Opinião

Uma carta para Emicida

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E para todas aquelas pessoas que são de quebrada e “ousam” sonhar.

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Foto: Luiz Lucas

Peço licença que, na minha condição de jornalista, eu não esteja sendo nem um pouco profissional para usar minha coluna deste mês para escrever uma carta como fã. É que sei lá, eu acho que eu vindo aqui conversar com quem me lê faz mais sentido do que se eu tentar falar isso para o Leandro pessoalmente.

Racionais que me perdoem, mas a minha maior referência de rap nacional, internacional e intergaláctico é o Emicida. Óbvio, a primeira vez que eu escutei rap foi na voz do Mano Brown. O problema é que eu não sabia o que era aquilo e nem quem era aquele. Eu só sabia que estava numa rodinha de amigos com cinco, seis anos de idade escutando sobre a minha realidade.

De antemão eu já digo que não, meu sonho não é conhecer o Emicida. Por mais que eu admire seu trabalho desde 2010, que eu tenha várias tatuagens em referência às suas músicas e já gastei vários dins na Laboratório Fantasma, meu maior sonho é… continuar sonhando. Ter a capacidade de pensar para frente e vislumbrar um futuro é algo que, infelizmente, quem vem de onde a gente vem, às vezes não consegue.

Estamos muito ocupados sobrevivendo. A nossa mente até esquece de um cantinho que tem na nossa caixola chamado SONHOS. É tão complexo que, já que não dá para sonhar acordado, a gente tenta sonhar dormindo, mas nem tempo para dormir a gente tem. Então como faz? Eu me permito sonhar através da música. Pensando nisso, muitas canções do titio Emicida são engrenagens para os sonhos. “É o que eu digo e faço, não suponho, sou milionário do sonho”.

Crisântemo e Ooorra são as músicas que mais fazem sentido na minha vida. Sem pai, elas são trilhas sonoras de vários momentos que me sinto sozinho, perdido. E quem é de periferia sabe que esses momentos costumam ser mais longos do que gostaríamos. Para os momentos de revolta e reflexão temos Eminência Parda, Boa Esperança e Mandume. Para as glórias alcançadas temos Triunfo e Gueto. Para se conectar com nossa ancestralidade não pode faltar Ubuntu Fristaili. Tá, mas aonde entram os sonhos aí? Através das letras, existe uma identificação, onde quem canta, utiliza das suas vivências para girar a chave e zerar o game.

Vocês já tiveram sonhos? Vocês ainda têm sonhos? Se sim, Mas e aí, quebrada, vocês se permitem sonhar? Pode ser um sonho pequenininho ou grandão mesmo, não tem problema. Pode ser desde uma motoca para a criança até uma mansão para a sua véia. Uma viagem para Tóquio ou para a Praia Grande. Já que a gasolina tá cara, deixe que o sonho seja o nosso combustível.

Obrigado ao Emicida e obrigado a todas as pessoas que estão ao meu redor e me dão o alicerce para que eu possa sonhar. “Faz essa por nós, te vejo no pódio”.

Ano passado eu não morri e espero que esse ano eu não morra de novo. 

Autor

12 COMENTÁRIOS

  1. Tem tanta frase marcante nesse texto que eu nem consigo escolher a minha preferida. Obrigada por me lembrar de que podemos, sim, sonhar (e com sorte realizar todos esses sonhos).

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