“O Tambú bateu tocou meu coração” é o tema do XIII Encontro Paulista de Jongueiras e Jongueiros, que acontece no dia 01 de novembro de 2025, em Guaianases, zona Leste de São Paulo. O encontro terá atividades durante todo o dia, como show de Tião Carvalho, teatro com a Trupe Mitos e Contos, cortejo com o Cordão Carnavalesco Dona Micaela que faz parte da Comunidade do Rosário da Penha, além das tradicionais rodas de Jongo.
Nessa edição, o encontro será sediado pelo Jongo dos Guaianás, comunidade que neste ano completa 18 anos de existência. A organização prevê a participação de aproximadamente 700 pessoas entre integrantes das comunidades e público geral.
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Renato Abaña, integrante da Comunidade Jongo dos Guaianás, conta que sediar essa edição do encontro é muito positivo, principalmente pelo histórico de luta e resistência do território.
“Somos fruto de muitas lutas travadas pelos que vieram antes de nós, exigindo e reivindicando saúde, igualdade racial, gênero, infância e muitas outras pautas que falam sobre vida digna para o povo periférico. Manifestações como o Jongo são inerentes a essas pautas, lugar e gente. Não poderiam brotar em outro contexto.”
Renato Abaña, integrante da Comunidade Jongo dos Guaianás
O evento, que é realizado anualmente pelas comunidades de Jongo de São Paulo, em 2025, reunirá 11 comunidades de Jongo de diferentes cidades do estado, são elas: Jongo dos Guaianás (Anfitrião – Guaianases); Jongo do Tamandaré (Guaratinguetá); Jongo de Piquete (Piquete); Jongo Mistura da Raça (São José dos Campos); Jongo Caboclo (Lagoinha); Jongo Dito Ribeiro (Campinas); Jongo Filhos da Semente (Indaiatuba); Jongo Embu das Artes (Embu das Artes); Jongo Tiduca (Cananéia); Jongo Crioulo (Taubaté); Jongo Zabelê (Cubatão).
Patrimônio Cultural Imaterial
O Jongo é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN. Essa expressão artística da cultura popular tem sua origem nos povos Bantu vindos das regiões Congo-Angola na África. Historicamente, esses povos foram alguns dos primeiros grupos trazidos como escravizados para trabalhar nas fazendas de cana-de-açúcar e café na região Sudeste do Brasil.
A ancestralidade é um elemento central no Jongo, que tem entre seus componentes:
- Tambores: O couro animal remete à vida, e a madeira, à natureza. Os toques são ritmados e divididos entre o grave (Tambu) e o agudo (Candongueiro). O título do evento, inclusive, é “O Tambú bateu tocou meu coração”.
- Canto: Além da memória, as letras trazem mensagens e elementos do cotidiano através de metáforas, servindo para contar e cantar a história do povo.
- Dança: Caracterizada pela presença de um casal dançando no centro do círculo.
Atualmente, o Jongo contribui na preservação da história, dos saberes e das tradições, mantendo a conexão com o sagrado, a espiritualidade e a celebração da ancestralidade do povo preto.
“É sobretudo trazer encantamento, valorizar a ancestralidade, memória, identidades e estabelecer relações belas e potentes entre o que foi, o que é e o que será das nossas histórias de vida”, finaliza Renato Abaña, integrante da Comunidade Jongo dos Guaianás.
Serviço
Evento: XIII Encontro Paulista de Jongueiras e Jongueiros
Data: 01/11/2025 – às 13h
Local: Casa de Cultura Guaianases – Richard David. Rua Castelo de Leça, s/n – Jardim Soares, São Paulo – SP, 08460-161