“Nossa história foi apagada, estou tentando resgatá-la”, diz Domenica Luciana, confeiteira e empreendedora

Em evento que conecta cultura geek e periferias, a confeitaria evidencia suas raízes através da venda de trufas artesanais que misturam sabor e história.
Por:
Vinicius Ramos e Sthefani Neves
Edição:
Evelyn Vilhena

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Domenica Luciana, 41, moradora de Diadema, na Grande São Paulo, foi uma das empreendedoras que participou da 4° edição do Perifacon, que aconteceu em julho deste ano, na Fábrica de Cultura de Diadema. Domenica é confeiteira e suas produções de trufas e doces são inspirados em elementos que resgatam sabores da culinária africana. 

Entre os doces que produz, tem o Malva Pudding, uma receita de origem sul-africana originalmente feita em uma travessa, mas que vende em forma de trufa. O cardápio do empreendimento de Domenica é repleto de histórias e nomes de origem Iorubá, como Adis Abeba, Melktert e o Quimbé.

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Para vendas em espaços relacionados à cultura geek, como o Perifacon, os doces também são nomeados em referência a personagens do mundo nerd, como Pantera Negra, Tempestade e Super choque, que fizeram parte da identidade visual ao longo do evento.

Como iniciou sua trajetória na culinária?

Eu comecei cozinhando para família, todo mundo gostou e as pessoas me perguntavam se eu não queria fazer para vender dentro da própria família, e depois para amigos. Eu fui meio que induzida a vender para outras pessoas.

Qual o motivo do nome da empresa e dos doces?

Chama-se “Dona DÔ’s Doces” porque é dona Dô, de Domenica. E quando a gente participa principalmente da Perifacon, para ter essa comunicação com o público a gente dá para as nossas trufas os nomes de personagens de filmes. Mas a grande sacada da nossa empresa são as trufas inspiradas em sabores africanos, porque a gente quer resgatar sabores e transformar em produtos contemporâneos para que as pessoas conheçam principalmente a confeitaria africana.

Qual foi o ponto de partida para incluir isso no seu empreendimento?

Era pouco participar da Feira Preta só com trufas tradicionais, entendemos que precisávamos encontrar alguma coisa que conversasse com a temática do público. Encontramos o primeiro doce “Doce de Cumbê”. Essa era uma temática que a gente deveria seguir porque ouve-se pouco falar sobre a confeitaria africana.

Qual sua relação com o nome da empresa e sua história?

Todos os brasileiros somos um pouco africanos. Eu busco minha ancestralidade, porque a nossa história foi apagada e é por isso que eu estou tentando resgatar.

Qual é o desafio de ser uma mulher preta, periférica mostrando sua ancestralidade?

As pessoas têm muito preconceito, o Cumbê foi o primeiro doce que a gente desenvolveu. Ele veio com a escravidão, só que ele foi apagado da história, porque ele era um dos consagrados a um orixá, por isso a gente fez esse resgate. As pessoas não conhecem a confeitaria africana, pouco se fala sobre doces de África.

Esse conteúdo foi produzido por jovens em processo de formação da 8° edição do Você Repórter da Periferia (VCRP), programa em educação midiática antirracista realizado desde 2013, pelo portal de notícias Desenrola e Não Me Enrola.

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