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Um salve, manas!

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No mês de março comemoramos o dia internacional das mulheres, já já, em maio, o dia das mães. O que nos leva a diversas questões e pensamentos.

Eu como mãe de duas meninas, queria hoje trazer para vocês essa visão: quantas mães por aí não conseguem trabalhar por não ter com quem deixar seus filhos, ter alguém que cuide, zele, que elas confiem que poderão deixar.

Além disso, tem a questão financeira de conseguir recursos para poder pagar para alguém cuidar de nossos filhos.

Foto: Juh na Várzea

Ser mulher é tão difícil. Trabalhar fora, cuidar dos filhos, tentar estudar, curtir e fazer algo que ama, é todo dia uma luta bizarra para quebrar fronteiras que a todo instante tentam nos parar.

Manas, um salve aqui para todas que estão nesse corre incessante, vocês são mais que incríveis!

Nós vamos pra cima do problema, na luta real, aquela que ninguém vê, mas adora julgar.

Se eles soubessem os fardos diários que carregamos pensariam duas vezes antes de quererem falar algo.

Que possamos alcançar nossos objetivos sem tanto se culpar, é isso que desejo a nós.

Tamo juntas , Manas!

Territórios em disputa: proteção de vidas e saberes quilombolas #07

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Nesse episódio falamos sobre a importância das comunidades quilombolas para proteção de vidas, de histórias e enfrentamento a discursos que colaboram para que esses territórios sejam invisibilizados e desprotegidos.

São muitos interesses envolvidos na visão de quem enxerga a terra como mercadoria. Para essa conversa, desenrolamos um papo com o Raimundo Quilombo da TV Quilombo e a Vercilene Dias, coordenadora jurídica da Conaq.

O Cena Rápida tem episódios novos quinzenalmente, sempre às quartas, disponivel gratuitamente no Google PodcastsSpotify e Youtube.

Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva, Pedro Oliveira e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

O futuro é agora: registro de memórias reais na perspectiva indígena #06

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Já pensou quais seriam nossas memórias coletivas se desde pequenos, ao longo dos séculos, a história oficial que aprendemos tivesse sido registrada e contada através de vozes indígenas, negras, lgbts? 

É sobre esse registro de memórias e construção de narrativas reais sobre os povos indígenas que conversamos com o ⁠Anápuàka Muniz Tupinambá Hã hã hãe⁠, criador da ⁠Rádio Yandê⁠, e com a ⁠Daiara Tukano⁠, que é artista e pós graduada em direitos humanos.

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Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva, Pedro Oliveira e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Uma luta que não é de hoje #05

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Nesse episódio nossa conversa é sobre um assunto que tem sido discutido por muitas pessoas, mas que na prática é vivenciado e afeta diretamente a vida de quem está nas quebradas e em territórios vulneráveis: o racismo ambiental. Aqui o objetivo é contar direto por quem vivencia e elabora. Até porque esse é um termo que se tornou frequente, mas já é pauta e parte da atuação dos movimentos sociais muito antes.

Para desenrolar essa ideia conversamos com o Quintino Viana, liderança comunitária na Brasilândia, que traz um olhar sobre as mobilizações históricas no território em busca de diminuir os impactos da falta de políticas públicas. Também com a Gabriela Alves, cientista e urbanista social, que contextualiza sobre como, não por acaso, essa luta atravessa determinados corpos.

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Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Produção audiovisual – Pedro Oliveira
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres em cena – potência e protagonismo #04

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Nesse episódio juntamos duas coisas: a ressaca do carnaval e o mês que se comemora o dia internacional das mulheres. 

Contamos um pouco da trajetória da sambista Raquel Tobias e com a participação da Alessandra Tavares, que é antropóloga, pesquisadora e atuante no movimento de mulheres da zona sul de São Paulo, falamos sobre como as mulheres são linha de frente de várias conquistas. Mas a que custo, não é mesmo!?

