O aumento dos alimentos tem pesado nas mesas das famílias periféricas, que precisam fazer malabarismos, se virando, para poder fechar o mês. O salário mínimo não acompanha a inflação, e quem vive de bico, trabalho autônomo/informal, sente ainda mais o impacto.
Segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), hoje o ideal de salário mínimo para uma família de até 4 pessoas, que vive na quebrada, se manter durante o mês com o básico seria de R$ 7 mil reais. Salário esse que está bem longe da realidade de muitas famílias.
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos.
Na feira e no mercado se tenta negociar até o último centavo, trocando misturas mais caras pelas mais baratas, e muitas vezes deixando de lado o que antes era o básico: fruta, leite, café. Comprando no pingado o que dá para levar.
Esse aumento no preço da comida escancara um Brasil desigual, enquanto no centro da cidade os carrinhos estão cheios e o delivery nunca para, na quebrada a mãe precisa escolher entre comprar mistura ou pagar a conta de luz.
Sempre sobra para a quebrada ter que se virar. Mas até quando? Até quando a comunidade vai ter que se equilibrar na corda bamba, improvisando na panela, enquanto bancos e grandes empresas batem recorde de lucro?
A dignidade não pode ser privilégio. Viver para além do básico é direito, não favor. O problema não é só a alta dos preços, é a desigualdade que insiste em deixar a periferia com as sobras de um país que não garante justiça social.