A competição está com inscrições abertas entre os dias 16 de setembro e 7 de novembro. O objetivo é reunir jogadores de 100 favelas de todo o Brasil.
Produzida de maneira independente pelas iniciativas de cultura nerd e gamer Black Rocket, Matiz Gestão Criativa, Perifacon, e Afrogames, a primeira edição da Copa das Favelas de Free Fire tem o objetivo de valorizar jovens talentos que estão movimentando e difundindo a cultura de jogos eletrônicos nas periferias e favelas.
O Free Fire é um jogo eletrônico mobile de ação e aventura que faz parte do cotidiano de jovens e crianças que moram nas periferias e favelas, pelo fato dele incentivar a criação de comunidades virtuais, proporcionar experiências coletivas e fomentar a cultura gamer na quebrada.
Ao todo serão 12 equipes que irão representar a sua quebrada na competição, que terá dois dias de duração. O time vencedor da Copa das Favelas terá uma premiação de R$4.000 em equipamentos eletrônicos, e para o 1º lugar um auxílio na carreira com jogadores profissionais.
Para a youtuber Andreza Delgado, 25, uma das organizadoras do Perifacon e da Perifa Gamer, o primeiro campeonato de Free fire das favelas do Brasil é fruto da inquietação social dos organizadores sobre o acesso a cultura gamer na favela.
“Cara, os jogos , toda discussão de entretenimento, tudo que tem haver com diversão mesmo da periferia, é uma coisa distante, e eu digo distante no sentido que as pessoas de favela tem direito a lazer, ou o lazer não chega nas pessoas de favela”, afirma a organizadora.
Para o evento chegar à primeira edição, a parceria com outros coletivos e projetos de cultura nerd e gamer foi fundamental para tirar a ideia do papel. “Tiramos grana do bolso e falamos: vamos fazer porque a gente acredita entendeu”, relata Andreza, ressaltando que foi necessário elaborar um planejamento que teve a participação de todos os envolvidos até chegar a fase de divulgação do evento.
Retratar o imagético da periferia de uma maneira criativa
Em 29 de agosto a equipe começou a produção, focando em uma comunicação que dialogue com a linguagem de um jovem gamer periférico, e retrate o cotidiano dele. “Quando a gente tá pensando na comunicação é na estrutura é exatamente para atender todo mundo”, avalia Andreza. Ela complementa que retratar o imagético da periferia de uma maneira criativa e de qualidade usando uma comunicação estratégica é uma das suas prioridades em seus trabalhos.
“Uma coisa que sempre penso nos trampos que to fazendo é que não vou fazer uma parada hollywoodiana, mas eu também quero entregar uma parada bonita e bem feita”.
Delgado reconhece a dificuldade de acesso que a periferia tem com equipamentos tecnológicos. A opção pelo Free Fire foi uma estratégia para trazer maior acessibilidade para o campeonato, que foi levando em conta também a falta de conexão com uma internet de qualidade. “O jogo que a gente escolheu não é só por ele ser jogado pelo celular, e ele não precisar de um internet hiper boa, de uma velocidade excepcional, que é igual os outros jogos que a gente vê de computador “, explica.
A organizadora da primeira Copa das Favelas de Free Fire está atenta ao fato de que existe muitos profissionais na área de jogos eletrônicos nas periferias, porém eles precisam de oportunidade e patrocínio para conseguir se auto sustentar como gamer. “É um novo mercado de trabalho dos jogos , que a gente possa apresentar essa possibilidade para periferia, eu acho injusto que cada vez mais o mercado de jogos eletrônicos cresce no Brasil e a favela seja impedida de acessar “.
Ela acredita que além da possibilidade de jogar, há outras questões relacionadas a oportunidades de trabalho e desenvolvimento econômico. “O momento que um jovem da quebrada recebe a oportunidade de trabalhar com o celular dele, com o computador dele, streamando é um novo nicho de oportunidade”, acredita Delgado.
Durante o processo de divulgação os organizadores estão procurando patrocinadores que possam aumentar a possibilidade e perspectivas de mais jovens da quebrada acessar o universo gamer. “A gente está exatamente nesse processo de procurar parceiros e empresas que queiram apostar nesse evento”, diz Andreza.
Ela finaliza apontando a importância de sonhar com um futuro sem barreiras sociais para o universo gamer. “Essa coisa da impossibilidade de sonhar com o futuro é complicado entendeu, e eu acho que essa coisa de eu trabalhar com entretenimento, tem haver com isso, o quanto eu gosto de imaginar, sonhar, ficcionar um mundo melhor, uma vida melhor e eu acho que as pessoas têm direito de conhecer tudo isso e essas possibilidades”.