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Ficha técnica:
Roteiro, apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Distribuição – Samara da Silva e Thais Siqueira
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres em campo no futebol de várzea #03

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Nesse episódio, nossa conversa é sobre um futebol que diferente do masculino, raramente é mencionado. E esse papo vai rolar a partir de dois recortes: mulheres e várzea.

Seja na várzea ou nos times profissionais, o futebol femino ainda tem pouquíssima visibilidade se comparado ao masculino. E aí você já imagina outros recortes como mulheres indígenas, lgbts, enfim.

Mas é com a habilidade de quem, infelizmente, tem que lidar diariamente com as desigualdades e preconceito, que essas mulheres têm colocado o time em campo.

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Distribuição – Samara da Silva e Thaís Siqueira
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Autocuidado: a importância de olhar para si #02

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Nosso convite nesse episódio é para falarmos sobre práticas de autocuidado pensando na população periférica. Muitas vezes atolados nos b.o’s do dia a dia a gente não consegue parar e pensar que nosso corpo e mente precisam ser cuidados.

E isso também é ato um político, viu. Corpos negros, lgbts, perifericos tendo a possibilidade de olharem para si como sujeitos que merecem descanso e cuidado. Afinal, mesmo que a vida tente nos encaixar nisso, a gente não é máquina, né!?

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Distribuição – Samara da Silva e Thaís Siqueira
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Brasil corre: estética e identidade periférica #01

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Você provavelmente conhece marcas como Adidas, Nike, Polo, Puma, Lacoste entre tantas outras. Tem uma coisa em comum entre quase todas essas e outras marcas famosas: muitas têm como consumidores pessoas da quebrada, mas não necessariamente suas produções tem alguma ligação com esse público para além da compra de uma peça.

É aí que começa o nosso papo: trocamos uma ideia sobre as marcas de quebrada criadas e geridas por pessoas periféricas, negras, lgbts, que têm legitimidade para criar a partir da estética e identidade periférica.

Marcas como Corre Store, AfroPerifa, Andrat, Mile Lab, entre outras também da quebrada, carregam em suas peças a história e autenticidade produzidas e pensadas para reverter uma lógica de apropriação branca e elitista; e assim exaltar a identidade periférica através de um lugar de pertencimento.

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Ficha técnica:
Roteiro – Evelyn Vilhena, Flávia Lopes, Ronaldo Matos e Thais Siqueira
Apresentação e entrevistas – Evelyn Vilhena
Identidade visual – Flávia Lopes
Vinheta e edição – Jonnas Rosa

Mulheres marcam presença na cena do pipa nas quebradas

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De co-fundadoras de equipes a proprietárias de lojas de pipas, o lazer que para muitos é predominantemente voltado para homens, também possui muitas mulheres adeptas da atividade. Como é o caso da Yngrid Ferreira, 32, que é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS, e que quase todos os domingos reúne amigos na laje de casa para soltar pipa e garantir a resenha do resto da semana no grupo de pipeiros.

Moradora do bairro Jardim São Bento Novo, localizado no distrito do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, Yngrid solta pipa desde pequena por influência da família, mas depois que casou, demorou até contar para o marido sobre sua proximidade com o pipa.

“No começo ele desacreditou, eram anos juntos e eu nunca tinha comentado nada sobre isso, mas me viu fazendo, filmou e postou e no instagram”, conta Yngrid, que afirma ter demorado para contar ao marido por sentir receio de julgamentos que poderiam colocar em questão a figura de mãe e esposa.

Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS - Foto: Patricia Santos
Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS – Foto: Patricia Santos

Algum tempo após compartilhar sobre seu gosto por pipas, em 2020, junto com seu marido, Marcelo Oliveira, a pipeira fundou a Equipe Pipas no Capão ZS. Atualmente a equipe reúne mais de 80 pessoas, sendo que Yngrid é a única mulher.

Além da organização de equipes e eventos que reúnem diversos pipeiros, o lazer também se mistura com uma possibilidade de renda extra. Para além de empinar pipas, Yngrid também passou a produzir o material. Depois de algum tempo produzindo, deixou a confecção apenas para eventos que considera especiais, para presentear ou só para soltar em casa com os amigos.

Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS - Foto: Patricia Santos
Yngrid Ferreira é co-fundadora da Equipe Pipas no Capão ZS – Foto: Patricia Santos

“Eu devo pipas para um monte de gente, mas atualmente eu só faço quando tenho tempo, porque eu trabalho fora as vezes e a vida de mãe é dedicação em tempo integral”, conta Yngrid, que mesmo agora confeccionando as pipas em momentos específicos, não deixa de reunir os amigos na laje de casa para curtir um dia de sol com pipas no alto.

Vendas e eventos 

No município de Nova Europa, interior de São Paulo, Celia Katia Ferreira, 45, conhecida como Katinha, é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Além da loja de pipas, Katia participa de festivais organizados por equipes de todos os cantos de São Paulo.

“Minha família sempre foi envolvida com pipas. Eu quando criança ficava pegando algumas que caiam no telhado de casa quando minha mãe pedia e acabei gostando. Cheguei a soltar com ajuda do meu tio, mas foi depois de casada que eu realmente me envolvi com as pipas, abri a loja e comecei a produzir”.

Celia Katia Ferreira, conhecida como Katinha, é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos.

Katinha trabalha a noite como recepcionista em uma pizzaria na região onde mora e durante o dia se dedica à loja de pipas que administra com o marido desde 2014. Ela conta que se quer imaginou produzir as próprias mercadorias, mas que 3 meses após aprender, já produzia e recebia encomendas de equipes de diversos lugares.

“Eu via as pipas do Malvadão [criador de uma loja de pipas em Guarulhos] na internet e inventei de tentar fazer os desenhos e recortes. Meu marido empinava elas e o pessoal nos eventos começou a gostar. Agora eu recebo encomendas de pipas com os logos das equipes e é a minha principal fonte de renda”, diz Katinha.

Katinha é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Foto: Arquivo pessoal
Katinha é dona de uma loja de pipas há mais de 10 anos. Foto: Arquivo pessoal

No bairro da Cidade Ipava, localizado no distrito do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, Dyovana Ferreira, 21, trabalha como motorista escolar e também tem o pipa como possibilidade de lazer e complemento de sua renda mensal. Ela conta que suas crises de ansiedade foram aliviadas depois de começar a fazer rabiolas.

“Sempre procurei algo para me aliviar, mas nunca encontrei. Até conhecer meu marido e tudo mudou, comecei a ajudar ele na produção e o amor foi crescendo e crescendo e hoje sou a louca das rabiolas. Quando me deparo não tive crise alguma e as horas já se passaram.”

Dyovana Ferreira
Dyovana Ferreira trabalha como motorista escolare produz rabiolas para complementar a renda.
Dyovana Ferreira trabalha como motorista escolare produz rabiolas para complementar a renda.

Diferente da Yngrid e Katinha, a Dyovana não solta pipas, mas produz rabiolas para venda aos fins de semana. “O processo às vezes é demorado, porque pode ser que precise cortar as fitinhas antes de colocar na linha”, conta.

Com as diversas possibilidades de criação, Dyovana brinca com as cores, mas tem o rosa como cor favorita e que define um pouco da identidade do seu trabalho. “Meu processo criativo é cheio de amor e muitas risadas, brinco muito com as cores também, mas sempre no rosa, desde as pipas até mesmo as linhas”, compartilha.

“Quando pega o jeito dá pra fazer cerca de 500 metros de rabiola em poucas horas. Eu quero aprender a fazer pipa também. É uma renda extra e tem público pra isso”, afirma Dyovana.

Dia das mães e mercado de trabalho: que diretos temos?

Eu fiquei pensando sobre mulher e mercado de trabalho e lembrei muito do Itan de Oxum, de que quando os orixás vêm à terra no processo de criação e desenvolvimento do nosso universo, dentro dessa cosmologia iorubana que temos aqui no Brasil, dizem que Oxum não foi convidada, ela ficou muito chateada e se retirou. Quando ela se retirou do processo, as águas secaram, as plantas pararam de crescer, os animais deixaram de ser férteis. 

