ENTREVISTA

“Pessoas do meu convívio falaram que a vacina não é essencial”, diz estudante de nutrição do Jardim Ângela

Edição:
Ronaldo Matos

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Contato com estudos científicos na área de saúde fez a diferença na vida da estudante de nutrição Milena Aquino, para ela orientar familiares a não desistir de se vacinar contra a covid-19.

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Milena Aquino orienta a sua mãe Maria Bispo a se precaver contra as fake news. (Foto: Flávia Santos)

 Após vacinar 80% da população contra a covid-19, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (8), que não registrou nenhuma morte causada por covid-19.

Mas antes desse número ser celebrado pela sociedade e comunidade médica, muitas pessoas pretas e periféricas tiveram suas vidas ameaçadas pela desinformação, uma situação que afetou familiares de Milena Aquino, 20, moradora do distrito do Jardim Ângela, zona sul da cidade de São Paulo.

Milena é estudante de nutrição e está cursando o último ano do curso. Durante esse período de contato com pesquisas cientificas para desenvolvimento de tratamentos médicos, a jovem conta que foi fundamental consumir informações da área de saúde que nem todo cidadão tem acesso.

“Como estudo esta área sei que nada é tão simples para ser aprovado. Os estudos científicos precisam ser embasados e pautados por várias pessoas e responsáveis para se criar as vacinas, então este conhecimento me fez não acreditar nas falsas informações” afirma Milena.

Em outubro, o estado de São Paulo atingiu 151 mil mortes em decorrência de complicações médicas causadas pelo novo coronavírus. Além disso, foram registrados mais de 4,4 milhões de casos confirmados de covid-19 em São Paulo durante toda a pandemia.

A família da estudante de nutrição poderia fazer parte destas estatísticas, se a jovem não fosse resistente para contrapor as fake news que afetaram familiares próximos, que fazem parte do seu convívio. 

“Vi pessoas do meu convívio falando com propriedade que a vacina não é essencial e dentro disso trazendo fatores para não tomar. Porém sem baseamentos nem nada, e sim trazendo ideologias de pessoas que pensam que não se deve vacinar”

diz Milena.

Milena mora com seus pais e sua irmã mais velha, no bairro Cidade Ipava – Jardim Ângela (Foto: Flávia Santos)

A jovem foi uma das 44 pessoas pretas e periféricas, em sua maioria jovens mulheres, entrevistadas pelo Info Território, programa de produção de dados do Desenrola, para entender a partir de um recorte territorial como as fake news e a desinformação impactaram moradores do Jardim Ângela, distrito com mais de 300 mil habitantes, onde 60% da população se autodeclara preta ou parda.

O ápice do impacto das fake news aconteceu quando pessoas dentro da sua casa tomaram a decisão de não se vacinar. “Alguns familiares demoraram para querer tomar a vacina, precisando haver insistência entre os familiares próximos”, conta a estudante.

Milena acredita diz que as fake news afetaram principalmente a população periférica. “As fakes news impactaram negativamente gerando pensamentos e ideologias. Com isso é possível encontrar pessoas próximas que não pretendem se vacinar e trazem esses conceitos como algo 100% verdadeiro para a vida deles”, conclui.

*Esta reportagem foi produzida com o apoio do Fundo de Resposta Rápida para a América Latina e o Caribe organizado pela Internews, Chicas Poderosas, Consejo de Redacción e Fundamedios. O conteúdo dos artigos aqui publicados é de responsabilidade exclusiva dos autores e não reflete necessariamente a opinião das organizações. 

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