Sétima edição da Felizs debate o papel da arte diante da desinformação nas periferias

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Com a programação voltada para as plataformas digitais, ao longo de sete dias consecutivos, a feira literária irá promover debates, shows musicais, intervenções artísticas, oficinas com alunos de escolas públicas e o Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”.

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 A literatura indígena e os saberes ancestrais da população preta ganham destaque na VII Feira Literária da Zona Sul (FELIZS), que acontece de 18 a 25 de setembro com uma programação repleta de mesas literárias e intervenções artísticas.

“Nesse momento de grande turbulência política do Brasil, a Feira Literária da Zona Sul quer ser uma plataforma de informação crítica, cumprindo o papel que a arte sempre fez nas periferias, que é promover pensamento crítico nos moradores”, afirma Diane Padial, idealizadora da Feira Literária da Zona Sul.

Ela justifica esse propósito explicando o significado do tema que norteia toda a programação do evento. “‘Existirmos! A que será que se destina?’ O verso da música ‘Cajuína’ de Caetano Veloso é nosso tema de destaque, que nos faz refletir: estamos existindo com qual propósito num momento em que a morte se tornou algo banal e os nossos governantes nada fazem a respeito?”, questiona Padial.

Seguindo a tradição das edições anteriores, a abertura da FELIZS conta com a participação do Sarau do Binho. A intervenção poética será transmitida no Facebook e Youtube da feira literária.

No dia 19 de setembro, a intervenção “Livros no Ponto”, que propõe entregar gratuitamente, livros para moradores, nos pontos de ônibus localizados na Estrada do Campo Limpo, irá movimentar o território, com livros de literatura e livros infantis. Uma ação que já é realizada pelo Sarau do Binho há alguns anos.

Valor ancestral  

Segundo Silvia Tavares, uma das curadoras da programação, a feira literária dará destaque para mesas literárias que vão debater, por exemplo, como a arte indígena e o afrofuturismo têm sido uma plataforma de informação histórica para sensibilizar as pessoas a refletir e enxergar a realidade à sua volta.

“Ao avaliar o impacto da desinformação, o negacionismo, as fake news e o descaso governamental que ampliou o número de mortes causadas pela pandemia de covid-19 no cotidiano da população preta, periférica e indígena, nós decidimos levar para a FELIZS a importância de coletivos, autores independentes, selos editoriais, e grupos culturais que fomentam a arte indígena e o afrofuturismo”, explica a curadora da FELIZS.

Para provocar reflexões importantes no público, o debate do Marco Temporal vai ser bastante abordado por Daniel Munduruku, professor e escritor que vai discutir como a literatura indígena aborda os pactos políticos que atentam contra a vida da população dos povos originários.

Com Mestrado e Doutorado em Educação pela USP,  Daniel Munduruku é autor de mais de 50 livros e foi vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 2017, na categoria Literatura Juvenil.

O direito ao luto e cuidados com a saúde mental, por meio de círculos de afeto, também aparecem na programação da sétima FELIZS, como forma de debater a importância da literatura como um experimento terapêutico possível para vivenciar e superar esses momentos de constante pressão psicológica.

Território educador 

Nesta edição, a FELIZS homenageia Geraldo Magela, patrono da cultura popular de Taboão da Serra, que preserva a tradição de danças populares, como o coco, o bumba meu boi, a ciranda e o cacuriá, ritmos que fazem parte do imaginário de migrantes nordestinos que escolheram as periferias nos anos 70 e 80 para construir família.

“Além de grande artista, Magela é um dos fundadores do Grupo Candearte, coletivo que transformou uma antiga associação de moradores do Parque Marabá, em Taboão da Serra, em um centro cultural comunitário que celebra, difunde, aproxima e forma moradores do território com atividades culturais que valorizam a cultura popular brasileira”

Suzi Soares, uma das produtoras da FELIZS.

Assim como a Feira Literária da Zona Sul tem sua existência vinculada a história do Sarau do Binho, o Grupo Candearte e Geraldo Magela também fazem parte desse contexto histórico da cena cultural das periferias do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, pois o distrito faz divisa com o município de Taboão da Serra. 

O show “Todos os Sons” de Geraldo Magela e banda será apresentado no dia de abertura da feira, dia 18 às 20h.

 Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”

Como artistas independentes das periferias reinventaram suas produções no período de isolamento social e que ainda não acabou chegou ao fim? Essa é a pergunta norteadora que mobilizou a equipe de organização da FELIZS a construir o Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”, que terá a exibição de vídeo-depoimentos de artistas que irão fazer relatos de suas experiências.

O festival conta com 20 convidados, entre eles, poetas, escritores, artistas visuais, atores e músicos. “Eu costumo dizer que a FELIZ joga luz sobre a potência cultural das periferias da zona sul de São Paulo, então, não tem como realizar uma edição em plena pandemia e não promover um espaço de diálogo com esses agentes culturais que mostraram resiliência para continuar existindo na pandemia”, conta Diane Padial.

Ao longo da programação da FELIZS, haverá momentos exclusivos dedicados a participação de convidados especiais que marcam a história da arte nas periferias, como por exemplo, o poeta Akins Kinte, Thata Alves, Dandara Pilar, Cleydson Catarina, Serginho Poeta, Fernanda Coimbra, Aloysio Letra, Daniel Minchoni, Michel Yakini, Ermi Panzo, entre outros.

VII FELIZS

18 a 25 de setembro de 2021

Atividades serão exibidas na página do Facebook e no canal do Youtube da Felizs.

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