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Educadores mobilizam moradores da periferia para discutir ensino público em São Paulo

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No final de 2016 foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 ou 55, conhecida como PEC do teto dos gastos públicos. Entenda o que isso causou na vida dos moradores da periferia.

2º Encontro Rede Educação e Culturas Periféricas (Foto: Reprodução/Facebook)

A proposta que congela durante 20 anos o investimento no orçamento do governo federal em serviços sociais básicos como educação e saúde passa a valer a partir do primeiro mês de 2018. Deste período em diante, o projeto aprovado na gestão do atual presidente Michel Temer prevê a correção fiscal do orçamento dado ao ano anterior. Neste contexto, uma grande parcela da população brasileira irá sofrer impactos diretos no seu desenvolvimento socioeconômico, atingindo principalmente os moradores da periferia, com serviços ligados a educação, cultura e acesso ao trabalho.

Em reposta a esta medida do governo brasileiro, um grupo de professores, educadores e moradores da região sul de São Paulo, que residem em bairros como Jardim Ângela, Capão Redondo, Campo Limpo e Jardim São Luis passaram a se encontrar periodicamente para pensarem alternativas para a educação pública na cidade de São Paulo, neste momento nasce a Rede de Educação e Culturas Periféricas, que visa estabelecer a criação de programas de educação popular e libertadora.

Moradora do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo e uma das incentivadoras para pensar novos rumos para educação na periferia, Marilu Cardoso, doutoranda em educação pela PUC-SP e ex-diretora da Diretoria Regional de Educação de Campo Limpo (DRE), afirma que os impactos do congelamento no orçamento já são vistos no dia a dia dentro das escolas de ensino público.

“Na prefeitura, por exemplo, houve uma unificação da demanda com a secretaria estadual, isso tem garantido ao Estado a reorganização escolar inicialmente barrada pelos movimentos estudantis, ao mesmo tempo ocorre à superlotação das salas de aula nas escolas municipais,” alerta a educadora sobre os processos pedagógicos, administrados pelo governo que já estão em andamento.

Dada a situação dos professores da rede pública, ela ressalta também o impacto causado diretamente no ambiente escolar. “Os cortes de materiais, lanches e as portarias que reduzem o número de professores atuantes em módulos nas Unidades Educacionais também se relacionam à redução de gastos”, enfatiza Cardoso, ressaltando o panorama do desmonte do ensino na cidade, após a decisão do governo federal no repasse de verbas para os municípios.

Para a professora, as pessoas que se propõe a discutir políticas públicas na periferia precisam se unir e somar forças para retomar o diálogo com o poder público. “Desde o início da atual gestão no município de São Paulo percebemos que a falta de diálogo seria constante, além disso, carecemos de uma representatividade sindical efetiva e autônoma. Diante disso, apostamos na organização local, a partir do território, para que pudéssemos continuar defendendo os avanços, sobretudo os curriculares”, afirma.

Educação e os direitos da Juventude

No início de 2015, a atuação do movimento dos secundaristas cresceu grandiosamente no estado de São Paulo. Esse evento político que tomou o país serviu para mostrar que os jovens estão preocupados com o seu futuro e das próximas gerações que dependem do ensino público brasileiro.

“Quando veio à aprovação da PEC 241, no começo foi um pontapé pra gente falar: como isso foi aprovado? Esse foi o maior incentivo da nossa mobilização no território”, conta Ariane Fachinetto, estudante de 16 anos, que integra o movimento de secundaristas desde 2014 na periferia de São Paulo.

Foi por aqui, que após o escândalo da “máfia da merenda”, as primeiras escolas estaduais e municipais começaram a ser ocupadas. Participar de decisões de impacto na escola foi a principal reivindicação dos estudantes, ao lado da interrupção da reorganização proposta pelo governo paulista.

Ela lembra que mobilizar as pessoas foi um importante passo para alertar a sociedade sobre o que estava de fato acontecendo. “Fizemos ações nas praças públicas, distribuímos panfletos e realizamos rodas de debate com a comunidade, tudo isso para nos juntar, para discutir entre nós mesmos formatos de resistência a tantos desmontes.”

