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Coronavírus: podcast chega à casa de moradores das periferias para combater fake news

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A iniciativa é dos coletivos de jornalismo Periferia Em Movimento, Alma Preta e Desenrola E Não Me Enrola, em parceria com a jornalista Gisele Brito e o comunicador Tony Marlon. Juntos eles desenvolvem a curadoria dos temas abordados e executam a distribuição estratégica do podcast. 

Arte Alma Preta

Apresentado pela jornalista Gisele Brito e produzido pelo comunicador Tony Marlon, o podcast Pandemia Sem Neurose aborda neste episódio os últimos acontecimentos que envolvem as medidas do poder público brasileiro para conter a pandemia do Coronavírus no Brasil, com um olhar especial para o morador da quebrada.

O podcast é focado em difundir informações sobre o Coronavírus, visando impactar os moradores que vivem nos territórios periféricos com episódios que abordagem notícias de prevenção, combate a fake news, atualizações de programas do governo, além de retratar as últimas reportagens produzidas pelas iniciativas.

Acompanhe aqui os três primeiros episódios do Pandemia Sem Neurose.

#Coronavírusnasperiferias: home office para quem?

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Com o avanço do vírus COVID-19, muitas empresas têm adotado o método de trabalho home office, onde os funcionários podem continuar desenvolvendo suas tarefas em casa, com o intuito de evitar aglomerações e a disseminação do contágio. Mas esse cenário se aplica também a rotina profissional dos trabalhadores que moram nas periferias? O Desenrola conversou com algumas pessoas que nos revelaram suas experiências no ambiente corporativo. 

Foto: DiCampana Foto Coletivo

Dados das secretarias estaduais de saúde já contabilizam 529 infectados pelo Coronavírus, sendo 240 em São Paulo, estado com maior número de casos, com 4 mortes confirmadas. Diante do aumento diário de infectados, e com a pouca estrutura existente para auxiliar a população nos equipamentos públicos de saúde do SUS, o governo tem sido forçado a criar medidas e soluções para conter o avanço do vírus.

Após a declaração de pandemia do COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e com as orientações dos Órgãos Públicos de Saúde sobre procedimento de prevenção contra o vírus, diversas empresas e contratantes de serviços vem tomando medidas para evitar a aglomeração de pessoas e a disseminação do vírus. Uma das medidas foi adotar o formato de trabalho home office, no qual, os funcionários podem continuar desenvolvendo suas tarefas em casa, com o intuito de evitar aglomerações e a disseminação do contágio.

Porém, o Desenrola descobriu que essas medidas parecem se restringir a determinados grupos de trabalhadores. O cenário muda quando falamos de perfis específicos: vendedores ambulantes, empregadas domésticas, autônomos, terceirizados, entre outros grupos, formados majoritariamente por trabalhadores de regiões periféricas, que possuem um histórico de escassez de direitos trabalhistas no país.

Conversamos com uma funcionária terceirizada de uma clínica odontológica, que prefere não ser identificada, que conta como tem sido trabalhar nesse período após a chegada da pandemia do Coronavírus em São Paulo.

“Minha função é limpar todas as salas de atendimento, repor papel toalha, papel higiênico, sabonete e álcool. Recolher lixo comum, lixo infectante, lavo todos os banheiros, faço e sirvo café, embalo maçãs, coloco águas nas salas, e assim vai”, descreve a trabalhadora de 36 anos, que utiliza o transporte público para se deslocar de sua casa que fica no Parque Rebouças, no distrito do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, até a clínica que fica na Avenida Berrini, bairro do Brooklin, localizado entre o Itaim Bibi e a Vila Olímpia, região que possui um grande centro comercial na zona sul de São Paulo.

A profissional não foi dispensada das suas atividades, e conta sobre as orientações que recebeu com relação aos cuidados que deveria tomar neste momento: “quando a gente bate o dedo no relógio de ponto, sai essas mensagens de lavar as mãos com sabão em pedra, depois passar álcool em gel.”

Ela relata que ainda não foi dada uma explicação oficial para o fato de alguns funcionários terem sido dispensados, e outros, como é o seu caso, ainda estarem se deslocando até a clínica. Conta também que se preocupa com sua família nesse momento:

“Moro com minha mãe, e meu pai. Os dois são diabéticos. Meu filho tem doença respiratória, bronquite asmática. Meu pai tem 72 anos, e minha mãe 62 anos.” Seus pais e filho fazem parte do grupo de risco da doença, que inclui pessoas com doenças crônicas, com problemas cardíacos ou respiratórios, e principalmente idosos.

Na maior parte do dia a funcionária encontra-se exposta e suscetível a contrair o vírus e infectar o restante da família, seja no caminho de ida e volta do trabalho no transporte público, ou no próprio horário de trabalho.

Assim como vários trabalhadores que estão passando por situações semelhantes, ela está exposta a um fômite, ou seja, sujeita a situações de contato com objetos e substâncias que podem absorver e transportar organismos infecciosos, que servem como propagadores de doenças.

“Meus filhos estão ficando com meus pais. Sem aula não tenho o que fazer, só tenho meus pais para me ajudar. Entrego tudo na mão de Deus. Está tudo bem aqui em casa, graças a Deus. Não tem ninguém resfriado”, conta ela.

