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O futuro é agora: registro de memórias reais na perspectiva indígena #06

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Já pensou quais seriam nossas memórias coletivas se desde pequenos, ao longo dos séculos, a história oficial que aprendemos tivesse sido registrada e contada através de vozes indígenas, negras, lgbts? 

É sobre esse registro de memórias e construção de narrativas reais sobre os povos indígenas que conversamos com o ⁠Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe⁠, criador da ⁠Rádio Yandê⁠, e com a ⁠Daiara Tukano⁠, que é artista e pós graduada em direitos humanos.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google PodcastsSpotify e Youtube.

Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva, Pedro Oliveira e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Uma luta que não é de hoje #05

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Nesse episódio nossa conversa é sobre um assunto que tem sido discutido por muitas pessoas, mas que na prática é vivenciado e afeta diretamente a vida de quem está nas quebradas e em territórios vulneráveis: o racismo ambiental. Aqui o objetivo é contar direto por quem vivencia e elabora. Até porque esse é um termo que se tornou frequente, mas já é pauta e parte da atuação dos movimentos sociais muito antes.

Para desenrolar essa ideia conversamos com o Quintino Viana, liderança comunitária na Brasilândia, que traz um olhar sobre as mobilizações históricas no território em busca de diminuir os impactos da falta de políticas públicas. Também com a Gabriela Alves, cientista e urbanista social, que contextualiza sobre como, não por acaso, essa luta atravessa determinados corpos.

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Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Produção audiovisual – Pedro Oliveira
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres em cena – potência e protagonismo #04

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Nesse episódio juntamos duas coisas: a ressaca do carnaval e o mês que se comemora o dia internacional das mulheres. 

Contamos um pouco da trajetória da sambista Raquel Tobias e com a participação da Alessandra Tavares, que é antropóloga, pesquisadora e atuante no movimento de mulheres da zona sul de São Paulo, falamos sobre como as mulheres são linha de frente de várias conquistas. Mas a que custo, não é mesmo!?

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Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres em campo no futebol de várzea #03

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Nesse episódio, nossa conversa é sobre um futebol que diferente do masculino, raramente é mencionado. E esse papo vai rolar a partir de dois recortes: mulheres e várzea.

Seja na várzea ou nos times profissionais, o futebol femino ainda tem pouquíssima visibilidade se comparado ao masculino. E aí você já imagina outros recortes como mulheres indígenas, lgbts, enfim.

Mas é com a habilidade de quem, infelizmente, tem que lidar diariamente com as desigualdades e preconceito, que essas mulheres têm colocado o time em campo.

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Distribuição – Samara da Silva e Thaís Siqueira
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Autocuidado: a importância de olhar para si #02

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Nosso convite nesse episódio é para falarmos sobre práticas de autocuidado pensando na população periférica. Muitas vezes atolados nos b.o’s do dia a dia a gente não consegue parar e pensar que nosso corpo e mente precisam ser cuidados.

E isso também é ato um político, viu. Corpos negros, lgbts, perifericos tendo a possibilidade de olharem para si como sujeitos que merecem descanso e cuidado. Afinal, mesmo que a vida tente nos encaixar nisso, a gente não é máquina, né!?

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Distribuição – Samara da Silva e Thaís Siqueira
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Brasil corre: estética e identidade periférica #01

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Você provavelmente conhece marcas como Adidas, Nike, Polo, Puma, Lacoste entre tantas outras. Tem uma coisa em comum entre quase todas essas e outras marcas famosas: muitas têm como consumidores pessoas da quebrada, mas não necessariamente suas produções tem alguma ligação com esse público para além da compra de uma peça.

É aí que começa o nosso papo: trocamos uma ideia sobre as marcas de quebrada criadas e geridas por pessoas periféricas, negras, lgbts, que têm legitimidade para criar a partir da estética e identidade periférica.

Marcas como Corre Store, AfroPerifa, Andrat, Mile Lab, entre outras também da quebrada, carregam em suas peças a história e autenticidade produzidas e pensadas para reverter uma lógica de apropriação branca e elitista; e assim exaltar a identidade periférica através de um lugar de pertencimento.

