Com o tema “Felicidade é a nossa revolução”, a 22ª edição do Festival Feira Preta reuniu pessoas de diferentes regiões de São Paulo, do Brasil e até de outros países, no Parque do Ibirapuera. Ao longo dos três dias de programação, o evento exaltou a potência que o sorriso negro carrega.
“Sabemos que a experiência de pessoas negras nessa sociedade é sim de luta, de resiliência, de busca e conquista de espaços que historicamente foram negados à população negra, e somos bastante lembrados por isso. Falar sobre a felicidade é dar visibilidade de que nossas vidas também são atravessadas e precisam ser atravessadas por essa dimensão, a felicidade”.
Adriana Barbosa, idealizadora do Festival Feira Preta.
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A programação do Festival evidenciou a prosperidade no trabalho de pessoas negras no entretenimento, na moda, nas tecnologias, nas artes e em outras áreas, e mostrou que os fazeres das populações negras também se fortalecem através do ato de sorrir.
O que faz você sorrir?
Essa foi a pergunta feita para algumas pessoas que passaram pelo festival, e ela trouxe a tona diferentes tipos de felicidades que fazem parte dessa revolução do povo negro.
Josué Matos, 28, é de Salvador, mas mora em São Paulo, no bairro da Bela Vista, há 6 anos.
“A felicidade sou eu mesmo e também ver a evolução da galera preta, isso me faz sorrir bastante. [Eventos como o Festival Feira Preta] ajudam muito, porque a gente vê muita gente feliz e emocionada, por ter outras pessoas pretas também, diversas pessoas em um propósito só. Ver pessoas sorrindo faz outras pessoas sorrirem, é compartilhação de sorriso.”
Luiza Maria Paiva, 75, mora na zona sul de São Paulo, no bairro e distrito de Santo Amaro.
“A felicidade de estar bem na vida. Eu com 75 anos vivendo o que eu estou vivendo hoje, [e] o que eu estou vendo hoje, é muito bom. Estou vendo muito jovem feliz, vendo a minha raça levantando, tendo mais valor, apesar de ainda ter muito preconceito e racismo, a gente tem que lutar no dia a dia. [A felicidade faz parte dessa luta], cada dia é uma coisa que você conquista.”
Denise Ayres, 41, mora no bairro e distrito Vila Leopoldina, na zona oeste da cidade de São Paulo.
“O que me faz sorrir é poder acordar todo dia e ver o meu filho cada vez mais esperto, cada vez mais inteligente, cada vez mais argumentador, isso me deixa muito feliz.”
Denise conta que seu trabalho também é um motivo de felicidade. “Tenho a sorte de trabalhar só com coisas que eu gosto. As minhas profissões, porque eu não tenho só uma, elas me fazem feliz. A Fulelê, que está aqui na Feira Preta, me faz muito feliz, contar história para as crianças, poder apresentar para elas diversas literaturas que fazem parte da cultura afro-brasileira também tem me deixado muito feliz.”
Toalá Antônia Marques, 33, mora no bairro de Itaquera, que pertence ao distrito de Itaquera, na zona leste de São Paulo.
“O que me faz sorrir é o senso de justiça, é o meu filho, o meu progresso, o progresso da minha família, é eu estar perto de pessoas que eu amo. Eu sou mãe, então o que me faz sorrir é o Antônio. Porque o Antônio é a personificação do futuro que vai dar certo. Quando eu olho para ele e vejo ele vendo a minha história como referência, sei que o futuro [dele] vai ser melhor do que vivi até aqui.”
Cinthia Gomes, 44, mora no bairro Bela Vista, na cidade de Jundiaí, em São Paulo.
“Meu sorriso tem diversas fontes e expectativas. O que me faz sorrir hoje é o meu filho, por ele ser um deficiente intelectual e ele traz diversos sorrisos. Todo dia eu venço uma barreira, esse é o motivo do meu sorriso, cada vez que eu venço uma barreira meu sorriso abre, e eu sou uma pessoa extremamente sorridente.”
Haron Isaac Gomes, 10, filho da Cinthia Gomes, mora no bairro Bela Vista, na cidade de Jundiaí, em São Paulo.
“Meus animais, minha família e todos os dias que eu consigo acordar. Eu sou de Jundiaí e também sou autista.”
Júnior Matias, 30, mora no bairro Aricanduva, pertencente ao mesmo distrito, na zona leste de São Paulo.
“Muitas coisas [me fazem sorrir], a liberdade, minha família, música principalmente. Eu trabalho com música nas redes sociais. Então a possibilidade de participar de festivais que me possibilita conhecer novos artistas, principalmente artistas da comunidade negra, é muito importante e também me faz sorrir bastante.”