabalhos acadêmicos são alguns dos impactos gerados na vida de jovens das periferias pela InfoPreta, iniciativa que recicla notebooks para doar a estudantes universitários da quebrada. O projeto já recebeu cerca de três mil e-mails solicitando doações de computadores. 

Graziele Araújo, moradora de Mauá, usa o notebook para no curso de Química Industrial. (Foto: InfoPreta)

A campanha “notes solidários da Preta”, um projeto de doações de notebooks para estudantes universitários de baixa renda está contribuindo para inclusão digital e o processo de aprendizagem de jovens que moram nas periferias de São Paulo.

Graziele Araújo, moradora de Mauá, iniciou os estudos em química industrial na Universidade Federal de São Paulo, em Diadema. O curso exigiu dela um ano de preparação para a prova, com isso, ela ia todos os sábados para o cursinho popular Uneafro e na semana estudava em casa.

Porém, a falta de um computador fez com que Graziele tivesse dificuldades para organizar a entrega de trabalhos, motivando ela se inscrever no projeto da Info Preta. “Eu tinha que fazer com algum amigo para conseguir entregar o trabalho. Então foi um semestre complicado”, relata a estudante, afirmando que recebeu a doação do seu notebook há um mês.

A InfoPreta foi criada há 4 anos atrás por Akin Abaz, homem negro, transexual e que usa seu conhecimento profissional e experiência de vida, para fazer de sua profissão um instrumento de inclusão de pessoas negras e lgbts no mercado de trabalho da tecnologia. A empresa tem atuação dedicada à manutenção de Hardware e Software de computadores e atua hoje no bairro de Pinheiros, zona oeste de cidade.

A ideia começou com a experiencia que Akin vivenciou dentro da graduação, onde encontrou dificuldades para fazer o curso devido à falta de um computador próprio. Após tomar conhecimento de histórias de amigos que também não tinham condições de adquirir um notebook, percebeu as dificuldades e as barreiras que um jovem morador da periferia precisa passar para realizar as atividades acadêmicas.

Recentemente a campanha “notes solidários da Preta” viralizou, motivo que impactou diretamente a interação do público que faz e solicita doações. “Tem um tempinho que o projeto viralizou e a gente recebeu cerca de três mil e-mails”, relata a equipe do InfoPreta, um grupo de homens e mulheres que fazem questão de responder juntos as perguntas realizadas pela repórter do Quebrada Tech. O ato coletivo revela a cultura de relacionamento dentro da empresa.

Com o crescimento do número de doações, os critérios de seleção ajudam definir os destinatários das doações de notebook. Estudantes universitários de baixa renda com prioridade para mulheres, mães, pessoas negras, lgbt+ e portadores de deficiência representam o principal público que recebe as doações da InfoPreta.

“Nós sabemos que a graduação já não é fácil para essa galera que é o nosso público. Muitas vezes a universidade é um ambiente hostil, então se a gente puder auxiliar um pouco nessa etapa, já é ótimo”, enfatiza a equipe em tom de entusiasmo com os impactos que o projeto vem causando na vida dos estudantes.

Lucas Alves, morador de Guarulhos conheceu por meio da sua professora, quanto estava fazendo tratamento de câncer no Hospital GRAAC. Quando o estudante descobriu a doença, ele estava começando o curso de licenciatura em Letras, no Instituto Federal de São Paulo.

Alves tentou conciliar o estudo com o tratamento, porém teve que trancar a faculdade devido as altas exigências que o tratamento causou, e o notebook doado pela InfoPreta foi essencial para lidar com momentos de tédio e preocupação.

“Quando o notebook chegou, eu estava mal, e sem nada pra fazer. Ele me ajudou a ocupar a minha mente num momento difícil e a estudar um pouco”, relembra.

Durante o tratamento, ele teve aulas de Inglês, biologia, química e física dentro do hospital. Nesse processo, o notebook se tornou a sua principal ferramenta para sanar dúvidas e curiosidades.

“Eu uso bastante o Opera pra fazer pesquisas, Word e PowerPoint. Porque eu ainda tenho aulas com os professores no hospital”, diz Alves, descrevendo com simplicidade os programais mais usados por ele para produção de texto e criação de apresentações.

Os equipamentos doados, ou seja, que chegam até as mãos da equipe da InfoPreta para manutenção são avaliados para saber o que está funcionando. Em meio a esse processo, eles avaliam se vale apena fazer a manutenção ou reutilizar as peças, dividindo as tarefas conforme tipos de equipamentos, peças e tempo.

