Na luta

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Entrar em diversas comunidades de São Paulo para acompanhar e fotografar os times me faz enxergar mais além, daí o nome “Além do jogo”. Não é só apenas uma partida de futebol em um lazer do fim de semana, muita coisa envolve a quebrada no decorrer disso tudo.

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Nunca fui de escrever muito, mas dessa vez aceitei rsrs, como um novo desafio pra mim, e cá estou. Ao longo disso esperem por textos bem diversos, onde inclui muito futebol, quebrada e a galera que mora nela, onde faz muita coisa acontecer.

O futebol varzeano me propôs um olhar clínico não só para o futebol em si. Entrar em diversas comunidades de São Paulo para acompanhar e fotografar os times me faz enxergar mais além, daí o nome “Além do jogo”, não é só apenas uma partida de futebol em um lazer do fim de semana, muita coisa envolve a quebrada no decorrer disso tudo.

Muitas pessoas tiram hoje seu sustento do futebol varzeano, o que para muitos pode ser uma informação nova nesse exato momento. Já pensou quando você está na sua quebrada assistindo um jogo no campinho, o quanto de pessoas estão à sua volta trabalhando? Por mais que ali seja um lazer, para muitos também é um dia de trabalho.

Sim, trabalho!

Gosto muito de observar tudo isso quando estou em campo. Sabe aquele senhor ou senhora que está ali pegando e juntando as latinhas que a galera bebeu e colocando em suas humildes sacolinhas? é para completar a sua renda. Ou às vezes, e até pasmem, ou não, porque no país que vivemos já sabemos o que o nosso povo passa, é a única fonte de renda daquela pessoa.

A tia que faz seus gelinhos caseiros e sai na beirada de campo para vendê-los, o bar que fica próximo ao campo que lucra três vezes mais quando se tem partida no campo com o alto movimento de pessoas.

Campo do Maria Eugênia, localizado em Mutinga, Pirituba, SP. Foto: Juh na Várzea

Mas na quebrada o jogo está ficando cada vez moderno, tem fotógrafos, repórteres e todos eles estão ali, pois estão trabalhando e revendendo por isso. Tem também as empresas de artigos esportivos que vendem para cada time da quebrada e é de onde lucram.

E aí, você já percebeu o quanto a quebrada faz gerar renda?

Cada pessoa ali buscando seu sustento, sacrificando seu descanso, sacrificando seus sábados e domingos de lazer com suas famílias para (por ironia do destino) trazer o melhor para a sua família.

Me diz aí, agora quando tu for assistir um jogo na quebrada sua visão vai ser outra né não? Ou quem sabe lendo aqui você se identificou, porque seu pai, sua vó, tia, tio está na luta vendendo na beirada de campo.

Tu vai começar a reparar nessas pessoas que eu te falei nesse texto, pode ser em qualquer comunidade, a história se repete. Nosso povo sofrido atrás do mínimo enquanto a elite só arranca cada vez mais de nós.

Seguimos na luta. O povo da quebrada tem muito a ensinar. Viva ao povo da periferia!!

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