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Mãe trans enfrenta transfobia na família para não se afastar dos filhos

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Agressões físicas na família e interpretação jurídica obrigaram a mãe trans Maria Eduarda a se afastar dos filhos. 

Maria Eduarda é mãe de dois filhos e tem enfrentado a transfobia no ambiente familiar para não ficar longe das crianças. (Divulgação/Artigo19)

A última vez que Maria Eduarda Campos, 43, moradora do bairro Laranjeiras, na zona oeste do Rio de Janeiro, viu os filhos de 10 e 8 anos foi em janeiro de 2022 . Desde a separação, ela vive o drama do distanciamento forçado dos filhos. Em meio a essa situação, o fato dela ser uma mulher trans tem sido um argumento usado pela ex-companheira para impedir uma relação mais próxima com as crianças.

“Em 2017, quando minha ex-companheira e eu nos separamos, dei início a minha transição. Ainda sem nenhuma determinação judicial sobre quem ficaria com as crianças e quais dias, ela já as escondia de mim, e não deixava eu me aproximar delas”, diz Maria Eduarda sobre a dificuldade de ver os filhos desde o fim de seu relacionamento.

Atualmente, Maria Eduarda pode realizar uma visita aos domingos, podendo pegá-los pela manhã e devolver as crianças até o fim do dia, sem levá-las para sua casa. Por não concordar com essa condição, a mãe busca na justiça o direito de ter um maior convívio com os filhos.

“Até que outra coisa seja decidida na justiça, as crianças não podem vir para cá, eu tenho que ficar lá em Itaipuaçu, brincando com as crianças na pracinha no sol durante a tarde inteira no domingo”

Maria Eduarda é comunicadora e ativista pelos direitos da população LBGTQIA+.

Ela afirma que precisa se deslocar do Rio de Janeiro para a cidade de Maricá, percorrendo uma distância de quase 50 quilômetros para ter contato com os filhos em uma local inapropriado, como uma praça pública. “A minha ex-companheira mudou do Rio de Janeiro para justamente dificultar o meu acesso às crianças.”

O distanciamento dos filhos passou a acontecer com frequência, após ela ter uma desavença famíliar, situação que interferiu diretamente no contato com as crianças, contribuindo para Maria Eduarda perder o direito de passar a noite com os filhos.

Integridade física 

Temendo pela sua integridade física, Maria Eduarda não vai ver os filhos desde o início de janeiro de 2022. Ela tomou essa decisão pelo fato de já ter sido agredida pelo irmão da ex-companheira.

“Ela telefonou para o irmão, para ir até o prédio me agredir fisicamente, e assim ele fez, de forma violenta”, conta ela, afirmando que a agressão aconteceu durante uma discussão com a ex-companheira, onde elas buscavam justamente uma solução para as questões que envolviam recursos financeiros e a guarda dos filhos.

Nesta ocasião, Maria Eduarda também recebeu uma série de ameaças do ex-cunhado que prometeu agredi-la novamente, caso ela voltasse para ver os filhos

Após sofrer a agressão física, ela entrou com uma ação solicitando uma medida protetiva contra o ex-cunhado. O pedido foi negado pela justiça. O juiz alegou que o agressor não é seu companheiro e que ela deve manter distância dele para evitar novas agressões.

Além da transfobia no ambienete familiar, Maria Eduarda está enfrentando diversos desafios no processo judicial.(Divulgação/Artigo19)

Com essa interpretação dos fatos, a justiça interferiu diretamente no contato dela com os filhos, que moram perto do agressor.

Em abril de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) estendeu a Lei Maria da Penha as mulheres trans, compreendendo que a violência se dá à expressão e identidade de gênero e não somente ao sexo biológico da pessoa.

Segundo a advogada e ativista LGBTQIA +, Marcia Rocha, a decisão do STJ abre precedentes para que outros casos sejam julgados e interpretados da mesma forma.

“A decisão foi tomada em julgamento de uma mulher trans que foi agredida pelo pai justamente por se identificar como mulher. Um passo importante para nós, visto que o Brasil segue sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo”, comenta a advogada.

Direitos e deveres 

Desde 2017, tramita na vara da justiça familiar o processo de guarda compartilhada das crianças,  que solicita uma pensão alimentícia a ser paga por Maria Eduarda aos filhos.

A questão é que desde o início do processo, a justiça falha no andamento do caso, seja por não respeitar o nome retificado de Maria Eduarda, tratando-a ainda pelo masculino e sem levar em conta as suas reais condições financeiras para estipular o valor da pensão a ser pago.

“Eu estava iniciando minha transição e estava desempregada. Pagar pensão alimentícia é lei e eu pagava o valor que tinha condições de pagar, mas a justiça determinou que eu pagasse dois salários e meio e era um valor absurdo e surreal para a minha realidade. Não tinha nenhuma base judicial que justificasse esse valor.”, explica.

Mesmo desempregada, o valor da pensão a ser paga foi designado em dois salários mínimos e meio, cerca de R$ 2.400, mas o que ela podia pagar era cerca de R$ 500. O que não era suficiente e sua prisão foi decretada.

“Eu só não fui presa porque uma amiga me ajudou para que eu entrasse com um recurso de habeas corpus, mas não teve jeito. Tive que me articular para conseguir o dinheiro que estava sendo executado como dívida”

Maria Eduarda é comunicadora e ativista pelos direitos da população LBGTQIA+.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro não solicitou recurso, mesmo havendo esse direito, o que dificultou ainda mais a situação. Maria então procurou o Mapa do Acolhimento, um serviço de apoio a mulheres trans e cis em situação de vulnerabilidade. Lá foi direcionada a uma advogada que entrou com uma solicitação informando que os valores não condizem com a realidade financeira dela.

“Mas tinha um detalhe: no processo dizia que eu tinha que pagar 2,5 salários ou 35% da minha renda, o que ainda não tinha sido levado em conta. Então fui contratada para receber 800 reais por mês, trabalhando na parte de comunicação da Casa NEM”, relembra.

Segundo a advogada Márcia Rocha, as responsabilidades com relação a pensão alimentícia, autoridade e guarda são as mesmas, independente do gênero. A pensão deve ser paga por um dos pais quando a criança está sob a guarda do outro, do ponto de vista jurídico são os mesmos direitos e deveres.

Interpretação jurídica 

Atenta a importância de promover um letramento de gênero e sexualidade no espaço acadêmico e profissional de formação de futuros advogados, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) almeja conquistar uma transformação da justiça através de diversas ações afirmativas.

“Esse trabalho requer muitas ações que a gente desenvolve no sistema de justiça, seja alimentando os operadores dentro das nossas temáticas e fazendo com que esses profissionais se aproximem cada vez mais de uma gama de diversidade de temas e de ações que a gente trata na nossa Associação”, explica Keila Thompson, presidente da ANTRA.

Embora seja um trabalho importante, essas ações precisam avançar no Brasil, pois ela reflete por exemplo na falta de sensibilidade de operadores da justiça, para garantir respeito à identidade de gênero e sexualidade.

