Domenica Luciana, 41, moradora de Diadema, na Grande São Paulo, foi uma das empreendedoras que participou da 4° edição do Perifacon, que aconteceu em julho deste ano, na Fábrica de Cultura de Diadema. Domenica é confeiteira e suas produções de trufas e doces são inspirados em elementos que resgatam sabores da culinária africana.
Entre os doces que produz, tem o Malva Pudding, uma receita de origem sul-africana originalmente feita em uma travessa, mas que vende em forma de trufa. O cardápio do empreendimento de Domenica é repleto de histórias e nomes de origem Iorubá, como Adis Abeba, Melktert e o Quimbé.
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Para vendas em espaços relacionados à cultura geek, como o Perifacon, os doces também são nomeados em referência a personagens do mundo nerd, como Pantera Negra, Tempestade e Super choque, que fizeram parte da identidade visual ao longo do evento.
Como iniciou sua trajetória na culinária?
Eu comecei cozinhando para família, todo mundo gostou e as pessoas me perguntavam se eu não queria fazer para vender dentro da própria família, e depois para amigos. Eu fui meio que induzida a vender para outras pessoas.
Qual o motivo do nome da empresa e dos doces?
Chama-se “Dona DÔ’s Doces” porque é dona Dô, de Domenica. E quando a gente participa principalmente da Perifacon, para ter essa comunicação com o público a gente dá para as nossas trufas os nomes de personagens de filmes. Mas a grande sacada da nossa empresa são as trufas inspiradas em sabores africanos, porque a gente quer resgatar sabores e transformar em produtos contemporâneos para que as pessoas conheçam principalmente a confeitaria africana.
Qual foi o ponto de partida para incluir isso no seu empreendimento?
Era pouco participar da Feira Preta só com trufas tradicionais, entendemos que precisávamos encontrar alguma coisa que conversasse com a temática do público. Encontramos o primeiro doce “Doce de Cumbê”. Essa era uma temática que a gente deveria seguir porque ouve-se pouco falar sobre a confeitaria africana.
Qual sua relação com o nome da empresa e sua história?
Todos os brasileiros somos um pouco africanos. Eu busco minha ancestralidade, porque a nossa história foi apagada e é por isso que eu estou tentando resgatar.
Qual é o desafio de ser uma mulher preta, periférica mostrando sua ancestralidade?
As pessoas têm muito preconceito, o Cumbê foi o primeiro doce que a gente desenvolveu. Ele veio com a escravidão, só que ele foi apagado da história, porque ele era um dos consagrados a um orixá, por isso a gente fez esse resgate. As pessoas não conhecem a confeitaria africana, pouco se fala sobre doces de África.