ENTREVISTA

Mulheres criam fundo comunitário para lançar livro com 22 autores no Campo Limpo

Iniciativa inova ao criar um fundo comunitário para realizar ações culturais nas periferias e publicar livros de autores iniciantes.
Por:
Vitor Brito
Edição:
Ronaldo Matos

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A professora Sandra Regina de Souza, moradora do Jardim Panorama, bairro localizado em Taboão da Serra, conta como um fundo comunitário contribuiu para o projeto Mulher Rendá viabilizar o lançamento do primeiro livro, que incentiva  mulheres comuns do cotidiano periférico a escreverem as suas histórias de vida através de poesias, textos e ilustrações.

A publicação foi exibida pela primeira vez na Feira Literária da Zona Sul, evento anual que fortalece autores e editoras independentes das periferias, por meio de atividades de incentivo a leitura na Praça do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.

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Com um corredor cultural repleto de livros, expositores realizavam vendas e vivências com o público. Entre os expositores está a professora Sandra, integrante do Projeto Mulher Rendá, que relata ao Você Repórter da Periferia com muito orgulho a trajetória de construção livro “Mulher Renda”, produzido a partir da colaboração de 22 coautores iniciantes na produção de narrativas por meio de poemas, textos e ilustrações.

O fundo comunitário irá viabilizar um novo livro produzido por jovens moradores das periferias. Foto: Nicolas Santos, jovem da 8ª edição do Você Repórter da Periferia (Setembro de 2024).

VCRP: Quando surgiu a ideia de criar um livro?

A gente teve a ideia de criar um livro quando a gente participou da Bienal do Livro e uma das organizadoras, a Joveci Fernandes quis criar um grupo só de mulheres e nós montamos um grupo de 22 mulheres, que hoje são autoras de diversas idades, religiões e gêneros.

VCRP: Como funciona o fundo comunitário para sustentar as atividades do projeto Mulher Rendá?

Eu escrevo desde os 15 anos e desde então a gente tem pedido muita ajuda política para lançar um livro e a gente nunca conseguiu, sendo funcionária pública a gente não pode ter CNPJ, com isso, a gente construiu um grupo sustentável. A gente tem uma poupança mensal de R$ 150 onde o grupo conta com mais de 20 pessoas e contribui todo mês. Essa poupança sustenta todo o trabalho do grupo, a ilustradora, as corretoras e todos os eventos que realizamos.

VCRP: Após a publicação do primeiro livro, quais são os próximos passos?

Queremos trazer mais pessoas para essa formação, porque o livro tem uma formação literária e uma formação filosófica, onde as pessoas precisam se descobrir e são pessoas que nunca escreveram e quando eu convido para participar do grupo ela se surpreende, porque vence o medo e depois consegue escrever.

VCRP: Quais foram as dificuldades durante a publicação do livro?

A dificuldade é aprender né? Éramos leigos, então nós tivemos muitos erros, como tamanho de página, número de página, onde cabia, “o que era miolo?”, então a gente foi aprendendo com essas situações, então várias vezes os miolos do livro voltava, a gente corrigia, não cabia na página, a gente tinha que organizar o texto. Então nós tivemos alguns atropelos  nesse sentido.

VCRP: Qual o propósito que vocês querem trazer para a periferia com a atuação do grupo?

O propósito é abrir uma cooperativa trazendo estudantes, jovens e crianças para praticar a escrita e tirar da vulnerabilidade, tirar da rua e fazer com que essas crianças e esses adolescentes reflitam sobre a vida. E se a gente conseguir fazer esse CNPJ, vamos para cima dos governos e das questões políticas para conseguir conquistar esse espaço.

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