“Tem uma moça que fez a graduação com um notebook que doamos e agora ela está fazendo a pós-graduação com outro que doamos pra ela também”, conta a equipe, ressaltando que o acesso a um equipamento simples permite uma transformação estruturante na vida universitária de jovens moradores de territórios periféricos.

Produzida na periferia, arte tecnológica muda cenário de espaços urbanos

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A partir de intervenções de vídeo projeção, pixo e grafiti digital, o coletivo Coletores transforma espaços urbanos comuns na vida de moradores de São Paulo em locais de vivência cultural e contato com novas tecnologias.

Arte Coletivo Coletores, criada para a exposição ‘Resista São Mateus’, realizada na Vila Flávia. (Foto: Coletivo Coletores)

Projetada na parede da casa de moradores da Vila Flávia, bairro localizado no distrito de São Mateus, Zona Leste de São Paulo, a intervenção “Resista São Mateus”, criada pelo coletivo Coletores, exibe a imagem da Marcha de Selma, liderada pelo ativista dos direitos humanos Martin Luther King, em 1965 nos Estados Unidos.

Para quem mora nas periferias de São Paulo e convive rotineiramente com o cenário de moradias aglomeradas, transitando por ruas estreitas, becos, vielas e escadões que estruturam parte desses espaços urbanos, intervenções culturais como esta proposta pelo Coletivo Coletores, tende a provocar uma série de reflexões nos moradores sobre o acesso a tecnologia na quebrada e a subjetividade do território.

“As intervenções com vídeos projeções, seguidas de oficinas e vivências em arte e tecnologia formam a base para se discutir o acesso ao potencial tecnológico da periferia e a produção artística em espaços marcados pela desigualdade e exclusão”, explica o professor Flávio Camargo, integrante do Coletores.

De acordo com Carmargo, o Coletores nasceu da proposta de trabalhar a cidade como meio e suporte para suas ações, a partir de conceitos como arte e jogo, arquitetura do precário, design social, arte interativa e arte relacional, empregando diversas linguagens artísticas, entre elas a instalação, stêncil, web art, fotografia, interfaces de baixas tecnologias, game art, vídeo mapping e publicações impressas.

“Sentimos que ao longo dessa trajetória cresceu o interesse por tecnologia, por arte tecnológica e principalmente pela produção de conteúdo local, apesar das barreiras estruturais impostas. Gostamos de pensar que os impactos da tecnologia não se restringem a nossa poética, mas sim nas formas de pensar a informação e a produção do conhecimento”, argumenta.

Conceitos, linguagens e exposições

Pioneiro em desenvolver intervenções tecnológicas de grande escala nas periferias da zona leste de São Paulo, o coletivo está a 11 anos criando espaços para produção, pesquisa e difusão de novas linguagens artísticas, em ações que circulam tanto as periferias como as regiões centrais da cidade de São Paulo e outros estados.

Intervenção ‘Transmemorial’ que usa vídeo mapping, realizada junto a FLIP 2018 pelo SESC Partaty 2018.

A partir de suas experiências, o Coletores criou uma série de conceitos que se aplicam a construção de novas linguagens artísticas, como o Pixo Digital, Graffiti Digital e a Vídeo Projeção. “Desenvolvemos conceitos que procuram dialogar diretamente com os espaços e a gama de processos artísticos presentes nos grandes centros urbanos”, diz Toni Santos, um dos criadores do coletivo.

Para reinventar a forma como as pessoas interagem e admiram o grafiti e o pixo na cidade, o coletivo usa o Vídeo Mapping, tecnologia que produz projeções em áreas urbanas com superfícies irregulares sem depender de um fundo adequado para exibições de conteúdo audiovisual. Com isso, eles podem usar qualquer estrutura física, independente do local da cidade, para realizar suas intervenções digitais.

Com um histórico de exposições que representam a potência, intelectualidade e a diversidade do seu trabalho, o Coletores já teve suas obras reconhecidas e expostas no Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE), FONLAD FESTIVAL – Festival On Line de Artes Digitais de Portugal, SESC São Paulo, Intercâmbio Brasil/Colômbia, SP Urban, Festival 20 Dimensão em Natal, no Rio Grande do Norte, além de ações educacionais em espaços com Fundação Bienal de SP, SENAC e Instituto Tomie Ohtake.

“Dessas experiências podemos citar entre as mais emblemáticas a série de intervenções em São Mateus, na Vila Flávia, o trabalho ‘Transmemorial’ que realizamos junto a FLIP 2018 pelo SESC Partaty, bem como nossas participações na Bienal de Arte contemporânea de Dakar e na 11ª Bienal de arquitetura de São Paulo”, relembra Santos.

