Como as desigualdades habitacionais afetam as pessoas e os territórios? #37 

Você sabe o que é viver com o medo constante de um dia para o outro não ter mais onde morar? De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Municipal de Habitação, em 2023, haviam mais de 115 mil famílias vivendo em 567 ocupações na cidade de São Paulo. Ou seja, se considerarmos a média de cinco pessoas por família, seriam 575 mil pessoas vivendo em ocupações na cidade. 

Esse é o caso da Ocupação dos Queixadas, localizada em Cajamar, desde 2019. A ocupação reúne 100 famílias em um terreno de 10 mil metros quadrados. De forma autogestionada, os moradores cuidam de uma horta comunitária, galpão para assembleias, biblioteca e brinquedoteca. Porém, desde o início a ocupação sofre com ordem de reintegração de posse.

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A partir da Ocupação dos Queixadas e da atuação do Movimento Luta Popular, que nessa semana falamos sobre moradia. Para esse papo, conversamos com Viviane Mendonça, moradora da Ocupação dos Queixadas e militante do Luta Popular, além da antropóloga Amanda Amparo.

Amanda ressalta a importância de olhar do ponto de vista racial para os territórios, pois são áreas compostas em 72,9% por pessoas negras, de acordo com dados do Censo 2022, que apresenta um recorte para as favelas do país. Segundo a antropóloga, a relação entre vulnerabilidade e remoção é um processo que vem desde o pós-escravidão.  

“Quando [pensamos] as ocupações, as favelas, os territórios mais empobrecidos, [percebemos] que esses são territórios compostos de corporeidade negra. Então, essa relação de remoção com essa relação de vulnerabilidade, com a agressão, isso não é de agora. Esse é um processo que se dá lá no pós-escravidão, em que as pessoas negras não sendo mais escravizadas, a contrapartida disso é que elas passam a não ter onde viver”, afirma a especialista.

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