Conjuntura

Enquanto se discute a falta de verba para a educação e o rumos do ensino público, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) aprova a inclusão do ensino religioso no plano pedagógico das escolas em âmbito nacional, visto que, desde o começo do ano as escolas das esferas municipais e estaduais sofrem com a grande demanda de crianças sem vagas em creches e escolas de ensino fundamental e médio, superlotação de alunos, cortes gradativos na merenda escolar e aulas optativas, como por exemplo, aulas de sertanejo.

A partir deste cenário é possível entender o por que do crescente número de mobilizações sociais organizadas na periferia, levando em consideração que o número de pessoas atingidas pelas propostas estabelecidas pelo governo se encontram nestes territórios. 

Paraisópolis tem primeiro banco grafitado na periferia de São Paulo

O trabalho desenvolvido pelo Coletivo Cinz’Art motivou a instituição a colorir a fachada do imóvel.

Foto: Foto Dilvugação

Criado por três grafiteiros, o projeto Cinz’Art atua há um ano com o objetivo de colorir ruas e vielas de Paraisópolis, comunidade localizada na Zona Sul de São Paulo. Entre os diversos trabalhos realizados pelo coletivo, um está chamando a atenção da comunidade, por estampar a fachada de um banco privado com rostos de pessoas que se assemelham com moradores.

A fachada da instituição tem um dos mais belos cenários da comunidade de Paraisópolis, um fator sociocultural que não se encontra em outras comunidades localizadas na periferia de São Paulo, mas que pode ser um ponto de partida para influenciar um movimento artístico dessa natureza em parceria com instituições financeiras e artistas da periferia.

Diego Soares, morador de Paraisópolis há 30 anos, é um dos integrantes do coletivo Cinz’Art. Ele começou a grafitar em 1992, daí em diante não parou mais. “O nosso intuito é transformar as vielas em galerias abertas, dando assim mais vida para estes espaços”, conta ele sobre a essência do trabalho do grupo, que além de fazer arte na comunidade, também realiza trabalhos artísticos em outros locais do país.

Ele releva seu objetivo como artista. “Eu quero ver Paraisópolis como metade que São Matheus é, tudo bem colorido”, enfatiza ele, afirmando que deseja luz através das cores, arte e cultura para a garotada que está descobrindo seus talentos. Para tornar esse desejo realidade, o grafiteiro também realiza oficinas nas escolas públicas do bairro, mostrando um novo olhar para juventude, um olhar que mistura cores, raízes culturais e diversidade, mostrando que é possível trabalhar com muito amor pelas quebradas de São Paulo.

O projeto de grafitar o banco surgiu a partir de uma proposta de revitalização do imóvel, que estava com a fachada depredada. Neste processo, a instituição entrou em contato com a Associação de Moradores de Paraisópolis, que acabou indicando o trabalho do coletivo Cinz’Art, para dar uma nova cara ao espaço. Logo no primeiro contato com os grafiteiros, eles sugeriram fazer uma arte com o tema “Diversidade”.

O projeto também reuni grafiteiros de outros lugares de São Paulo. A partir dessa união, eles se organizam para grafitar sem datas especificas, quando surgem eventos a união acontece, desta maneira todos trabalham juntos, colorindo diferentes regiões. Diego e mais um companheiro vivem somente do grafite, e ele diz que não tem sido fácil se manter somente com esse trabalho, pois muitas das vezes os próprios materiais saem de seus bolsos, pois nem sempre são remunerados.

Jornalistas discutem como dispositivos móveis se tornaram uma importante ferramenta de comunicação na periferia

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Durante a roda de conversa, os convidados apontaram como o aparelho tem contribuído para combater a invisibilidade social das periferias e violação de direitos promovida pelo poder público e pela grande mídia.

O debate aconteceu no Sesc Campo Limpo como parte das atividades do Festival Percurso. (Foto: Júlia Cruz)

A Agência Solano Trindade em parceira com o Sesc Campo Limpo convidou jornalistas e comunicadores das periferias de São Paulo e Recife, para promover reflexões sobre como os dispositivos móveis se tornaram uma importante ferramenta para construção de narrativas nas redes sociais. O encontro que aconteceu na sexta-feira (07) integra a série de encontros “Território Campo Limpo – Percursos”, realizado como parte das atividades do 4º Festival Percurso.