Segundo a advogada Márcia Rocha, não existe uma lei específica para obrigar um juiz a respeitar o nome social de uma pessoa LGBTQIA+. “Pouquíssimos juízes respeitam o nome e o gênero de pessoas que não fizeram a retificação”.

Um dos impactos causados por esse tipo de abordagem ao longo do processo motivou Maria a desistir do acompanhamento da defensoria pública que também não foi sensível ao seu nome social. “Eu desisti da defensoria porque estavam me tratando de uma forma sem cuidado, mesmo que com o nome retificado em meus documentos civis”, desabafa Maria Eduarda.

Festival Pangeia circula por espaços culturais das periferias de São Paulo

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  Com o tema “Conexão Brasil, África(s) e Caribe”, o evento destaca diversas linguagens artísticas e oficinas culturais. 

Apresentação do Grupo Tinkus San Simón no Festival Pangeia, realizado no Centro Cultural do Grajaú, zona sul de São Paulo. (Foto: Acervo Festival Pangeia)

O Festival Cultural Pangeia, promovido pelo coletivo MisturArte, chega em sua quarta edição em formato híbrido e conta com oficinas e workshops que iniciam em agosto e vai até o mês de novembro. O evento tem como principal objetivo expandir e ultrapassar as barreiras sociais e geográficas, para mostrar e unir culturas distintas que possuem essências parecidas.

“O tema Caribe, surgiu durante o período de estudos do grupo, num momento em que avaliamos as edições anteriores, o coletivo sugeriu a passagem pelo território caribenho que faltava. Identificamos uma grande vontade de continuar o que já tínhamos iniciado no último projeto ‘Américas e África’, decidimos por triangular Caribe – África(s) – Brasil para dar continuidade`, conta Pauliana Reis, diretora do Festival.

O festival destaca a presença de tradições culturais de povos tradicionais da América Latina. (Foto: Acervo Festival Pangeia)

Para alcançar mais pessoas, a programação do Festival Cultural Pangeia acontece de forma híbrida, com atividades presenciais e online. “A edição passada aconteceu totalmente em formato online. Agora esperamos alcançar um público maior e levar o Festival Pangeia para além do oceano, trazendo uma conexão ainda mais afetiva. Tudo isso sem perder um dos momentos mais esperados das atividades que é o contato, a troca, os compartilhamentos e a energia do presencial”, reforça a diretora do evento.

As inscrições para participar das atividades do festival devem ser realizadas através do formulário disponível na bio do perfil de Instagram do evento. . Todas as oficinas são gratuitas e os participantes receberão certificado com a temática de cada atividade.

O Festival ainda irá realizar outras atividades como FIC Pangeia, Exposição, exibição de documentário e apresentações artísticas em datas que ainda serão divulgadas. Desde março o coletivo tem realizado lives e mesas de debates em suas redes sociais.

Confira a programação online e presencial 

Oficina Teatral Ori Ambulante
Artista Ministrante:Dina Maia
Segmento:Teatro
Quando:De 02 à 31 de agosto (Terça e Quarta) – das 19h às 22h
Duração: 30 horas
Local: Ocupação Mateus Santos – eVia Google Meet
Endereço: Av. Paranaguá, 1633 – Jardim Belém, São Paulo

Oficina Pintando África com Acrílico
Artista Ministrante: Paulo Chavonga
Segmento: Pintura
Quando: De 02 à 20 de agosto (Terça a Sábado) – das 13h às 15h
Duração: 30 horas – Online
Onde: Via Google Meet.

Oficina Mapeamento dos Afetos
Artista Ministrante: Bruno Novais
Segmento: Dança
Quando: 15/08 às 20/08 – (Segunda à Sábado) – das 18h30 às 21:30
Duração: 18 horas – Presencial
Local: Comunidade Cultural Quilombaque
Endereço:Tv. Cambaratiba, 05 – Perus, São Paulo – SP

Olhares diversos sobre a diversidade do ser humano – Fotografia
Quando: 03/09 e 10/09 (Sábados) – das 10h às 14h
Artista Ministrante: Bianca Vasconcellos
Segmento: Fotografia
Duração: 8 Horas – Presencial
Local: Fábricas de Cultura. Jardim São Luís
Endereço: Rua Antônio Ramos Rosa, 651 – Jardim São Luís, São Paulo – SP

Oficinas Rastafari: Raiz e Cultura Africana
Artista Ministrante: Ras Soto
Segmento: Cultura Rastafari
Quando: 11/08 à 10/09 (Quinta e Sábado) Quinta das 19h às 21h – Sábado das 13h às 15h
Duração: 20 horas – Presencial
Onde:Instituto Tambor
Endereço: Av. General Francisco Morazan, 181 – Vila Sônia – São Paulo – SP

Oficina Sankofa – Corpo em Diáspora
Artista Ministrante:Bia Rezende

Segmento: DançaQuando: 19/08 a 09/09 (Toda sexta-feira) das 18h às 21h
Duração: 10 horas – Presencial
Local: Fábricas de Cultura. Jardim São Luís
Endereço: Rua Antônio Ramos Rosa, 651 – Jardim São Luís, São Paulo – SP

Oficina AQUARELAS, MEMÓRIAS AFETIVAS e as Águas contam histórias
Artista Ministrante: Sheyla Ayo
Segmento: Pintura – Hibrida
Quando: Sábado 24/09 – das 10h30min às 12h30min online / Domingo 25/09 – das 14h às 17h, Presencial
Duração: 7 Horas
Online e presencial
Local: Fábrica de Cultura do Capão Redondo

Workshops de Fotografia – Olhares diversos sobre a diversidade do ser humano
Artista Ministrante: Bianca Vasconcellos
Segmento: Fotografia
Quando: 03/09 e 10/09 (Sábados) – das 10h às 14h
Duração: 8 Horas – Presencial
Local: Fábricas de Cultura. Jardim São Luís
Endereço: Rua Antônio Ramos Rosa, 651 – Jardim São Luís, São Paulo – SP

Oficinas Kindezi – Neuroeducação e arte em afro perspectiva, estratégias educacionais compensar a brecha educacional do pós pandemia
Artista Ministrante: Rose Mara
Segmento: Processos pedagógicos para professoras (es), arte educadoras (es) e artistas.
Quando: De 03/09 a 01/10 (Todas Segunda e Quarta) – das 19h às 22h
Duração: 30 horas – Presencial
Onde: Container 011 – CEU Vila Rubi
Endereço: R. Domingos Tarroso, 101 – Vila Rubi, São Paulo – SP, 04823-090

Efeitos da covid-19: a maioria dos analfabetos são negros

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Considerando que no Brasil “pardos” são compreendidos como negros, o número de analfabetos superaria grosseiramente os 50% entre crianças negras brasileiras.

Entrega de kits de livros e brinquedos para crianças, realizado no dia 19 de dezembro de 2020, pelo no dia realizamos no Núcleo XI de Agosto, Uneafro Poá. Foto: Wellington Lopes

Podemos dizer, de certo modo, que a pandemia causada pela COVID-19, inaugurou uma nova era para a humanidade, mas que, principalmente, pôde revelar e acentuar em grau elevado os problemas mais graves de desigualdades nas sociedades humanas em um flerte perigoso, incidentemente, com o facismo, discursos de ódio, fundamentalismo e a negação da realidade por teorias conspiratórias.

