No último domingo (16), aconteceu a 2ª edição do Festival Yvy Porã Jaraguá é Guarani, evento celebrado na aldeia Yvy Porã, localizada na Vila Jaraguá, zona noroeste de São Paulo. A programação contou com atrações artísticas, exposição e venda de artesanatos, música, moda e também culinária, tendo os saberes e fazeres indígenas como ponto de partida.
“Quando a gente faz um evento desse é para abrir nossa comunidade ao diálogo com a cidade. Exatamente mostrar para o não-indígena que não somos posseiros de terra e entendemos a terra como um patrimônio”
Karai Djekupe (Thiago Guarani), xondaro da terra indígena, graduando em arquitetura e urbanismo, e também um dos idealizadores do evento.
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O dia na aldeia começou com o Tupã, educador da aldeia, mediando a trilha Tape Porã (Bom Caminho), na qual foi reflorestada pelas crianças do território e que mostrava alguns pilares do dia a dia do povo Guarani.
Também foi apresentado o filme “Paraí”, que conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo, e a partir dessa busca começa a tentar entender seu lugar no mundo, produzido pela Descoloniza Filmes. Ainda rolou um desfile de moda com roupas da Dona Irene Mendonça (Jaxuka Mirim), que além de artista, é líder da cozinha comunitária da aldeia. Logo após o desfile, o palco foi aberto para apresentação musical de alguns artistas, entre eles: Brisa Flow e Ian Wapichana.
“Nós, as mulheres, temos que nos virar de qualquer jeito para conseguir alimento, porque hoje em dia está muito caro. Então isso aqui pra mim é importante porque muitas pessoas vem conhecer, quase ninguém sabe que existe aldeia”
compartilha Jaxuka (Leonice Guarani), indígena e artesã que levou suas peças para vender no evento.
Karai Djekupe (Thiago Guarani), afirma que a importância de ações como essa dentro da aldeia para com a população da cidade está não só na valorização de suas raízes, mas também no momento em que as pessoas entendem de fato a luta que precisam combater todos os dias. Ele aponta que essa luta dialoga também com a realidade dentro das periferias.
“Imagina a periferia aproveitando seus espaços para trazer saneamento ecológico, básico, barato. Se você tem agrofloresta na periferia, se você tem pessoas que começam a dividir os trabalhos, começam a entender que podem investir em projetos, trazer placas solares e parar de pagar energia. Você sai da mão dos Bandeirantes”, afirma.
Ao longo do dia muitas pessoas puderam conferir de perto o trabalho e saberes produzidos pela Tekoa Yvy Porã, localizada na Vila Jaraguá.