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres marcam presença na cena do pipa nas quebradas

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De co-fundadoras de equipes a proprietárias de lojas de pipas, o lazer que para muitos é predominantemente voltado para homens, também possui muitas mulheres adeptas da atividade. Como é o caso da Yngrid Ferreira, 32, que é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS, e que quase todos os domingos reúne amigos na laje de casa para soltar pipa e garantir a resenha do resto da semana no grupo de pipeiros.

Moradora do bairro Jardim São Bento Novo, localizado no distrito do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, Yngrid solta pipa desde pequena por influência da família, mas depois que casou, demorou até contar para o marido sobre sua proximidade com o pipa.

“No começo ele desacreditou, eram anos juntos e eu nunca tinha comentado nada sobre isso, mas me viu fazendo, filmou e postou e no instagram”, conta Yngrid, que afirma ter demorado para contar ao marido por sentir receio de julgamentos que poderiam colocar em questão a figura de mãe e esposa.

Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS - Foto: Patricia Santos
Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS – Foto: Patricia Santos

Algum tempo após compartilhar sobre seu gosto por pipas, em 2020, junto com seu marido, Marcelo Oliveira, a pipeira fundou a Equipe Pipas no Capão ZS. Atualmente a equipe reúne mais de 80 pessoas, sendo que Yngrid é a única mulher.

Além da organização de equipes e eventos que reúnem diversos pipeiros, o lazer também se mistura com uma possibilidade de renda extra. Para além de empinar pipas, Yngrid também passou a produzir o material. Depois de algum tempo produzindo, deixou a confecção apenas para eventos que considera especiais, para presentear ou só para soltar em casa com os amigos.

Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS - Foto: Patricia Santos
Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS – Foto: Patricia Santos

“Eu devo pipas para um monte de gente, mas atualmente eu só faço quando tenho tempo, porque eu trabalho fora as vezes e a vida de mãe é dedicação em tempo integral”, conta Yngrid, que mesmo agora confeccionando as pipas em momentos específicos, não deixa de reunir os amigos na laje de casa para curtir um dia de sol com pipas no alto.

Vendas e eventos 

No município de Nova Europa, interior de São Paulo, Celia Katia Ferreira, 45, conhecida como Katinha, é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Além da loja de pipas, Katia participa de festivais organizados por equipes de todos os cantos de São Paulo.

“Minha família sempre foi envolvida com pipas. Eu quando criança ficava pegando algumas que caiam no telhado de casa quando minha mãe pedia e acabei gostando. Cheguei a soltar com ajuda do meu tio, mas foi depois de casada que eu realmente me envolvi com as pipas, abri a loja e comecei a produzir”.

Celia Katia Ferreira, conhecida como Katinha, é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos.

Katinha trabalha a noite como recepcionista em uma pizzaria na região onde mora e durante o dia se dedica à loja de pipas que administra com o marido desde 2014. Ela conta que se quer imaginou produzir as próprias mercadorias, mas que 3 meses após aprender, já produzia e recebia encomendas de equipes de diversos lugares.

“Eu via as pipas do Malvadão [criador de uma loja de pipas em Guarulhos] na internet e inventei de tentar fazer os desenhos e recortes. Meu marido empinava elas e o pessoal nos eventos começou a gostar. Agora eu recebo encomendas de pipas com os logos das equipes e é a minha principal fonte de renda”, diz Katinha.

Katinha é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Foto: Arquivo pessoal
Katinha é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Foto: Arquivo pessoal

No bairro da Cidade Ipava, localizado no distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, Dyovana Ferreira, 21, trabalha como motorista escolar e também tem o pipa como possibilidade de lazer e complemento de sua renda mensal. Ela conta que suas crises de ansiedade foram aliviadas depois de começar a fazer rabiolas.

“Sempre procurei algo para me aliviar, mas nunca encontrei. Até conhecer meu marido e tudo mudou, comecei a ajudar ele na produção e o amor foi crescendo e crescendo e hoje sou a louca das rabiolas. Quando me deparo não tive crise alguma e as horas já se passaram.”

Dyovana Ferreira
Dyovana Ferreira trabalha como motorista escolare produz rabiolas para complementar a renda.
Dyovana Ferreira trabalha como motorista escolare produz rabiolas para complementar a renda.