Isso fez com que todo o processo terrestre começasse a desfalecer. Então, os orixás foram orientados por Orunmilá que chamassem Oxum, convidassem, dessa a ela o seu cargo, o seu posto na sociedade. Desde então, Oxum é Yalodê, ela é a grande pensadora, ela é a criação, ela é o processo todo envolvido na vida humana, na vida animal, na vida da flora, na vida da terra. Oxum é a água, ninguém vive sem água. E isso me fez pensar muito sobre nós mulheres dentro do mercado de trabalho, principalmente no que diz respeito à maternidade.

A maternidade é uma situação importante social, no que diz respeito ao desenvolvimento de nosso povo. Ele também é um processo emocional importante, porque ser mãe é uma coisa emocionante e muito importante no processo de ancestralidade.

Quando a gente faz um filho, a gente se coloca no processo de continuidade, de continuar existindo. E isso para nós é muito importante, que somos mulheres, homens, negros. Estar e existir, para nós é uma questão fundamental, mas é importante pensar nas condições que estamos dando para a maternidade, no que diz respeito às mulheres dentro do mercado de trabalho.

Lembrando que hoje grande parte das mulheres, elas são arrimos de suas famílias. Elas são quem sustentam as suas famílias economicamente. A maternidade hoje não está só conectada ao casamento, mas à vontade de ter filhos. E isso tem um impacto muito grande no mercado de trabalho. A gente sabe que quando uma mulher revela, numa entrevista em muitos campos profissionais, que ela quer ser mãe e isso é considerada uma desvantagem, uma desvantagem dela dentro da empregabilidade, porque impacta em disponibilidade e produtividade. E tudo isso está sendo avaliado pelo mercado de trabalho. Então, é importante que a gente reflita essa questão.

A gente tem hoje um boom de mulheres na universidade, mas a gente sabe que grande parte acaba não terminando a universidade porque a instituição não dá condições. Não tem creche, não tem horários flexíveis, não tem uma relação flexível com essa mulher que é mãe. E tudo isso vai impactar em sua continuidade dentro do processo de curso.

A gente sabe também, que está aí nos sites de desenvolvimento e de pensamento econômico social, que 247 mil mulheres que tiraram licença maternidade nos últimos anos, após dois anos foram demitidas de seus empregos. E não dá para a gente desconectar isso com a relação da maternidade, por todas elas terem em comum serem mães durante esse período.

Apesar da Lei 14.020, proteger as mulheres no mercado de trabalho durante a gestação do período em que ela afirma que está grávida até cinco meses após ter o bebê, ela está protegida e não pode ser demitida. Mas a gente sabe que as empresas acabam, após esse período, mandando as mulheres embora ou promovendo outros tipos de violências profissionais, como esvaziamento de cargo, retirada de suas funções. Mesmo isso sendo ilegal, ainda é um acontecimento muito forte.

Eu penso que a sociedade que ama a maternidade, crianças pequenas, adora ver os bebês nos comerciais e as crianças cantando no TikTok, deve lembrar que por trás dessa criança tem uma mãe. E essa mãe precisa ser protegida pela sociedade para que ela possa desenvolver a sua maternidade plenamente.

Para além da produtividade profissional, a gente tem questões psicológicas, sociais e de saúde que precisam ser pensadas. Quando a gente fala em Dia das Mães, quando a gente fala em mãe, né? A gente tem hoje uma diversidade de mães, assim como a gente tem uma diversidade de mulheres.

E a gente deve pensar em políticas públicas que consigam olhar para elas no todo, mas também especificamente para cada mãe. Porque ser uma mãe negra, ser uma mãe indígena, ser uma mãe trans, tudo isso muda o aspecto da maternidade. O que não muda é uma mulher pode ganhar 52 vezes menos que o homem estando no mercado de trabalho, exercendo a mesma função. E isso o que a gente deve pensar no que diz respeito às mulheres hoje.