Durante o encontro, a mediadora e jornalista Mariana Belmont do coletivo Imargem e as debatedoras: Gisele Brito, que faz parte da Rede Jornalistas das Periferias; Thais Siqueira do coletivo de comunicação Desenrola e Não Me Enrola; e a pesquisadora e gestora da Casa Coletivo, Elaine Gomes, apresentaram vivências sobre a produção de conteúdo, a partir das ferramentas tecnológicas que já utilizam no dia dia e como elas contribuem para desconstrução de estereótipos criados em torno da periferia.

A população que antes não imaginava a revolução que a tecnologia dos dispositivos móveis traria, hoje se adaptou a ela e ainda produz conteúdo com estes aparelhos, mas ainda não possuem essa percepção, como conta a jornalista Gisele Brito. “Eu acho que a gente não precisa falar para as pessoas usarem os seus celulares e isso se transformar em uma notícia. A linguagem jornalística foi decodificada e as pessoas fazem isso com grande facilidade. Elas já passaram a tirar uma foto e falar ‘olha, aconteceu isso e isso aqui’, acontece um acidente na rua e as pessoas com muita facilidade vão lá registram os fatos, mostram os atores.”

A partir dessa facilidade de produção e difusão de conteúdo, também é preciso cautela naquilo que se quer propagar. “As pessoas conseguem usar a ferramenta, mas elas estão num padrão de desenvolvimento do centro. Tem muito ‘Datena’ na quebrada. Aquele que pega o celular e que mostra que o transito está ruim, que roubaram um celular, que morreu alguém e situações do tipo. Essas pessoas passaram a ter mais espaço graças à facilidade do celular e passaram a ser representativos, mas é preciso ter outro olhar para o território”, relata Gisele sobre criar uma narrativa diferente daquela que a grande mídia já produz a cerca da periferia.

Ainda hoje, a grande mídia insiste em difundir o estereótipo de vitimização das periferias. “Acho que é uma perspectiva comum na periferia do Brasil isso de sempre nos vermos estigmatizados pela grande mídia. A gente sempre se vê nesse local de vitimização ou então de protagonista das mazelas sociais. Nós da Casa Coletivo passamos a se incomodar com isso e começamos a pensar nessa perspectiva da comunicação e do audiovisual a partir daí, mostrando que não somos vítimas. Nós fomos vítimas, mas agora somos protagonistas da solução dos nossos próprios problemas”, ressalta Elaine Gomes sobre a visão criada e torno da periferia.

A jornalista Thais Siqueira acredita que a tecnologia dos dispositivos móveis trouxe mais facilidade para as mídias independentes, que hoje vem conquistando cada vez mais espaço e alcance de público. “É muito bacana essa questão do quanto que o aparelho transmite a informação nos dias atuais e o quanto passamos a ser independentes também. Não dependemos mais somente das mídias tradicionais por conta do celular.”

De acordo com uma pesquisa publicada em 2016 pelo IBGE, 92,1% dos domicílios brasileiros usam o celular para acessar a internet. E as regiões Norte e Nordeste que antes tinham pouco acesso a internet, deram um salto importante na corrida pela inclusão digital. Os indicadores mostram que (93,9%) dos domicílios do nordeste tem e (96,7%) da região Norte já tem acesso a internet pelo celular. E isso vem contribuindo para democratizar e descentralizar a visibilidade de fatos relevantes propiciada pelo uso das ferramentas tecnológicas, mostrando um ponto importante nessa evolução do jornalismo. Embora os números sejam animadores, apenas 58% da população brasileira usam a internet, segundo dados levantados em 2016 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

“Sou de Parelheiros, do bairro colônia que fica no extremo sul de São Paulo. Esse é um local que não pega sinal de celular e quando tem internet é porque o cara da lan house fez algum esquema à rádio, só que é muito caro. Então algumas casas têm e outras não. Eu lembro que quando era menor a gente tinha que subir o morro pra usar o celular lá em cima porque lá funcionava”, relembra a jornalista Mariana Belmont, falando sobre a dificuldade de acesso a internet em determinadas regiões.