Segundo o Our World in Data COVID-19, houve 6,39 milhões de mortes causadas pela doença no mundo. Só no Brasil, alcançamos a marca de 677 mil mortes, considerando, inclusive, que o número pode ser objetivamente maior por conta da subnotificação de casos.

Mesmo atingindo o número de 95% da população brasileira vacinada, segundo o Ministério da Saúde, pelo menos com uma dose de vacina contra COVID-19, ainda somos incapazes de mensurar o impacto destrutivo que a pandemia gerou somada aos diversos campos da vida social, econômica, política e institucional da sociedade brasileira.

O médico e professor de antropologia, da Universidade de Connecticut, Merrill Singer, trouxe à luz o conceito de sindemia, que significa a colaboração mútua entre problemas de saúde agravados por contextos problemáticos socioeconomicamente e é o termo que utilizaremos daqui em diante ao falar do período que vivemos.

Isso significa, no contexto da sociedade brasileira, o aprofundamento das desigualdades raciais, de gênero e classe. 

Contudo, na tentativa de mensurar impactos, gostaríamos de propor um exercício de reflexão em torno de um campo específico: o crescimento da desigualdade educacional na alfabetização de crianças durante a extensão desse período de sindemia.

Também revelam o crescimento absurdo do analfabetismo entre crianças pretas e pardas, respectivamente de 28,8% e 28,2% de 2019, para 47,4% e 44,5% em 2021. Considerando que no Brasil “pardos” são compreendidos como negros, o número superaria grosseiramente os 50% entre crianças negras brasileiras.

Já os dados entre crianças brancas apontam um crescimento de 20,3% em 2019 para 35,1% em 2021, o que demonstra que o número não foi pouco, mas o relatório não considera os dados unificados de pretos e pardos para dimensionar a disparidade racial ainda maior – o que nos levaria a um número maior que 12 pontos percentuais de diferença. 

A educação no período da infância e da adolescência é, sobretudo nas periferias, o meio pelo qual se desenvolve relações de pertencimento social e sociabilidade. É onde a criança tem suas primeiras experiências sociais fora do núcleo familiar.

Então todo ambiente escolar desenvolve uma rede de relações que oferta formas de letramento, ou de outra forma, apreensão do universo possível que as cercam. O letramento torna-se um exercício de compreensão da realidade.

Portanto, a alfabetização ganha novos contornos quando consideramos que ela ocupa um papel mediador entre o processo de letramento sobre o mundo social e a linguagem escrita. É uma ferramenta de busca para respostas individuais e coletivas no período escolar.

A identidade assume durante essa fase da infância e da adolescência na escola, um aspecto de formação, porque é nela que se concentra a descoberta de valores morais, éticos e culturais que elas assumirão ao se perceberem parte de um ou mais grupos (a identidade racial, de gênero, cultural e de classe) e do todo (a sociedade como um relação complexa de redes).

Podemos dizer que a literatura infantojuvenil é primordial no desenvolvimento de crianças e adolescentes no geral, mas é imprecindível para crianças negras e negros para o autoconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira e africana.

Um dos pontos importantes para que isso aconteça, além da inserção de autores negros nos estudos ao longo da vida letiva, é a presença de personagens negros nas histórias e estórias. 

O avanço dos danos na alfabetização durante a sindemia da COVID-19, desafia educadores a enfrentar um cenário de necro-sociabilidade. Onde o combate à fome ganha o palco das principais atividades e dinâmicas escolares. 

Mas voltando ao tema do acesso a uma literatura negra, a falta de personagens e autores negros, pode trazer para jovens negros a sensação de que devem ser de outra forma. Com a ideia, inconsciente, de que para alcançar humanidade e sucesso, devemos ser representados como “produtos de padronização cultural desse sucesso”: como pessoas brancas.

É a sensação de não pertencimento e de inferioridade, decorrente da falta de acesso ao conhecimento em relação a trajetória e a história da população afro-brasileira, que pode ser gerada pelos danos à educação de crianças e jovens negros.

Afetando em longo prazo o desenvolvimento e autoconhecimento na fase de transição da infância para adolescência, e desta para a vida adulta. A busca de si mesmo torna-se a busca pela representação do outro.

Há um caráter colonizador, também, na disputa institucional em torno do futuro da educação. De um lado a busca pela privatização do ensino e desse mesmo lado uma cruzada contra o que militantes de direita chamam de “doutrinação ideológica”.

Então, ao dimensionarmos a forma que a sindemia atuou, no modelo que temos de educação brasileira, devemos olhar para a forma que é realizada o sistema de cooperação de governança das políticas educacionais nos três níveis federativos: União, Estados e Municípios.

No momento mais grave da nossa história recente, é mais do que uma necessidade, torna-se obrigação pública, pactuar um modelo colaborativo de governança do Sistema Nacional de Educação (SNE).

O problema é que cada rede acaba funcionando como um sistema independente e desvinculado dos outros. Isso acaba não dando clareza à responsabilidade de atribuições a cada nível federativo de governo.

Exatamente esse processo nos leva a compreender que a escassez de distribuição de recursos técnicos e financeiros, leva cada rede a criar estratégias e dinâmicas próprias para lidar com os problemas locais.

Inclusive, segundo o Todos pela Educação, o Brasil seria mais eficiente na criação de soluções dos problemas gerados pela sindemia na educação se pudesse contar com um SNE que melhorasse a governança e a pactuação das políticas educacionais entre os entes da federação.

Num momento de avanço das desigualdades educacionais, além da criação de leis complementares para realizar um processo de pactuação e a diversificação de fundos para educação, como o Fundeb, seria imprescindível alcançarmos alguns parâmetros de articulação mútua.

Mas é impossível pensar todo esse processo com as políticas para educação do atual governo.  

Do enfraquecimento das universidades públicas ao incentivo da privatização, não há ponte para um futuro possível com fundamentalistas religiosos e conspiracionistas pensando as esferas de atribuições federativas da educação.

Na fase em que a literatura ganha o seu papel mais importante no espectro do combate ao racismo na educação básica, podendo apresentar autores e persogens negros que protagonizem narrativas diversas, enfrentamos um gigantesco déficit educacional.

É necessário criar mecanismos de monitoramento e marcos regulatórios para políticas educacionais “pós-sindemicos”, que criem um diálogo permanente e interdependente entre Estados, Municípios e União.

Isso significaria criar prerrogativas para acompanhar políticas de mitigação das desigualdades raciais na educação básica e em todos os níveis. Prevendo a aplicação ampla das Leis 11.645/2008 e 10.639/2003, tornando presente a trajetória das populações afro-brasileira e indígenas nos currículos, a formação continuada e outros mecanismos educacionais.

Então como acessar nossas histórias através da literatura se não sabemos ler? Como estudar se precisamos de trabalho? Como concentrar-se nos estudos se sentimos fome?