Santos acredita que o grande desafio de produzir tecnologia nas periferias continua sendo o limitado uso dos dispositivos. “Produzir tecnologia na periferia é em primeiro plano, um desafio de romper com os usos habituais dos dispositivos tecnológicos em circulação, como por exemplo: compreender que até o ‘aparelho celular mais simples’ pode ser um meio ou uma ferramenta de criação e produção artística”, avalia.

Ele ressalta que outro desafio consiste na ausência de espaços voltados ao uso de tecnologia nessas regiões. “As poucas iniciativas nessa área seguem sobrecarregadas ou já defasadas em relação ao desenvolvimento das tecnologias de uso pessoal”, aponta ele.

Segundo o integrante do Coletores, uma alternativa sólida para ultrapassar essas barreiras de produção surge no formato do o trabalho em rede que pode possibilitar o compartilhamento de tecnologias, por meio de iniciativas coletivas. “Para romper com a estrutura hegemônica não basta apenas pesquisar e estar atuando em campo é necessário também um trabalho de base pedagógica, socializando a informação e o conhecimento, o que chamamos de pedagogias urbanas”, finaliza.

Concurso literário transforma escola pública em celeiro de novos autores

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Os alunos com idade entre 12 a 14 anos e 15 a 17 que se inscreveram no concurso poderão ser contemplados com a publicação de textos nas categorias Poesia e PROSA. Além disso, eles estão concorrendo a um prêmio de 7 mil reais, que será anunciado no dia do lançamento da antologia.

Alunos reunidos durante a entrega da antologia na terceira edição do projeto, em 2018 (Foto: Coletivo Mesquiteiros)

Neste sábado (24), o concurso literário “Pode Pá Que É Nóis Que Tá” convoca familiares e alunos de escolas públicas da cidade de São Paulo para celebrar o lançamento de mais uma edição da antologia de poesia e prosa que reúne mais de 60 novos autores, representados por jovens e adolescentes das periferias de São Paulo. Aberto ao público, o evento acontece na biblioteca Mario de Andrade, na região central da cidade, a partir das 18h.

Para selecionar de maneira criteriosa e com uma olhar sensível para a produção literária, o concurso conta com um júri formado pelos escritores e poetas Simone Paulino, Marcelino Freire, Débora Garcia e Andrio Cândido.

Criado há quatro anos pelo coletivo Mesquiteiros, o concurso atua como um programa de fomento à produção literária em escolas públicas das periferias, impactando jovens e adolescentes que produzem literatura, mas que possuem poucos espaços para expor e ter seu talento reconhecido.

Agenda
Concurso Literário “Pode Pá Que É Nóis Que Tá”
Local: Biblioteca Mário de Andrade
Endereço: R. da Consolação, 94 – República, São Paulo – SP, 01302-000
Data: 24 de agosto
Horário: 18h
Entrada: Gratuita

Conselheiros tutelares avaliam impacto do decreto de porte de armas nas periferias

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O Desenrola foi conversar com conselheiros tutelares que foram eleitos por moradores de territórios periféricos localizados nas regiões sul e norte de São Paulo, para entender como um porte de arma contribui ou não para os fazeres cotidianos desse profissional que atua pela garantia de direitos de crianças e adolescentes, envolvidas em diversas situações de vulnerabilidades.

Jardim Damasceno, um dos bairros do Distrito da Brasilândia, zona norte de SP (Foto: Dicampana FotoColetivo)

A partir do decreto do presidente Jair Bolsonaro, atualizado e publicado na última quarta-feira (8), os profissionais que atuam como Conselheiros Tutelares, uma profissão dedicada a por em prática medidas de proteção a vida de crianças e adolescentes, farão parte um seleto grupo de pessoas que terão direito ao porte de armas facilitado, para uso fora de casa.

Antes de o decreto ser atualizado, o porte de armas só poderia ser concedido a quem comprovasse “efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física”. Agora, o novo texto diz que a comprovação de efetiva necessidade será entendida como cumprida, para algumas categorias de profissionais.

Entre as categorias estão os conselheiros tutelares, advogados, agentes públicos, repórteres que cobrem assuntos policiais, instrutor de tiros, agentes de trânsito, motoristas de empresas e transportadores autônomos de cargas, funcionários de empresas de segurança privada e de transporte de valores, morador de áreas rurais, oficial de justiça e pessoas que são detentoras de mandato eletivo nos poderes executivo e legislativo em âmbito federal, estadual e municipal, quando no exercício do mandato, por exemplo, deputados federais e estaduais, entre outros.

