“Se você transou com homem chorando, você já foi estuprada, mesmo que ele seja o seu marido”, ressalta a socióloga, Anabela Gonçalves

A cultura do estupro que descreve um conjunto de atitudes, crenças e comportamentos que banalizam a violência sexual, é tema do sexto e ultimo episódio da segunda temporada do programa Desenrola Aí.

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Assista a entrevista completa sobre a cultura do estupro, domínio e poder sobre os corpos das mulheres.

A persistente mentalidade de superioridade masculina sobre as mulheres alimenta uma cultura que resultou em mais de meio milhão de mulheres estupradas no Brasil na última década. Dados recentes divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelam que, no primeiro semestre de 2023, foram registrados 34 mil casos de estupro no país, representando um aumento de 14,9% em comparação com o ano de 2022.

A cultura do estupro que descreve um conjunto de atitudes, crenças e comportamentos e banalizam a violência sexual, é tema do sexto e ultimo episódio da segunda temporada do programa Desenrola Aí, em entrevista com a socióloga Anabela Gonçalves. Para ela, o estupro está vinculado ao exercício de poder.  

“A violência sexual não está relacionada ao desejo. Ela está associada ao único espaço em que posso exercer minha força de poder: no corpo do outro, no mais frágil. É sempre uma relação de vulnerabilidade, seja da criança, do adolescente ou da mulher”.

Anabela Gonçalves, Socióloga.

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Anabela destaca que o código penal brasileiro, até a revogação pela Lei nº 10.406, de 10.1.2002, dava aos homens total domínio sobre as mulheres casadas. A lei, datada de 1º de janeiro de 1916, declarava que as mulheres eram seres incapazes durante o matrimônio, sem autonomia para diversos aspectos de suas vidas civis, dependendo da permissão do marido.

 “Se você transou com homem chorando, você já foi estuprada, mesmo que ele seja o seu marido. Se você transou com homem com dor de cabeça, se você transou com um homem magoada, entristecida, depois de um ato de violência, você foi estuprada”.

Ressalta Anabela Gonçalves.

Anabela enfatiza a necessidade de políticas públicas que assegurem os direitos das mulheres, bem como a participação ativa das mulheres nas propostas e mudanças legislativas, visando efetivas transformações nos dados relacionados às violências enfrentadas por elas no Brasil.

Sobre o Desenrola Aí

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. Nessa segunda  temporada abordamos sobre “Desconstruir Tabus: corpo e sexualidade”. O programa do Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola e Fluxo Imagens.

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