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“Temos uma sociedade que não gosta de crianças”, afirma pesquisadora sobre o acolhimento de crianças em espaços públicos

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Garantir o acesso ao que é regulamentado por lei, no que diz respeito às crianças, é dever não apenas dos pais ou responsáveis, mas também do Poder Público e de toda sociedade, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Crianças são pessoas com direitos, e isso inclui direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, à liberdade, à convivência comunitária, entre outros.

No entanto, Priscila Obaci, 39, que é artista, professora de teatro e mãe solo do Melik Rudá, 7, e do Bakari Mairê, 5, traz perspectivas diferentes sobre como a sociedade lida com crianças. “Durante muito tempo eu fiquei sem frequentar os lugares, porque não tem uma preocupação com as crianças. Acho que com os bebês [a questão] é mais forte ainda, [porque] não tem um trocador, não tem um lugar que você consiga sentar para amamentar”, coloca a educadora.

Priscila Obaci e suas crianças
Priscila Obaci é artista, professora de teatro e mãe solo do Melik Rudá, 7, e do Bakari Mairê, 5. (foto: arquivo pessoal)

Priscila é moradora do Guarapiranga, um bairro do distrito Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo. Como arte-educadora, ela realiza atividades que estimulam e envolvem a maternidade, bebês e crianças, através de saberes de matriz africana.

“A gente assimilou um aspecto eurocêntrico de como lidar com as crianças que não tem a ver com as nossas práticas tanto africanas, quanto indígenas, de filosofia e de sociedade, que colocam a criança como centro, a criança como uma continuidade dessa comunidade e por isso ela deve ser respeitada, tendo os limites de ser uma criança, mas tendo essa relação de equidade.”

Priscila Obaci, artista e professora de teatro.
Atualmente, cerca de 11 milhões de mães brasileiras criam filhos sozinhas, segundo a pesquisa realizada pelo Instituto de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). O estudo também mostra que 90% dessas mulheres são negras.

Luana Oliveira, 41, também moradora do Jardim São Luís, é educadora popular, mestranda em sociologia e pesquisa sobre maternidade solo com um recorte para moradoras das periferias da zona sul de São Paulo. Para ela, uma sociedade que exclui crianças, também exclui as mães.

Luana Oliveira, pesquisadora e educadora popular, e seu filho Murilo, 12, e suas filhas Mar, 15, e Manuela, de 2 anos. (foto: arquivo pessoal)

“A gente tem uma sociedade que não gosta de crianças, que não é preparada para acolher as crianças. Inclusive, a gente tem um processo de construção de sociedade que exclui as crianças de todos os espaços. E isso faz com que as mães também sejam excluídas, especialmente as mães solo.”

Luana Oliveira é mestranda do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Unicamp.

A exclusão de crianças também exclui as mães

A falta do senso de coletividade no cuidado com os pequenos é uma questão em diversos espaços e que também sobrecarrega as mães. “As pessoas de um modo geral, inclusive as mulheres, as feministas, elas não se implicam nesse processo de cuidado com as crianças. É como se só a mãe tivesse obrigação de tomar conta daquela criança”, menciona Luana.

Priscila aponta a necessidade desse cuidado com as crianças, em qualquer espaço, acontecer de forma coletiva, pois “é um peso muito grande que a gente carrega de ser a única representante desse cuidado e não ter acolhimento”, coloca a arte-educadora.

“As mães sempre se veem coagidas a manter a criança sob controle. Você é expulso dos espaços, não de uma forma direta, mas é um segurança que te persegue, é um pessoal que te olha de lado, isso acontece com as mães o tempo todo. Se a sua criança chorar, rir, correr, se ela se expressar, alguém já olha para você e indica nesse olhar que a sua criança está incomodando.”

Luana Oliveira, educadora no Centro de Direitos Humanos e Educação Popular.

Priscila também considera as particularidades que envolvem essa questão nas periferias. “A classe média alta acessa as coisas antes da gente. E tem muito mais possibilidade de pensar lazer e acolhimento do que a gente que está pensando na sobrevivência o tempo inteiro”, cita a arte-educadora, que também conta que sua rede de apoio, que é constituída por mulheres e a escola, é fundamental. 

A artista relata que através de suas falas e movimentações foi “educando a sua comunidade” e criando possibilidades para que ela pudesse viver as experiências culturais com suas crianças. 

 Priscila Obaci tocando no carnaval, com o Bloco Afro ÉdiSanto. (foto: arquivo pessoal)

“No último carnaval eu toquei e eles ficaram circulando pelo cuidado de várias pessoas, que me conhecem e conhecem eles. Eu acho que ainda não é o mundo ideal, mas tem se movido de alguma forma”, comenta.

Segundo Luana, que além de pesquisadora, também é mãe solo de três crianças: Mar, 15, Murilo, 12, e Manuela, 2, apesar de todos os espaços e eventos culturais terem um discurso politicamente correto com relação à presença de crianças, são poucos os que se organizam para recebê-las.