Acompanhe aqui o número de casos em tempo real no Brasil e no Mundo.

A entrevistada conta que precisou mudar sua rotina exatamente por ter contato direto com familiares que se enquadram no grupo de risco. “Chego em casa e vou direto para o banheiro tomar banho. Não deixo meus filhos me beijar, nem abraçar antes de tomar banho.”

O vírus passou a ser transmitido de forma local, isto é, por pessoas que se infectaram com o COVID-19 através do contato com outro indivíduo infectado que esteve em outro país com a doença; e também passou a ser transmitido de forma comunitária, onde a transmissão se dá entre indivíduos que não estiveram em países com o vírus.

Situações como essa influenciam diretamente grande parte da população pobre e periférica, que em muitos casos não tem como opção aderir ao isolamento social. Seja por trabalharem de forma autônoma nas ruas, nos ônibus, nos trens, e essa ser a única maneira de garantir o mínimo de recursos para si e para o núcleo familiar. Por não terem recebido dispensa do trabalho, e não existir a possibilidade de deixar de ir e ficar sem o pagamento no final do mês.

Com direitos trabalhistas sendo quase inexistente até mesmo em épocas de estabilidade econômica do país, em tempos de pandemia de uma doença global, a situação é ainda mais preocupante para aqueles que vivem nas periferias da cidade.

As empresas podem definir o rumo da vida dos empregados?

Além da falta de segurança que os trabalhadores já vivenciam antes mesmo da pandemia do Coronavírus chegar ao Brasil, fator que só aumentou nos últimos dias, o governo anunciou na última quarta-feira (18), o Plano Antidesemprego. Medidas que teriam o objetivo de conter o desemprego, por conta dos reflexos da doença na economia do país.

O pacote será encaminhado ao Congresso por meio de uma medida provisória, e abre espaço para a redução dos salários e das jornadas de trabalho em até 50%, segundo Ministério da Economia.

Medidas como essa têm impacto direto na vida dos moradores das bordas da cidade. Os salários diminuem, mas não acontece o mesmo processo com a diminuição dos valores cobrados pelas concessionárias de água e luz. Esse é apenas um cenário micro dentro de todas as sequências que medidas como o Plano Antidesemprego podem causar no dia dia da população.

Segundo a advogada Elisabete Bernardino, não deve existir diferenciação da empresa nas medidas de liberação dos funcionários por conta de cargo ou função. “A empresa tem a obrigação de zelar pela saúde e segurança do empregado. Independentemente da função ou cargo ocupado. O maior problema hoje que teremos, é a paralisação “parcial” da Justiça do Trabalho, pois o trabalhador lesionado em seus direitos poderá acionar a justiça, mas terá que aguardar o respaldo do judiciário por tempo indeterminado.”

Bernardino ainda ressalta outro ponto importante: “outra questão são as pessoas que se ativam na informalidade. Estes trabalhadores informais dependem das políticas públicas que forem implementadas”, conclui a advogada.

O Procurador do Trabalho, integrante do Ministério Público do Trabalho (MPT), Renan Kalil, explica que de acordo com a Lei n. 13.979/2020, as empresas devem liberar os seus empregados em casos de: isolamento, quarentena e realização obrigatória de exames médicos, testes laboratoriais, vacinação, coleta de amostras clínicas e tratamentos médicos específicos, todos relacionados com a suspeita de covid-19. Esses são casos de falta justificada, segundo o parágrafo 3o. do art. 3o. da lei, e o trabalhador deve receber remuneração pelos dias que não for trabalhar.

Kalil conta também como deveria funcionar o teletrabalho para aqueles que não podem desenvolver suas tarefas de casa. “Nos casos que não dá para realizar teletrabalho e o trabalhador não está nos casos da Lei n. 13979, ou ele continua a ir ao trabalho ou o trabalhador o dispensa de ir trabalhar. No caso de dispensa de ir trabalhar, o empregado deve continuar recebendo o seu salário. E No caso de continuar trabalhando na empresa, apesar de não existir obrigação, é recomendável que a empresa flexibilize os horários de entrada e saída para o trabalhador poder adaptar a sua rotina à essa nova realidade. Como poder usar o transporte público nos períodos de menor movimento, para evitar aglomerações, e para poder cuidar de suas responsabilidades domésticas, por exemplo, filhos e pessoas idosas.”

Mesmo com diretrizes que garantem direitos básicos ao trabalho formal, ainda fica a questão sobre aqueles trabalhadores que não possuem nenhuma seguridade. É em momentos como esse, que a precarização do trabalho fica ainda mais visível, nem sempre a todos.

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Coronavírus: comunicadores de periferias e favelas se articulam para informar sobre pandemia

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Usando a hashtag #CoronaNasPeriferias, eles questionam que a maioria das providências estabelecidas pelo governo não se aplicam à realidade dos moradores. 

Foto: Reprodução

Dezenas de comunicadoras e comunicadores das periferias e favelas de todo o país lançaram uma carta pública, nesta quinta-feira (19), em que reúnem esforços para informar seus territórios sobre ações relacionadas ao Covid-19, o coronavírus.

