REPORTAGEM

Reabertura do parque Jardim Helena gera benefícios na saúde física e mental de moradores da zona leste de SP

Edição:
Ronaldo Matos

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Depressão, super dependência do celular e membros atrofiados são alguns dos problemas de saúde física e mental que a reabertura do parque ajudou a tratar em crianças, jovens e idosos moradores da região do Jardim Helena, Jardim Pantanal e Jardim Lapena.

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O aposentado João Carlos voltou a aproveitar as manhãs no parque para se divertir com o neto. (Foto: Maria Eduarda Santos)

O Coletivo Visibiliza, formado por jovens comunicadores do Jardim Pantanal, Jardim Helena e Jardim Lapena, territórios periféricos que estão próximos da margem do Rio Tietê, conversou com moradores do extremo leste de São Paulo, sobre os impactos da reabertura do Parque Jardim Helena, espaço público de lazer e esporte que viabilizou contato humano e com a natureza durante a fase de avanço de vacinação contra a covid-19 para idosos, jovens e crianças da região.

As percepções dos moradores, depois de um longo período de isolamento social com o parque fechado por conta da pandemia revelou a importância de uma área verde com opções de lazer e esporte para as famílias da região.

O morador do Jardim Helena José Luiz da silva, 86 anos, relata que frequentava o parque antes do fechamento, e a reabertura foi importante pois ele vai poder praticar caminhada e se exercitar nos aparelhos que o ambiente oferece: “Eu gostei da reabertura por que fazer caminhada e exercícios fazem parte da minha vida”, diz. 

Ele também conta que para compensar a falta do parque, ele começou a usar aparelhos de musculação que tinha em sua residência e praticar um pouco de caminhada nas praças perto de casa. “Fiquei muito estarrecido com o fechamento do parque, porém precisei arrumar outro jeito de fazer o que eu gosto”, explica.

Jose Luiz Da Silva, 86 anos, é morador do Bairro Jardim Helena. Ele frequenta o parque pela manhã para utilizar os aparelhos de exercícios físicos. (Foto: Maria Eduarda Santos)

Maria Aparecida, 74 anos, moradora do bairro Jardim Pantanal, comenta que com o fechamento do parque ela ficou mais em casa e só saía quando era essencial: “Eu sentia muita falta de ir ao parque, era meu único meio de fazer exercícios”, conta ela.

Com a reabertura, ela pôde começar a praticar exercícios para melhorar a saúde e ter mais liberdade para aproveitar um final de semana com a família. “Posso aproveitar minhas manhãs para caminhar e o fim de semana para aproveitar com os netos.”

Maria Aparecida, 74 anos, é moradora do bairro Jardim Pantanal. Todas as manhãs vai ao parque fazer caminhada; (Foto: Kaique Ferreira)

A Dona Liberata, 65 anos, comemora o fato de voltar a fazer caminhada e curtir os netos no espaço de lazer. “Gosto de fazer caminhada, exercícios e trazer os netos”. Para ela, o ambiente pode beneficiar todas as idades e lamenta não ter praticado exercícios no período em que o parque ficou fechado, causando um pouco de tristeza e sentimento de perda: “A reabertura do parque foi muito importante.”

Já o aposentando João Carlos, de 59 anos, revela que sempre vai ao parque para fazer caminhada e levar os netos para desfrutarem do lazer. Ele comenta que a sensação de reabertura é de “liberdade”, o que auxilia no bem estar de todas as idades.

“A abertura do parque é muito importante para a população se manter fisicamente e psicologicamente aliviada”, afirma. No momento da pandemia, Carlos conta que não saiu de casa devido à exposição ao vírus e nesse período, ficou sem praticar nenhuma atividade. “Se eu sair, posso estar me expondo e expondo minha família”, diz.

Aos 59 anos, João Carlos voltou a vivenciar o prazer de levar o neto para brincar nas áreas verdes do parque Jardim Helena. (Foto: Maria Eduarda Santos)

Saúde mental da juventude 

A reabertura do Parque do Jardim Helena foi importante para todas as idades. E para os jovens, serviu como válvula de escape para evitar doenças psicológicas. “Sinto sensação de liberdade, e é divertido estar reencontrando os amigos”, comenta Pablo, estudante de 19 anos.