Na contramão deste cenário temos iniciativas promovidas por coletivos e movimentos culturais que vem ganhando força a partir da produção com dispositivos tecnológicos, assim como relata Elaine. “A Casa Coletivo passou a produzir películas audiovisuais de forma amadora. A partir disso começamos a trabalhar com diversas tecnologias para produção de documentários e dossiês promovendo a perspectiva histórica da comunidade. Percebemos que assim estávamos montando um sistema, uma forma de se comunicar. Assim surgiu a Plataforma de Comunicação Amaro Branco em 2014, que nasceu do anseio de falarmos a partir de quem nos somos, tanto para dentro da comunidade quanto para fora, com o nosso próprio olhar.”

A evolução do jornalismo possibilitou que o celular e outras ferramentas se tornassem um potente dispositivo na criação de conteúdos que passaram a ser divulgados em tempo real. Ainda que os movimentos de comunicação tenham ganhado força e conquistado espaço na periferia, é necessário o reconhecimento do jornalismo independente quem vem inovando na criação de pautas e temas relevantes ao público, fugindo do padrão criado pela mídia atual, mudando a visão criada sobre a periferia, como coloca Gisele: “É necessário quebrar a colonização das nossas ideias e dos nossos valores”. 

Forró pé de serra do Trio Virgulino agita Casa de Cultura do Campo Limpo neste sábado

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Além de diversas intervenções artísticas, o encontro contará com apresentação de violão, exposições de artes e grafite produzidas por alunos das oficinas que são oferecidas no equipamento cultural.

Velha Guarda do Helga na Casa de Cultura Campo Limpo (Foto: Divulgação)

A Casa de Cultura do Campo Limpo realiza em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a festa de encerramento do final de ano que acontece neste sábado (09), a partir das 10h no equipamento cultural localizado ao lado da Praça do Campo Limpo, região sul de São Paulo. Para resgatar ritmos musicais nordestinos, a festa conta com a presença do Trio Virgulino, um dos percussores do forró pé de serra na música popular brasileira.

Além do forró pé de serra, a festa contará com diversas atividades, oficinas e intervenções artísticas para fortalecer artistas do território, entre elas estão: espetáculo que retrata o holocausto brasileiro com o Grupo PLES; performance da bailarina Mayara Yasmim; samba rock com o projeto Eu Soul Sambarock; trecho da peça “Bambaquerê” com Grupo Corpo Molde; apresentação de dança do ventre com a Cia Sabah; e apresentação da Escola de Samba Acadêmicos do Campo Limpo.

Garantindo o acesso da população a cultura e reflexão crítica, a Casa de Cultura Campo Limpo oferece diversas atividades artísticas que buscam desenvolver a criatividade e fomentar a participação da comunidade nas manifestações culturais. O espaço oferece atividades gratuitas como oficinas de artesanato, danças, capoeira, cinema, teatro, espetáculos, debates, palestras, saraus entre outras, que buscam inserir os moradores no fazer cultural do território.

Agenda

Trio Virgulino + festa de encerramento

Local: Casa de Cultural Campo Limpo

Endereço: Rua Aroldo de Azevedo, n° 100, São Paulo.

Data: 09/12/17

Horário: 10h as 19h

Entrada: Gratuita

Classificação: Livre

Coletivo Perifatividade realiza último encontro poético do ano

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O último sarau do ano terá a apresentação do trabalho desenvolvido ao longo do ano nas atividades artístico-culturais oferecidas no espaço cultural gerido pelo coletivo.

Sarau Perifatividade (Foto: João Claudio de Moura e Paulo Rams)

Reunindo todas as atividades desenvolvidas em 2017, o Coletivo Perifatividade realiza o ultimo Sarau do ano neste sábado (09), a partir das 18hs, no Espaço Perifatividade Círculo de Cultura, localizado no bairro Parque Bistrol, zona sul da capital paulista. O encontro poético receberá o rapper Vinão AloBrasil, lançando o seu novo cd “Vida” e a discotecagem fica por conta do DJ Ruivo Lopes.