Usando a hashtag #CoronaNasPeriferias, eles questionam no documento que a maioria das providências estabelecidas pelos governos federal, estaduais e municipais para conter a disseminação do vírus não se aplicam à realidade dos moradores de territórios periféricos e favelas do país.

“O governo e várias organizações indicam o isolamento social como o principal meio de prevenção da doença. Isso não é permitido à nossa realidade! A periferia é a empregada doméstica, o porteiro, o motorista de app, o entregador, o trabalhador informal que precisa estar no busão e no metrô vendendo seus produtos para levar renda pra dentro de casa ou o comerciante local que não pode suspender suas atividades”, escrevem.

Confira a íntegra da carta:

Estamos diante de uma pandemia. A palavra ainda soa estranha para muita gente e tudo que ela carrega por trás também. Covid-19, o que todos conhecemos por coronavírus, chegou ao Brasil e seus efeitos são reais. Há infectados, há mortos.

Para conter maiores problemas os governos federal, estadual e municipal – muito timidamente ainda – têm divulgado e estabelecido uma série de ações às quais a população inteira do país precisa se submeter.

No entanto, mais uma vez, as favelas, periferias, guetos, quilombos, sertões e toda população à margem está à mercê da sua própria sorte.

Vamos começar pelo básico: lavar as mãos! Esta tem sido uma recomendação amplamente divulgada. Como é possível que isso seja realmente feito a fim de evitar a contaminação se a quebrada e a favela estão sem água?

O governo e várias organizações indicam o isolamento social como o principal meio de prevenção da doença. Isso não é permitido à nossa realidade!

A periferia é a empregada doméstica, o porteiro, o motorista de app, o entregador, o trabalhador informal que precisa estar no busão e no metrô vendendo seus produtos para levar renda pra dentro de casa ou o comerciante local que não pode suspender suas atividades.

O quanto nossos patrões estão dispostos a seguir os passos que a humanidade pede e permitir que cada um destes profissionais pratique o isolamento e mesmo assim pagar seus salários?

Ficar em casa, se isolar, não pode ser sinônimo de falta de renda. Se for assim, como garantir que a população periférica consiga comprar sequer um álcool em gel para ajudar na prevenção da contaminação? Se o governo vai ajudar os grandes empresários a não quebrar, vai ajudar ao favelado pagar suas contas também? Vai ajudar a senhora que vende guarda-chuva na esquina a não quebrar?

O foco agora é fazer o máximo de esforço para se conter a disseminação da doença. É tentar fazer com que o número de infectados possa ter atendimento hospitalar gradualmente e, ao mesmo tempo, evitar um colapso no Sistema Único de Saúde (SUS), tão negligenciado e abandonado pelo poder público, mas tão necessário e um marco no enfrentamento a tudo que ainda está por vir para conter o Covid-19, o coronavírus. 80% dos usuários do SUS são pretos e pretas.

Diante de tantas recomendações, a periferia – mesmo sendo a mais afetada -, ainda não está conseguindo participar e se informar como realmente precisa. Precisamos saber apontar caminhos que realmente levem as nossas realidades em consideração.

É aí que entramos. Nós, comunicadores periféricos e periféricas de várias partes do país, estamos juntando esforços para colaborar com informações precisas e que realmente consigam alcançar os nossos. Precisamos saber informar nossas crianças, nossos jovens, nossos idosos, nossos pais, mães e familiares. De nós para os nossos!

Assim, lançamos uma coalizão nacional de enfrentamento ao coronavírus através da frente #CoronaNasPeriferias

Assinam esta carta:

Priscilla Castro – Coletivo Nós por Nós (GO)

Marcelo Vinícius – Coletivo Duca (DF)

Tony Marlon I Campo Limpo, SP

Thiago Borges I Periferia em Movimento, Grajaú, SP

Thais Siqueira I Desenrola E Não Me Enrola, Jardim Ângela – SP

Ronaldo Matos I Desenrola E Não Me Enrola, Jardim Ângela – SP

Mariana Belmont, Parelheiros, SP

Simone Freire -Alma Preta / Preto Império – Brasilândia (SP)

Dimas Reis – Preto Império – Brasilândia (SP)

Wallace Morais – Vozes das Periferias (SP)

Cesar Gouveia – Vozes das Periferias (SP)

Antonio Benvindo – Instituto Cultural Coletivo Semifusa/Ribeirão das Neves (MG)

Buba Aguiar – Coletivo Fala Akari (RJ)

Pedro Stilo – Coletivo pão e tinta / Jornalistas livres (PE)

Tainá Oliveira Barral – Na Cuia Produtora Cultural (PA)

Kalyne Lima – Vila Manoel Satiro – Jornalistas livres (CE)

Ingrid Farias – Brasília Teimosa – Escola Livre de Redução de Danos (PE)

Bruno Sousa – The Intercept Brasil – Favela do Jacarezinho (RJ)

Pedro Borges – Alma Preta (SP)

Raull Santiago – Coletivo Papo Reto (RJ)

Gizele Martins – Coletivo MARÉ 0800 (RJ)

José Cícero – DiCampana Foto Coletivo (SP)

Lucas Barbosa – Usina de Valores (RJ, SP, BA, PE)

Marcela Lisboa – Usina de Valores (RJ, SP, BA, PE)