Jovem carioca usa NFTs para fazer ações solidárias no Morro Santo Amaro

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A partir da criação e comercialização de NFTs, a iniciativa do artista visual Gean Guilherme, está transformando criptomoedas em recursos para doação de alimentos em favelas do Rio de Janeiro. 

Ele se inspira na realidade e na cultura das favelas para criar suas obras em NFTs. (Foto: Arquivo Pessoal)

Durante a pandemia de Covid-19, Gean Guilherme, 22, morador do morro Santo Amaro, favela localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, uniu a fascinação e criatividade para criar artes digitais em formato de NFT´s, para comercializar essas criações em plataformas de criptomoedas. Metade do recursos arrecadado era convertido em dinheiro para comprar cestas básicas doadas aos moradores do território onde ela mora.

De todos as NFT´s produzidas pelo artista, a que mais rendeu lucro foi a arte tridimensional “Menor portando – Tecnologia”, que na época foi vendida por 500 tezos, uma criptomoedas que após ser convertida para essa transação chegou a quase 2 mil dólares na época. Essa venda ocorreu num momento que Gean não estava conseguindo faturar nada para tocar as ações sociais.

“A primeira ação foi para a compra de alimentos, a gente conseguiu arrecadar em criptomoedas e transformar em cestas básicas e foi aí que percebi que era possível fazer alguma coisa com aquilo ali”

Gean Guilherme, 22, é artista visual e morador do morro Santo Amaro, favela localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro. 

A partir desta ação solidária, ele criou projeto SocialCriptoart, iniciativa que reúne as artes visuais tridimensionais criadas pelo artista em uma plataforma digital, onde o público pode se cadastrar para adquirir as suas criações por meio de criptomoedas, que são fontes de recursos também para realizar a distribuição de alimentos nas favelas.

“E aí qual é o processo: quando você vende uma parada você recebe em criptomoedas, e aí existe um processo de conversão, de transformar essas moedas em reais para poder sacar”, explica o jovem.

Segundo o designer, a conversão das criptomoedas para o valor em real é quase que instantânea, no qual ele envia o valor para a corretora responsável, através de um cadastro com seus dados, e a partir do momento que o contato e confirmação são feitos, a corretora cobra uma taxa de movimentação, mas logo em seguida transfere o valor via pix ao destinatário.

Por ainda ser um assunto de difícil compreensão imediata, o artista e designer diz que seu foco é o social, mas não somente falar de tecnologia futurista para todos, mas também explicar, educar e formar o público jovem sobre tecnologia futurista e usar esse recurso na perspectiva de um olhar periférico.

“Nosso maior objetivo é a educação, porque a galera nem imagina o que é e acaba colocando muita coisa na cabeça, de acabar com o mundo, que tudo é uma farsa e acabam não tendo um olhar pra esses usos da tecnologia, um olhar social”, diz o artista.

Gean Guilherme e seus apoiadores entendem e consideram delicado trazer isso para a periferia, pois essa realidade é um lugar esquecido por políticas públicas, mas com seu trabalho tem buscado pelo menos tentar mudar a perspectiva da juventude da quebrada, para ela voltar a sonhar, fazendo surgir oportunidades para a população.

“O foco é criar perspectiva nesses lugares que a gente nem sempre sabe se vai ficar vivo, a criação de futuro da favela com sensibilidade pode movimentar o morro”

Gean Guilherme criou  uma  plataforma digital que converte a venda de NTF´s em alimentos para moradores das favelas.

Neste contexto social não falta inspiração para Gean criar artes impactantes que retratem a realidade da favela. Um dos trabalhos que o jovem artista se orgulha de ter produzido é uma releitura em NFT da capa do álbum “Sobrevivendo no Inferno” do Racionais MC´s. A venda desta criação resultou em doações de recursos em dinheiro para o Instituto Ademafia de Cultura e Esporte, do bairro da Glória, também localizado na zona sul do Rio.

 Futurologia na favela

Ainda pouco difundida nas periferias e favelas do Brasil, a sigla NFT significa tokens não fungíveis, uma imagem digital única e exclusiva criada com recursos software e plataformas digitais na internet que é protegida por meio de códigos de criptografia, método de identificação que impede a criação de cópias.

“Basicamente a gente vai transformar uma arte em um token, por exemplo, quando eu tenho esse boné aqui, é algo muito específico, sabe? É esse boné, tem as marcas de uso, porque eu usei, então é um boné único”, explica o jovem sobre a tecnologia futurista e como são criados os tokens 3Ds.

Gean acrescenta que esse formato tecnológico conseguiu traduzir o conceito através da criptografia, que significa a garantia de segurança dessas mídias, onde ele criptografa em blocos específicos essas informações, que são armazenadas para sempre de forma totalmente pública e qualquer pessoa pode acessar e validar se é verdadeira ou não, possibilitando a partir dessas ferramentas o novo conceito de criação da internet.

Para se apropriar ainda mais sobre o assunto, o jovem de 22 anos investiu tempo e dedicação para estudar sobre os impactos da futurologia na favela, um campo de pesquisa sociológica que busca identificar tendências de comportamento da sociedade.

Em meio a esse processo, Gean conseguiu definir uma série de projetos de futuro para ampliar a popularidade dos NFT´s nas favelas do Brasil, bem como da sua atuação como um artista visual que usa tecnologias tridimensionais para desenvolver novas formas de enxergar a favela.

Um desses projetos consiste na criação de uma loja virtual de NFT´s que funcione como um Marketplace, visando reunir obras de artistas brasileiros e estrangeiros, para vender esses tokens que resultarão em benefícios sociais voltados para os moradores das periferias.

Realidade 

A vivência profissional e cultural para produzir esse tipo de arte digital custou caro para Gean. Mesmo com tudo aparentemente dando certo, ele percebeu num certo momento de todo esse trabalho que suas atividades estavam cansando e tirando a possibilidade dele fazer suas artes na mesma frequência, o que fez ele refletir e pensar na possibilidade de convidar outros artistas e designers para somar com ele.

“Se eu não tiver tempo pra fazer as artes, não vai ter venda e não vai ter dinheiro pra projeto nenhum, e aí o que eu pensei foi transformar. Ao invés daquilo vir só de mim, pensei que pudesse surgir de várias outras pessoas pra poder descentralizar essa responsabilidade social que eu estava agarrando”, argumenta.

Com a ajuda de outros artistas, ele teve a oportunidade de reunir uma série de novos tokens, para que fossem vendidos e seus valores serem distribuídos diretamente para iniciativas sociais das favelas e periferias.

“É um jogo sinistro, mas é maneiro, porque deu independência para muitos artistas, basicamente eu só usava meus 3D’s para postar no Instagram e ganhar like, hoje em dia coloco elas nas plataformas e consigo tirar uma grana”, finaliza.

Seminário Akofena dialoga sobre política de segurança pública pelo bem viver

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Com atividades virtuais e gratuitas, o seminário terá mesas de debate com foco na população negra, periférica, quilombola e indígena. 