Diferente da Yngrid e Katinha, a Dyovana não solta pipas, mas produz rabiolas para venda aos fins de semana. “O processo às vezes é demorado, porque pode ser que precise cortar as fitinhas antes de colocar na linha”, conta.

Com as diversas possibilidades de criação, Dyovana brinca com as cores, mas tem o rosa como cor favorita e que define um pouco da identidade do seu trabalho. “Meu processo criativo é cheio de amor e muitas risadas, brinco muito com as cores também, mas sempre no rosa, desde as pipas até mesmo as linhas”, compartilha.

“Quando pega o jeito dá pra fazer cerca de 500 metros de rabiola em poucas horas. Eu quero aprender a fazer pipa também. É uma renda extra e tem público pra isso”, afirma Dyovana.

Dia das mães e mercado de trabalho: que diretos temos?

Eu fiquei pensando sobre mulher e mercado de trabalho e lembrei muito do Itan de Oxum, de que quando os orixás vêm à terra no processo de criação e desenvolvimento do nosso universo, dentro dessa cosmologia iorubana que temos aqui no Brasil, dizem que Oxum não foi convidada, ela ficou muito chateada e se retirou. Quando ela se retirou do processo, as águas secaram, as plantas pararam de crescer, os animais deixaram de ser férteis. 

Isso fez com que todo o processo terrestre começasse a desfalecer. Então, os orixás foram orientados por Orunmilá que chamassem Oxum, convidassem, dessa a ela o seu cargo, o seu posto na sociedade. Desde então, Oxum é Yalodê, ela é a grande pensadora, ela é a criação, ela é o processo todo envolvido na vida humana, na vida animal, na vida da flora, na vida da terra. Oxum é a água, ninguém vive sem água. E isso me fez pensar muito sobre nós mulheres dentro do mercado de trabalho, principalmente no que diz respeito à maternidade.

A maternidade é uma situação importante social, no que diz respeito ao desenvolvimento de nosso povo. Ele também é um processo emocional importante, porque ser mãe é uma coisa emocionante e muito importante no processo de ancestralidade.

Quando a gente faz um filho, a gente se coloca no processo de continuidade, de continuar existindo. E isso para nós é muito importante, que somos mulheres, homens, negros. Estar e existir, para nós é uma questão fundamental, mas é importante pensar nas condições que estamos dando para a maternidade, no que diz respeito às mulheres dentro do mercado de trabalho.

Lembrando que hoje grande parte das mulheres, elas são arrimos de suas famílias. Elas são quem sustentam as suas famílias economicamente. A maternidade hoje não está só conectada ao casamento, mas à vontade de ter filhos. E isso tem um impacto muito grande no mercado de trabalho. A gente sabe que quando uma mulher revela, numa entrevista em muitos campos profissionais, que ela quer ser mãe e isso é considerada uma desvantagem, uma desvantagem dela dentro da empregabilidade, porque impacta em disponibilidade e produtividade. E tudo isso está sendo avaliado pelo mercado de trabalho. Então, é importante que a gente reflita essa questão.

A gente tem hoje um boom de mulheres na universidade, mas a gente sabe que grande parte acaba não terminando a universidade porque a instituição não dá condições. Não tem creche, não tem horários flexíveis, não tem uma relação flexível com essa mulher que é mãe. E tudo isso vai impactar em sua continuidade dentro do processo de curso.

A gente sabe também, que está aí nos sites de desenvolvimento e de pensamento econômico social, que 247 mil mulheres que tiraram licença maternidade nos últimos anos, após dois anos foram demitidas de seus empregos. E não dá para a gente desconectar isso com a relação da maternidade, por todas elas terem em comum serem mães durante esse período.

Apesar da Lei 14.020, proteger as mulheres no mercado de trabalho durante a gestação do período em que ela afirma que está grávida até cinco meses após ter o bebê, ela está protegida e não pode ser demitida. Mas a gente sabe que as empresas acabam, após esse período, mandando as mulheres embora ou promovendo outros tipos de violências profissionais, como esvaziamento de cargo, retirada de suas funções. Mesmo isso sendo ilegal, ainda é um acontecimento muito forte.