Francisca Rodrigues – Agência Paraisópolis (SP)

Bruna Hercog – CBCOM e Rede ao Redor (BA)

Adriana Gerônimo – JBD Lagamar – Fortaleza (CE)

Rebeca Motta – Jornal Embarque no Direito – Jd. ngela ( SP)

Rosalvo Neto – Instituto Mídia Étnica / Correio Nagô (BA)

Wellington Frazão – Periferia em Foco – Belém do Pará (PA)

Gisele Alexandre – Agência Mural de Jornalismo das Periferias (SP)

Renato Silva – Favela em Pauta (RJ)

Alex Hercog – CBCom (BA)

Lucas Abreu Antonio – Jaçanã (SP)

Rick Trindade – Itabuna (BA)

Clara Bispo – Movimento Pela Paz na Periferia: Família MP3 – Teresina (PI)

Riviane Lucena – Embarque no Direito (SP)

Jéssica Moreira – Nós, mulheres da periferia (SP)

Jefferson Barbosa – PerifaConnection – Voz da Baixada (RJ)

Michel Silva – Fala Roça (RJ)

Daiene Mendes – Favela em Pauta (RJ)

Tiê Vasconcelos – Voz das Comunidades (RJ)

Biatriz Santos – Coletivo de Juventude Negra Cara Preta – Camaragibe (PE)

Rodrigo Gonçalves Benevenuto – Coletivo Salve Kebrada (SP)

Lola Ferreira – Magé, Baixada Fluminense (RJ)

Amanda Pinheiro – Fala Roça – Rocinha (Rj)

Eloi Leones – data_labe – Rio de Janeiro

Marcelo Rocha – São Paulo, na visão dos cria – Mauá (SP)

Mirian Fonseca- Lauro de Freitas –

CBCOM (BA)

Anderson Meneses – Agência Mural de Jornalismo das Periferias (SP)

Muller Silva – ONG Interferência (Capão Redondo – SP)

Mariana Assis- Voz das Comunidades (RJ)

Yane Mendes – Rede Tumulto – Recife (PE)

Natália Bezerra – Recife (PE)

Taís Sales de Moraes – Cine e Rock – Rio das Pedras (RJ)

Walter Oliveira da Silva – Coletivo Jovem Tapajônico – Caranazal, Santarém (PA)

Gabriel Santos – Movimento Afronte – Projeto Alternativo para Meninas e Meninos de Rua – Erê – Vila Brejal, Maceió (AL)

Jusciane Rocha – Belém (Pa)

Naldinho Lourenço – LABirinto Agência Maré (RJ)

Aline Rodrigues – Periferia em Movimento (SP)

Jessica Ipolito – Revista Afirmativa – Salvador (BA)

Anisio Borba – LABirinto Agência Maré (RJ)

Lívia Lima – Nós, mulheres da periferia (SP)

Enderson Araujo – Mídia Periférica (BA)

Juliana Pinho – LABirinto Agência Maré (RJ)

Andreza Delgado – Capão Redondo São Paulo

Wesley Teixeira – Morro do Sapo na Baixada Fluminense (RJ)

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Relação ancestral entre mãe e filha é tema do novo clipe da rapper Lena Silva

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Cenas da rapper Lena Silva e sua mãe durante o vídeo clipe

Cenas da rapper Lena Silva e sua mãe durante o vídeo clipe (Foto: Jordan Fields)

Com muito amor, dedicação e ancestralidade envolvida no desenvolvimento de uma composição autoral, a rapper Lena Silva lança nesta quinta-feira, (12), no mês que é celebrado o dia internacional das mulheres, o videoclipe “Solidão Mãe”, para homenagear sua mãe, Marilene Pereira da Silva, 60 anos, mulher preta, nordestina e periférica que carrega consigo as marcas da deficiência auditiva, fator que segundo Silva nunca interferiu na comunicação entre mãe e filha.

“Solidão Mãe” retrata o amor de mãe, filha e a vida de muitas mulheres negras e nordestinas, que sozinhas, lutam para criar seus filhos. A rapper escreveu a música há quatro anos, mas somente agora, a obra ganhou vida, retratando a história de sua mãe, com cenas que trazem ancestralidade, religião de matriz africana, a força da natureza, os costumes à beira dos rios das lavadeiras e a troca de amor, respeito e afeto entre mãe e filha.

“Quando jogamos búzios juntas pela primeira vez, eu pude sentir toda a dor que ela carregava por ter passado tanto tempo sozinha. O Ilê que nos acolheu é o mesmo que minha mãe frequentava quando criança, junto com minha vó”, relembra a rapper.

Ela conta que seu Ilê passou a morar em São Paulo, nos anos 70, e por uma força do destino reencontrou com a matriarca da família em 2015. “Pura e real, essa letra tem por finalidade falar ao coração, assim como as imagens no vídeo, as cenas foram orgânicas, naturais e ressalta momentos reais, onde cada elemento capturado remete a uma lembrança e aos segmentos da Umbanda”, descreve Silva.

A rapper conta que aos 10 anos de idade, sua mãe contraiu meningite e perdeu a audição, mas isso não a impediu de se comunicar. “Ela faz leitura labial, adora conversar, sair e se divertir”, conta Lena. Quando adulta, se mudou para São Paulo com o incentivo da sua irmã mais velha,Maria de Lourdes, em busca de melhores oportunidades.

