Sei que é muito desafiador para pessoas que estão iniciando este ano com tantas tempestades, intempéries, desastres, perdas e alagamentos intermináveis, o que nos faz perder não só questões materiais, mas a crença em algo maior. Com isso vamos nos perdendo e nos afastamos das possibilidades de nos mantermos equilibrados e tranquilos.
Só me vem à cabeça, a partir de situações tão dolorosas, a ideia de não desistir. Precisamos nos fortalecer, segurar nossas mãos e não nos abandonar. São nesses processos mais dolorosos que dia após dia vamos construindo tudo novamente. Devagar, um degrau a cada dia, passamos a nos distanciar daquela situação e criando uma nova forma de entender melhor a vida.
Não é nada fácil recomeçar, porém, o fardo é mais leve se recomeçar a vida podendo contar com forças extras, que vem de pessoas físicas, mas também daqueles que nos seguem, nos abraçam, seguram e levam no colo.
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Reconhecer que somos finitos, mas nunca estamos sozinhos e que não temos certeza absoluta de nada, mas ao acreditar que não estamos sozinhos, o fardo fica mais leve e a fé fica mais fortalecida se pudermos contar e confiar em seres tão fortes e poderosos que não nos abandonam.
São como mães, pais, irmãos, amigos e companheiros fiéis que podemos contar, e até como estranhos que chegam para ajudar em situações como estas.
Pessoas surgem, nos socorrem e nos acalentam em momentos difíceis e desafiadores. Para mim não é sorte, como muitos dizem: “que sorte a nossa termos pessoas que nos ajudam e nos socorrem de forma inesperada”. Como diz a música do Emicida no álbum Amarelo “nunca foi sorte, sempre foi Exu”.
Estar seguro dentro e fora de nós, manter a tranquilidade após grandes perdas talvez seja uma das situações mais desafiadoras da vida.
Podemos ter culpados nas desgraças que nos acomete, porém, não temos um culpado em específico para direcionar a raiva, a dor e as frustrações. Nossa impotência diante da vida pode nos levar a reflexões profundas sobre quem somos, o propósito e o papel que desejamos exercer. Vai além. Já nos perguntamos como estamos ligados a tudo que acontece ao nosso redor e como tudo pode nos afetar?
Construir uma forma de viver mais desprendida do outro e das coisas, nos estabilizar e assegurar, permitindo nascer uma luz interna em algo maior, em coisas que não compreendemos, mas sentimos, e disso tomar consciência em viver de maneira simples e amorosa. De nos relacionarmos conosco, com tudo e todas as pessoas que nos circulam é um aprendizado para a vida.
Cuidar do que temos, da vida que habita dentro e fora de nós com afeto e desapego é um dos aprendizados mais profundos e libertadores que vejo acontecer com pessoas, e me incluo nisso.
Somos mais felizes quando estamos plenos de amor e alegria, quando podemos caminhar na areia da praia, realizar uma caminhada numa trilha, encontrar a natureza e lá nos sentimos leves e tranquilos. Se fizermos isso sozinhos, veremos o quão pequenos somos, mas nos conectamos com forças desconhecidas e poderosas, mesmo que não enxergamos com olhos físicos. A energia muda, isso é uma das práticas que trago como exemplo, pois explica o que gostaria de apresentar aqui, uma relação nova com a qual nomearia de Orixás, entidades e ou ancestrais.
Quando nos relacionamos com a natureza estamos nos conectando para além do material.
Entendo que tempestades passam e limpam tudo, ou destroem para reerguermos o novo e nos curvar diante da sabedoria da vida e sobre quem somos.