“Como essas crianças são bem-vindas se eu não ofereço minimamente uma infraestrutura? Você não ter um trocador, você fumar e jogar fumaça na cara da criança. Falar que a criança é bem-vinda não é o suficiente, é preciso criar condições para que a criança seja efetivamente bem-vinda”, salienta a pesquisadora.

Espaços culturais e o olhar para as crianças

A Casa de Iaiá, localizada no município de Taboão da Serra, no bairro Parque Jacarandá, São Paulo, é um espaço cultural com diversas linguagens artísticas, que mesmo com programações que não são voltadas especificamente para crianças, se propõe a ser um local de acolhimento para mães e crianças que frequentam a casa. Isso ocorre através de ações que pensam a estrutura do espaço, como a disponibilidade de trocador, balanço, rede e espaço ao ar livre para as crianças brincarem.

Casa de Iaiá é um espaço cultural, localizado no município de Taboão da Serra, no bairro Parque Jacarandá, adaptado para receber crianças. (foto: arquivo pessoal)

Os responsáveis pelo local são Ângela e Tadeu, que é mais conhecido como Tatu. A ideia dos dois, que são educadores, amigos e sócios, era ter um espaço aconchegante semelhante a uma casa, como o nome do lugar sugere, e com um grande quintal. “E aí a gente entra nessa ideia das crianças, porque um quintal sem criança é um quintal sem graça”, Tatu, 41, produtor cultural.

Apesar de boa parte do ambiente ser ao ar livre, a casa tem um lugar específico para quem fuma. “Tem a tabacaria aqui, tem narguile, mas a gente sempre fala pra galera ter essa sensibilidade de entender quando tem criança, pra respeitar. Então tem um espaço para isso, para não ter esse tipo de constrangimento de alguém que está com uma criança se sentir incomodada”, comenta Tatu.

Luana Oliveira, mestranda em sociologia e pesquisadora sobre maternidade solo, na foto estão seu filho Murilo e sua filha Mar (foto: arquivo pessoal)

Luana aponta sobre a importância das crianças terem acesso aos espaços culturais, tendo como parâmetro os próprios filhos. “É importante que eles entendam que todos os espaços são para eles. E [aprendam] criar estratégias de reivindicar condições para que eles estejam nesses espaços. Acho importante que os meus filhos entendam os espaços culturais como espaços de resistência e de estratégias de luta das pessoas da periferia e por isso eles estão comigo em todos os lugares”, conta.

Tatu também menciona como a presença das crianças é importante na Casa de Iaia. “A criança traz uma energia, uma atmosfera para o lugar que a gente não vai conseguir de nenhuma [outra] forma”. Segundo Tatu, a Casa de Iaia é também um lugar de memória afetiva, com referências de ancestralidade, reforçando aspectos como identidade e pertencimento ao território à medida que essas crianças têm a possibilidade de ter acesso e conhecer artistas locais e suas obras.

Priscila ainda coloca aspectos que demonstram como a não inclusão de crianças em espaços é um problema estrutural e social. “O racismo foi muito potente em eliminar a gente. A gente morre de bala e morre também dessas crianças não se sentirem pertencentes a uma comunidade, não poder se olhar enquanto igual, não se identificar, não ter um processo de representatividade. Quando uma criança é apartada desse convívio, a gente está matando as possibilidades dela ser quem ela é”, finaliza a arte-educadora.

“Muitas vezes isso não vai chegar na periferia”, diz cineasta sobre projeto de lei que regulamenta exibição de filmes nacionais

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A renovação da cota de tela, através do Projeto de Lei (PL) 3696/2023, faz parte das políticas públicas de retomada do setor audiovisual brasileiro. “Lutar pelas cotas de tela é entender que muitas vezes isso não vai chegar na periferia, mas se não tiver essa cota de tela para o cinema nacional, pode ser muito pior”, afirma Daniel Fagundes, 37, cineasta, coordenador do IbiraLab, uma escola de cinema na quebrada, e morador do bairro Jardim Primavera, zona sul de São Paulo.

A cota de tela é uma lei que busca garantir um espaço mínimo para o cinema nacional em diferentes meios de exibição. Atualmente, a lei foi regulamentada apenas para os canais pagos de TV. A situação dos cinemas e das plataformas de streaming ainda não foi definida, sendo que o setor do cinema está com a renovação da lei vencida desde 2021.
Thais Scabio trabalhando na direção do Filme Barco de Papel. (foto: Crioula Oliveira)

“Mesmo com a cota a gente tem pouco acesso aos filmes que são produzidos no Brasil. Essa cota não tem uma preocupação também com ações afirmativas”, coloca Thais Scabio, 46, moradora do bairro Cidade Júlia, no distrito Cidade Ademar, São Paulo, que há 20 anos trabalha na área do audiovisual, com direção e produção de filmes.

