Todo primeiro domingo do mês acontece o Samba de Calçada, localizado no bairro Vila Império, na zona sul de São Paulo. Nesse samba de quebrada temos o Seu José Geraldo Pereira, 55 anos, que se destaca no evento com a sua barraca customizada de yakisoba, uma mistura improvável, mas que deu muito certo.
Diferente das proteínas que são disponibilizadas para consumo e venda nos eventos de samba como churrasco, batata frita, calabresa, feijoada, salgados fritos e assados, o yakisoba vem com uma outra proposta rendendo boas vendas e novas oportunidades para José que nos contou um pouquinho sobre sua trajetória na cozinha.
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O ponto de venda do empreendedor se destaca pela sua barraca diferenciada, construída a base de artesanatos feitos de reciclagem. Mas a verdadeira surpresa é o alimento que ele comercializa no território em que está localizado.
Em entrevista para o Você Repórter da Periferia, ela conta que o seu objetivo é simples: mostrar para as pessoas de seu entorno que é possível se alimentar bem e de forma saudável. É essa discussão que Seu José propõe com seus pratos diversificados e majoritariamente oriundos de peixes e outros frutos do mar.
VCRP: Qual é a reação das pessoas ao chegarem no Samba da Calçada e verem uma barraca de yakisoba?
Foi a opção que me deram de fazer yakisoba e perguntaram pra mim, se eu executava eu falei “Opa, com o maior prazer”, e hoje é um sucesso no Samba da Calçada, as pessoas gostam. Uma vai falando para o outro de boca a boca e até a minha marmita que eu separo no fim da balada, eu vendo, porque sempre tem um que quer e bate o pé e acaba vendendo.
VCRP: Como foi a construção da estética diferenciada da sua barraca?
Eu comecei com um tambor que eu fiz um fogão, e começou a demanda e as pessoas queriam yakisoba. Ninguém colocou fé que eu ia criar essa barraca, eu comecei em janeiro do ano passado (2023). Comecei a pegar madeira e fazer, e quando chegou no mês de março eu falei agora eu tô preparado pro yakissoba que me deram essa oportunidade, mas a barraca muitas pessoas vêm tirar foto aqui, né? E cada hora ela vai ser diferente, da próxima vez que você vier, ela vai estar com o telhado. Ela vai estar com um gerador movido a luz solar, então a cada hora você vai ver ela diferente.
VCRP: Como é o início da sua trajetória na culinária de frutos do mar?
Eu aprendi porque um dia eu comi errado e quase morri, aí eu me joguei na comida e aprendi a fazer comida de verdade. Então eu reunia amigos em casa, e aí começava, eu fazia tudo, pegava abria o atum e fazia hambúrguer, fazia linguiça de atum e começou. Então através de amigos eles falaram: “cara você teve uma mão boa para culinária, por que que você não se joga?”. Eu falei: “vou”. Hoje eu tô na culinária.
VCRP: Como é a sua demanda de comercialização de pratos à base de frutos do mar na região?
Então os pratos de fruto do mar a demanda é mais para amigos, porque eu acho que as pessoas têm que provar todo tipo de peixe. Qualquer tipo de peixe eu faço de uma forma saudável e saborosa, você come com os olhos e assim, eu acho que a periferia tinha que comer uma moqueca de peixe com banana e saber o sabor.
VCRP: Qual a sua visão de futuro para o seu negócio?
Então eu gostaria muito de ficar na quebrada, eu precisava disso, principalmente preparar comida sem nenhum tipo de conservante químico, tem como você comer bem e saudável. Eu tenho muita proposta, mas é que eu falei no início, né? Eu quero ter essa vida, essa simplicidade de fazer comida assim, não quero crescer, eu quero fazer uma coisa natural, porque se eu crescer não vai ser natural de verdade. Eu prefiro atender pouco, e a pessoa comer bem, é isso.