Entre os dias 16 e 31 de agosto, a UFABC (Universidade Federal do ABC), através do Programa de Apoio a Ações de Extensão (PAAE 2022) da Pró Reitoria de Extensão e Cultura da UFABC, receberá o Seminário Akofena: uma perspectiva indígena e preta sobre as facetas do genocídio. O objetivo do evento é desconstruir o imaginário sobre segurança pública, pautado por atores brancos, homens, cisgêneros, de classe média ou alta.

Estes [brancos, homens, cisgêneros] que sempre se mostraram centro do mundo para controlar corpos negros, quilombolas e indígenas, e suas respectivas mentes, línguas e identidades. Que através dos mecanismos brancos de poder determinam quanto valem nossas vidas.

Grupo de estudantes que organiza o evento, formado por militantes do movimento negro.

Com sete mesas temáticas, o debate será guiado pelas principais pautas desses movimentos e seus atores: indígenas, pretos, mulheres, homens, cisgêneros, transgêneros, LGBTQIA+, aldeados, aquilombados e periféricos.

O evento será totalmente online, das 19h às 21h, e reunirá militantes, organizações e coletividades do movimento negro e indígena. As inscrições podem ser realizadas por este link e mais informações aqui na página do evento.

Programação 

16 de agosto – Mesa de abertura: As facetas do genocídio no Brasil
Análise histórica da segurança pública no Brasil em relação às facetas do genocídio negro e indígena, destacando o enfrentamento à morte pelos movimentos sociais e políticos.

18 de agosto – Mesa 2: Racismo ambiental e conflitos de terra
Reverberar os conflitos concernentes ao racismo ambiental que historicamente desmobilizam as comunidades, culturas, ritos, línguas e tradições.

22 de agosto – Mesa 3: A morte antes do tiro: cultura e cosmovisões
O encontro visa elucidar processos de invisibilização e ocultação de cosmovisões, crenças e as culturas que fundamentam as vidas dos povos indígenas e pretos no Brasil.

23 de agosto – Mesa 4: A gestão da morte pelo Estado
Analisar as ferramentas que institucionalizam a necropolítica no Brasil e quais são os interesses econômicos que pautam a segurança pública no Brasil.

25 de agosto – Mesa 5: O genocídio da infância e da juventude negra e indígena
Evidenciar as condições que sustentam imaginários de criminalização, vulnerabilidade e morte de crianças e jovens negros.

29 de agosto – Mesa 6: Abolicionismo Penal: Fim do encarceramento e da “guerra às drogas”
Tratar do abolicionismo penal como forma de traçar uma nova rota sobre segurança pública, no sentido mais amplo, que não mais se sustenta nas práticas do estado de exceção, acusando, encarcerando e matando pessoas e pretas e indígenas.

31 de agosto – Mesa 7: Organizações políticas de mães
Diálogo com mães, amigos e familiares de vítimas do Estado, em uma troca sobre organizações políticas em luta por segurança, garantia de direitos e reparação.

“Macumba não”: faixa expõe racismo religioso em praça na zona leste de São Paulo

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Moradora que reside no local afirma que não é a primeira vez que uma faixa com mensagem de intolerância é exposta na praça pública.

A faixa foi vista pela primeira vez na tarde de sexta-feira, dia 3 de agosto, e retirada por moradores no dia 9. (Foto: Natlia Silva)

Na última sexta-feira (3), Renato Gama, 46, morador da Vila Nhocune, zona leste de São Paulo, estava passando de carro pela praça José Patrocínio Freire, localizada no Jardim Nossa Senhora do Carmo, com destino ao Parque do Carmo. De dentro do automóvel, o filho dele avistou uma faixa estendida entre as árvores do local com a seguinte mensagem: “Macumba Não. Ambiente familiar, pedimos sua compreensão”.

Revoltado com a intolerância e discriminação presente na mensagem da faixa estendida em praça pública, ele produziu um vídeo e imagens denunciando o incidente e acionou pelas redes sociais o assistente social e babalorixá Júlio Cezar De Andrade, que é candidato a deputado estadual pelo mandato coletivo Quilombo Periférico, como tentativa de denunciar e dar visibilidade ao que tinha visto no local.

“Precisamos nos utilizarmos das leis para denunciar e educar para que situações como essa não ocorra”

Renato Gama, 46, morador da Vila Nhocune, zona leste de São Paulo e integrante da Igreja Rosário dos Homens Pretos da Penha.

“Ela traz no seu conteúdo racismo, intolerância religiosa e discriminação”, conta Gama, que é integrante da igreja Rosário dos Homens Pretos, importante patrimônio histórica da população negra na cidade de São Paulo.

Conforme o artigo 5º da Constituição Federal, ela protege o livre exercício dos cultos religiosos, ao enfatizar que é garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e liturgia, de modo a assegurar a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença.

“A narrativa do atual (des)governo brasileiro legitima esses crimes, será necessária uma ação gigantesca de educação e processar as pessoas que tem convicção nesses crimes, temos que valorizar a escola, ampliar e atualizar nossos processos educacionais”, enfatiza Gama.

Não é a primeira faixa

Natália Cristina Silva, 23, mora em frente à praça onde foi estendida a faixa, no Jardim Nossa Senhora do Carmo. Ela conta que sentiu muita revolta quando passou pela praça no dia 3 de agosto pela manhã, para levar o irmão mais novo à escola.

“Senti muita revolta! Reparei em duas coisas: o uso do termo ‘macumba’ e a justificativa dizendo que aqui é um bairro familiar, já ouvi pessoas disfarçando sua intolerância religiosa contra manifestações das religiões de matriz africana com a justificativa de ‘desperdício’ de alimentos e ‘sujeira’ nas ruas. A faixa deixou bem evidente o preconceito de quem a fez, sem qualquer fingimento”, conta Silva 

“Já fizeram outras placas com a mesma estética contra a prostituição, também com a justificativa de ser um bairro familiar”

Natália Cristina Silva, 23, é moradora do Jardim Nossa Senhora do Carmo.

A moradora considera um crime impedir a manifestação religiosa das pessoas, apenas por não concordar com os pensamentos religiosos do outro. “Além de ser moralmente errado impedir alguma manifestação religiosa, é contra a lei também. Acho irônico esses ‘cidadãos de bem’ defensores da liberdade e da lei exporem uma faixa dessa, mas é esperado que essa defesa só se aplique ao que beneficie eles”, comenta.

Oliveira revela que não é a primeira vez que isso acontece na região e que outras faixas assim já foram colocadas. “O bairro é bem religioso, tem muitas igrejas evangélicas e uma igreja católica grande que fazem muitos eventos por aqui, testemunhas de Jeová abordam pessoas constantemente, cultos evangélicos nas praças, mas nunca houve qualquer tipo de manifestação contra isso. Percebe-se que é um preconceito bem direcionado”, relata a moradora. 

O assistente social e babalorixá Júlio Cezar de Andrade registrou um boletim de ocorrência por meio da delegacia online da polícia civil. (Foto: Quilombo Periférico)

Racismo institucional e religioso

O Desenrola entrou em contato com Júlio Cezar de Andrade, assistente social, mestre em serviço social pela Unifesp, e Babalorixá da casa de axé Ilê Asè Ayedum, no bairro Lajeado, zona leste de São Paulo. Ele relata que assim que tomou conhecimento da denúncia, registrou um boletim de ocorrência por meio da delegacia online da polícia civil, e buscou mobilizar outras lideranças de religiões de matrizes africanas nas periferias da zona leste da cidade.