O papel do conselheiro tutelar

Através de parcerias com escolas, organizações sociais e serviços públicos, os conselheiros tutelares atuam para garantir os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído em julho de 1990. Na prática, o estatuto funciona como um marco regulatório de aplicação dos direitos humanos a todas as crianças e adolescentes.

Nesse contexto, as periferias e favelas são áreas nas quais os conselheiros tutelares possuem uma intensa articulação com o poder público e moradores, tanto para ser eleito por meio de uma eleição que é organizada a cada quatro anos, como para desempenhar com êxito as funções da sua profissão e mandato que também tem duração de quatro anos. A partir disso, a vida comunitária de um conselheiro começa a ser construída como uma base da sua atuação profissional e política.

De acordo com dados disponíveis no site da Prefeitura de São Paulo, a cidade possui 52 unidades do Conselho Tutelar. A região leste do município concentra o maior número de conselhos, sendo 20 no total. A zona sul vem logo em seguida com 15 unidades. Nos zona oeste são oito pontos de atendimento e o menor número está na zona norte da cidade com sete unidades.

“A minha arma se chama estatuto da criança e do Adolescente”

Em 2011, o agente social Jamerson Ferreira, morador do Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, se candidatou ao cargo de conselheiro tutelar do território. Segundo Ferreira, o marco dessa candidatura é que ao invés dele divulgar o seu nome, ele procurou mobilizar os moradores para eles entenderem o papel de um Conselho Tutelar e o impacto desse órgão na vida das crianças e adolescentes do bairro, bem como das famílias.

“Durante esse processo, eu fiquei em primeiro lugar no colégio eleitoral do meu bairro. Isso foi glorioso e uma surpresa pra mim, não no sentido da quantidade de votos, mas pelo meu objetivo de conscientizar naquela região”, relembra ele, citando que morava há apenas três anos no bairro e que essa situação o deixou com a sensação de dever cumprido.

Indagado sobre a existência de situações de violência no seu cotidiano do trabalho que envolva uma ameaça clara a sua integridade física, ele volta no passado com um sorriso no rosto e descreve que certa vez atendeu um adolescente que era usuário de drogas. Durante o atendimento, o conselheiro foi em busca de investigar a estrutura familiar do menor e descobriu por meio da sua avó que o pai e a mãe do garoto haviam falecido. E que esse fato contribuía para ele não se conectar com a família, devido ao surgimento de problemas psíquicos e comportamentais que deram espaço o contato com as drogas.

Sobre esse episódio ele relata: “durante um diálogo com um jovem dentro do conselho tutelar, ele me interpretou de maneira diferente e me ameaçou. Até pulou o muro do conselho. Depois ele voltou e me pediu até desculpa pelo ocorrido. E aquilo foi um lapso, aquela coisa de surtar. E depois eu continuei o atendimento e o encaminhei para um abrigo. E poucos meses atrás eu procurei informações sobre ele e soube que ele continuava no mesmo local e estava bem e isso me deixou muito contente”, conta Ferreira.

Para ele, não houve necessidade do uso de força física para resolver a situação, mas sim sensibilidade para entender o que estava se passando com o jovem. Além desta situação, ele afirma que aconteceu mais um caso, com um adolescente que também possuía problemas mentais e estava desaparecido.

A partir destas experiências Ferreira considera uma “aberração” o decreto que facilita o porte de armas também para os conselheiros tutelares. “Em nenhuma sociedade no mundo a arma contribui para trazer a paz, progresso e melhor afinidade entre as pessoas. O que o governo precisa é fazer uma melhor distribuição de renda para as pessoas e nivelar a formação social dos adolescentes com educação e cultura.”

Em tom crítico e político, o conselheiro tutelar reforça: “a arma tem que estar na mão de quem é segurança e que tem o papel de proteger a sociedade. Eu luto pela garantia de direitos. A minha arma se chama Estatuto da Criança e do Adolescente.”

“Eu não sinto ameaça nenhuma de trabalhar na periferia como conselheira tutelar”

A conselheira tutelar da Brasilândia, Verluzia da Silva, moradora do Jardim Eliza Maria, zona norte de São Paulo, acredita que a maior política de fortalecimento da criança e do adolescente, bem como do trabalho de todo e qualquer Conselho Tutelar seja o investimento em educação.