Dona Marilene trabalha há mais de 30 anos como empregada doméstica, no qual desses, 26 anos, foram dormindo em casa de família num quartinho de empregada, que contava apenas com uma cama de solteiro, um guarda- roupa embutido, uma televisão e um vitrô, que lhe permitia olhar o passar do tempo em contraste com a parede branca do prédio da frente. Nesse período, passou por diversas humilhações e encontrou a solidão na maior metrópole do Brasil.

“Esse novo trabalho é uma forma simbólica de agradecê-la por ter me dado a luz. É também uma necessidade minha de contar ao mundo como foi a caminhada da minha mãe, Marilene Pereira da Silva, nome completo é extenso, mas necessário para não cairmos no esquecimento, ainda que carregamos o nome de nossos escravizadores, nascemos e crescemos na cidade de Jequié na Bahia. Uma família formada majoritariamente por mulheres, e sempre, sempre caminhamos juntas”, enfatiza Lena.

Ela também faz questão de ressaltar a união entre as duas: “sempre caminhamos juntas, sempre, só nós duas, desde quando ela decidiu me ter. Sim, foi decisão dela. Também não sei como ela conseguiu superar a meningite que tirou sua capacidade auditiva. Sinceramente eu não sei como ela conseguiu cuidar de mim sem ouvir meu choro, sem poder ler a receita do meu remédio.”

As marcas do machismo e da agressão às mulheres também se faz presente na vida da mãe da rapper, fato que não sai dos pensamentos de Lena. “Eu não sei como ela conseguiu superar o chute dado em sua barriga grávida quando estava com 8 meses, provocando um parto cesariana nos anos 80. Deve ser por isso que somos cabeça dura. Ela levou tanta porrada e eu tantas quedas que agora nada mais bate na gente.”

A rapper finaliza fazendo uma descrição de admiração pela sua mãe e destacando o significado dela em sua vida, que reverbera em sua forma e essência de fazer arte. “Ela trabalha desde os 12 anos de idade como empregada doméstica. Sem a audição, sem estudo, sem dinheiro, sem marido, sem o pai da filha, sem casa própria, sem nada além de esperança e vontade de viver. Eu fiquei 10 anos longe dela, devido uma infância difícil, que resultou numa adolescência rebelde. Precisava me conhecer e compreender melhor minha mãe. Eu não sabia de muita coisa, mas agora um pouco eu sei: Mainha é a rainha e o tempo é o rei.”

Ficha Técnica
Produção musical: Quebrada Groove
Produção audiovisual: Hilberto Dias Junior
Produção executiva: Umsoh

Confira o vídeo clipe!

Sobre a rapper Lena Silva

Em 2004, Lena teve a oportunidade de se mudar para Gênova, uma cidade ao norte da Itália a convite de sua tia, Maria de Lourdes, irmã de sua mãe. No período da manhã Lena trabalhava como empregada doméstica, a tarde em uma associação exercendo a prática em regularização de documentos de pessoas provenientes de países africanos e sul americanos – experiência que despertou seu interesse pelo Serviço Social. Durante a noite ela frequentou um curso técnico de turismo. Com o seu primeiro salário na Itália, Lena comprou uma câmera fotográfica compacta e viajou por algumas cidades da Itália e países da Europa, desta forma, ela aproveitou esse período para desenvolver suas habilidades com a fotografia.

Complexo Jardim Elba: o futebol de várzea que transforma vidas

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Escolinha de futebol no Jardim Elba, zona leste de São Paulo já atendeu mais de 250 crianças em menos de seis meses de atuação. Os jovens atendidos passam pelo processo de formação que envolve o desenvolvimento pessoal, profissional, consciência coletiva e articulação comunitária, como forma de ampliar o seu olhar e a perspectiva sobre o significado do futebol de várzea e a relação com a quebrada.

O treinador Valdir Azevedo durante atividade na Escolinha Complexo Jardim Elba, Zona Leste. (Foto: Fabiano Savan)

Além de paixão nacional e um dos esportes mais populares nas periferias de São Paulo, o futebol de várzea também é utilizado como um instrumento de impacto social e mobilização de moradores, sem restrição de faixa etária e gênero, que reúne crianças, jovens, adultos e idosos a beira do campo nos finais de semana, para confraternizar o amor ao time da sua quebrada.

Um bom exemplo deste cenário da cultura periférica é a escolinha do Complexo Jardim Elba, criada por moradores do Jardim Elba, bairro localizado na zona leste de São Paulo, na divisa com municípios do ABC. A escolinha, formada por crianças e adolescentes que passam pelo processo de formação que envolve o desenvolvimento pessoal, profissional e comunitário, já disputou a Copa das Favelas e recentemente atua num campo de futebol dentro da comunidade, que necessita de apoio para fazer melhorias e receber mais crianças no espaço.