“No dia 04/08, na parte da noite, eu verifiquei nas minhas redes sociais que tinha uma marcação em uma foto, quando vi, era uma imagem com uma faixa escrito “Macumba não. Ambiente familiar, pedismo sua compreensão”, e diante disso começamos a fazer um processo de mobilização com algumas lideranças das comunidades de Axé e Terreiro”, diz Júlio, que foi até o local para produzir um vídeo nas redes sociais e denunciar o ato de intolerância religiosa. 

Além do boletim de ocorrência, o babalorixá conta que o mandato coletivo Quilombo Periférico que ocupa um gabinete na Câmara Municipal de São Paulo, protocolou um ofício junto a subprefeitura de Itaquera, solicitando a retirada da faixa.

Segundo o artigo 208 do Código Penal, é considerado crime de “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo”, punido com detenção de um mês a um ano, ou multa, a conduta de quem “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar (tratar com desprezo) publicamente ato ou objeto de culto religioso.

Ciente da importância da política institucional para construir políticas públicas e projetos de lei sensíveis as questões de intolerância às religiões de matriz africana que afetam principalmente a população negra, Júlio lembra da importância de valorizar e eleger lideranças políticas do movimento negro e das periferias nas eleições.  

“Precisamos escolher candidaturas que se aliem ao projeto do movimento negro, aos projetos dos movimentos periféricos, e que defendam objetivamente o estado democrático de direito e a laicidade do Estado e denuncie as práticas de racismo estrutural e institucional”

Júlio Cezar De Andrade, assistente social, mestre em serviço social pela Unifesp, e babalorixá na casa de axé Ilê Asè Ayedum, no Lajeado, zona leste de São Paulo.

De acordo com o babalorixá que está acompanhando de perto os debates políticos importantes dentro de casas legislativas, como a Câmara Municipal de São Paulo e a Assembleia Legislativa do estado, casos como esse estão diretamente ligados à concepção de racismo institucional e religioso.

“É o racismo institucional religioso, porque ele não só criminaliza a pessoa pelo direito de manifestar a fé nas religiões e dos povos tradicionais de matriz africana, mas também ele criminaliza toda vivência, não podemos esquecer que uma menina foi tirada a força pelo poder judiciário, institucionalizado no serviço de acolhimento institucional, devido ela estar participando de um ritual de candomblé, essas práticas são as manifestações cotidianas do racismo, que está presente nas relações sociais e que vem violando e violentando nossos corpos, mentes e corações dos povos de terreiros”, explica.

O mestre em serviço social faz uma alerta importante, apontando que na cidade existem poucos lugares em que as pessoas de religião matriz africana possam fazer seus cultos. “Hoje em São Paulo, existem poucos espaços para que as religiões de matriz africana possam fazer o seu culto, principalmente no Estado de São Paulo, precisamos criar a nível legislativo, tanto no estado, como no município, espaços onde as religiões possam garantir, vivenciar e materializar o seu contato com a natureza.”

Diante dos ataques que as religiões de matriz africana vêm sofrendo tanto pelo poder público, quanto pela sociedade, Júlio compartilha um exemplo de articulação política realizada pelos povos de terreiro na Bahia, que servem de exemplo para elaborar propostas concretas de políticas públicas para combater a intolerância e o racismo religioso.

“Diferente do que tá escrito naquela placa, as religiões de matrizes africanas são sustentáveis, porque elas preservam a natureza e os recursos naturais. Na Bahia, com muita resistência das comunidades e povos tradicionais de terreiro, hoje tem um espaço, onde fazem as festas e colocam os objetos sagrados na natureza. É fundamental que o estado de São Paulo aja nesse caminho, precisamos que o estado crie estratégias para que haja respeito aos nossos corpos, aos nossos tambores, ao nosso sagrado”, conclui. 

Liderança indígena reforça necessidade de “estudar a história do Brasil real”

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A não romantização da dor e luta dos povos indígenas junto a disseminação de sua história contada por seus próprios protagonistas, esses são alguns dos caminhos apontados pela líder indígena Jerá Guarani, em entrevista ao Desenrola, sobre o fortalecimento e contribuição na luta dos povos indígenas.

Questões que afetam a população indígena são colocadas em foco principalmente em datas como o dia 19 de abril, data controversa que originalmente propõe celebrar o dia do “índio”, instituído em 1943, e que teve seu nome revogado em 2022, para o Dia dos Povos Indígenas. Sozinhas, datas que lembram a importância dos povos originários não mudam estruturas, por isso precisam ser acompanhadas de leis, políticas públicas e ações práticas para garantir a existência de uma população múltipla e que é parte ancestral do território.

Para Jera Guarani, as datas que celebram os povos indígenas, reconhecendo a pluralidade dessa população, ampliam em partes a visão da sociedade: “traz um pensamento de que não existe só um tipo de indígena”, afirma, reforçando a necessidade de políticas efetivas.

Estima-se que esses números são maiores, pois diante do medo em se autodeclarar, entre outras questões, muitos indígenas podem não ter sido contemplados nos dados. Nesse sentido, surge a importância da autodeclaração para o próximo Censo do IBGE que está sendo realizado em 2022. Esses números podem servir como argumento para construção de políticas públicas pensadas para a população indígena, além de subsidiar discussões e movimentos no campo.

A líder indígena da aldeia Tenonde Porã, da etnia Guarani Mbyá, Jera Guarani contou, entre outras coisas, sobre a necessidade de estudar a história real do Brasil para entender a relevância histórica e ancestral dos povos originários. Confira:

Desenrola – Datas como o Dia Internacional dos Povos Indígenas ou o Dia dos Povos Indígenas representam algum avanço ou mudança (prática ou subjetiva) na vida dos povos originários?

Jera Guarani: Acho que ainda não. O 19 de abril, por exemplo, é uma data em que as escolas acham que tem que trabalhar a questão indígena, mas ainda assim de uma forma superficial e nada real, que só fortalece todos os anos dentro dessa linha de ação pedagógica, o preconceito que às vezes parece que nunca vai diminuir. No dia do “índio”, aí as pessoas falam de indígenas, de uma forma romantizada, que são bonitinhos, que cantam, que dançam, que vivem no mato, que pesca, que caça, e nunca trabalha a questão da diversidade, da luta pela terra, do descaso do governo, das políticas públicas em relação a esses povos que são originários e que tem direitos constitucionais antes mesmo da criação da constituição que temos aqui no Brasil. É como se os povos indígenas só fossem existir naquela data e depois nunca mais ninguém fala sobre isso.

Desenrola – Como a propagação de uma história única contada sobre a pluralidade dos povos reflete hoje na população?

Jera Guarani: Causa uma grande falta de conhecimento sobre os que ainda resistem e re-existem no seu belo, encantador e inspirador modo de ser, na sua maneira de falar, cantar e dançar, se movimentar e de se se elevar espiritualmente.