“Quando você não trabalha dentro dessa cota uma questão de ação afirmativa tanto regional, quanto representativa de gênero, de raça, você também não vê essa diversidade na tela do cinema, nos canais fechados e streamings. Então, são as mesmas distribuidoras que acabam circulando os mesmos filmes, dos mesmos diretores.”

Thais Scabio é fundadora da produtora Cavalo Marinho Audiovisual, da plataforma de streaming Todesplay e moradora do bairro Cidade Júlia, no distrito Cidade Ademar, em São Paulo.

O cineasta Daniel Fagundes aponta que mesmo com uma baixa porcentagem, o conteúdo nacional alcançou mudanças significativas de exibição quando a lei estava sendo aplicada.

“Antes da cota de tela a gente tinha um montante que representava praticamente 1,5% das telas com produção de cinema nacional, isso nas redes de TV fechadas. A gente tem, na última pesquisa de 2021, um avanço de quase 10%. A gente saiu de 1,5% para 14%”, aponta Daniel em referência ao levantamento feito pela Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), através de dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e do Ministério da Cultura.

“A cota de tela é uma prática que acontece no mundo inteiro para garantir que os filmes nacionais circulem”, aponta Thais. Mesmo assim, existem barreiras para a regulamentação no Brasil, como coloca Daniel. “Tem muitos desses grandes conglomerados de distribuidores e exibidores [que] acham sempre brecha na lei para tirar a produção independente, para tirar a produção do curta-metragem desses espaços”, afirma.

Produção e distribuição no audiovisual independente e periférico

Apesar de existirem políticas públicas de incentivo à cultura que incluem também o audiovisual, como a Lei de Fomento à Cultura da Periferia, o Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), nem sempre esses investimentos são suficientes para acolher uma quantidade maior de ações.

“A gente simplesmente não está mais procurando nada [nesse sentido de editais, fomentos]. Da mesma forma que o mercado de trabalho fechou as portas pra gente, a gente chegava em um edital e encontrava 30, 20 páginas de burocracias e regras”, esse relato é do Bruno Maciel, 26, morador da Vila Missionária, zona sul de São Paulo. Bruno é diretor e um dos fundadores do Tomada Periférica, um coletivo que desde 2020 produz cinema nas periferias.

Bruno Maciel, cineasta, morador da Vila Missionária, zona sul de São Paulo, durante a gravação da série Romeu e Juliete, produzida pelo coletivo Tomada Periférica. (foto: arquivo do coletivo Tomada Periferica) 

Bruno conta sobre as dificuldades que o coletivo encontrou ao tentar acessar algumas políticas públicas. “Até então todo mundo do Tomada trabalha, não dá para ficar virando a noite fazendo editais etc. A gente até tentou se inscrever, mas desistiu, porque os resultados eram frustrantes”, comenta.

Ainda assim, em 2021, o Tomada Periférica, através de contatos e da repercussão do filme na internet, conseguiu furar parte do bloqueio da distribuição e fizeram uma sessão de exibição do filme “Dois Conto – a continuação barata de Dez Conto”, em uma sala comercial de cinema, em Santo Amaro, distrito da região sul de São Paulo.

Bruno Maciel na ponta esquerda e o elenco do filme “Dois Conto – a continuação barata de Dez Conto”, no dia da exibição no cinema, em 2021. (foto: arquivo do coletivo Tomada Periferica)

“Eu tô há 20 anos dentro desse universo do audiovisual e a primeira vez que eu consegui distribuir um filme meu foi ano passado [2022]”, conta Daniel. Segundo os cineastas entrevistados, em muitos casos, a justificativa que é dada pelos cinemas e streaming aos produtores periféricos, é de que os filmes não têm um determinado “padrão de exibição” para ocuparem esses espaços.

“A real é que existe um mercado muito fechado e determinado já para os herdeiros dessas grandes produtoras, que se isso não fosse verdade, qualquer um de nós, que cumprisse todos os requisitos que eles [grandes conglomerados de distribuição e exibição de filmes] querem, estava com o filme lá na Netflix, na Globoplay.”

Daniel Fagundes, fundador do coletivo Caramuja de Pesquisa, Memória e Audiovisual.

Sob a perspectiva de gênero, o audiovisual também tem suas barreiras, principalmente quando se trata dos cargos de liderança, como aponta Thais. “Pensando no nível nacional, teve aquela pesquisa [de 2016] da Ancine [que explicitou] que não teve nenhuma mulher negra na sala de cinema [como diretora ou roteirista], nas últimas décadas”, coloca a cineastas.