Eu penso que a sociedade que ama a maternidade, crianças pequenas, adora ver os bebês nos comerciais e as crianças cantando no TikTok, deve lembrar que por trás dessa criança tem uma mãe. E essa mãe precisa ser protegida pela sociedade para que ela possa desenvolver a sua maternidade plenamente.

Para além da produtividade profissional, a gente tem questões psicológicas, sociais e de saúde que precisam ser pensadas. Quando a gente fala em Dia das Mães, quando a gente fala em mãe, né? A gente tem hoje uma diversidade de mães, assim como a gente tem uma diversidade de mulheres.

E a gente deve pensar em políticas públicas que consigam olhar para elas no todo, mas também especificamente para cada mãe. Porque ser uma mãe negra, ser uma mãe indígena, ser uma mãe trans, tudo isso muda o aspecto da maternidade. O que não muda é uma mulher pode ganhar 52 vezes menos que o homem estando no mercado de trabalho, exercendo a mesma função. E isso o que a gente deve pensar no que diz respeito às mulheres hoje. 

Coalizão reúne mídias periféricas, faveladas, quilombolas e indígenas

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Em um momento de grandes discussões sobre o futuro do jornalismo e o aumento de fake news nas mídias e plataformas digitais, as mídias que integram a Coalizão apontam sobre a necessidade de se debater um desafio anterior que é o combate ao racismo digital, que afeta prioritariamente a população negra e indígena. Juntes reunimos soluções tecnológicas ancestrais para produzir e distribuir informação de interesse público para a população quilombola, indígena, periférica e favelada, em contextos sociais em que a internet é precária ou inexistente. Mitigamos o impacto da desinformação, polarização política e discursos de ódio por meio dos conteúdos jornalísticos e da educação midiática, prática comum a todas as iniciativas que compõem a Coalizão.

“O nosso jornalismo tem como princípio a ética, porque falar do outro do nosso território é falar de nós mesmos. A notícia para nós não é mais importante que a segurança de uma pessoa entrevistada por nós. Além disso, nosso jornalismo precisa deixar de ser visto como jornalismo ativista ou militante, pois acreditamos que nós somos o jornalismo do futuro. É este jornalismo que precisa ser cada vez mais ensinado na academia, é esse jornalismo que precisa ganhar o país e o mundo. É um jornalismo feito de dentro, por quem sofre o racismo cotidiano e a ausência de direitos”

define Gizele Martins, da Frente de Mobilização da Maré e que há 20 anos faz comunicação comunitária no Rio de Janeiro.
Encontro da Coalizão realizado entre março e abril de 2023, na periferia de São Paulo. Foto: Flavia Lopes
Encontro da Coalizão realizado entre março e abril de 2023, na periferia de São Paulo. Foto: Flavia Lopes

Temos o objetivo de transversalizar nossas pautas e ações de forma multimídia, multiplataforma, online e offline, com abordagens que valorizem e registrem as memórias, narrativas e identidades desses territórios, mas que também apresentem as complexidades e particularidades atravessadas pelo machismo, racismo, LGBTQIAPN+fobia, capacitismo, etarismo.

Atuamos em coletividade há alguns anos e agora de forma oficial em três dimensões de trabalho: incidência política de articulação local e nacional, trocas de saberes de tecnologias ancestrais de comunicação e jornalismo e um consórcio de produções de conteúdos jornalísticos. 

Toda essa proposta de atuação deve ser viabilizada por meio da democratização de recursos financeiros e de infraestrutura destinados a veículos de imprensa comprometidos com o aprimoramento da democracia e a efetivação da garantia de direitos.

“Nos reunimos para participar das conversas que existem, mas também para propor as nossas. Queremos trocar sobre as questões editoriais, mas também a respeito de financiamento. Se os nossos pontos de partida são diferentes e a desigualdade estrutura os nossos acessos, a gente precisa falar sobre isso. E para que esses sujeitos historicamente à margem dos espaços de poder possam estar nesse debate precisamos garantir o acesso, mas também as condições de permanência e de influência dos espaços”

diz Tony Marlon, educador e comunicador popular do Campo Limpo, periferia da cidade de São Paulo.

