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Poesia nas escolas: 8° edição do Slam Interescolar de SP está com inscrições abertas

Edição:
Evelyn Vilhena

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Organizado pelo Slam da Guilhermina, o Slam Interescolar é uma competição de poesia falada entre alunos de escolas públicas e privadas que acontece desde 2014. As inscrições para a edição de 2022 estão abertas até o dia 13 de maio.

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Apresentação do Slam da Guilhermina. Foto: Renata Armelin

Desde 2012, o Slam da Guilhermina promove a arte e cultura através da poesia nas periferias de São Paulo. É o segundo slam criado no Brasil, e o primeiro slam de rua. As batalhas de poesia falada acontecem toda última sexta-feira do mês, em uma praça localizada na saída do metrô Guilhermina Esperança, na zona leste de São Paulo.

“A gente fez uma história a partir do momento que fomos para rua, e eu acredito que isso também mudou as poesias que eram feitas na Pompéia. Elas eram diferentes das que eram feitas na zona leste e nas periferias. Foram essas poesias que viralizaram na internet que fizeram com que o Slam se tornasse o que é hoje”, analisa Cristina Assunção, Slam Master do Slam da Guilhermina, professora de história e uma das fundadoras do projeto Interescolar.

Durante a Copa do Mundo de Slam de 2014, que rolou na França, Emerson Alcalde, poeta, um dos criadores do Slam da Guilhermina e vice campeão da disputa na França, decidiu que traria a modalidade interescolar do slam para o Brasil.

“Eu fui para França com o Emerson e com os amigos organizadores para participarmos da Copa do Mundo de Slam. No dia que eu cheguei, o Emerson me parou e disse que eu precisava ver aquilo. Eram crianças do fundamental I, de até 10 anos, recitando poemas, tinham cartazes, torcida, e aí a gente resolveu trazer isso para São Paulo”

explica Cristina Assunção.

Cristina Assunção e Emerson Alcalde exibem a bandeira do Slam da Guilhermina durante o campeonato de Slam na França em 2014. Foto: Iara Adelina Assunção da Matta

Após retornarem da competição na França, Emerson e Cristina começaram a organizar o Slam Interescolar, que acontece desde 2014, nas escolas públicas, privadas e de ensino técnico do estado de São Paulo, sendo que a primeira edição foi na escola em que Cristina lecionava.

Em sua primeira edição, a modalidade Interescolar contou com quatro escolas e oito alunos selecionados a partir do campeonato escolar, onde os dois melhores colocados representaram suas respectivas unidades. A final aconteceu no Teatro Flávio Império, no distrito de Cangaíba, zona leste da capital paulista.

“Fizemos uma batalha na escola onde eu dava aula, lá os alunos batalharam com poesias de outras pessoas só para testar, e depois teve uma feira do livro, que teve uma batalha já com poesias autorais. Em 2015, a gente resolveu fazer entre escolas”, conta Cristina sobre o desenvolvimento da modalidade.

Participação em massa 

Já no terceiro ano do Slam Interescolar, em 2016, a partir da divulgação do início das inscrições, o número de escolas inscritas subiu para 20 unidades. Em 2017, foram 33 escolas inscritas, e em 2018, o número de escolas chegou a 52. De lá para cá, os números só crescem. Durante a pandemia de covid-19, foram 131 inscrições, mas apenas 62 participaram em um formato online.

Desde o início do Slam Interescolar, houveram diversos desdobramentos. Cristina conta que muitos dos ex-alunos começaram novos projetos de slam de rua, levando a cultura da poesia falada para além das escolas.

Segundo ela, diversos professores da rede pública também se mobilizaram para incluir a competição de poesia na grade curricular, e em 2021, alunos do 9° ano de escolas municipais, receberam livros de língua portuguesa, como material paradidático, que abordam a temática da poesia, do slam, e como criar a sua própria poesia.

Para Nicole do Amaral Serra, 18, moradora da Vila Dalila, zona leste de São Paulo, o slam salvou sua vida e contribuiu para a realização de um sonho inconsciente. “O slam estava incluso na minha escola por causa de uma professora de geografia, uma das pioneiras nisso. Consegui chegar em muitos lugares por causa do Slam”, afirma Nicole.

“Sem o Slam eu não seria a mesma pessoa, ele me tirou a timidez e eu consegui me apresentar para pessoas que eu nunca vi. E por conta disso consegui publicar meu primeiro livro no ano passado [2021], e é uma realização incrível”

conta Nicole, uma das jovens que já participou do slam interescolar.

Nicole Amaral, aluna da rede pública de ensino e que teve o slam como ponto de partida para a criação de seu livro. Foto: Fernando Martins

Representando sua escola, Nicole participou do Slam Interescolar estadual em 2019, e em 2020 da competição interescolar nacional, também organizada pelo Slam da Guilhermina.

Construção conjunta e reconhecimento nacional 

O projeto também foi indicado e vencedor do prêmio Jabuti 2021 na categoria Fomento à Leitura. “O prêmio foi uma quebra de paradigmas muito grande, pois foi a primeira vez que a gente disputou e com tantos outros projetos do Brasil”, conta Uilian da Silva Santos, mais conhecido como Chapéu, metalúrgico, matemático das competições do Slam da Guilhermina e morador de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo.

“Sabemos que o projeto é grande, mas nem sempre ele tem essa visibilidade, né? A gente chorou muito de emoção”, comenta Chapéu sobre ganhar o prêmio Jabuti com o projeto de poesia falada.

Além de levar a cultura da poesia falada para as escolas, o Slam da Guilhermina criou um projeto chamado Poetas-Formadores, onde artistas, poetas e agentes que já estão na cena literária, se apresentam nas escolas e podem ensinar jovens que estão começando e incentivar aqueles que ainda não conhece.

“Convidamos poetas para acompanhar o trabalho e depois eles iam à escola em duas visitas: uma para dar uma oficina, explicando o que é o slam, o histórico, as regras, como funciona e tudo mais, e depois o artista volta para acompanhar esses slams, fazer as orientações necessárias e pode ser um dos jurados”

explica Chapéu.

Nesse formato, cada aluno é direcionado para um monitor, que pode ensinar as técnicas de criação da poesia em si, performance para apresentação, e até como expressar seus sentimentos de forma escrita.

Como participar

As escolas que quiserem participar do Slam Interescolar de 2022, devem fazer as inscrições online pelo formulário do google. O cadastro deve ser feito por um professor ou funcionário da escola, seguindo as orientações disponíveis no próprio formulário.

Além disso, as escolas selecionadas devem realizar um slam escolar entre os alunos, e selecionar o mais bem colocado para participar do Interescolar. Os poetas formadores do Slam da Guilhermina, auxiliam a escola nesse processo.

É necessário apresentar fotos do slam escolar realizado, posts, cartazes de divulgação e convidar o Slam da Guilhermina para participar das apresentações. 


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