O nós por nós no cinema produzido nas periferias

Entre dificuldades e obstáculos, cineastas que atuam a partir das periferias desenvolvem soluções e se articulam para criar melhorias. “Na periferia, a gente acabou resolvendo a distribuição entre nós. Os cineclubes são lugares importantes de distribuição que a gente organizou. A maioria dos nossos filmes também estão no YouTube”, coloca Thais. No entanto, ela também aponta que esse modo de distribuição não costuma ser rentável.

Equipe do filme Um Bom Lugar, direção de Rosa Caldeira e Well Amorim, produção de Thais Scabio. (foto: Victoria Marcelino)

“Todos [os nossos filmes] a gente lança na internet, porque a internet está sendo a maior janela que a gente encontrou. O público geral não conhece os festivais, se a gente se limitasse aos festivais poderíamos ganhar um título ou outro, mas isso não é tão consagrado quanto você vê o Juca da padaria falando do seu filme. Tá ligado?”, diz Bruno Maciel.

Thais reforça que o audiovisual desempenha diferentes funções para além do entretenimento, e que ele pode gerar visibilidade para territórios e pessoas terem suas existências reconhecidas e registradas.

“A gente usa o audiovisual também com uma ferramenta de luta, para mostrar que a gente existe e resiste. Eu acho que o audiovisual para a gente é uma forma de sobrevivência, de denúncia, de trazer benefícios para a comunidade.”

Thais Scabio, fundadora da produtora Cavalo Marinho Audiovisual, da plataforma de streaming Todesplay.

Daniel menciona também que o cinema é uma ferramenta para criar novas narrativas. “[Para] que não sejam majoritariamente pessoas brancas em um lugar de poder a gente precisa que o cinema nacional [seja] diverso, [que] não só o cinema nacional das grandes produtoras possam disputar espaço na tela”. Ele ainda ressalta: “A nossa luta é para dizer que a gente existe”.

A relação entre direitos reprodutivos e justiça social #18

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Para entender sobre justiça reprodutiva é preciso falar de justiça social e de gênero. E é sobre a relação entre essas três pautas que a Alice Amorim, estudante de serviço social e educadora do Grupo Curumim, e a Shisleni de Oliveira, cientista social, com mestrado em Estudos Feministas e de Gênero, falam nesse episódio.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google Podcasts, Spotify e Youtube.

Pagode Na Disciplina promove cultura, lazer e educação no Jardim Miriam

Formado por um grupo de amigos apaixonados pela genuína raiz do samba, o Pagode Na Disciplina completa oito anos de atuação, resistência, cultura e lazer. O Você Repórter da Periferia veio até o Jardim Miriam, zona sul de São Paulo, para acompanhar de perto a celebração e relevância de uma das rodas de samba que fazem história nos territórios periféricos da cidade.

Confira a vídeorreportagem produzida pelos alunos da 7ª edição do Você Repórter da Periferia – programa de educação midiática promovido pelo Desenrola e Não Me Enrola –, que revelam que o Pagode Na Disciplina, é mais que uma alternativa de lazer e cultura.

Quando chega?

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Das famílias que moram na comunidade, quantas você acha que possuem uma máquina de lavar roupa? Ou melhor, quantas você conhece que possui? A realidade de muitas pessoas nas quebradas é ter esse item como algo incomum.

Hoje arrisco dizer que é como se fosse um ‘’artigo de luxo’’. Poucas pessoas de fato conseguem ter recursos e comprar a sua. O acesso ao saneamento básico quase não existe em diversas favelas e o sonho de um uma máquina de lavar para algumas chefes de família parece algo distante. 

Mulheres que têm que lavar as roupas na mão, salvo quando se tem um tanque para poder ajudar, se não, é na bacia mesmo. 

Me pego pensando, até nesses itens básicos. Nós, da quebrada, passamos uma vida toda trabalhando para tentar alcançar e ter um eletrodoméstico para facilitar a vida. 

Um fogão, uma geladeira, uma máquina de lavar, itens com valores absurdos. Uma lavadora mais simples custa em torno de um salário mínimo e muitas famílias que com o salário mal conseguem se alimentar optam por ‘’se virar de algum jeito‘’, porque não dá para comprar. 

Se conseguem crédito para parcelar em boletos, pagam tanto juros que no final acabam pagando quase três vezes mais o valor do produto. Isso quando conseguem crédito. 

Quero mostrar para vocês que possamos pensar um pouco em quantas coisas muitas pessoas da comunidade ainda não tem acesso, no geral, e nós nem imaginamos: INTERNET, JOGOS, ELETRODOMÉSTICOS, SINAL DE TV, MÓVEIS… Não deveria ser assim. A desigualdade que sempre existe e assola. 

Será que os governantes, olhando para a lava e seca de inox deles, já pensaram algum dia nisso? 

Fica aqui meu questionamento de fácil resposta. 

Este é um conteúdo opinativo e não é produzido pelo Desenrola e Não Me Enrola.