Formado por poetas, educadores, produtores culturais e músicos, o Coletivo Perifatividade vem há sete anos desenvolvendo ações afirmativas nos bairros Parque Bristol, Jardim Clímax, Jardim São Savério, Heliópolis, entre outros. O grupo vem realizando diversas atividades no Espaço Perifatividade Círculo de Cultura, como curso de inglês, graffiti, dança do ventre, audiovisual, defesa pessoal, MC com ênfase no ensino do ECA para crianças e adolescentes e formação em Direitos Humanos, Cultura e Educação Popular.

Agenda

Último Sarau Perifatividade de 2017

Local: Espaço Perifatividade Círculo de Cultura

Endereço: Rua Doutor Benedito Tolosa, n° 729, Parque Bristol, CEP: 04193020 São Paulo.

Data: 09/12/17

Horário: 18h as 22h

Entrada: Gratuita

Classificação: Livre

Centro Cultural Grajaú exibe a web série Babado Periférico

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O encontro terá a exibição dos 3 episódios da web série que aborda questões ligadas a sexualidade e a população LGBT.

Estreia dos dois primeiros episódios do Babado Periférico, na zona sul de São Paulo. (Foto: Wellington Amorim)

Produzida por produtores audiovisuais LGBTs das periferias de São Paulo, a web série Babado Periférico será exibida neste sábado (09), a partir das 19h, no Centro Cultural Grajaú, localizado na região sul de São Paulo. O projeto faz parte da tentativa de diminuir a contradição entre a alta concentração de LGBTs nas periferias de São Paulo e o pouco que se fala sobre o assunto.

Com direção de Nayara Mendl e Rosa Caldeira, a web série Babado Periférico é fruto de uma iniciativa totalmente independente protagonizada por personagens LGBTs das periferias de São Paulo. Os episódios abordam temas como: saúde, educação, família, aceitação da comunidade, juventude, cultura e tantos outros que fazem parte da realidade de resistência diante do preconceito, exclusão e exploração.

Agenda

Cine Debate – Babado Periférico

Local: Centro Cultural Grajaú

Endereço: Rua Professor Oscar Barreto Filho, nº 252, CEP: 04822-300, SP.

Data: 09/12/17

Horário: 19h as 22h

Entrada: Gratuita

Classificação: Livre

Plataforma bilíngüe reúne obras de autores da periferia de São Paulo

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A proposta do projeto é fortalecer a produção literária dos territórios periféricos.

O poeta Binho é um dos autores que terão sua obra disponível na plataforma bilíngue. (Foto: Rogério Suenaga)

O poeta Binho é um dos autores que terão sua obra disponível na plataforma bilíngue.

O primeiro portal bilíngue focado na produção literária da periferia, “Letras e Becos – Literatura das Periferias de São Paulo” (Letters and Alleys – Literature from the outskirts of São Paulo) é uma antologia em inglês e português que reúne obras de nove escritoras e nove escritores.

O portal é uma iniciativa conjunta do selo independente Elo da Corrente Edições e da produtora Avangi Cultural em parceria com o professor Vivaldo Santos, que coordenou um grupo de estudantes, na realização das traduções, da Georgetown University (Estados Unidos).

A produção literária das periferias de São Paulo tem germinado bons frutos ao longo de uma década e meia de efervescência. “Nóis é ponte e atravessa qualquer rio”, verso do poeta Marco Pezão, tem se tornado lema e letra viva na experiência de cada poeta que se dispõe a produzir literatura nas bordas da cidade.

Ao invés do tradicional livro impresso, os 36 textos e traduções que compõe esta antologia serão disponibilizados via internet com acesso gratuito no endereço www.letrasebecos.com.

A seleção é resultado de uma pesquisa sobre a obra das 18 autoras e autores participantes, que colaboraram com dois textos cada entre poemas, contos e crônicas.

