“Consigo ter base para o sustento da minha família”, afirma doceira sobre renda através da venda de morangos

Empreendedora conta os desafios e oportunidades que atravessa na profissão e como a venda de morango com chocolate se tornou um negócio de família.
Por:
Leila Ramalho
Edição:
Evelyn Vilhena

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No dia 28 de setembro, aconteceu a comemoração dos 20 anos do CIEJA Lélia Gonzalez, em parceria com o coletivo Sertão Perifa, na Praça do Trabalhador, em Parelheiros, zona sul de São Paulo. Entre os comerciantes que vendiam seus produtos, Eliana Gorete, 54, se destaca com seu sorriso e a venda de espetos de morango com chocolate. Moradora de Embu Guaçu, a doceira trabalha de forma independente há seis anos.  

Eliane ficou conhecida como “Moranguinho”, e conta que quando começou a vender nas ruas tinha muita insegurança por falta de experiência e por não saber se os clientes iriam gostar de seus produtos. Mesmo diante da ansiedade, ela seguiu com seu trabalho e atualmente vende em pontos fixos na cidade de São Paulo, e em eventos culturais junto da família.

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Como surgiu o interesse de trabalhar com doces?

Eu comecei fazendo um curso de artesanato e vi o de gastronomia do Sebrae. Minha filha fez também, ela me ajuda, daí eu tive a ideia do morango gourmet. Morango com chocolate e coco acho que dá bom também, e seguimos fazendo esse trabalho junto com a família. Às vezes preciso de ajuda de terceiros, mas vamos para vários lugares e faço amizades também.

Como você iniciou o seu trabalho com os morangos em diferentes lugares?

Fui numa festa vender meus morangos e lá outro rapaz me chamou, e na festa dele o jornal de Parelheiros me viu, tirou foto da minha barraca e dos meus doces, até que eu fui parar no Rincão, que é um clube com seis piscinas aqui no Jaceguava, aí fui trabalhar lá e [fui] sendo convidada para vários outros lugares.

Como você se tornou “Moranguinho”?

Eu fui chamada para um evento para fazer maçã do amor e comprei 200 maçãs. Fiz o teste, ficou linda e no outro dia ficou ruim, não dava para fazer com chocolate. Chegou uma moça que me chamou “oi moranguinho, eu soube que você não conseguiu fazer as maçãs do amor”, e eu não entendi como ela sabia. Ela pediu 30 maçãs para levar e fazer, e no outro dia [me trouxe] elas prontas. Depois levou as outras 170 maçãs e trouxe prontas [também]. Eu perguntei porque ela estava me ajudando, e ela me disse que Deus disse pra ela me ajudar, depois disso, me chamam só de Moranguinho.

Qual o ponto crucial que mudou a sua vida depois que você iniciou com os morangos?

Aprender que existem vários tipos de morango, não existe só um morango, tem o que aguenta três dias na geladeira, outros não. Foi um desafio aprender isso, eu sofri muito, porque eu já comprava o morango e ele não durava e hoje já sei como fazer. Tem 10 tipos de morango aqui em São Paulo, no Rio com outros nomes também, agora eu já sei como conservar, cuidar, preparo meus chocolates, criei o meu morango gourmet e deu certo. Eu aprendi muito para conseguir fazer como faço hoje.

Como uma mulher periférica, como você enxerga a mudança que o seu trabalho trouxe para sua vida socialmente?

Mudou muita coisa porque eu comecei fazer amizades com várias pessoas e não só ganho dinheiro, trabalha comigo minha filha, meu irmão, cunhada, genros. Então  mudou bastante coisa que hoje consigo ter base para o sustento da minha família.

Onde você se imagina daqui alguns anos?

Já [tem] seis anos que eu trabalho com os morangos de chocolate, tenho ponto fixo na praça de Embu Guaçu e em Parelheiros. Tem evento que eu vou e sou convida, [como na] ilha do Bororé, e no último sábado eu consegui fazer uma feira de gastronomia e artesanato que consegui um espaço de um amigo que tem um bar e restaurante. Eu [levei] barracas de doces, marcas de artesanato, brechó, contratei um cantor e foi um sonho que eu realizei. Quero ir mais para isso também, fazer coisas além dos morangos com chocolate.

Esse conteúdo foi produzido por jovens em processo de formação da 8° edição do Você Repórter da Periferia (VCRP), programa em educação midiática antirracista realizado desde 2013, pelo portal de notícias Desenrola e Não Me Enrola.


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