Festival CultCom celebra cultura e comunicação produzida nas periferias da zona sul

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Com programação que inclui mesas de debate, shows e graffitis ao vivo, o festival reúne artistas e comunicadores em quatro dias de atividades gratuitas.

A primeira edição do Festival CultCom, evento que promove o encontro entre a cultura e a comunicação produzida nas periferias da zona sul de São Paulo, acontece nos dias 01, 05, 07 e 08 de outubro. Entre os artistas confirmados estão o cantor Lino Krizz e o rapper Gaspar Z’Áfrika, além das comunicadoras populares Aline Rodrigues e Thais Siqueira. As atividades são gratuitas e acontecem no Sesc Campo Limpo e no espaço de arte independente NuCapão.

“A zona sul é um território cultural potente e pulsante. Temos aqui feira de livros, mostras culturais, circuitos de saraus e muitos outros eventos que promovem a nossa identidade cultural. Mas não havia ainda um evento que tivesse a comunicação periférica como protagonista.”

Gisele Alexandre, jornalista e idealizadora do evento.

Comunicação nas periferias

O Festival CultCom tem como proposta reunir cultura e comunicação periférica em um mesmo espaço, para promover diálogos que fortaleçam as produções culturais, potencializando as narrativas dos comunicadores e comunicadoras locais que atuam na promoção da cultura produzida nas periferias.

“Sem a comunicação local, dificilmente os artistas independentes seriam consumidos pelo público de periferia. Somos nós que divulgamos e promovemos as iniciativas que acontecem nos territórios periféricos, essas notícias poucas vezes estão nos meios de comunicação tradicionais. Por isso, faz muito sentido essa conexão entre a cultura e a comunicação de quebrada, porque um fortalece o outro e, juntos, fortalecemos a nossa identidade.”

Gisele Alexandre, jornalista e idealizadora do evento.


O Festival CultCom é realizado pela Pauta Periférica, que é uma produtora de conteúdo multimídia popular e periférica do Capão Redondo e que tem o propósito de democratizar as técnicas de comunicação. Além do evento, a produtora também é responsável pelo Manda Notícias, veículo de mídia independente, e pelo Clube de Criadores EduCapão, programa de formação midiática, que permite que jovens periféricos possam aprender técnicas de jornalismo cultural, produção multimídia e tendências de distribuição de conteúdo.

Serviço

Abertura – dia 01/10 (domingo)

Local: Sesc Campo Limpo – R. Nossa Sra. do Bom Conselho, 120 – Vila Prel, São Paulo – SP.

13h às 14h – Gravação ao vivo do podcast “Manda Notícias”, com a participação das artistas Kelly Neriah e Thalia Abdon. 

Apresentação das jornalistas Gisele Alexandre e Bia Monteiro.

14h30 às 16h – Bate papo com Lino Krizz e Gaspar Z’Áfrika sobre a história dos 40 anos do hip hop no Brasil.

Mediação de Leonardo Almeida, do Espaço do Povo.

17h às 19h – Show “Hip Hop Sul”, com Fino du Rap,  Kelly Neriah e convidados.

Dia 05/10 (quinta)

Local: NuCapão – R. Maria Blanchard, 177 – Capão Redondo, São Paulo – SP

15h às 18h – Graffiti ao vivo com Amanda Monte, Bicho Ruim, Beto Silva, Frenesi, Mirage e convidados. 

Além de exposição de arte de Crica Monteiro, Frenesi, Jotta EstiloLivreCrew, Mirage e Zizi Grafitti. 

15h às 18h – Brechó com Avulsa.

15h às 18h – Flash Tatto com Lango e Snoop. 

Tatuagens a partir de R$150

15h às 23h – Discotecagem

Com J Alleh, DJ John, Android, Du Black, Catatau e Meg Pacheco.

19h às 20h – Pocket show de Harley

21h – Pocket show de Gaspar Z’Áfrika e Jonnas Rosa.

23h – Show “Clássicos do Rap”, com Fino Du Rap e Cocão Avoz.

Dia 07/10 (sábado)

Local: Sesc Campo Limpo – R. Nossa Sra. do Bom Conselho, 120 – Vila Prel, São Paulo – SP.

11h às 12h30 – Gravação ao vivo do podcast “Manda Notícias”, com a participação das artistas Rose Dorea e Gabriela Garça. 

Apresentação das jornalistas Gisele Alexandre e Bia Monteiro.

12h às 17h – Feira Literária e Feira de Artesanato

13h30 às 15h – Bate-papo com os escritores Varneci Nascimento e Jéssica Campos.

Mediação de Aline Rodrigues.

15h às 16h40 – Sarau dos Sarau – Encontro de poetas com Dan Mart, Helô Ribeiro, Arlete Mendes, Nivaldo Brito, Josy Asca, Afropaty e Letícia Oliveira.

Encerramento: Dia 08/10 (domingo)

Local: Sesc Campo Limpo – R. Nossa Sra. do Bom Conselho, 120 – Vila Prel, São Paulo – SP.