Desenrola – De que forma o processo educacional pode contribuir com a valorização da cultura e saberes dos povos originários?

Jera Guarani: De forma correta, não dá forma cheia de romantismo barato, preconceito pesado, arrogância de superioridade que são tratados os povos originários.

Desenrola – Existem pessoas que desassociam indígenas que vivem em contextos urbanos às populações indígenas. Como ressaltar essa ligação e ancestralidade?

Jera Guarani: Esse cenário para ser compreendido, se deve estudar a história real do Brasil. O fato é que esse Brasil teve um passado muito sombrio e em muitas regiões hoje ainda se repete a roubalheira dos territórios indígenas, os assassinatos, os conflitos que acabam terminando em mortes, inclusive de crianças, idosos, mulheres, etc. E ainda muitas pessoas que hoje vivem em cidades, ou em comunidades, como a do Pankararu no Real Parque, sofrem muito preconceito e alguns de indígenas que estão em suas terras, porque às vezes pensam que essas pessoas simplesmente escolheram morar em São Paulo em busca de trabalho e pronto.

Não se considera na verdade tudo o que aconteceu ali nas praias da Bahia, nessa parte do norte/nordeste que foi super pesado, a invasão e roubalheira de territórios, como para a grande maioria dos primeiros povos que teve contato com o não indigena invasor. Foram caçados e exterminados, proibidos de pronunciar sua língua materna, usados como mão de obra escrava, perderam completamente seus territórios, estupros aconteceram, que acelerou o processo de miscigenação. Então tem todas as questões e várias outras que fazem com que indígenas saiam da sua terra natal, do seu território de origem, às vezes simplesmente para continuar vivos.

Desenrola – De que maneira o contexto político reflete na garantia e/ou perda dos direitos e acessos dos povos originários?

Jera Guarani: Da maneira como colocamos um Presidente arrogante e preconceituoso como esse que temos que aguentar.

Desenrola – Como a população pode colaborar com a luta dos povos indígenas?

Jera Guarani: Estudar a história do Brasil real, em sua grande maioria contada pelos próprios. A internet já é uma boa ferramenta que possibilita estudar bem, mesmo sem ir para a aldeia. E dessa forma ficar atento para qualquer chamada de apoio, para defender a natureza.

Guilhotina educacional: estuda quem pode, come quem trabalha

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A implantação de uma escola de ensino integral precisa integrar sociedade civil, pesquisas sobre o público e políticas públicas que correlacionam, caso contrário será um desastre.

Um dos primeiros textos desta coluna buscou tratar sobre educação de qualidade, contudo naquela mesma época eu havia começado a escrever um texto acerca do NOVOTEC, texto esse que nunca publiquei. Ao reler meus arquivos antigos e tentar abrir o debate sobre a PEI (Programa de Ensino Integral) decidi que era necessário procurar tratar dos interesses políticos e da ausência do reconhecimento da realidade da maioria dos jovens brasileiros.

A ideia da escola de ensino integral é incrível, não posso aqui negar que é lindo pensar em adolescentes que podem estudar o dia todo, que possuem matérias novas e inovadoras numa grade escolar e muitas atividades extras.

Contudo a PEI aplicada em São Paulo não é nada disso, não inova já que agrega e alinha suas ideias a um modelo de educação para emprego da década de 90 (ensino técnico), não traz atividades extracurriculares pensadas no desenvolvimento do adolescente e nem refaz a estrutura escolar que é por vez extremamente desconfortável para estar durante longos períodos (e não tô falando de dar alguns notebooks e colocar rede wifi viu?).

Mas aqui não quero focar em tratar da mera estrutura física ou dos desdobramentos pedagógicos da PEI, e sim discorrer um pouco sobre como uma escola de ensino integral não cabe na realidade do adolescente brasileiro e implantar isso como política pública única e solitária gerará exclusão escolar (evasão ou abandono como o governo costuma intitular).

Durante meu estágio escolar realizado num período entre fim de fevereiro e maio vivenciei um pouco do desespero dos alunos sobre as mudanças propostas, como fiz estágio numa escola de ensino regular que estava começando a ter algumas coisas relacionadas a PEI, vi a entrada de muitos alunos novos vindos de outras escolas para tentar “fugir” do ensino integral e terminar o ensino médio.

É fato que boa parte dos nossos adolescentes precisam trabalhar e estudar e que parte destes estão em situações de trabalho precarizadas, segundo um estudo publicado na Campanha da Fundação Abrinq com alertas acerca do trabalho infantil.

Só em 2020, cerca de 556 crianças e adolescentes foram vítimas de acidentes de trabalho, que vão desde quedas até amputações. Destas, 46 vieram a falecer. O Trabalho Infantil a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral realizada pela Fundação Abrinq, com base nos dados do IBGE.

Claro que no mundo ideal ninguém quer imaginar uma adolescência atravessada pelo trabalho, mas se nosso país legislou um dito “jovem aprendiz” é porque muitas vezes esses adolescentes por diversos motivos entram no mercado de trabalho, a questão é qual mercado os aguarda? O Estado está os apoiando nessa entrada? Trabalhar significa perder o direito ao estudo?

Então já que vamos criar o mundo ideal, estes jovens vão ter que largar a escola? Pois não vivem o ideal? A PEI além de negar a dimensão de vida dos nossos jovens brasileiros, ainda é implantada após uma pandemia que deixou várias famílias devastadas em diversas dimensões de suas vidas.

Nisso, adolescentes que trabalham desde dos 14 anos (oficialmente) terão que escolher: trabalho ou estudo? E dentro disso vai pesar aquilo que dará mais fome.

A implantação de uma escola de ensino integral precisa integrar sociedade civil, pesquisas sobre o público e políticas públicas que correlacionam, caso contrário será um desastre.

Será que nossos jovens sempre sonharam com isso? Com educação física às 7h da manhã sendo que suas aulas ocorrem à tarde? A escola antes de ser um lugar de “moldar” trabalhadores (o que foi injetado na escola perante ao modelo social), é um dos lugares onde ocorrem as primeiras interações sociais, as trocas, os desdobramentos de descobertas, é um local rico e amplo, proveitoso em produzir grandes mentes caso as deixe brilhar.

E uma realidade onde os interesses desses indivíduos não são ouvidos é uma demonstração da desimportância do papel do jovem no Brasil dentro do recorte do debate, não existe um acolhimento.

A questão aqui não é o que poderia dar certo, mas sim o que já está dando errado.

O fato da PEI ser em ensino integral não é um mal, como disse inicialmente é incrível pensar sobre e inclusive no nordeste houveram algumas movimentações nesse sentido que foram mais bem pensadas e implantadas, contudo qual a realidade dos nossos jovens? Nossos jovens estão conseguindo ser o que são? É possível estudar sem estabilidade de vida? Uma política pública não pode ser feita sozinha, ainda mais quando se trata de educação.

Políticas públicas de educação devem ser para benefício populacional e não eleitoral, com o passar dos anos a frase de Darcy Ribeiro se torna mais real: “A crise na educação não é uma crise e sim um projeto”.