“Muitas crianças chegam achando que vão só jogar futebol. A gente busca ensinar as crianças a se preparar para o mercado de trabalho, por meio de visitas em empresas”, conta Valdir Azevedo, treinador do Complexo Jardim Elba, sobre o processo de formação da escolinha de futebol. “Fazemos uma educação de convivência, tem muita criança que precisa de carinho. Os pais ficam fora pra trabalhar e elas sentem falta de atenção, a gente encosta, abraça, dá um beijo e eles ficam perto da gente”.

Valdir é morador antigo da quebrada, ele reside no Jardim Jaú, bairro próximo ao campo do Complexo Jardim Elba. Aposentando, ele é cadeirante há mais de 30 anos. Em 1976, ele iniciou um processo de amputar os dedos da perna e da mão, devido ao desenvolvimento de uma doença que o levou a cadeira de rodas. No entanto, essa condição física não o limitou a pensar, agir e colocar algo em prática para mudar a vida de crianças e jovens da sua quebrada.

“Eu tinha uma escolinha desde 96 e depois do falecimento do meu amigo Gazela que faleceu há 14 anos, eu dei um tempo, porque não conseguia continuar”

relembra o treinador, fazendo uma referência ao Gazela, ex-jogador e morador do Jardim Elba, que é considerado um símbolo de inspiração do futebol de várzea na região.

Em 2018, Azevedo voltou a ativa com a prática de organizar uma escolinha de futebol, ao lado do seu novo parceiro, Reginaldo Gavis após o lançamento da Taça das Favelas, um campeonato de times formados apenas por adolescentes, o que o motivou a inserir também o seu neto em uma peneira para disputar o campeonato.

“A gente montou uma nova escolinha para fortalecer a comunidade. Em 5 meses já passaram 250 crianças. Nosso objetivo é fortalecer as crianças e os seus pais que também participam e interagem com a gente, com os eventos”, afirma Azevedo.

As escolinha funciona das 9h ás 11h e das 13h30 ás 17h30 com treinamentos em dias de terça-feira e quinta-feira. Além de oferecer um espaço de produção de conhecimento e aperfeiçoamento esportivo, a escolinha fornece aproximadamente 120 lanches aos jovens, para mantê-los focados no treino e com condições de dar o melhor de si.

Para participar da escolinha, as crianças que moram no território precisam preencher uma ficha para cadastro e verificar se o horário dos treinos não interfere nos estudos. A partir dos 5 anos já é possível se inscrever no Complexo Jardim Elba. A idade limite é 17 anos.

O treinador finaliza enfatizando a missão do Complexo Jardim Elba com as crianças da quebrada: “nosso objetivo não é fazer jogador, mas sim, tirar as crianças da rua para não entrar na criminalidade.”

Pense Grade Sua Quebrada

O concurso Pense Grande Sua Quebrada enxergou em fotografias que retratam projetos como o Complexo Jardim Elba a potência e a importância de pessoas e iniciativas que visam transformar a sua quebrada, a partir de ideias que impactam positivamente as pessoas.

Os ganhadores do concurso registraram mais do que uma imagem, retrataram uma visão de mundo. Entre os vencedores está o jovem Fabiano Savan, 25 anos, que cresceu nas ruas do bairro do Jardim Elba, zona leste de São Paulo. Quando completou 18 anos, Fabio descobriu sua grande paixão, a Arte Cênica. “Cheguei a fazer curso técnico de administração, mas sentia um vazio, como se nada daquilo fizesse muito sentido pra mim” relata.

Segundo o jovem, o interesse pelo teatro surgiu quando ficou sabendo que ao lado da sua casa existia um espaço focado em cultura, a Fábricas de Cultura de Sapopemba. A partir desse momento passou a se interessar por teatro e ingressou na SP Escola de Teatro. “Eu sempre gostei do universo cultural, do teatro, mas não sabia como expor o que eu realmente sentia e gostava”.

“Quando resolvi mudar da área administrativa para a arte cênica, meu pai não conseguia compreender que eu estava projetando o meu futuro, porque na cabeça dos meus pais, eu precisava trabalhar, para eles, a carreira artística não era vista como um ganha pão”.

conta o jovem que durante esse período de descoberta e tomada de decisão para focar no que realmente queria fazer, enfrentou muitos obstáculos e dificuldades para mostrar para os seus pais que ser artista era uma profissão.

“Hoje em dia, tudo mudou. Meus pais passaram a compreender o meu trabalho, quando foram me assistir em um peça e me viram atuando. Além disso, eu comecei a me interessar por audiovisual e fiz um trabalhos nessa pegada também”.

#PenseGrandeSuaQuebrada é um esforço coletivo do Programa Pense Grande, iniciativa da Fundação Telefônica Brasil , em parceria com o Alma Preta Desenrola E Não Me Enrola, Historiorama Periferia em Movimento e a Agência Mural de Jornalismo das Periferias com o objetivo de democratizar a linguagem e o acesso das juventudes periféricas ao ecossistema de #EmpreendedorismoSocial.

Curso estimula jovens de São Miguel Paulista a vivenciar comunicação periférica

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Jovens que residem nas imediações de São Miguel Paulista têm até 20 de março para fazer a inscrição no curso que será totalmente gratuito. Os encontros serão semanais e acontecerá toda quinta-feira, das 14h às 18h, a partir do dia 2 de abril, no Núcleo Pantanal da Uneafro, localizado no Espaço Alana, na zona leste de São Paulo. 

