Notícia

Primeira palestra do Criando Criadores reforça importância de criar espaços de troca de conhecimento na periferia

Edição:
Redação

Leia também:

Durante a primeira palestra do Criando Criadores, os convidados Emerson Alcade e Lucas Afonso mostraram ao público como as batalhas de poesia mudaram suas vidas na periferia de São Paulo.

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos.


A sede do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, localizada na zona leste de São Paulo, foi palco do primeiro bate papo, promovido pelo projeto Criando Criadores. Realizado na noite desta terça-feira (18), o bate papo facilitado por Emerson Alcade, idealizador do Slam da Guilhermina e Lucas Afonso, integrante do coletivo Filhos de Ururai e apresentador do Slam da Ponta, impactou o publico presente, pela troca de conhecimento propiciada pelas experiências de vida dos convidados, enraizada nos movimentos culturais da periferia.

Resgatando suas trajetórias em suas primeiras falas, os convidados contaram como o envolvimento com o rap, teatro e o samba se tornou a porta de entrada para a literatura periférica e a articulação com diversos movimentos culturais, articulados pelos coletivos atuantes nas periferias da zona leste de São Paulo.

“Aqui você poder conhecer e entender como se construiu a trajetória do autor e por quais processos o poeta precisou passar na sua trajetória. E isso é muito importante para compartilhar conhecimentos que às vezes não é possível transmitir num sarau”, diz Lucas Afonso, descrevendo a importância do espaço para troca de vivências, propiciado pelo Criando Criadores.

A professora e moradora da comunidade de Ermelino Matarazzo, Mônica Garcia Patrício, uma das expectadoras do bate papo, foi mais além ao avaliar o impacto do projeto, após conhecer de perto o trabalho de Lucas e Emerson. “Eu to saindo daqui com muita esperança, pois a conversa com os convidados e a experiência de vida que eles passaram é uma fala de quem está buscando mostrar para a juventude o valor cultural e social que nós temos”, avalia a educadora, reforçando que a iniciativa tem um peso educativo, cultural e político que pode mudar a cabeça de muitas pessoas, inclusive de estudantes de escolas públicas.

Ela destaca que esse tipo de ação ajuda a integrar mais as pessoas que lutam pela transformação social e cultural do bairro. “É fundamental ter esses projetos, para saber o que está acontecendo dentro dos bairros da zona leste de São Paulo, que são tão ricos em cultura. E isso nos ajudar a se fortalecer como grupo ou movimento que tem o mesmo objetivo, de promover e batalhar pelo crescimento da periferia.”

A presença e o interesse da professora em conhecer o trabalho dos ativistas culturais convidados pelo Criando Criadores reforça a relevância do trabalho desenvolvido por eles com jovens da periferia.

“No ambiente escolar, a poesia acaba sendo uma forma dos estudantes se expressarem e se posicionar. E quando eles ouvem seu colega tímido, que não fala nada em sala de aula se expressar, há um sentimento de surpresa muito grande entre eles. E os temas abordados são variados, descrevendo como o jovem se sente mal naquele ambiente, preconceito racial e bullying. E isso é transformador, mas precisa ser mais trabalhado e ampliado nas escolas”, argumenta Emerson, que além de organizar o Slam da Guilhermina, uma dos principais batalhas de poesia da zona leste, está se dedicando a levar essa cultura para dentro das escolas públicas.

O jovem organizador de campeonatos de skate, Gil Douglas Barbosa, morador da Vila Cisper, comunidade localizada nos arredores da ocupação, onde rolou a roda de conversa, disse que a troca de conhecimento quebra barreiras e fortalece o trabalho dos artistas da periferia. “Esses encontros, debates e oficinas vem para pegar essa produção cultural meio crua e ensinar e mostrar para os artistas daqui como trabalhar e mostrar isso pro mundo.”

Ao final do encontro, Douglas ressaltou o sentimento de troca que ele carrega consigo do primeiro bate papo. “Eu estou saindo daqui cheio de ideias novas e talvez o resultado disso irá me ajudará a reconhecer, valorizar e trabalhar com aquilo que eu sei fazer”, finaliza.

No encerramento do evento, o público pediu aos convidados para declamar uma poesia propicia para aquele momento. E o resultado dessa intervenção literária na sede do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo trouxe mais admiração e reconhecimento pelo trabalho realizado pelos ativistas na periferia.

Autor

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Cadastre seu e-mail e receba nossos informativos.