ENTREVISTA

“Não tenho que pegar trânsito”: fotógrafa celebra o fato de ir andando ao trabalho

Fotógrafa que trabalha e mora no Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo, tem uma rotina de vida que permite visitar familiares todos os dias, almoçar em casa e ainda sobra tempo para curtir os espaços culturais do bairro.
Por:
Lucas Patrick e Miguel Pires
Edição:
Ronaldo Matos

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Na contramão da rotina diária da maioria dos paulistanos que gastam em média 2h30 no trânsito para ir e voltar do trabalho, a fotógrafa Letícia Pires, 47 anos, moradora do Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo, tem o privilégio de trabalhar perto de casa, fato que permite ter uma rotina com mais tempo para o lazer e qualidade de vida. Ela trabalha no Bloco do Beco, um bloco de carnaval que promove a difusão da cultura periférica, por meio da música, dança, literatura e alimentação saudável. 

Enquanto moradores e visitantes do Bloco do Beco saboreiam uma feijoada ao som da batucada de um grupo de sambistas  que fazem parte da construção da organização cultural e do bloco de carnaval, Letícia corre de um lado para o outro apoiando na produção de imagens do evento e também na organização logística do espaço que recebe mais de 100 pessoas aos finais de semana, quando ocorre o tradicional samba da velha guarda.

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Letícia Pires atua há dois anos auxiliando na organização dos eventos e atividades culturais do Bloco do Beco. Em entrevista ao Você Repórter da Periferia, ela relata sobre a melhor qualidade de vida e conforto de trabalhar no seu território.

Jovens do Você Repórter da Periferia em entrevista com Letícia Pires, moradora do Jardim Ibirapuera, zona sul de São Paulo. Foto: Vinicius Ramos.

VCRP: Como é o trabalho ideal para você?

Olha eu gosto muito de estar com pessoas, eu acho que todo trabalho é trabalho, eu entrei aqui no bloco para ajudar com o público. Para dar informação sobre os cursos, para falar sobre os eventos. Eu não tenho muita rotina. Então para mim é maravilhoso atuar ajudando onde precisa.

VCRP: Seu último emprego era longe de casa?

Não. Eu sempre trabalhei aqui na quebrada e o último trabalho que eu tive foi na Fábrica de Cultura do Jardim São Luís, que já é aqui ao lado. Não tem essa questão de pegar trânsito e nem de falta ônibus, mesmo quando eu estava por conta própria, o local era perto também, porque eu fazia unhas, ajudava e pintava a parede de casas, então pegava vários bicos perto de casa.

VCRP: Qual é o impacto na sua rotina ao trabalhar perto de casa?

A primeira questão é que tenho pais, minha mãe já tem uma idade, então se eu precisar ir almoçar em casa para ver eles eu consigo. Então isso facilita a rotina e eu não perco tempo, né? Porque a qualquer minuto eu tô dentro de casa, um fator importante com relação a minha mãe que tem idade e precisa da gente lá.

VCRP: Em relação a segurança, você se sente segura trabalhando no território?

Eu moro aqui desde quando eu nasci. Eu tenho 47 anos. Então a gente já conhece a maioria das pessoas. Agora eu tô trabalhando aqui no Bloco do Beco e tudo que eu faço é muito comunitário. É lógico que como todo lugar que você vai passar, você vai ter que ter cuidado e responsabilidade com as pessoas, não tem essa né? Mas mesmo assim, eu não me sinto desconfortável.

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