Quem compõe a Coalizão

“Se o nosso jornalismo acabar amanhã, a gente morre, muita gente morre e de várias formas. Planos, sonhos e morte mesmo. A gente faz um jornalismo necessário, essencial como forma de proteção de território, proteção de vida”

alerta Raimundo Quilombo, idealizador da TV e Rádio Quilombo que atua a partir do Quilombo Rampa, Maranhão.

São aquelus que durante os últimos três anos atuaram combatendo fake news dentro dos locais empobrecidos do país com linguagem e práticas de comunicação e educação locais, mas com contextualização da estrutura sociocultural e econômica brasileira. São também aquelus fruto da atuação de mídias negras que há décadas atuam por meio de um jornalismo antirracista e que tem o povo como protagonista da sua própria história e memória, pautando as históricas ausências de direitos.

A Coalizão de Mídias Periféricas, Faveladas, Quilombolas e Indígenas é criada por Periferia em Movimento, Desenrola e Não Me Enrola e A Terceira Margem da Rua (SP), Frente de Mobilização da Maré e Fala Roça (RJ), Rede Tumulto (PE), Mojubá Mídias e Conexões (BA), TV Comunidades e TV Quilombo (MA), Coletivo Jovem Tapajônico (PA) e Coletivo de Comunicação da CONAQ (BR).

Elize Mayara Oliveira no encontro da Coalizão realizado entre março e abril de 2023, durante curso sobre racismo ambiental no SESC Interlagos, periferia da zona sul de São Paulo. Foto: Flavia Lopes
Elize Mayara Oliveira no encontro da Coalizão realizado entre março e abril de 2023, durante curso sobre racismo ambiental no SESC Interlagos, periferia da zona sul de São Paulo. Foto: Flavia Lopes

“Vemos que não estamos sozinhos, que a luta por comunicar nossas demandas está cada vez mais fortalecida, poder mostrar e falar das narrativas do nosso território, sem distorções, principalmente colocar o que nos afeta, enquanto território indígena, denunciar os abusos para com nosso povo, em um contexto indígena, quilombola, favelado e periférico”

reconhece Elize Mayara Oliveira, indígena comunicadora popular do Coletivo Jovem Tapajônico, no Pará.

As ações da Coalizão de Mídias Periféricas, Faveladas, Quilombolas e Indígenas serão anunciadas ao longo de 2023, assim como mais informações sobre suas diretrizes, cronograma de atuação e etapas de expansão de integrantes da Coalizão.

Yandê por Yandê! Nós por nós!

Samara Sosthenes destaca os direitos das mulheres trans e travestis

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Segundo o “Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais brasileiras”, realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo.

Mulheres trans e travestis têm a menor estimativa de vida, aponta o documento. Diante desse cenário, a jornalista Thais Siqueira conversa com a covereadora, Samara Sosthenes para aprofundar o entendimento sobre políticas públicas na luta por direitos das mulheres trans e travestis. O segundo episódio está disponível no canal do Youtube do Desenrola e Não Me Enrola. 

O Brasil também é o país que mais consome pornografia de pessoas trans e travestis, a mesma pessoa que mata, que ofende esse corpo, é a mesma pessoa que além de procurar na internet esse tipo de conteúdo, também procura nas ruas (…) então, pensar em políticas públicas, a gente precisa pensar primeiramente do por que desse ódio? Por que os nossos corpos durante anos foram tão demonizados? A gente tem algumas políticas efetivas como o projeto Transcidadania, hoje a gente tem a Rede Sampa Trans, a gente tem as portarias que garantem o nome social, a retificação de nome, mas garantia de vida e de direito o Brasil ainda não tem, o Brasil ainda não oferece.

Samara Shosthenes, covereadora.
A direita a covereadora, Samara Sosthenes, à esquerda a jornalista, Thais Siqueira durante o programa Desenrola Aí. Foto: Pedro Oliveira (maio/2023)
A direita a covereadora, Samara Sosthenes, à esquerda a jornalista, Thais Siqueira durante o programa Desenrola Aí. Foto: Pedro Oliveira (maio/2023)

Sobre o Desenrola Aí

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. Nessa primeira temporada vamos abordar sobre os direitos, à vida e a luta da população LGBTQIAPN+ nas periferias. O Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola e Fluxo Imagens.