Pensar em educação é uma urgência comunitária e social, mais do que nunca não é sobre o que eu acredito e penso, é sobre os impactos que as políticas têm na vida das pessoas, é sobre o desenvolvimento de indivíduos com direitos.

A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem, roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem.

Loris Malaguzzi

Cursos gratuitos: direitos humanos e letramento econômico

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No formato online e presencial, as formações visam fortalecer a atuação de lideranças periféricas e membros de movimentos sociais.

Formação em Direitos Humanos 

Entre agosto e setembro, o CDHEP (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo), realiza encontros formativos para fortalecer a atuação de ativistas, lideranças, advogados populares, membros de coletivos, de movimentos sociais, de redes e organizações que se dediquem à promoção e defesa dos direitos humanos. Para participar é necessário preencher o formulário neste link.

O ciclo de oficinas acontecerão nos dias 13/08, 20/08 e 03/09, sábados, das 09h às 16h30. Haverá emissão de certificado para os participantes que comparecerem aos três encontros. Além disso, a organização disponibilizará, a quem indicar a necessidade, um apoio financeiro para deslocamento.

O objetivo principal do encontro é colaborar na capilarização da metodologia de proteção popular de defensores de direitos humanos no território no estado de São Paulo. O encontro “Sementes de Proteção de Defensores/as de Direitos Humanos – Proteção Popular, Organização e Atuação em Rede no estado de São Paulo” busca contribuir para o fortalecimento da atuação em rede e aprofundar o engajamento dos agentes que realizam a defesa de Direitos Humanos.

Local: CDHEP – R. Luís da Fonseca Galvão, 180 – Parque Maria Helena, São Paulo – SP, próximo ao metrô Capão Redondo.
Inscrições: por meio do preenchimento do formulário neste link.

Programação: 

13/08

Diálogo 1 – Análise de conjuntura dialogada: Desafios para os tempos atuais
Diálogo 2 – Gerando Proteção Popular: Movimentos Populares em Ação

20/08

Diálogo 3 – Gerando Proteção Popular: Movimentos das Mães em ação
Diálogo 4 – Gerando Proteção Popular: Lutas urbanas e do campesinato

03/09

Diálogo 5 – Gerando Proteção Popular: Ancestralidade e resistência
Diálogo 6 – Gerando proteção popular: Luta contra a invisibilidade

Programa de letramento econômico 

A NoFront – Empoderamento Financeiro está com inscrições abertas para o “Programa de Letramento Econômico para Lideranças Periféricas”. O objetivo é oferecer letramento em tópicos de economia para que lideranças periféricas possam replicar o conhecimento dentro das suas comunidades, com a finalidade de apoiar e incentivar a sustentabilidade financeira das coletividades nos seus territórios. A formação é gratuita, online e as inscrições podem ser realizadas até o dia 05/08, neste link.

Serão oferecidas 10 horas de formação teórico-conceituais em temas de macroeconomia e economia política com ênfase nas desigualdades raciais e de gênero, e 4 horas de mentoria com o time da NoFront para o acompanhamento da replicação do conhecimento em seus territórios. O início dos encontros será em agosto de 2022, e contará com três módulos: As bases da exploração: raça, classe e gênero; Economia, Capitalismo e a Gestão da Pobreza e Educação e Empoderamento Econômico.

A iniciativa conta com 30 vagas destinadas para pessoas negras e indígenas de periferias urbanas ou rurais. Para participar, não é necessário que o candidato tenha formação prévia no tema. As vagas serão distribuídas, preferencialmente, de forma equitativa entre as regiões brasileiras, sendo cinco vagas para cada região do Brasil.

Inscrições: 20/07 a 05/08
Formato: gratuito e online
Formulário de inscrição aqui
Edital aqui 

Programação: 

Módulo 1 – As bases da exploração: raça, classe e gênero

  • Formação do Sistema Mundial Capitalista
  • Raça e Racismo no Brasil
  • Gênero, Trabalho Reprodutivo e Capitalismo

Módulo 2 – Economia, Capitalismo e a Gestão da Pobreza

  • Noções críticas ao neoliberalismo
  • Noções Básicas Economia
  • Breve História da Economia Brasileira I – da redemocratização aos dias de hoje (1994-2022)
  • Gestão da Pobreza no Capitalismo

Módulo 3 – Educação e Empoderamento Econômico

  • Planejamento econômico e noções de educação financeira
  • Introdução aos investimentos

Websérie relata trajetórias de dançarinos do grupo de breaking Unity Warriors

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Em episódios semanais, a produção exalta a importância das narrativas construídas por jovens periféricos que por meio da dança encontram um caminho para sua identidade. 

Foto de Victor Godoi

O grupo Unity Warriors produziu a websérie “Unity Warriors – Estamos Vivos“, que traz as trajetórias de seus participantes. Com transmissão gratuita, a websérie de seis episódios vai ao ar sempre às terças e sextas-feiras, às 12h, no Canal do Youtube da Unity Warriors.

A cada episódio, diferentes narrativas são construídas a partir do olhar de um dos bailarinos do grupo, que dentro e fora da Unity Warriors, lidam com preconceitos e condições impostas a moradores das periferias para construir sua trajetória na dança contemporânea e na arte urbana. 

“Queremos mostrar que através do amor, dedicação e muito treino, podemos conquistar o mundo e seguir transmitindo o conhecimento conquistado no decorrer dos anos, inspirando as novas gerações através da arte do breaking”

Unity Warriors

Foto de Victor Godoi

A Crew, como é chamado o grupo de dança deste estilo, surgiu em 2015, a partir da união de jovens da periferia de Perus e São Miguel Paulista, com a proposta de celebrar a cultura hip-hop através do breaking. Desde então, o grupo participa de eventos importantes da cena e foi vencedor em vários deles, como Arena Caieira 2019, “The king Of The Night” (SP), “Boom Breaking” Festival de dança breaking de Barueri – SP, Fast Battle 2016 (MG), “The Killers Jova Battle” na Fábrica de Cultura Jaçanã; e segundo lugar no “Brasil super Battle”, em Brasília – DF.

Foi também o primeiro grupo brasileiro a chegar na final do Break The Floor, um dos maiores campeonatos de breaking do mundo, realizado em Cannes (França). Em Lyon (França), participou como convidado para uma batalha show no evento “Rotary Breaking Dance“. E em Paris (França), foi o primeiro grupo brasileiro a participar como convidado da competição “Fire Jam” chegando à semifinal. 

Serviço

 “Unity Warriors – Estamos Vivos” – Unity Warriors
Sinopse: Na série documental formada por seis episódios, os integrantes do coletivo Unity Warriors, narram suas histórias e trazem à tona fatos inéditos de suas trajetórias. Driblando preconceitos e as dificuldades de ser periférico, eles relatam como foi se estabelecer no universo da dança, mas acima de tudo, estar vivo.
Duração: 10 minutos, em média, por episódio.
Classificação Livre – Grátis
Quando: episódios liberados de 26 de julho a 12 de agosto de 2022
Horário: terças e sextas-feiras, às 12h
Onde assistir: Canal do youtube do Unity Warriors