Mattheo, estudante de 15 anos, diz que a reabertura foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para ele: “Me sinto livre”. Na entrevista, ele comenta que sentia saudades dos amigos e que ficar longe do parque o afetou psicologicamente.

“Quando eu não vinha ao parque eu costumava chorar muito no meu quintal, e isso me acumulou alguns sintomas de depressão e ansiedade, porque eu costumava dormir muito tarde”

Mattheo é morador do Jardim Helena e estudante.

O estudante Mattheo de 15 anos, estava ficando depressivo, quando descobriu que o Parque Jardim Helena reabriu. (Foto: Maria Eduarda Santos)

A estudante Ana Clara, que também tem13 anos, comenta que quando descobriu que o parque fechou, ficou triste: “Eu vinha todo dia antes do parque fechar”, diz. 

O único meio que Ana encontrou para se distrair, foi por meio do celular e com a reabertura do parque ela pratica esportes e aproveita o lazer das áreas verdes. “Ando de skate, jogo bola e venho às vezes só para passear e andar de bicicleta”, conta. 

Relação com a natureza 

A educadora e cientista ambiental, Leila Vendrameto, analisa que a reabertura do parque pode reaproximar as pessoas da natureza, um vínculo que se perdeu durante a pandemia principalmente entre os moradores de bairros periféricos.

“Acredito que por sermos seres da natureza, a nossa necessidade de estar presente com outros seres vivos, com outras espécies, ajuda muito a gente lidar com desafios da vida”, explica.

A especialista também comenta que com a falta de natureza, as pessoas ficam aprisionadas virtualmente, através de celulares e computadores. “Durante a pandemia, ficamos aprisionados. Principalmente refém dos sistemas eletrônicos, do celular e computador”. 

“A natureza nos ajuda a nos conectar com nós mesmos e com a saúde física da pessoa”

Leila Vendrameto é coordenando do projeto Urbanizar do Espaço Alana.

Ela ressalta a importância do exercício físico para o corpo e também o importante do olhar diferente para a natureza como rotina para uma vida melhor.

“A natureza nos ajuda a nos conectar com nós mesmos e com a saúde física da pessoa. Caminhar faz circular sangue, respirar ar diferente do lado da nossa casa e também ter horizonte de perspectiva a partir de observar as árvores”, explica.

Para a psicóloga Laís Guizelini, a abertura do Parque Jardim Helena foi importante para os moradores, pois ofereceu uma retomada à rotina confortável que essas pessoas estavam acostumadas a ter antes da pandemia.

“Na pandemia, tivemos que lidar com uma descontinuidade na vida que costumávamos levar, e foi de um jeito brusco de uma hora para outra. E quando situações assim acontecem, pode gerar medos e inseguranças em relação ao que está por vir”, ressalta.

Laís enfatiza que todos esses sentimentos foram agravados pela falta de preparo que o país lidou com a crise sanitária. “No Brasil não tivemos suporte e orientações precisas vinda dos governos, foram muitas informações contraditórias vinda de muitas fontes diferentes e ainda tivemos que lidar com desinformação, o que pode ter piorado a sensação de impotência e medo nas pessoas”, argumenta a terapeuta.

“Antes da pandemia as pessoas já faziam uso excessivo do celular”

Laís Guizelin é psicóloga com atuação em projetos de interesse social atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Toda essa pressão, causou diversos impactos sociais na vida dos jovens moradores do Jardim Helena. Assim como relataram os pais e avós entrevistados, o celular foi um deles. A psicóloga analisa que o celular serviu como válvula de escape para fugir da realidade.

“Antes da pandemia as pessoas já faziam uso excessivo do celular. Quando as possibilidades de interação presenciais ficam reduzidas ou até mesmo suspensas, muita gente acaba recorrendo ao celular para conversar com amigos, parentes, jogar, utilizar as redes sociais como forma de se divertir. Então na pandemia, cada pessoa foi encontrando um jeito de lidar com essa catástrofe”, conclui a a psicóloga.

Esta publicação faz parte do Curso Jovens Comunicadores, realizado pelas iniciativas de jornalismo periférico Periferia Em Movimento e Desenrola E Não Me Enrola, com apoio do Galpão Inova ZL, Espaço Alana, Fundação Tide Setúbal e Instituto Alana.

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