12h às 17h – Feira Literária e Feira de Artesanato

11h às 12h30 – Gravação ao vivo do podcast “Manda Notícias”, com a participação dos artistas Davi Aplik e Robson Novaez.

Apresentação das jornalistas Gisele Alexandre e Bia Monteiro.

14h30 às 16h – Bate papo com os comunicadores Bia Monteiro e Diko Lopes.

Mediação de Thais Siqueira.

17h às 19h – show de encerramento com Luiz Celestino e convidados

Mais informações, acesse aqui.

Assistente Social explica a importância da educação em sexualidade na infância

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Em entrevista ao Desenrola Aí a assistente social, Verônica Lima, explica como a educação em sexualidade pode auxiliar no combate a violência sexual contra crianças e adolescentes. Dados divulgados em julho deste ano pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontam o crescimento dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes, em 2022, o número de estupros subiu 15,3% e de exploração sexual, 16,4%, totalizando mais de 74 mil estupros no Brasil registrados na história.

Para a profissional, a educação em sexualidade é a principal ferramenta para o combate da violência sexual e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

“Primeiramente, a criança passa a reconhecer o seu corpo, reconhece onde ela pode ser tocada. Ela reconhece onde não pode ser tocada e nem que peçam para que ela toque outra pessoa. A criança e adolescente passam a entender a importância que tem um adulto de confiança na sua vida.

Verônica Lima, Assistente Social.
Assistente Social, Verônica Lima e a jornalista, Thais Siqueira durante a gravação do programa Desenrola Aí. Foto: Pedro Oliveira/Agosto 2023.

Sobre o Desenrola Aí

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. Nessa segunda  temporada vamos abordar sobre Descontruir Tabus: corpo e sexualidade. O programa do Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola e Fluxo Imagens.

Centro de Memória Queixadas preserva a trajetória de luta dos moradores de Perus

Por meio das primeiras gerações de moradores e os seus arquivos físicos, como fotos, documentos e lembranças guardadas pelos mais velhos apenas na memória, o Centro de Memória Queixadas Sebastião Silva de Souza, localizado em Perus, zona noroeste de São Paulo, carrega registros da maior greve da história sindical brasileira, que resultou numa luta incansável por melhores condições de trabalho.

Confira a vídeorreportagem produzida pelos alunos da 7ª edição do Você Repórter da Periferia – programa de educação midiática promovido pelo Desenrola e Não Me Enrola –, para evidenciar a importância da preservação e memória histórica da luta dos moradores da região. 

Criadores de conteúdos contam como é trabalhar com as redes sociais sendo periféricos

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Nos últimos anos, criadores de conteúdos online têm ganhado visibilidade como mercado de atuação profissional. Para um criador de conteúdo de um território periférico, influenciar e usar as redes sociais como seu espaço de trabalho passa por lugares diferentes, como conta Glaydson Nunes, morador do Jardim Aracati, bairro localizado no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo e que produz conteúdos para a internet há mais de 10 anos. 

“Meu conteúdo é tudo e qualquer coisa que me torne real, que mostre meus sentimentos e a verdade de quem eu sou”, conta Glaydson, que começou a trabalhar com as redes a partir do Snapchat, onde postava seu dia a dia.

As publicações de Glaydson estão concentradas em redes como Instagram, Youtube e TikTok. Ele conta que o intuito dos seus conteúdos é mostrar sua rotina de forma dinâmica e animada. Além disso, ele também se dedica à escrita de músicas, e inclusive irá lançar sua primeira faixa, chamada Recºmeço, ainda este mês. “Tudo e qualquer coisa que mostre meus sentimentos e a verdade de quem eu sou e de tudo que eu vivo é um conteúdo”, coloca Glaydson.

Glaydson (na foto de regata preta), além de trabalhar com a internet. possui o sonho de viver da música, que é uma, senão a maior de suas paixões. (Foto: Acervo Pessoal)

Ygonna Amaro, mulher trans de 22 anos, trancista, moradora do bairro Jardim Elisa Maria, região da Brasilândia, zona norte de São Paulo, teve seu primeiro contato com a criação de conteúdos online no início de 2020, quando foi convidada para participar de um ensaio fotográfico. 

“Meu público me dá bastante retorno, o que é muito difícil para uma mulher na minha condição. As pessoas se inspiram, eu sinto que sou uma motivação para quem está atrás da tela”, comenta.

Ygonna publica conteúdos sobre beleza, moda, lifestyle e cabelo. Ela conta que a partir dos conteúdos que produz, busca falar sobre o que gosta e não o que as pessoas querem ouvir. “é muito difícil encontrar uma mulher trans, que trabalhe com o que gosta e bem sucedida hoje em dia”, relatou.

