Na zona leste da capital, o resgate e preservação das memórias da região são feitos pelo Centro de Pesquisa e Documentação Histórica Guaianás, iniciativa que desde 2012 investiga as histórias de bairros do extremo leste, mais especificamente dos distritos de Lajeado, Guaianases, Cidade Tiradentes e São Mateus.
Atualmente, o projeto conta com acervo documental, história oral e programas de formação e difusão de memórias. Renata Eleutério, 37, moradora do Jardim Lourdes, distrito de Guaianazes, é cientista social, pesquisadora, idealizadora e co-fundadora do CPDoc Guaianás.
“A história do bairro de Guaianazes sempre foi narrada por italianos, espanhóis e portugueses”
Renata Eleutério, co-fundadora do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica Guaianás
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Visando mostrar os moradores como protagonistas de suas histórias, o CPDoc passou a mapear o território e pessoas para entender quais eram esses lugares de luta, de importância sem necessariamente serem lembrados por dores e violências.
“Onde está a história dos trabalhadores, dos nossos pais migrantes da Bahia, Paraná, Ceará, Minas. População que sempre marcou com sangue da força do seu trabalho na construção dessa cidade chamada São Paulo?”, questiona Renata.
Uma das primeiras iniciativas foi o registro oral dessas informações, indo até os detentores do conhecimento da região: os moradores mais velhos. Um trabalho de pesquisa foi feito com um núcleo de idosos e a partir disso surgiu o “Histórias do Meu Bairro”, um projeto focado na população comum que narra sua própria história.
“A gente criou o Histórias do Meu Bairro, que é um projeto onde a gente vai até um ponto específico nesses bairros, onde a população está passando e é focado na população comum, como ela vê o bairro, lugares que são importantes para ela, o que ela acha que tem que ser preservado na história do bairro”
Renata Eleutério, cientista social e pesquisadora
Mesmo sendo uma referência em pesquisa, documentação e investigação para a região da zona leste, atualmente o CPDoc não possui espaço físico de atuação e de exposição de todo o acervo que possuem, o que limita a possibilidade de disseminar ainda mais essas informações dos trabalhadores que fizeram a região ser o que é.
“Durante a pandemia precisamos sair do CEU Jambeiro, porque virou uma sede de abrigo, e as perspectivas de futuro são justamente essas: ter uma sede fixa para ser uma referência para a população de modo geral nos encontrar e fomentar, junto com ela um museu da história desses trabalhadores do extremo leste da cidade de São Paulo”, avalia uma dos criadoras do centro de pesquisa e memórias.
Com atividades em formatos diferentes, o CPDoc atua com projetos de participação ativa dos moradores da zona leste, propondo formação com especialistas de áreas científicas para o coletivo e para a população de forma gratuita, além de jornadas fotográficas pelo bairro e grupo de estudos.
“São com esses questionamentos que nasce o CPDOC Guaianás, a fim de marcar essa história dos Silvas, Oliveiras, Souzas, Batistas, Santos, entre tantos outros que o sobrenome nunca foi tão importante para ganhar um busto na praça e ou um nome de rua, a não ser quando eles mesmos puderam nomear as ruas”, finaliza Renata.