“O artesanato é parte principal de nós indígenas”, diz Alaide Feitosa, cacique do povo Pankararé

Criadora da Associação Indigena Pankararé, Alaide Feitosa aponta a importância do artesanato na preservação da cultura dos povos indígenas.
Por:
Ana Vitória
Edição:
Evelyn Vilhena

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Alaide Feitosa, 73, moradora de Osasco, região metropolitana de São Paulo, é artesã e cacique do povo Pankararé, da cidade de Paulo Afonso, na Bahia. A artesã esteve presente no Encontro Anual Pankararu 2024, realizado em agosto, no bairro do Real Parque, no distrito do Morumbi, na zona sul de São Paulo, e ao longo do evento compartilhou ensinamentos a partir de suas produções.  

Criadora da Associação Indigena Pankararé, Alaide busca preservar e transmitir a cultura indígena no contexto urbano na periferia de São Paulo, através do artesanato e da educação, o que aponta ser essencial para a continuidade das tradições dos povos indígenas.

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Alaide Feitosa, cacique do povo Pankararé. Foto: Lauane da Silva

Como que a tradição indígena e os seus ensinamentos sobre o artesanato influenciam no seu território?

O artesanato é a parte principal de nós indígenas. É onde a gente fortalece mais a nossa cultura. Sempre [vou] passar para os jovens o que aprendi com os meus avós, com os meus pais, e passar para os mais novos é muito importante para nós.

Quais são os materiais usados para a produção dos artesanatos e onde buscam?

Para fazer os artesanatos é preciso buscar cabaça, coité – que é para fazer os marakas, fibra de caroá para fazer saias e bolsas. Buscamos na Bahia, [pois] a aldeia fica próximo à cachoeira de Paulo Afonso.

Como a educação e a conscientização do artesanato na escolas ajuda com a valorização da cultura dos povos indígenas?

Com as palestras que faço nas escolas vejo que tem algumas escolas que não tem interesse e agora tem algumas que mostram [esse interesse]. Quando faço palestra nas escolas sempre falo que é falta de respeito colocar cartolina para crianças desenharem e cortarem, e falar que está representando os indígenas, porque o que nos representa é a coroa, pena e semente, não o papel.

Qual a importância de passar esses ensinamentos para os seus filhos e netos?

Fico muito contente. A minha cultura é onde eu estiver e sinto que após a morte do meu pai eu tive a obrigação de manter o legado e passar para frente a nossa cultura. Já fui em várias conferências em Brasília e tenho orgulho do meu povo.

Esse conteúdo foi produzido por jovens em processo de formação da 8° edição do Você Repórter da Periferia (VCRP), programa em educação midiática antirracista realizado desde 2013, pelo portal de notícias Desenrola e Não Me Enrola.

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