Ygonna é influenciadora e atualmente trabalha com as redes sociais, fazendo divulgações, parcerias como modelo e também atua como trancista. (Foto: Acervo Pessoal)

Para Larissa Look, 23 anos, psicóloga, moradora do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, a internet é um espaço de troca e ensinamentos para os criadores de conteúdo. 

“Quando iniciei com o Instagram eu não me reconhecia como uma mulher gorda, eles [seguidores] viram todo o processo, pois eu tentava seguir um padrão inalcançável, e foi lindo me libertar, foi o que eu precisei”, contou a psicóloga sobre como sua presença nas redes sociais também contribui na sua vida pessoal. 

Larissa Look contou suas perspectivas em trabalhar com a internet, e conta que apesar do grande desafio, existem também muitos seguidores que a apoaim. (Foto: Acervo Pessoal)

Influenciador de quebrada

Glaydson conta que utiliza as redes sociais para criar  também uma comunidade de trocas. Ygonna entende que mulheres são seu maior público, e Larissa busca abordar pautas sobre a autoestima de mulheres gordas e cabelo. Cada um com sua característica, mas todos com uma meta: serem reconhecidos por serem de onde são.

“A diferença de um influenciador rico e um pobre são as possibilidades. É poder ganhar 1 mil reais com publicidade e guardar, investir, ao invés de pagar conta. Isso nos atravessa. E quanto aos ricos, não há problema, porque eles têm dinheiro”

Larissa Look.

As vivências do cotidiano fazem parte dos conteúdos de Glaydson, que já usou suas redes para compartilhar como criar uma luz elétrica com cano PVC. “O periférico não pode pensar em investir num cenário, equipamento e um ambiente adequado de trabalho por falta de oportunidades. A dificuldade é dar conta, por ter que pensar em tudo: no antes, no depois e no que pode vir”, conta o influenciador. 

O fato de ser periférico não é o único fator que impacta na busca de relevância online, segundo Ygonna, que costuma publicar suas produções principalmente no Instagram, a própria plataforma costuma ser um impasse no processo de criação e distribuição.

“Ser periférica e ser influenciadora é uma via de mão dupla. É legal a gente ver que as pessoas se inspiram, mas por outro lado é muito julgamento. Querendo ou não existe muito preconceito com isso”

coloca Ygonna, que além de criadora de conteúdo é trancista.

Larissa, que além de criadora de conteúdo é psicóloga, conta que tem a meta de viver somente do retorno que as redes sociais possibilitam e usufruir das mesmas coisas que grandes blogueiras podem, mesmo sendo da quebrada.

“Se não tem oportunidade, como você é olhada? Sei que meu trabalho é bom, sei que sou boa no que faço, mas eu não sou vista. Para ser influenciador basta ser você”, diz Larissa.

A busca de Glaydson, Ygonna e Larissa, se cruzam: trabalhar com o que gosta tendo renda suficiente para viver, e fazer com que o mercado de influenciadores periféricos seja de fato possível.

“Tem muita marca grande que poderia olhar para a periferia como um lugar de potência. Tem muita gente incrível que quer criar, quer espaço para falar, expressar sua arte e viver do que gosta”, finaliza Glaydson. 

Uma periferia maior que muitas metrópoles brasileiras têm direito a uma universidade pública, não?

É consenso em toda sociedade que a educação é um direito. A maioria da população brasileira acredita que o acesso ao ensino superior, em especial para os pobres, é uma forma de ascensão social, cultural e econômica. A procura de jovens por cursinhos pré-vestibulares é um grande indicador de que a população quer acessar o ensino superior. 

Entretanto, o acesso à universidade ainda é um direito negado a muitos, sobretudo a classe trabalhadora periférica. O número de vagas em universidades públicas é MUITO menor que o número de interessados. 

A título de exemplo: em 2022, a USP (Universidade de São Paulo), principal universidade pública do Brasil, ofereceu 8.211 vagas em seu vestibular, a FUVEST, que teve mais de 110 mil inscritos. O ENEM, principal porta de acesso ao ensino superior no Brasil, teve em 2022, o total de 3,4 milhões de inscritos que disputaram apenas 228 mil vagas pelo ProUni* e 226 mil vagas pelo SISU**.

Aos moradores das periferias do Brasil o acesso ao ensino superior tem ainda mais um obstáculo: à mobilidade. As universidades em sua maioria, para não dizer todas, estão distantes das periferias, de modo que aqueles periféricos que ousam cursar o ensino superior precisam gastar horas se deslocando, em um transporte público precário e no trânsito caótico como o de São Paulo. Algo que desanima ou mesmo impede que eles consigam permanecer no curso. 

Para além da universidade enquanto um direito à educação, já é provado que uma universidade contribuiu em muito com desenvolvimento econômico, social, cultural, local e regional, portanto é também um instrumento de melhoria de vida da população da região onde é instalada e funciona. 