“A paridade de gênero foi um critério fundamental para esta seleção, pois há uma presença significativa das mulheres no cenário. A escolha dos textos se baseou na ginga entre forma e conteúdo de cada produção, com preferência para obras autorais publicadas ” – conta o escritor Michel Yakini, um dos organizadores do projeto e responsável pela pesquisa e seleção dos textos.

Fazem parte da antologia Akins Kintê, Alessandro Buzo, Allan da Rosa, Binho, Débora Garcia, Dinha, Elizandra Souza, Fuzzil, Lids Ramos, Marco Pezão, Michel Yakini, Priscila Obaci, Raquel Almeida, Sacolinha, Samanta Biotti, Sonia Bischain, Tula Pilar Ferreira e Walner Danziger.

“Nosso desejo é contribuir com a tradução e difusão da produção literária das periferias de São Paulo para o mundo. O portal foi criado para ser mais um canal de comunicação entre pesquisadores, escritoras e escritores, ampliando a circulação e o acesso a esta autoria, e acreditamos que ele tem potência para crescer” – comemora a produtora Amanda Prado, outra organizadora do projeto e responsável pela criação do portal.

No portal, além dos escritos dos participantes, há um perfil disponível de cada um deles e acesso ao blog do projeto, que reúne notícias relacionadas à literatura e território, também é possível acompanhar a iniciativa na página do Facebook: Letras e Becos.

Prefeitura de SP ameaça fechar a Ocupação Cultural Ermelino Matarazzo na zona leste

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Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (31) em sua página no Facebook, integrantes do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo descrevem com detalhes as represálias que eles vêm sofrendo com a atual gestão do prefeito João Dória, por meio da pasta da Cultura e da subprefeitura regional.

Foto: Movimento Cultural Ermelino Matarazzo

No comunicado, o Movimento Cultural Ermelino Matarazzo ressalta: “é com grande tristeza que informamos que a Ocupação Cultural Mateus Santos foi ameaçada de ser interditada no dia 31 de outubro às 14h pela gestão João Dória!”. A partir deste comunicado, os integrantes do Movimento enfatizam o quanto a medida autoritária do governo municipal pode afetar toda uma rede de coletivos e artistas independentes, e principalmente moradores que usufruem do único equipamento cultural do distrito de Ermelino Matarazzo.

Aprofundando a discussão sobre a perseguição que os artistas que fazem parte da rede de coletivos culturais da zona leste vêm sofrendo, eles recordam o motivo inicial desta situação. “Desde o lamentável episódio no qual o Secretário Municipal de Cultura, André Sturm, ameaçou “quebrar a cara” de um integrante do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo e ameaçou fechar a Ocupação, temos sofrido uma série de ataques. A prova disso é que o próprio secretário de cultura, em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, fez acusações mentirosas: afirmando que a Ocupação é formada por poucas pessoas e que nossos projetos nunca haviam passado por nenhum processo de prestação de contas.”

Numa atitude transparente e que reforça a legitimidade das ações do Movimento, eles listam 2 pontos importantes sobre as suas ações no território, para contrampor o que o atual secretário de cultura, André Sturm anda falando em alguns veículos de comunicação da imprensa paulistana.

1 – A gestão e a programação da ocupação conta com a presença de coletivos, artistas e moradores do bairro. No espaço circulam mensalmente mais de 1.000 pessoas, que desfrutam de atividades diversas (o que pode facilmente pode ser verificado em nossas redes;

2 – Nossos projetos sempre passaram por processos de prestação de contas, o último deles inclusive foi uma auditória incomum do Tribunal de Contas do Município que, cabe destacar, não apresentou nenhuma irregularidade.

Desde o episódio da agressão verbal ao agente cultural Gustavo Soares, várias situações do poder público municipal tentaram comprovar a existência ou a presença de irregularidades em seus projetos de arte-educação.

“Nesse sentido, fica evidente que estamos sofrendo uma clara perseguição política, que iniciou com as ameaças diretas do secretário, passou pela judicialização e agora passa para a ameaça de ser interditada pela Prefeitura Regional. A justificativa apontada é que o prédio está condenado, um argumento mentiroso que é utilizado para justificar a intenção política de interromper as ações culturais desenvolvidas pelos coletivos e artistas que compõe a Ocupação”, reforça o Movimento no comunicado.

