Entrevista

Banda atravessa território internacional por meio da cultura e arte

Edição:
Redação

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Poesia Samba Soul entra para o marco de artistas da periferia que utilizam a música como meio de transformação social e cultural sem fronteiras.

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Gravação do 1º DVD da Banda Poesia Samba Soul (Foto: Thais Siqueira)

Completando 25 anos de história a banda Poesia Samba Soul conquistou seu espaço não somente através da música, mas principalmente nas atividades sociais que desenvolvem no bairro onde moram no Jd. Nakamura zona sul de São Paulo, passando a atravessar fronteiras internacionais.

Projetos de desenvolvimento cultural e social já fazem parte deste grupo em outros países e continentes como na Europa e América latina, com isso, a banda passou a trocar conhecimento cultural com vários artistas como foi o caso da cantora Emilia Dahlin.

“Minha experiência com o Poesia Samba Soul tem sido maravilhosa. Essa banda é preenchida com pessoas tão apaixonadas e dedicadas que realmente quando passamos a conhecer e viver o fato de que a música pode ser uma ferramenta poderosa e eficaz para mudanças positivas. Eles me inspiraram a usar a música de uma forma mais intencional na minha própria comunidade em casa em os EUA, em nossa conexão continua, junto com a música”. Afirmou a cantora exclusivamente para o Desenrola.

Em comemoração a bodas de prata a banda lançou em maio o DVD ao vivo, “Poesia Samba Soul A Trajetória”, com a participação de artistas como de Dum Dum (Facção Central ), Versão Popular e Kapoth MC.

Em entrevista ao Desenrola e Não me Enrola, a banda Poesia Samba Soul fala sobre sua trajetória.

Desenrola: Como surgiu a iniciativa de um trabalho social através da música?

Claudinho Miranda PSS: A partir do momento em que a gente começou um grupo aqui dentro, nós já começamos com um movimento social, porque a gente começou a envolver a comunidade nele. A comunidade passou a ter orgulho do lugar onde vive principalmente no início da banda em 1989.

Em 2007 participei de um projeto chamado ARTEMIS de Empreendedorismo social em São Paulo e fiquei entre os 10 finalistas, quem chegasse entre os cinco finalistas, ganhava um prêmio implementação. Escrevi um plano de negócio social que gerasse renda e desse emprego dentro das comunidades, só que o maior desafio era a música, a gente sabe que viver da arte dentro da comunidade é complicado. Não cheguei entre os cinco, mas isso começou a me dar uma visão de que tudo que fizemos no início já era uma visão social, hoje sou presidente da organização Favela Da Paz, que nasceu oficialmente em 2010.

Desenrola: Como surgiu a parceria com a cantora internacional Emillia Dahlin atravessando fronteiras internacionais?

Claudinho Miranda PSS: Em 2009 viajei sozinho pela primeira vez para a Europa, fui para um congresso que havia mais de 60 países envolvidos e a gente acaba encontrando pessoas do mundo inteiro e ela estava envolvida nesse meio.

Foi uma ligação forte, ela ouviu e leu sobre a banda, e ficou encantada. Resolvemos trazê-la para o Brasil, fizemos o convite e ela aceitou, ela nunca tinha entrado e tocado dentro de uma favela. Creio que para ela, assim como pra gente foi uma experiência gigantesca mesmo porque ela faz um tipo de música totalmente diferente que é o jazz folk, fizemos cerca de 15 shows dentro da periferia e todos lotados.

Ela é uma grande pessoa, musicalmente muito boa e pessoalmente uma pessoa muito amorosa e carinhosa. Em novembro ela vem para o Brasil novamente temos dois shows marcados e na primavera a banda vai para os Estados Unidos e estamos pensando em gravar um disco juntos lá.

Desenrola: Os grandes artistas da musica popular brasileira conquistam seu público através da grande mídia, como você se sente ao conquistar os mais diferentes públicos principalmente das periferias sem ter o total apoio das grandes mídias?

Claudinho Miranda PSS: Não deveria ser assim, o sol deveria brilhar para todos, a gente se sente assim, não injustiçado, isso é falta de reconhecimento do nosso próprio país, principalmente nós que fazemos um trabalho e somos reconhecidos em vários países na Europa, Estados Unidos e Colômbia, e dentro do nosso próprio país a mídia não abre espaço do jeito que gostaríamos que fosse.

Mas também me sinto privilegiado de criar formas e fazer parte de um grupo muito maior dentro da comunidade e reconhecido pela comunidade […]. Começamos a criar um público que pensa e quer ouvir algo autentico da própria periferia, mas também não temos nada contra a questão de atingirmos outro público, quando vamos para Europa tocamos para povo rico, eu particularmente nunca vi uma favela na Europa, não sei se tem e se tiver é o primeiro lugar que vou.

Esse mundo que se criou em relação à mídia é uma questão política, capitalista que foi se criando e separando as pessoas, não deveria ser assim, isso tem a ver com a questão do dinheiro e de uma série de coisas que já vem de anos atrás.

Não queremos ver um muro como existe lá em Israel na Palestina, esse muro existe aqui também não de uma forma visual, mas existe, através do preconceito, da desigualdade social.

Se um dia este muro for quebrado, que as pessoas aprendam a fazer as coisas não pelo dinheiro, mas sim pelo coração e nós fazemos isso, tudo que fazemos aqui e com coração e essa é a diferença e com certeza somos muito mais felizes.

Desenrola:Os 25 anos da banda?

Claudinho Miranda PSS: São 25 anos de existência, luta, e cada ano que passamos e conseguimos viver da música e fazer a música, é um ano de vitória e reconhecimento do trabalho que realizamos dentro da comunidade. A gravação do DVD de 25 anos é para tentar retratar tudo o que passamos durante todos esses anos, se trata de uma gravação com depoimentos de pessoas que passaram por aqui, e que, nesses 25 anos trabalhando sabemos que é possível você realizar o seu sonho.

Em projetos futuros a banda pretende inaugurar em breve uma Casa de Cultura voltado para os artistas das comunidades, a fim de promover e valorizar o seu trabalho, a proposta é de termos uma agenda cultural dos nossos artistas da periferia.

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