O projeto já atende duas salas de aula, alcançando uma média de 60 adolescentes, que estão tendo a oportunidade de conhecer a representatividade da literatura negra e afro-futurista, protagonizada por autores negros das periferias.
Organizado pela editora Kitembo, selo editorial que fomenta a publicação, comercialização e distribuição de obras de ficção e afrofuturistas, o projeto Clube do Livro tem a proposta de atua em escolas públicas das periferias. Essa trajetória começou estimulando o contato de estudantes com livros e autores da Brasilândia, distrito da zona norte de São Paulo.
O escritor Israel Neto, 34, morador nascido e criado na Brasilândia, é um dos autores que têm livros afrofuturistas publicados pela editora Kitembo e que faz parte da criação do selo editorial. Ele é o primeiro autor negro e periférico a participar das atividades do clube de leitura.
“A ideia é que eles concretizem a leitura em casa, que eles tenham esse momento de ler o livro. E talvez nesse contato com o autor, ganhar um livro novo, estimule dentro deles esse novo leitor, nova leitora”, explica o escritor.
O projeto já realizou encontros do clube de leitura com estudantes das escolas: Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor José Alfredo Apolinário, localizada no Jardim Guarani; e na Escola Estadual Professor Renato de Arruda Penteado, localizada no Jardim Carombe, ambas situadas no distrito da Brasilândia.
“A gente tá captando apoiadores para que possam adotar mais salas de aula”
Israel Neto é escritor e produtor musical enraizado nos movimentos culturais da Brasilândia, zona norte de São Paulo.
Desde os 17 anos, Israel trabalha com a arte, sempre atuando com discussões sobre educação, literatura e música, a partir da sua íntima ligação com os gêneros literários de afrofuturismo e contos antirracistas.
Para viabilizar as atividades do clube de leitura afrofuturista, o projeto conta com o apoio de pessoas que possam adotar as salas de aula, auxiliando nos valores de produção do livro, sem ser cobrado o preço cheio, tornando o acesso a publicação ainda mais possível ao público, de maneira gratuita, que no caso, sãos os estudantes de escolas públicas das periferias.
“A gente tá captando apoiadores para que possam adotar salas de aula, para que a gente consiga rodar mais salas com o Clube do Livro”, afirma Israel. Ele complementa, ressaltando que as duas primeiras salas que são a base para o início do projeto foram adotadas pela Câmera Periférica do Livro, iniciativa da Ação Educativa, que promoveu o “Verão do Livro Periférico’, edital de incentivo à leitura que possibilitou angariar fundos para financiar a realização do projeto nas duas salas, impactando mais de 60 estudantes.
“A ideia é que o projeto também consiga trazer esses livros do catálogo”
O escritor Israel Neto é um dos criadores da editora Kitembo, selo editorial parceiro na realização do clube de leitura.
Durante esse processo, o autor conta que o pontapé inicial para realizar o projeto partiu do uso dos livros publicados pela Editora Kitembo, para compor o Clube do Livro. “A ideia é que o projeto também consiga trazer esses livros do catálogo. Às vezes um apoiador fala que quer apoiar com duas salas, mas quer que essas escolas sejam da zona leste, então fechou!”, pontua.
É desta forma que o escritor e os demais sócios da editora Kitembo pretendem continuar com o clube de leitura, levando essa iniciativa de incentivo a literatura negra e afrofuturista, para escolas, bibliotecas públicas e comércios menores das periferias, para chegar ao máximo de leitores possível de outras regiões de São Paulo, sempre garantindo um impacto positivo sobre o entendimento e as impressões das pessoas, enquanto a ação estiver em vigor.
Hoje, o contato com as escolas é bem dinâmico, pois o objetivo maior é entender se o projeto está gerando um impacto positivo nas redes de ensino e também nos próprios jovens que participam dos clubes.
Ao fazer uma balanço geral da primeira edição do clube de leitura, Israel enfatiza que deu tudo certo. “Supriu nossas expectativas, deu tudo certo. Então agora a gente quer montar uma campanha mensal, acessar os equipamentos públicos da cidade, como Fábricas de Cultura, que conseguem fazer a ponte entre as escolas do seu entorno”, finaliza.