Contexto Histórico do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo

O prédio onde está funcionando a ocupação ficou desocupado por aproximadamente dez anos. Foi a ocupação, representada por artistas e coletivos que promoveu o uso social do imóvel, ao mesmo tempo em que conquistou o primeiro espaço cultural para a região de Ermelino, que até então não tinha uma Casa de Cultura – uma luta de mais de três décadas no bairro. Inclusive, antes mesmo do laudo da prefeitura que aponta que o prédio está condenado, realizamos outra avaliação, que atesta a possibilidade de manter as atividades no local e as reformas que são necessárias para melhorar a estrutura.

Confira aqui o vídeo dos artistas do Slam da Resistência que apoiam a existência e resistência da Ocupação Cultural Mateus Santos, administrada pelo Movimento Cultura Ermelino Matarazzo.

Jardim Ângela ganha primeira loja especializada na cultura do grafiti

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A iniciativa criada pelo coletivo Fora de Freqüência está fortalecendo a atuação de grupos e artistas independes que atuam junto a cultural do grafite na região da M´Boi Mirim.

Foto: Divulgação

Após a criação do Rua6 Graffitishop, loja especializada em materiais para Graffiti, o coletivo Fora de Freqüência colocou em prática uma iniciativa que está fortalecendo a cultura Hip Hop na região da M´Boi Mirim. Antes de o projeto ser lançando no primeiro semestre de 2017, os artistas da região só encontravam produtos para grafitar na região central da cidade, mas agora, esse processo está sendo descentralizado com a criação da loja, que fica aberta de terça á domingo.

Além de oferecer tintas específicas, acessórios para skate e um vestuário repleto de marcas independentes da periferia, o Rua6 Graffitishop promove ações culturais mensais no interior da loja, atraindo moradores, artistas e grupos da região que dialogam ou não com a cultura do Hip Hop. A partir desta iniciativa, o coletivo desenvolve um negócio inovador vinculado as raízes culturais que o projetaram na cena cultural da zona sul de São Paulo, sempre preservando os 4 elementos da cultura urbana.

Na reportagem especial produzida pelo Desenrola E Não Me Enrola, registramos a inauguração do Rua 6 Graffitishop, onde a presença do Djs, MC´s,B.boys, B.girls e grafiteiros representam o objetivo central do projeto, focada em utilizar o empreendedorismo para fortalecer a cultural Hip Hop no Jardim Ângela e bairros vizinhos.

Confira a reportagem completa.

Sociedade Santos Mártires conscientiza crianças e adolescentes do Jardim Ângela sobre importância do ECA

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Com discussões sobre políticas públicas e garantia de direitos previstos em lei, o Fórum Regional dos Direitos da Criança e do Adolescente de M’ Boi Mirim celebra 27 anos de atividades do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no território.

Aniversário de 27 anos do ECA no CEU Guarapiranga. (Foto: Júlia Cruz)

Mobilizando uma rede de profissionais da área dos direitos humanos e educadores atuantes no distrito do Jardim Ângela e Jardim São Luís, no mês julho, o Fórum Regional dos Direitos da Criança e do Adolescente de M’ Boi Mirim junto à Sociedade Santos Mártires, promoveu no CEU Guarapiranga, localizado na zona sul de São Paulo, uma série de oficinas simultâneas com a participação de crianças e adolescentes que são atendidas pelo Centro de Cultura da Juventude (CCJ) e Centro da Criança e do Adolescente (CCA), em comemoração aos 27 anos de luta e resistência do ECA.

Criado a fim de assegurar e zelar pelo cumprimento do ECA em parceria com os conselhos tutelares da região, o Fórum Regional dos Direitos da Criança e do Adolescente de M’ boi Mirim surgiu em meados de 2006, desempenhando no território um papel importante para discutir formas de democratizar o acesso à Políticas Publicas que promovem Direitos Humanos e o bem- estar do menor no ambiente social.