Com o objetivo de formar comunicadores periféricos engajados em compreender a importância dos movimentos sociais e culturais das periferias de São Paulo, o curso Jovens Comunicadores Periféricos está oferecendo 10 vagas para jovem com idade a partir de 16 anos, que sejam moradores de bairros localizados nos arredores de São Miguel Paulista, distrito da zona leste da cidade.

O curso é uma iniciativa da Uneafro Brasil, em parceria com o coletivo de comunicação Desenrola E Não Me Enrola, com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo e do Espaço Alana. As inscrições estão disponíveis clicando neste formulário. Jovens que estejam cursando o ensino médio ou que já tenham concluído o ensino em escolas públicas podem participar do curso.

As oficinas serão ministradas por educadores e comunicadores que integram o coletivo de comunicação Desenrola E Não Me Enrola. As temáticas das oficinas serão focadas em desenvolver as seguintes habilidades nos participantes: jornalismo web, redação para sites, vídeo reportagem, técnicas de entrevista, vivências fotográficas, técnicas de filmagem e captação de áudio.

Além de desenvolver habilidades técnicas e práticas, o curso Jovens Comunicadores Periféricos visa criar espaços de diálogo entre os jovens, que os estimule a elaborar uma compreensão e um olhar crítico para produção jornalística da mídia tradicional no Brasil e a forma como a periferia é retratada nesses veículos de comunicação.

Mais Informações
Jovens Comunicadorxs Periféricxs
Contato: Elaine Mineiro
E-mail: uneafro.pantanal@uneafrobrasil.org
Telefone: 11 994815-7121

Inglês na Quebrada abre inscrições para novas turmas com início para abril

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Idealizado pelo professor e rapper afro-americano Jordan Fields, o curso que une idioma e música está com inscrições abertas até 23 de março e tem o valor de 75 reais mensais. 

Foto: Divulgação

O Inglês na Quebrada foi pensado para romper com os métodos tradicionais de aprendizagem do idioma americano. Ministrado pelo professor e rapper afro-americano Jordan Fields, a formação é um intercâmbio cultural que une a cultura negra afro-americana e as raízes culturais do hip hop como um elemento pedagógico. As inscrições para as novas turmas estão abertas até 23 de março e valor da mensalidade é de 75 reais. O início das aulas será no dia 11 de abril.

Com quatro meses de duração, as aulas são realizadas no Centro de Mídia M’Boi Mirim, espaço localizado no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. Serão disponibilizadas 24 vagas que serão divididas em duas turmas: uma às terças-feiras das 19h30 às 21h30, para turma com inglês básico e outra as quintas-feiras, das 19h30 às 21h30, para turma com inglês avançado.

Anote aí

Inscrições até 23 de março
Clique aqui para acessar o formulário de inscrição.
Duração: 4 meses
Custo total: R$ 300,00

Formas de pagamento e Descontos:
• R$290,00 à vista no dinheiro, cartão de débito ou boleto
• R$332,00 parcelado em 4x

Mais informações
Celular: (11) 95814-6202
E-mail: inglesnaquebrada@gmail.com

Casa Poética: Ermelino Matarazzo ganha espaço cultural dedicado à literatura

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Sob curadoria do escritor e educador Rodrigo Ciríaco, expoente da literatura marginal-periférica, pretende ser um centro de referencia para o livro, leitura, literatura e poesia, oferecendo cursos, saraus, slams; encontros literários e biblioteca para empréstimos de livros. 

Artistas que integram o casting da agência. (Foto: Renata Armelin)

Neste sábado (07), o distrito de Ermelino Matarazzo, localizado na zona leste de São Paulo, ganha mais um centro cultural: a Casa Poética. Também nesta data será lançada a Agência Literária Casa Poética, a primeira agência do segmento voltada exclusivamente para autores periféricos, independentes, com a proposta de consolidar e fortalecer o trabalho destes artistas que muitas vezes não encontram reverberação de seu trabalho em consultorias e agências existentes no mercado.

O novo espaço cultural do território abre suas portas a partir das 14hs para receber o público. Ás 15hs acontece o bate papo “Literatura e Direitos Humanos”, com a presença de Ferréz, Marcelino Freire, Bel Santos Mayer, Binho e Suzi, José Castilho e Márcio Black. As 17hs tem início o Sarau dos Mesquiteiros, conduzido por jovens e adolescentes do território, encerrando as 18hs com show poético-musical com Mariana Felix, Lika Rosa e Patrícia Meira.

Além do propósito de difundir a literatura periférica, o projeto vai agrupar um grupo de dezesseis artistas, que farão parte do casting da agência, entre eles Rodrigo Ciríaco, Dinha, Lucas Afonso, Mariana Felix, Cleyton Mendes, Jô Freitas entre outros.

Publicações independentes e pocket shows marcam primeira edição do Sarau do Binho de 2020

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Aberto ao público, o tradicional sarau da zona sul de São Paulo inicia sua edição mensal no Espaço Clariô com lançamentos de livros de autores independentes, shows de rap e música lationamericana. 

