“Generalizar todos como bandidos é criar fábrica de monstros”, diz ex-detento e empreendedor social

Erick Soares, egresso do sistema prisional, destaca a falta de condições para integração social de ex-detentos na sociedade.

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Assista a entrevista completa em nosso canal no YouTube.

A Lei de Execução Penal brasileira determina que ao longo da pena, para pessoas privadas de liberdade, deve-se proporcionar condições para a reintegração social. No entanto, em entrevista ao Desenrola Aí, Erick Soares, egresso do sistema prisional, enfatiza a ausência dessas condições, durante e após o cumprimento da pena, dificultando o retorno dos ex-detentos à sociedade e acentuando os desafios e preconceitos enfrentados no processo de ressocialização.

“Um dos maiores obstáculos que encontrei foi o preconceito da sociedade. O preconceito está em todos os lugares e torna extremamente difícil se reintegrar no mercado de trabalho. Uma passagem pela justiça limita você. Não consegue um empréstimo, não consegue um financiamento, e ao procurar emprego, pedem atestado de antecedentes criminais, o que complica ainda mais.” Destaca Erik.

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O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de países com a maior população carcerária, com mais de 832 mil pessoas privadas de liberdade. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2016, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revelou que 57% da população brasileira acredita que “bandido bom é bandido morto”, 34% discordam da afirmação, 6% neutros e 3% não souberam responder.

“O preconceito está estampado em todos os lugares. Muitas pessoas que passaram pelo sistema prisional querem uma oportunidade, mas não conseguem. Você colocar todo mundo na mesma caixinha, todo mundo como bandido, você vai criar uma fábrica de monstros”. Conclui Erik.

Longe do sistema carcerário, Erik Soares encontrou recomeço como empreendedor social, palestrante em escolas públicas, Fundação Casa e como ator, contracenando em séries como “Sintonia” e “DNA do crime”, da plataforma de streaming da Netflix.

Sobre o Desenrola Aí

Empreendedor Social, Erick Soares e a jornalista Thais Siqueira durante a gravação do Desenrola Aí. (Maio 2024). Foto: Pedro Oliveira. 

O Desenrola Aí é um programa quinzenal que visa trocar ideias com especialistas da quebrada, descomplicando assuntos relevantes, que afetam o cotidiano da população negra e periférica e os direitos humanos, que é a essência da nossa existência e convivência enquanto sociedade. O programa do Desenrola Aí tem como realização o Desenrola e Não Me Enrola e Fluxo Imagens.

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