“Esses Fóruns surgiram em um ano crítico de violência na periferia, ele aparece, depois ele some, e nessa composição nós estamos há 5 anos tocando firme e forte no Jardim Ângela”, afirma o articulador social da Sociedade Santos Mártires, Carlos Alberto Júnior que também é membro do Comitê Nacional de Combate ao Abuso de Crianças e Adolescente.

O membro do Comitê reforça que os fóruns surgem de demandas grandiosas para pautar temas relevantes à infância e a juventude na periferia e com a periferia, visando a criação de instituições como os Centros de Juventude (CJ) e Centros da Criança e do Adolescente (CCA), focados em promover a proteção da infância e da adolescência juntos ao ECA.

Durante o aniversário do ECA no CEU Guarapiranga, Doni Araújo, diretor do CCA Riviera enfatiza que o ECA é legitimado a partir do momento que ele se torna uma política pública. “Quando o Estatuto da Criança e do Adolescente possibilita a criação de um CCA, CJ, ou uma escola com maior qualidade, e até mesmo um bom atendimento em uma UBS ele sai do papel e garante os direitos da criança e do adolescente.”

Lideranças comunitárias: uma luta pela garantia de direitos e deveres

Construído a partir da militância e mobilização de lideranças comunitárias da região de M’ Boi Mirim, o CEU Guarapiranga é fruto de uma luta puxada por moradores que fazem parte de movimentos sociais pela democratização do acesso à educação, cultura, e lazer no território. Inaugurado em 2008, o equipamento público administrado pela Secretária de Educação da Cidade de São Paulo possui uma grande demanda de atendimentos à população, estimada em mais de 290 mil habitantes.

Segundo a Cordenadora Pedagógica, Silvia Tavares, os CEUS, em especial o CEU Guarapiranga, são frutos de anos de luta das lideranças comunitárias e movimentos socias da região que buscam por muito tempo a implementação de políticas públicas voltada para o público infantil e jovem do Jardim Ângela.

Atenta a relevância de ocupar espaços como CEU Guarapiranga na discussão da temática dos direitos da criança e do adolescente, a coordenadora pedagógica comenta a importância de incluir a juventude na construção desse debate. “As crianças, adolescentes e jovens daqui precisam mesmo sentir que o espaço é delas, a gestão tem que ouvi-las e também coloca-las como parte do Conselho Gestor para haver um consenso quantos as decisões tomadas.”

“Colocar as crianças e os adolescentes como cidadão de direitos, revertendo a lógica de apenas deveres é uma forma de construir uma narrativa diferente da habitual”, diz o educador social do CCA Ibirapuera, Júnior Melo, destacando a essência do ECA, que assegura uma infinidade de direitos e deveres de responsabilidade do Estado, da família, de crianças e adolescentes a fim de legitimar essas ações junto à organizações sem fins lucrativos, conselhos tutelares e equipamentos públicos de educação.

Sociedade Santos Mártires

Atuando há cerca de 30 anos na região do M’ Boi Mirim, a Sociedade Santos Mártires, organização social sem fins lucrativos tem um histórico de militância social construído em parceria com movimentos populares e coletivos da região, para defender a importância da participação popular na construção de fóruns e comitês engajados em difundir na prática os direitos humanos no Jardim Ângela, bairro localizado na zona sul de São Paulo.

Com o passar dos anos e através de lutas articuladas em espaços abertos ao diálogo no distrito do Jardim Ângela, a Organização que vai para além dos muros da igreja Católica oferece uma grande variedade de serviços para a população, militando no atendimento e na defesa de garantia de direitos, em especial das Crianças e Adolescentes.

Desde maio deste ano, a Sociedade Santos Mártires tem promovido atividades para conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância do ECA. Entre elas está o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizado com apoio do Serviço de Proteção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência (SPVV).

Ciente dos movimentos populares que interferem na vida dos moradores da periferia, agregando perspectivas positivas de desenvolvimentos social, o Desenrola E Não Me Enrola foi conhecer um pouco mais sobre as atividades desenvolvidas pela Sociedade Santos Mártires direcionadas ao público infanto-juvenil do distrito de M’ Boi Mirim.