Foto: João Cláudio de Sena

Na próxima segunda-feira (10), o Sarau do Binho realiza seu primeiro encontro literário do ano no Espaço Clariô, localizado na divisa de São Paulo com Taboão da Serra, a partir das 20h. Além do lançamento de livros de importantes autores da cena literária da periferia, como “Afro Latina” da poetisa Formiga, e “Na década de dez -vol. III”, do poeta Augusto Cerqueira, o sarau conta com pocket show de Paulina Montaldo e Euclides Marques, e o lançamento do videoclip “Declarando Anarquia!”, do Projeto Rima Se7e.

Em 2020, o Sarau do Binho completa 17 anos. Em quase duas décadas de atividades ligadas ao estímulo a leitura e ao reconhecimento e fortalecimento da literatura na periferia, muitos autores, poetisas, rappers e músicos reconheceram neste espaço uma rede de acolhimento e partilha de sua arte. Exemplo disso é o poeta e rapper Pow Literarua, que lançou seu livro “Locomotivamente” pelo Selo Sarau do Binho em 2018 e agora lança o videoclipe do Projeto Rima Se7e no sarau, outra iniciativa que o Pow participa.

Conheça a programação da primeira edição do Sarau do Binho no Espaço Clariô de 2020.

• Lançamento do livro “Afro Latina”, de Formiga
Feito artesanalmente, “Afro Latina” está em sua segunda edição e é publicado pela Pade Editorial, uma editora com foco em autores e autoras negras e LGBTQIA. O livro conta com apresentação de Márcia Cabral e prefácio de Cidinha da Silva. A publicação aborda as relações lésbicas entre mulheres negras abordadas, por meio da poesia. “Tenho forte influência do Rap e da literatura negra paulistana, sobretudo dos pretos novos que estão presente nos saraus”, conta Formiga.

• Lançamento do livro “na década de dez, volume III”, de Augusto Cerqueira
Fechando a trilogia iniciada em 2012, o autor desvela realidades poeticamente violentas através da ficção em contos curtos e ilustrados por artistas de São Paulo.

• Pocket show “Canciones de América Española”
Encontro de diversos ritmos latinos, como tangos e boleros, a apresentação musical da cantora Paulina Montaldo e do violonista Euclides Marques, traz releituras de músicas que representam a cultura da América Latina.

Agenda
1ª Edição do Sarau do Binho no Espaço Clariô em 2020
Dia: 10 de fevereiro de 2019, a partir das 21h
Local: Espaço Clariô (R. Santa Luzia, 96 – Vila Santa Luzia, Taboão da Serra – SP)
Confira mais informações no evento do Facebook, clique aqui.

Sarau pelas vidas das mulheres acontece nesta sexta-feira no Metrô Capão Redondo

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A proposta é mostrar para as mulheres que passam pelo metrô que elas não estam sozinhas na luta contra o feminicídio nas periferias. Além disso, o sarau também visa fazer uma provocação para os homens, para eles refletirem sobre a importância de compreender o efeito do machismo na sociedade. 

Estação do Metrô Capão Redondo (Foto: Divulgação Via Mobilidade)

A partir das 18h desta sexta-feira (06), o calçadão do Metro Capão Redondo será palco de diversas intervenções poéticas, promovidas por mulheres que decidiram utilizar a literatura para denunciar a violência que afeta principalmente mulheres que moram em territórios periféricos da zona sul de São Paulo.

A iniciativa é da Escola Feminista Abya Yala, espaço de estudo coletivo, fortalecimento e cuidado entre mulheres ativistas na periferia. O projeto articulado pela escritora Helena Silvestre tem se dedicado a criar espaços de troca de afetos, como forma de cuidar do esgotamento físico e mental, que afeta a população feminina nas periferias.

Para Silvestre, o sarau é uma forma de sensibilizar as mulheres que moram no Capão Redondo, a fim de mostrar que elas não estão sozinhas na luta com o machismo e o feminicídio. “O sarau pretende mostrar para as mulheres que vão circular pela saída do metrô que é possível que a gente se junte, que a gente se organize, se una, que a gente se fortaleça entre mulheres e que elas não estão sozinhas.”

A escritora enfatiza: “toda vez que uma mulher se junta com a outra é uma força que nos dá caminhos abertos para lutar contra a opressão, para sair de uma condição de violência”. A declaração é feita num momento em que o distrito do Capão Redondo se torna marcado pelo constante aumento de casos de violência contra a mulher, o chamado feminicídio.

Com microfone aberto, o ato cultural abre espaço para inúmeras reflexões sobre o dia 8 de março, data que é celebrado o Dia Internacional da Mulher. “Nós queremos que elas saibam que no território há mulheres que estão organizadas com os braços abertos para acolher qualquer irmã que precisar”, conta a escritora.

Ela finaliza a entrevista para o Desenrola ressaltando que o encontro poético também fará uma provocação aos homens que passarão pelo Metro Capão Redondo durante o ato. “Eles não podem reproduzir com as mulheres as violências que eles sofrem. Porque ao fazerem isso eles estão enfraquecendo a luta por uma periferia melhor, mais justa e menos violenta. Então nós queremos provocar essa reflexão”, conclui Silvestre, afirmando a importância de praticar um feminismo construído na quebrada que entenda todas essas questões sociais que afetam os moradores e principalmente as mulheres.