“O presidente está tirando muitos investimentos da educação e da assistência social, quando a periferia precisa de serviços como os CCA´s e CCJ´s”, fazendo uma referência direta a serviços sociais que zelam pelo cuidado de famílias que estão com seus filhos em situação de vulnerabilidade social.

Do ponto de vista de Silva, o porte de armas não faz parte da cultura do conselheiro tutelar. “Eu não sinto ameaça nenhuma de trabalhar na periferia como conselheira tutelar. A gente não está aqui para intimidar ninguém. Eu vejo a arma como uma intimidação. Para entrar dentro de qualquer comunidade da Brasilândia, local onde eu moro, eu não preciso de uma arma, eu preciso de educação e pedir licença aos moradores e explicar qual é o meu trabalho.”

Com uma vasta vivência na vida comunitária, ela compreende que o conselheiro que optar ter um porte de arma, por se sentir inseguro no dia dia de trabalho significa que ele não constrói um diálogo com a comunidade para explicar qual é a sua função.

Ao relembrar o papel institucional do conselheiro tutelar, previsto no estatuto da criança e do adolescente, ela enfatiza: “nós somos garantidores de direitos e se acontecer qualquer situação de resistência por porte da família nós não vamos usar a força para atender aquela situação, porque nós não somos executores. Executores são os juízes.”

Segundo Silva, até hoje no seu histórico de atuação nenhuma família se recusou a ser atendida ou demonstrou algum tipo de resistência, por compreender a importância do seu trabalho.

Vó Tutu transforma quintal de casa em lugar de afeto e construção política na Brasilândia

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Através de ações que vão de cuidados com saúde à alimentação de idosos e crianças, Vó Tutu, moradora da Brasilândia, pensa no crescer e envelhecer dentro das periferias, e com isso vem construindo espaços políticos e de afeto no quintal de sua casa.

Pensar e atuar pela garantia de direitos sociais junto à população quem vem amadurecendo nas periferias inclui criar formas de bem estar físico e mental, para que essas pessoas que em 2050 corresponderão a mais de 22% da população do município de São Paulo, em comparação a 7,8% em 2010, segundo dados da Fundação Seade, possam desfrutar de todas as fases da vida com mais qualidade.

Neste cenário, as dinâmicas de crescer, viver e principalmente envelhecer na periferia ganha um novo olhar, agora não só político, mas também afetivo. Esse olhar para o envelhecer é construído diariamente por moradores que, na falta do serviço público que deveria ser garantido pelo Estado, criam caminhos para cuidar do outro.

Um exemplo de pessoas que tem mobilizado o território e a si mesma para construir espaços de acolhimento e bem estar nas periferias, é a Maria Paulina, conhecida como Vó Tutu. Nascida e criada na Brasilândia, distrito da zona norte de São Paulo, no auge dos seus 68 anos, Tutu busca cuidar da população idosa da região, a partir de ações coletivas que realiza no salão de casa.

Quando se trata de saúde pública na Brasilândia, esse é um dos distritos com maior tempo de espera para agendamento de consultas em São Paulo. Para realizar consulta com o médico do Programa Saúde da Família, o tempo médio de espera é de 9 dias. Já para consultas com o clínico geral, a espera é de em média 62 dias.

Vó Tutu trabalhou por 15 anos em hospital e lá começou a vender bolos e doces para complementar a renda e cuidar dos 6 filhos. “Eu lidei muito com pessoas no Hospital das Clínicas, muitas histórias. Quando eu trabalhei no particular, vi a diferença de se tratar um paciente no particular e um paciente no SUS. É totalmente diferente.”

Hoje, junto com os filhos, Vó Tutu tem um restaurante de comida caseira e ainda mantém um salão no quintal de casa, onde realiza atividades que fortalecem os idosos do bairro da Virajuba, na Brasilândia. “Na minha rua nós temos muitos idosos. É uma rua que a faixa etária é de 75 a 90 anos e, infelizmente, nossos idosos não têm assistência, não tem muitas vezes o carinho da família. Começamos a ver essa necessidade de voltar um pouco para eles.”

As vivências da moradora possibilitaram um outro olhar para a população que vem envelhecendo no território. Todo ano, Tutu organiza junto com os moradores uma festa que é realizada no salão da sua casa.

“A vó faz a feijoada com as coisas que a gente ganha, se falta alguma coisa a gente coloca, mas tem gente que traz cocada, que traz baião de dois. Vamos unindo as forças e sai uma festa muito bonita”, conta Tutu que ainda ressalta a festa como uma construção conjunta da comunidade.