Portanto, a existência de universidades em diferentes lugares por esse Brasil afora é essencial, mas sobretudo nas periferias, onde se encontra a maior massa da população brasileira. 

Deveria ser política de Estado a criação e manutenção de universidades por todas as periferias existentes, especialmente nas periferias que têm a dimensão de uma cidade ou ainda maior, como é o caso da zona sul de São Paulo.

Considerando apenas uma parte da zona sul de São Paulo, a saber, os distritos da zona sul conhecidos como da “ponte pra cá” (Campo Limpo, Capão Redondo, Vila Andrade, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Grajaú, Socorro, Cidade Dutra, Parelheiros e Marsilac), têm mais de 2 milhões de pessoas, cerca de 2,4 milhões de habitantes. A Zona Sul inteira tem cerca de 3,4 milhões de habitantes e o município de São Paulo tem cerca de 11,4 milhões de habitantes, de acordo com os dados mais recentes do IBGE.

Se essa periferia fosse considerada um município, seria a quarta cidade mais populosa do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, tendo essa última cerca de 2,8 milhões de habitantes. Seria do tamanho de duas capitais brasileiras, Fortaleza e Salvador, ambas com 2,4 milhões de habitantes. 

Portanto, essa periferia da “ponte pra cá” é maior que a maioria das capitais brasileiras, como Belo Horizonte (2,3 milhões), Manaus (2 milhões), Curitiba (1,7 milhão), Recife ((1,5 milhão), e maior que importantes municípios do estado de São Paulo, como Guarulhos (1,3 milhão), Campinas (1,1 milhão), e de todo região do ABC (1,7 milhão).

Em todos os municípios citados acima temos universidades públicas, na maioria deles mais de uma, aliás, além de uma pública federal, uma pública estadual, algumas contam também com instituto federal. 

Assim, cabem algumas perguntas: por que nessa periferia de São Paulo não temos uma universidade pública ou um instituto federal? Para essa parcela da população o ensino superior não é um direito? A população periférica existe apenas para ser mão de obra braçal ou técnica para o restante da cidade de São Paulo?

Na verdade, não sabemos bem ao certo qual é a resposta. O que sabemos é que os movimentos populares dessa região estão se organizando para conseguir uma universidade pública popular para essa enorme periferia.

Vários movimentos sociais e coletivos estão se organizando em torno do Fórum em Defesa da Vida para cobrar dos órgãos públicos a instalação de uma universidade ou um instituto público na região. E quem conhece as lutas e mobilizações deste fórum sabe que essa luta só vai parar com a vitória. 

A reivindicação é que a universidade seja construída próximo ao terminal de ônibus do Jardim Ângela e da futura estação de metrô, um local de fácil acesso na região, para que os futuros estudantes não tenham que ficar horas dentro de um transporte coletivo, como é a realidade hoje. Os movimentos também advogam que nessa universidade seja oferecido cursos que contribuam com desenvolvimento local e de interesse da população jovem.

Alguns passos dessa luta já foram dados, como a coleta milhares de assinaturas, visitas às escolas públicas, rodas de conversa com cursinhos populares, além da adesão e apoio de dezenas de movimentos, associações e coletivos. 

No dia 16 de setembro de 2023, foi organizado um encontro com professores e estudantes da zona sul de São Paulo. Foto: Alan Francisco.

No dia 16 de setembro de 2023, foi organizado um encontro com professores e estudantes da região. O evento contou com a presença de diversos movimentos sociais, coletivos culturais e políticos, cursinhos populares (Carolina de Jesus e Cursinho Popular do Capão), parlamentares do campo progressista e com o frei Davi, um dos grandes lutadores pela educação superior, criador do movimento Educafro. 

Os próximos passos são: aumentar o número de assinaturas do abaixo assinado chegando a 10 mil, e uma AUDIÊNCIA PÚBLICA POPULAR, que será realizada no dia 21 de outubro de 2023, no Jardim Ângela. 

Para essa audiência os movimentos estão convocando o prefeito de São Paulo, o ministro da Educação, o ministro dos Direitos Humanos e outras autoridades, e esperam mobilizar centenas de moradores da região, em especial aqueles que acreditam na educação como instrumento de transformação da vida e da sociedade. 

Vale dizer que essa luta nasce também dos sonhos e do legado do padre Jaime. Há anos ele manifestava publicamente a necessidade de termos aqui em nossa periferia, uma universidade pública que formasse os profissionais da educação, da assistência e da saúde, mais consciente e sensíveis a nossas demandas, porque como ele sempre dizia “a cabeça pensa onde os pés pisam”.

*ProUni (Programa Universidade Para Todos promove o acesso às universidades particulares brasileiras para estudantes de baixa renda) 

**SISU (Sistema de Seleção Unificada para universidades públicas)

Este é um conteúdo opinativo e não é produzido pelo Desenrola e Não Me Enrola.