“Empreender sozinha é difícil”: projeto seleciona mulheres para receber formação cultural gratuita

Edição:
Ronaldo Matos

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Com inscrições abertas até esta sexta-feira (25), o Conexões PeriFeira de Mulheres irá contemplar 30 mulheres periféricas para um ciclo formativo online.  Além de receber apoio para acessar internet, as participantes poderão expor seus trabalhos em uma feira cultural no final do projeto.

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Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira (25), encerra o período de inscrições para participar do Projeto Conexões PeriFeira de Mulheres,  iniciativa da Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã, que vai selecionar 30 artistas ou empreendedoras, moradoras de regiões periféricas da cidade de São Paulo.

Com apoio do Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), o projeto dará prioridade para selecionar mulheres que são mães, indígenas, negras, imigrantes e LGBTQIA+ para um ciclo formativo virtual gratuito com duração de três meses. As selecionadas receberão um chip de celular com um pacote de dados contento sete gigas mensais e terão acesso ilimitado ao Whatsapp para uso e acesso às atividades oferecidas.

O projeto prevê a realização de um ciclo de formação composto por quatro encontros temáticos e quatro reuniões de organização coletiva da feira que será realizada no final do projeto. Além disso, serão oferecidas 12 oficinas culturais, em formato de lives, abertas ao público em geral.

“A partir da minha experiência como artesã, sendo uma mulher periférica da zona sul, trago muitas impressões sobre os desafios de expor o meu trabalho. Hoje eu vejo que a maior dificuldade para mim no começo era sentir que eu não tinha uma rede de apoio”, comenta Thamata Barbosa, uma das organizadoras do Conexões PeriFeira de Mulheres.

Foto: Divulgação

Segundo ela, o Conexões pode trazer uma contribuição à vida dessas mulheres como uma referência de auto-organização coletiva, de uma rede que se apoia e se fortalece.

“Se eu não fosse a proponente, facilmente eu me inscreveria. Empreender sozinha é muito difícil, ainda mais para mulheres periféricas que estão inseridas em vários contextos de desigualdades. Por isso, acredito na importância dessas conexões e fico muito feliz com o lançamento desse projeto de construção de mais uma experiência conjunta e solidária de comercialização”, diz a artesã.

Ao final da formação, será realizada uma feira cultural no Butantã. A PeriFeira de Mulheres será presencial, totalmente gratuita e sem taxas para as expositoras, que também irão receber ajuda de custo para transporte e alimentação no dia do evento. Para participar, as produtoras deverão comprovar 75% de frequência nos encontros virtuais.

Foto: Divulgação

O projeto pretende gerar oportunidades para que mais mulheres se organizem em rede, e através dos princípios de autogestão e economia solidária participem ativamente da construção dos processos de comercialização e produção de uma feira cultural, estimulando a troca de saberes e experiências e fortalecendo a constituição de redes solidárias.

Além disso, o processo busca promover integração entre artistas e empreendedoras periféricas transgredindo a lógica de competição capitalista e patriarcal e convidando todas a buscarem alternativas conjuntas. Nesse sentido, as formações têm como base a educação popular, o diálogo e a troca de experiências para horizontalizar as relações.

As atividades virtuais do Ciclo Conexões serão sempre às quintas-feiras, das 19h às 21h30, e começam no dia 23 de junho. Será emitido certificado de participação a quem tiver no mínimo 75% de presença nos encontros. A Feira construída pelas participantes está prevista para acontecer em 21 de agosto de 2022.

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  Protagonismo feminino

Desde de 2017,  a Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã atua como um coletivo engajado em promover a visibilidade e o protagonismo de mulheres em um evento mensal de comercialização solidária e promoção cultural. 

A rede é composta por pequenas empreendedoras, agricultoras familiares, cozinheiras e produtoras de alimentos agroecológicos, além de artistas, artesãs, costureiras e arte-educadoras e, atualmente, o coletivo conta com cerca de 50 empreendimentos cadastrados, todos iniciativas de mulheres oriundas de diferentes contextos culturais e regiões do município de São Paulo e de seu entorno.

“A Feira é um espaço de formação e de ocupação política e cultural do bairro desde o início. Aprendemos na prática o que é uma feira de mulheres: um espaço em que crianças também se sintam acolhidas, que gere renda, dê protagonismo às mulheres como produtoras, que traga os movimentos sociais e paute a agroecologia. A gente não se considerava feminista no começo, mas fomos nos formando assim”, diz Ana Luzia Laporte, coordenadora pedagógica do Conexões PeriFeira e foi uma das fundadoras da Feira.

Mais que uma oportunidade de comercialização de produtos e geração de renda, o coletivo é também um espaço permanente de acolhimento, empoderamento, formação e deliberação coletiva, em que cada uma das mulheres participa ativamente das etapas de planejamento, produção e execução do evento, valorizando assim a diversidade que caracteriza o coletivo, e praticando os princípios que o fundam: economia solidária feminista, autogestão e agroecologia.

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